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A M ETA Todos eles parecem familiares.

No documento AMeta-EliyahuGoldratt (páginas 32-35)

-Sim, mas suas definições não são. Na verdade, é provável que você queria anotá-las.

Com a caneta na mão, virei rapidamente a folha do bloco e lhe disse para continuar.

- Ganho é o índice pelo qual o sistema gera dinheiro através das vendas. Escrevi palavra por palavra.

Depois perguntei: - Mas e a produção? Será que não seria mais correto dizer...

Não. Através das vendas - não através da produção. Se você produzir alguma coisc, mas não vendê-la, isso não é ganho. Entendeu?

- Certo. Pensei que talvez por ser gerente de fábrica pudesse substituir... Jonah me interrompeu.

-Alex, deixe-me lhe dizer uma coisa. Essas definições, embora pareçam simples, foram formuladas com bastante precisão. E deveriam ser; uma medida que não for definida com clareza é pior do que inútil. Então sugiro que você as considere cuidadosamente como um grupo. E lembre-se de que se quiser mudar uma delas, terá que mudar pelo menos uma das outras também.

-OK, disse com cautela.

-A medida seguinte é o inventário. O inventário é todo o dinheiro que o sistema investiu na compra de coisas que ele pretende vender.

Escrevi tudo, mas fiquei pensando naquilo, porque era muito diferente da definição tradicional de inventário.

-E a última medida? perguntei.

-Despesa operacional. Despesa operacional é todo o dinheiro que o sistema gasta a fim de transformar o inventário em ganho.

-OK, disse enquanto escrevia. Mas e a mão-de-obra investida no inventário? Você dá a entender que mão-de-obra é despesa operacional.

-Julgue de acordo com as definições.

-Mas o valor agregado ao produto pelo trabalho direto tem de ser uma parte do inventário, não?

-Poderia, mas não tem de ser. -Por que você diz isso?

-Muito simples, decidi definir isto desta maneira porque acredito que é melhor não levar o valor agregado em consideração. Isso elimina a confusão de decidir se um dólar gasto é um investimento ou uma despesa. Foi por isso que defini inventário e despesa operacional da maneira que acabei de lhe falar.

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-Ah. OK. Mas como estabelecer uma relação entre essas medidas e a minha fábrica?

-Tudo o que você administra na sua fábrica é abrangido por essas medidas. -Tudo? Não acreditei muito nele. Mas, voltando à nossa conversa inicial, como posso usar essas medidas para avaliar a produtividade?

-Bem, é óbvio que você tem de expressar a meta em termos das medidas - disse ele, acrescentando - espere um minuto, Alex, depois ouvi-o dizer a alguém: - Estarei lá em um minuto.

-Então como expressar a meta? perguntei, ansioso por manter a conversa,. -Alex, tenho mesmo que correr. E sei que você é inteligente o bastante para resolver isso sozinho; tudo o que você tem que fazer é pensar nisso. Lembre-se apenas de que estamos sempre falando de organização como um todo - não apenas do departamento de produção, ou de uma fábrica, ou de um departamento dentro da fábrica. Não estamos interessados em ótimos isolados.

-Ótimos isolados? repeti.

Jonah suspirou. - Terei que explicar isso um outro dia.

- Mas, Jonah, isto não é suficiente. Mesmo que eu possa definir a meta com essas três medidas, como posso obter as regras operacionais para dirigir a minha fábrica?

-Dê-me um número de telefone onde posso encontrá-lo. Eu lhe dei o telefone do escritório.

-OK, Alex, eu tenho mesmo que ir agora. -Certo. Obrigado por...

Ouvi o clique. ... Conversar comigo

Fiquei sentado lá nos degraus durante algum tempo olhando para as três definições. Em determinado momento, fechei meus olhos. Ouando os abri de novo, vi raios de sol embaixo de mim no tapete da sala. Eu me arrastei para cima, até meu antigo quarto e a cama de quando eu era pequeno. Dormi o resto da manhã sobre os calombos do colchão.

Eram onze horas quando acordei. Surpreso por ver que horas eram, levantei de um salto e me dirigi ao telefone para ligar para Fran, para que ela pudesse dizer a todos que eu não desaparecera.

-Escritório do Sr. Rogo, disse Fran. -Oi, sou eu, respondi.

-Ora, olá estranho. Estávamos a ponto de começar a procurar por você nos hospitais. Você acha que vem hoje? perguntou Fran.

-Claro que sim, eu apenas tive de resolver um assunto com minha mãe, uma emergência.

-Oh, bem, espero que tudo esteja certo.

-Sim, está, já cuidei disso. Mais ou menos. Alguma coisa que eu deveria saber está acontecendo? perguntei.

-Bem... vejamos - disse ela, verificando (eu suponho) os recados. Duas das máquinas de teste do corredor G estão paradas e Bob Donevan quer saber se podemos expedir sem fazer o teste.

-Diga a ele que de maneira nenhuma, respondi.

- OK. E alguém do marketing telefonou para saber sobre uma remessa atrasada.

Meus olhos deram voltas.

-E houve uma briga ontem à noite no segundo turno... Lou ainda precisa falar com você sobre alguns números para Bill Peach... um repórter telefonou esta manhã perguntando quando a fábrica fecharia; eu disse que ele teria de falar com você... e uma mulher das comunicações da sede telefonou para falar sobre fazer aqui um video-teipe sobre produtividade e robôs com o Sr. Granby.

-Com Granby? -Foi o que ela disse.

-Qual o nome dela e o telefone? Ela leu para mim.

-OK, obrigado. Vejo você depois, eu disse a Fran.

Telefonei para a mulher na sede imediatamente. Mal podia acreditar que o presidente da empresa viria à minha fábrica. Devia haver algum engano. Quer dizer, na hora que a limusine de Granby passasse pelo portão, a fábrica inteira poderia estar fechada.

Mas a mulher confirmou, eles queriam filmar Granby aqui em alguma data

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na metade do mês seguinte.

-Precisamos de um robô como fundo de cena para as observações do Sr. Granby, disse ela.

-Então por que que vocês escolheram Bearington? perguntei.

-O diretor viu o slide de um de seus robôs e gostou da cor. Ele acha que Granby ficará bem, na frente dele.

-Ah, entendi. Você falou com Bill Peach sobre isto?

-Não, não achei que havia necessidade. Por quê? Existe algum problema? -Você poderia querer consultar Bill, no caso dele ter alguma outra sugestão. Mas isso cabe a você. Apenaj me informe quando^Você souber a data exata para que eu possa notificar o sindicato e mandar limpar a área.

-Certo. Ficarei em contato.

Desliguei e fiquei sentado lá nos degraus murmurando: Então... ele gostou da cor.

- O que foi tudo isso no telefone agora há pouco? perguntou minha mãe. Estávamos sentados à mesa. Ela me obrigara a tomar café antes de sair.

Eu lhe contei sobre a vinda de Granby.

-Bem, isso parece ser um motivo de orgulho para você, o chefe, como é mesmo o nome dele? perguntou minha mãe.

-Granby.

-Lá vem ele de tão longe até a sua fábrica para ver você. Deve ser uma honra. -De certa forma, sim. Mas, na verdade, ele só virá para tirar uma foto ao lado de um dos meus robôs.

Minha mãe piscou os olhos.

-Robôs? Como os do espaço? perguntou ela.

-Não, não do espaço. Estes são robôs industriais. Eles não são como aqueles da televisão.

-Oh! Ela piscou novamente. Eles têm rostos?

-Não, ainda não. Na maioria das vezes, eles têm braços... que fazem coisas como solda, transferência de materiais, pintura e assim por diante. Eles são controlados por computador e você pode programá-los para executar serviços diferentes, expliquei.

Ela concordou com a cabeça, ainda tentando imaginar como esses robôs eram.

-Então por que esse tal de Granby quer uma foto dele com um monte de robôs que nem mesmo tem rostos?

-Acho que é porque eles são o que há de mais recente e ele quer dizer a todos

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no grupo que deveríamos estar usando mais deles para que...

Eu parei e olhei por um momento para o outro lado e vi Jonah sentado lá fumando seu charuto.

-Para que o quê? perguntou minha mãe.

-Ah... para que possamos aumentar a produtividade, murmurei, agitando a mão no ar.

E Jonah disse: eles aumentaram realmente a produtividade na sua fábrica? Claro que sim, disse eu. Tivemos, o que? Um melhoramento de trinta e seis por cento em uma área. Jonah soltou uma baforada do charuto.

-Algum problema? perguntou minha mãe. -Só lembrei de uma coisa, é tudo.

-O que? Alguma coisa ruim?

- Não, uma conversa que tive com um homem com quem falei ontem à noite. Minha mãe colocou a mão no meu ombro.

-Alex, o que está errado? perguntou ela. Vamos lá, você pode me dizer. Sei que alguma coisa está errada. Você aparece de repente aqui em casa, fica tele fonando para gente de todos os lugares no meio dajioite. O que é que há?

-Sabe, mãe, a fábrica não está indo muito bem... e, ah... bem, não estamos ganhando dinheiro nenhum.

A fisionomia dela mudou.

-Sua grande fábrica não está ganhando dinheiro nenhum? perguntou ela. Mas você me contou sobre a vinda desse Granbye sobre esses robôs, o que quer que sejam. E você não está ganhando dinheiro nenhum?

-Foi o que disse, mãe.

-Essas coisas, os robôs, não funcionam? -Mãe...

-Já que eles não funcionam, talvez a loja os aceite de volta. -Mãe, esqueça esses robôs!

Ela encolheu os ombros. - Só estava tentando ajudar. Cheguei perto dela e acariciei sua mão.

- Sim, sei que estava. Obrigado. De verdade, obrigado por tudo. OK? Tenho que ir agora. Tenho um monte de trabalho para fazer.

Eu me levantei e fui pegar minha pasta. Minha mãe me seguiu e perguntou: - Será que você comeu bem? Será que você não queria levar um lanche para mais tarde? Finalmente, ela segurou minha manga e fez com que eu parasse.

- Ouça o que eu digo, Alex. Talvez você tenha alguns problemas. Sei que você os tem, mas toda essa correria, ficando acordado a noite inteira, não é bom para

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você. Você precisa parar de se preocupar. Isso não vai ajudar em nada. Veja o que a preocupação fez ao seu pai. Ela o matou.

-Mas, mãe ele foi atropelado por um ônibus.

-Se ele não estivesse tão ocupado se preocupando, ele teria olhado antes de atravessar a rua.

Suspirei. - Sim, bem, mãe, talvez você tenha razão. Mas é mais complicado do que você pensa.

- Eu tenho razão! Não se preocupe! E esse tal de Granby, se ele estiver lhe causando problemas, fale comigo. Eu véu telefonar para ele e dizer como você trabalha bem. E quem saberia isso melhor que uma mãe? Deixe-o comigo. Vou endireitá-lo logo.

Eu sorri e coloquei meu braço em volta dos ombros dela. -Aposto que sim, mãe.

-Você sabe que sim.

Disse a minha mãe para me avisar assim que a conta do telefone chegasse e eu viria pagá-la. Dei-lhe um abraço e um beijo e fui embora. Andei sob o sol e entrei no Buick. Por um momento, pensei em ir direto para o escritório. Mas bastou olhar para o meu terno amassado e para a barba por fazer para ficar convencido àc que deveria ir para casa e me arrumar primeiro.

Durante o caminho, continuei a ouvir a voz de Jonah me dizendo:

"- Então sua empresa está ganhando trinta e seis por cento a mais de dinheiro com sua fábrica apenas pela instalação de alguns robôs?" Incrível! E lembrei de que era eu quem estava sorrindo. Era eu que achava que ele não entendia a realidade da produção. Eu me senti como um idiota.

Sim, a meta é ganhar dinheiro. Sei disso agora. E, sim, Jonah, você estava certo; a produtividade não aumentou trinta e seis por cento apenas porque instalamos alguns robôs. Quanto a isso, será que ela aumentou de alguma maneira? Será que estávamos ganhando algum dinheiro a mais por causa dos robôs? E a verdade era que eu não sabia. Vi que estava balançando a cabeça.

Mas fiquei imaginando como é que Jonah sabia? Ele parecia saber de imediato que a produtividade não tinha aumentado. E havia aquelas perguntas que ele fizera.

Enquanto dirigia, lembrei-me de uma delas: se tínhamos conseguido vender n»ais produtos como resultado de ter os robôs. Outra foi se tínhamos reduzido o numero de pessoas na folha de pagamento. Depois, ele quis saber se os inventários tinham diminuído. Três perguntas básicas.

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o que foi melhor. Provavelmente ela estava furiosa comigo. E eu simplesmente não tinha tempo nenhum para explicações.

Depois de entrar, abri minha pasta para tomar nota dessas perguntas e vi a lista de medidas que Jonah me dera na noite anterior. No momento que vi as definições de novo, ficou óbvio. As perguntas correspondiam às medidas.

Foi assim que Jonah soubera. Ele estava usando as medidas na forma de perguntas simples para ver se seu palpite sobre os robôs estava certo: vendemos mais produtos (isto é, o ganho cresceu?); demitimos alguém (nossa despesa operacional caiu?) e a última, exatamente o que ele dissera: nossos inventários baixaram?

Com essa observação, não levei muito tempo para ver como expressar a meta através das medidas do Jonah. Ainda estava um pouco confuso pela maneira que ele formulara as definições. Mas, à parte disso, é claro que todas as empresas querem que o ganho cresça. Todas elas também querem que os outros dois, inventário e despesas operacionais, baixem, se for possível, de alguma maneira. E, com certeza, é melhor que tudo isso ocorra simultaneamente, assim como as três que Lou e eu encontramos.

Então era assim que se podia expressar a meia?

Aumentar o ganho e reduzir simultaneamente o inventário e a despesa operacional.

Isso significava que, se os robôs tivessem feito o ganho crescer e os outros dois baixarem, eles teriam ganho dinheiro para o sistema. Mas o que acontecera realmente desde que eles começaram a funcionar?

Não sabia qual efeito eles haviam causado no ganho, se é que tinha havido algum. Mas sabia que, no geral, os inventários tinham aumentado nos últimos seis ou sete meses, embora não pudesse afirmar com certeza que os robôs eram os culpados. Os robôs aumentaram nossa depreciação, porque eram equipamentos novos, mas eles não substituíram diretamente nenhum serviço da fábrica; nós simplesmente transferimos o pessoal. O que significava que os robôs tinham aumentado a despesa operacional.

OK, mas a eficiência aumentara por causa dos robôs. Talvez essa tenha sido a nossa salvação. Quando a eficiência aumenta, o custo por peça tem de cair.

Mas será que o custo caíra realmente? Como o custo por peça poderia ter caído se a despesa operacional subira?

Quando cheguei na fábrica, já era uma hora e eu ainda não tinha pensado em uma resposta satisfatória. Ainda estava pensando nisso quando passei pela porta do escritório. A primeira coisa que fiz foi parar na sala de Lou.

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