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A experiência romana como religião nacional

No documento MESTRADO EM FILOSOFIA São Paulo 2010 (páginas 38-48)

1. Política e religião nos povos antigos: “O Deus político”

1.4 A experiência romana como religião nacional

Para entender a modificação na relação dos romanos entre a religião e o Estado, voltaremos a Fustel, para nos apresentar a base dessa transformação. Em sua análise da formação dos estados greco romanos e de sua inseparável fusão com a religião, Fustel destaca alguns pontos fundamentais. Citaremos aqui dois desses pontos.

O primeiro é que para os romanos e os gregos o processo religioso que resulta na formação do Estado parece seguir a mesma ordem. Antes da religião se configurar como uma religião de Estado, ela nada mais era do que uma religião doméstica, um culto particular destinado a membros daquela família.

Uma vez que há a expansão das relações entre as tribos, e o seu aumento populacional, gera-se um grande problema com relação aos cultos: a quem agora se deve obedecer em matéria divina, uma vez que as relações incestuosas foram proibidas86. Seria necessário buscar em outros clãs os parceiros para a constituição das famílias. Como cada agrupamento possui um deus doméstico e um culto, o seu fogo permanece sempre aceso dentro dos seus lares. O conflito seria iminente entre os deuses, não seria possível cultuar um sem abandonar o outro.

O segundo ponto é a ideia de um Deus comum entre os grupos87, sem que com isso fossem obrigados a abandonar os seus deuses domésticos, pacificou os conflitos no Estado e deu a esses grupos um ponto referencial de unidade. A religião agora passou da ordem doméstica para a ordem pública, ganhou corpo enquanto religião da cidade.

Lembra Fustel que quando se refere às cidades antigas não se pode considerá-las como as cidades modernas. Elas não eram construídas através de argumentos que vão se formando através dos séculos, mas eram formadas em uma única vez, com um único objetivo. Trazer os deuses da esfera doméstica para a esfera pública deu aos homens um novo alento para suas relações com o Estado. O politeísmo para Fustel se estabelece, pois está fundado entre o culto particular e o culto comum.

Porém, a necessidade dos romanos de modificar a sua relação com essa estrutura, veio com a nova noção do que seria território. Território, como fora dissertado, era o ponto de encontro entre os deuses e os homens, lugar do relacionamento entre eles, lugar onde a sua condução civil através das leis era executada por aqueles deuses humanos, que são os soberanos.

No momento da vitória dos romanos sobre Cartago, ao final da terceira guerra púnica88, defendem alguns autores que há uma mudança com relação à noção que os romanos possuiam de território e religião.

Após a vitória sobre Cartago, os romanos assumem uma nova postura, entenderam que a noção de reino havia ficado para trás e se estabelecera uma nova noção de território, que é a noção de império.

A noção imperial romana não era meramente uma noção de conquista local, em que se buscava o controle comercial de um povo, mas o controle territorial era de fundamental importância para a manutenção da pax89 e, sobretudo, para facilitar o controle da capital do império sobre as suas colônias. Conquistar território enquanto movimento imperial romano também não deixou de ser um movimento de submissão, segundo Rousseau, da relação

87 Ibidem, p. 188 e 189.

88 Período entre 264 a.C. e 146 a.C. Ao fim das Guerras Púnicas, Cartago foi totalmente destruída. Cf:

MONTANELLI. INDRO. História de Roma - Da Fundação à Queda do Império. Lisboa: Edições 70. 2007.

89 A Pax Romana, expressão latina para "a paz romana", é o longo período de relativa paz, gerada pelas

armas e pelo autoritarismo, experimentado pelo Império Romano, ou seja, uma paz sustentada pela força da guerra.

entre política e religião. A religião romana era imposta aos povos dominados. Contudo, há uma inovação no politeísmo romano, que é a introdução da assimilação do culto aos deuses dos conquistados em sua relação oficial de divindades.

Como fora feito, nos tempos da formação das cidades antigas, a religião deixou de ser doméstica e passou a ser através da figura dos deuses comuns, uma religião pública. No momento das conquistas romanas sobre os povos, a figura deixa de ser a da submissão meramente territorial e imposição da lei e da religião como fonte de unificação e passa a ser a da cooptação da estrutura política e religiosa para dentro dos domínios do Estado conquistador.

Durante o avanço do império, os romanos configuraram uma nova forma de controle e pacificação social. Sabendo das dificuldades encontradas nas conquistas dos povos antigos quando o assunto era a religião, os romanos estabeleceram um fortalecimento quase divino da figura do imperador, evento que veio logo após o domínio de César sobre o império.90 César Augusto, o imperador, agora era a referência divina. A conquista dos romanos sobre os outros povos não passava mais por uma eliminação total e completa das entidades religiosas do povo derrotado, pois era dado aos vencidos a oportunidade de permanecer em seu culto. Como referência tomaremos o texto de Maquiavel sobre a primeira década de Tito Lívio:

(...) encontrando um povo indômito e desejando conduzi-lo à obediência civil com as artes da paz, voltou-se para a religião, como coisa todo necessária para se manter uma cidade [ civiltà]; e a constituiu de tal modo que por vários séculos nunca houve tanto temor a Deus quanto naquela república, o que facilitou qualquer empreendimento do senado ou aqueles grandes homens romanos quisessem entregar-se91

Uma vez que se é permitido àquele povo manter a sua crença e a liberdade para professar aquilo que acredita, será mais fácil para aquele que conquista pacificar os seus opositores e restaurar seus objetivos escreve Maquiavel sobre os Romanos:

90 MONTANELLI. INDRO. História de Roma - Da Fundação à Queda do Império. Lisboa: Edições 70.

2007. P. 200.

91 MAQUIAVEL, N. Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio, São Paulo: Martins Fontes. p. 48 e

Os príncipes duma república ou dum reino, portanto, devem conservar os fundamentos de religião que professa; e, feito isso, ser- lhes á mais fácil manter religiosa e, por conseguinte, boa e unida a sua republica. E todas as coisas que surjam em favor da religião, ainda que possam ser julgadas falsas, devem ser por ele favorecidas e estimuladas; e tanto mais devem fazê-lo quanto mais prudentes e mais conhecedores forem das coisas naturais.92

Ora, mas se um culto proveniente do inimigo fosse aceito como parte da religião oficial, o que fazer com a sua estrutura jurídica? A quem prestar a devida obediência? Para os romanos a solução encontrada foi a ideia do reconhecimento da figura do imperador como o único juiz dos homens e dos deuses.

O imperador e sua augusta divindade reconfiguraram a medida político- religiosa do paganismo. O imperador era Roma,93 e uma vez prestado esse juramento todas as religiões seriam aceitas, o culto seria liberado para ser praticado e na maioria das vezes era assimilado o deus (ou deuses) daquele povo como parte oficial do culto romano:

Houve muitos desses milagres em Roma; conta-se, por exemplo, que, quando soldados romanos saqueavam Veios, alguns deles entraram no templo de Juno e, aproximando-se da imagem, perguntaram: “ Vis venire Romam? A alguns pareceu que ela fizesse um aceno afirmativo, a outros, que diziam sim. Porque, sendo aqueles homens cheios de religião (o que Tito Livio demonstra, porque entraram no templo sem tumulto, todos devotos e reverentes), pareceu-lhes ouvir a resposta que houvessem pressuposto para sua pergunta: opinião e credulidade que foram favorecidos e estimulados por Camilo e por outros príncipes da cidade(...)94

Como no paganismo romano subsistiam variadas entidades dentro de seu contexto, o que de maior importância representava é que a relação prescrita entre o divino e o humano não era matéria fundamental para os romanos. Qualquer religião seria bem vinda, desde que os seus membros estivessem dispostos a reconhecer o poder divino dado ao imperador, que no fundo representava a relação de todos os deuses, tanto romanos quanto pagãos, com os homens. Não havia problema algum em absorver os deuses dos vencidos. Na medida em que o império avançou, também houve um

92 Ibidem. p. 52.

93 MONTANELLI. INDRO. História de Roma - Da Fundação à Queda do Império. Lisboa: Edições 70.

2007. p. 205.

avanço na relação entre os deuses dos vencidos e dos vencedores. Os romanos estabeleceram tantos deuses quanto foram as suas conquistas.95

Os romanos, com sua tolerância religiosa e política, deram a possibilidade para que diversas modalidades de figuras divinas existissem, e é justamente nesse contexto, afirma Rousseau, que o cristianismo se apresenta ainda pequeno no mundo.

A relação entre o poder político e o religioso seguiu ainda um padrão de unidade com os romanos, mesmo que já apresentando uma certa variação com relação aos demais povos da antiguidade. O grande problema encontrado nessa modalidade de paganismo, segundo Rousseau, é que todos os tipos de deuses foram aceitos, inclusive o Deus de Israel, agora não mais em sua versão meramente judaica, mas já com uma variação. Jesus agora começa a despontar como figura política, que modificaria para sempre o movimento religioso.

Foi nessas circunstâncias que Jesus veio estabelecer na terra um reino espiritual; separando, de tal sorte, o sistema teológico do político, fez com que os Estado deixasse de ser uno.96

Antes de entrarmos no debate sobre como o cristianismo remodelou as relações religiosas e políticas, reafirmaremos alguns conceitos.

Na primeira das nove Cartas Escritas da Montanha, Rousseau ressalta a que se destina a sua avaliação sobre as relações religiosas. Elas não passam por uma relação dogmática ou teológica, primeiro porque isso já havia sido feito de forma exaustiva por quase todos os autores clássicos que tinham vivido até aquele momento: dentre eles Santo Agostinho, São Tomas de Aquino, e outros. A discussão de Rousseau segue por uma linha em que o que mais importa analisar é como as instituições religiosas podem estar juntas ao Estado:

O capítulo de que falo está destinado, como se vê pelo título, a examinar como as instituições religiosas podem entrar na constituição do Estado. Assim, não se trata ali e considerar as religiões como verdadeiras ou falsas, nem mesmo como boas ou más nelas

95 ROUSSEAU. J.J. Do contrato social. São Paulo: Abril Cultural. p. 139. 96 Ibidem,

mesmas, mas unicamente considerá-las por suas relações com os corpos políticos e como partes das legislações97

Logo, o que temos aqui não é um Rousseau que vai discutir as relações entre política e religião a partir dos dogmas que cada estrutura religiosa carrega, e nem de disparar um julgamento sobre a história das religiões, e tão pouco nas dimensões religiosas para determinar se são verdadeiras ou falsas, mas um Rousseau que tenta entender as implicações políticas da religião, sobretudo, do cristianismo.

Ainda na primeira Carta Escrita da Montanha, Rousseau retoma as ideias expressas no Emilio. O que é a religião enquanto parte do Estado para Rousseau?

Distingo na religião duas partes, além da forma de culto que não passa de cerimonial. Essas duas são os dogmas e a moral. Divido ainda os dogmas em duas partes, a saber, aquela que estabelecendo os princípios de nossos deveres, serve de base à moral e aquela que, puramente restrita à fé, contem apenas dogmas especulativos98 A temática trabalhada no Emilio busca entender a educação do homem e do cidadão, desligando-o da tutela dos poderes eclesiais99. Ora, Rousseau questiona, a ingerência do poder religioso na formação dos homens, tanto enquanto homens como cidadãos, e questiona a validade dos pilares do cristianismo institucionalizado da época: as superstições e os dogmas. “Uma

das comodidades do cristianismo moderno é ter criado para si um certo jargão de palavras desprovidas de ideias, com as quais se satisfaz tudo, menos a razão”.100

A religião para Rousseau, enquanto movimento cerimonial mostra-se como algo vazio,101 sem nenhuma conexão entre o interior e o exterior do indivíduo.102 O grande problema está em definir religião enquanto movimento

97 ROUSSEAU. J.J. Cartas escritas da montanha. São Paulo: Editora Unesp\ EDUC. , p. 169. 98 Ibidem, p. 156.

99 Cf. BURGELIN, P. La philosophie de l’ existence de J.J. Rousseau. Paris: Temps Moderns. P. 537. 100 ROUSSEAU. J.J. Carta a Christophe de Beaumont e outros escritos sobre a Religião e a Moral. São

Paulo: Estação Liberdade. 2005. P.60.

101 Pois não expressa uma relação válida entre o coração humano e o rito executado. 102 Segue-se o rito mas não se sente o rito.

fundamental da moral, sem nenhuma regulação; esse precedente torna-se algo extremante perigoso se não sofrer a devida regulação do Estado:

Quanto à parte da religião que concerne à moral, quer dizer, à justiça, ao bem público, à obediência às leis naturais e positivas, às virtudes sociais e a todos os deveres do homem e do cidadão, cabe ao governo conhecê-lo. Apenas nesse ponto a religião entra diretamente sob sua jurisdição e ele deve banir, não o erro, do qual não é o juiz, mas toda opinião nociva que tende a romper o liame social103

Ora, segundo Rousseau a religião não é nociva, enquanto movimento de foro intimo104, contudo, torna-se perigosa quando reguladora dos atos em sociedade.105 Por conta desse motivo é dever do estado conhecer as regulações morais advindas do poder religioso. A não regulação desses atos pode acarretar o estabelecimento de um movimento de intolerância com relação àqueles que não se enquadram nas suas propostas cerimoniais e de regulação moral diferente dos demais.

E é justamente no movimento de não regulação das relações entre religião que o cristianismo entra em cena, não somente como um instituição que se beneficiou da permissividade de culto, mas que não deixou de fazer uso dela a seu favor.106

Afirma Rousseau:

Tendo, por fim, os romanos estendido, com seu império, o seu culto e seus deuses, e tendo freqüentemente eles mesmos adotado os dos vencidos concedendo a eles o direito de polis, os povos desse vasto império passaram sem sentir a contar com uma multidão de deuses e de cultos, quase que os mesmos e, todos os lugares, e assim, o paganismo foi finalmente conhecido no mundo como única e mesma religião107(...).

E segue Rousseau no Contrato:

(...) Foi nessas circunstâncias que Jesus veio estabelecer na terra um reino espiritual; separado, de tal sorte, o sistema teológico de político108(...)

103 ROUSSEAU. J.J. Cartas escritas da montanha. São Paulo: Editora Unesp\ EDUC. , p. 157. 104 Ibidem. p. 156.

105 Ibidem.

106 Cf. MONTANELLI. INDRO. História de Roma - Da Fundação à Queda do Império. Lisboa: Edições

70. 2007.

107 ROUSSEAU. J.J. Do contrato social. São Paulo: Abril Cultural. p. 139 108 Ibidem.

As antigas religiões tiveram sua grande identidade estatal por fundir território, política e religião em uma relação simbiótica. Uma não poderia existir separada da outra. Por conta dessa questão, um povo não poderia jamais falar em catequese sobre outro, pois não seria possível vigorar um sistema religioso sem que o sistema político o acompanhasse. Não se poderia prever que o deus Baal dos Fenícios poderia viver em um Estado Judeu, sem contrapor as leis desse Estado, muito menos subsistir em uma república federativa que subsiste em nossos tempos.

A modificação na forma estrutural da relação entre política e religião, provocada pelos romanos, deu a matéria e a forma, para que um novo referencial político pudesse se estabelecer. Esse referencial novo, que é uma alusão à estrutura político religiosa, é a religião cristã.109 Como a sua relação entre o reino dos céus e o reino da terra modificou para sempre a história das sociedades será o tópico tratado no próximo capítulo.

109 A compreensão de religião cristã destacada por Rousseau nos parece estar ligado ao caráter instucional

2 “Os vigários do deus político”

Então, aqueles que quiseram fazer do cristianismo uma religião nacional e introduzi-lo como parte constitutiva do sistema de legislação cometeram, dessa forma duas faltas perniciosas, uma contra a religião outra contra o Estado.110

Assim, Jean-Jacques Rousseau define a relação entre o cristianismo e o Estado, como substâncias heterogêneas, que não podem de forma alguma estabelecer um princípio de união sem que com isso uma das duas seja corrompida ou enfraquecida, logo, peca-se contra os dois lados.

Como já apresentado, nas antigas religiões, e aqui para tratar com mais exatidão aquelas nas quais o paganismo estabelece um estreito laço entre religião, política e território, entende-se que há um diferencial nessa relação quando se refere ao cristianismo, e a sua configuração como instituição de poder político. O que Rousseau deixou claro na primeira parte de sua exposição sobre a religião civil é que nas antigas religiões não há uma separação entre o poder religioso e o político, os deuses e os homens misturam-se no exercício da autoridade sobre os homens, suas leis e suas instituições assumem ao mesmo tempo um caráter humano e divino.

Um grande motor nessa relação é a noção de território. O território é, nessa relação entre política e religião para a unificação, o ponto referencial para que a relação entre política e religião aconteça. A estrutura religiosa e legal de um povo cresce identificada com o espaço geográfico no qual aquele povo está localizado.111 Os deuses são infinitos, são muitos, porém, seguem o padrão de identificação de seu Estado.112

O grande marco de diferenciação, com relação à política e à religião, encontra-se no estabelecimento do império romano, enquanto este império presente em todo o mundo antigo, através de sua política de conquista e expansão, o que é próprio da noção política de império113. O seu modelo de paganismo trata-se não mais como um modelo de conquista e imposição do

110 ROUSSEAU. J.J. Cartas escritas da montanha. São Paulo: Editora Unesp\ EDUC. , p. 169. 111 Cf. ROUSSEAU. J.J. Do contrato social. São Paulo: Abril Cultural. Livro IV, Capítulo VIII. p. 137 112 Ibidem.

poder sobre as questões religiosas e políticas, de modo a submeter aquele povo aos deuses do povo vencedor, mas de uma incorporação dos movimentos religiosos em seu interior, ou seja, os romanos não estabelecem um movimento de dissolução das estruturas político religiosas daquele território, mas estabelecem um novo mapa religioso, no qual aquela situação é assimilada para dentro do império.

O império romano estabelece, com seu modelo de cooptação, uma permissividade religiosa e política, típica de seu modelo pagão, que dentre outras coisas abre as portas para a existência e desenvolvimento de uma nova dimensão religiosa: o cristianismo.

O cristianismo surge na história, não apenas como um movimento religioso do antigo Israel que buscava a renovação do judaísmo114, mas desponta no mundo como uma nova ação no campo das relações entre política e religião. Trata-se de uma nova forma de ser em sociedade, busca um desprendimento daquilo que é transitório e passageiro115, leva o homem ao crer mais na vida que está por vir do que nessa que se faz aqui. O cristianismo, segundo Rousseau, inaugura a noção de reino dos céus e reino da terra, busca a relação do homem, com outros e com o sagrado de uma forma separada, sem nenhum contato entre um ponto e outro.116

Ainda sobre o aprofundamento do pensamento político e religioso de Rousseau, continuamos tomando como sustentação para a argumentação o texto do Contrato Social, e nesse segundo capítulo estaremos também baseados nas “Cartas Escritas da Montanha”.

Como procedimento metodológico e investigativo nesse segundo capítulo, faremos a análise presente no texto do Contrato, quando trataremos da “instituição dos vigários do deus político” ou seja, daquele que não é mais um deus, mas em seu nome governa. Faremos também uma leitura tomando como base a seguinte ordem: contextualizar as implicações religiosas do cristianismo enquanto religião oficial; demonstrar como Rousseau se apega a tese de que o cristianismo não pode se configurar como uma religião nacional, demonstrar também que o cristianismo rompe a unidade do Estado; e por fim,

114 Cf: BRIGHT. JOHN. História De Israel. São Paulo: Paulus, 2006. 115 Cf: Citação biblicaXX.

demonstrar que todo movimento em direção a uma “estatização” do cristianismo, terminará sempre com a corrupção da política e da própria religião.

2.1. A quebra da unidade entre política e religião: o reino dos

No documento MESTRADO EM FILOSOFIA São Paulo 2010 (páginas 38-48)