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A quebra da unidade entre política e religião: O reino dos céus e o reino da terra

No documento MESTRADO EM FILOSOFIA São Paulo 2010 (páginas 48-56)

1. Política e religião nos povos antigos: “O Deus político”

2.1 A quebra da unidade entre política e religião: O reino dos céus e o reino da terra

A unificação entre política e religião garantiu aos povos antigos a sua unidade não só territorial, mas também populacional e jurídica. Não se poderia pensar, em uma estrutura como o paganismo, que as relações legislativas estivessem de forma alguma separadas das relações religiosas, ou que falar de um líder político, não significasse falar também de uma entidade divina.

Ora, o mundo agora sob o poder político cristão vai conhecer algo novo no interior do Estado, a religião cristã, e o seu formato institucional que é a Igreja, tomada por uma relação política inovadora e por um discurso que em nada pode ser anulado como altamente pragmático. Está aberto, segundo Rousseau, o tempo da religião do padre:

Há uma terceira espécie de religião, mais estranha, que, dando ao homem duas legislações, dois chefes, duas pátrias, o submete a deveres contraditórios(...) Pode-se chamar, a esta, religião do padre.117

A religião do padre é, para Rousseau, a religião que provoca a confusão na capacidade de julgamento das ações do ser em sociedade, enquanto cidadão e enquanto homem, pois estabelece sobre sua realidade um conflito: dá a ele dois senhores, um no céu e um na terra, e mais, ela vem “tendendo a formar mais homens do que cidadãos”.118

Para entender essa questão tomemos o nascimento do cristianismo enquanto instituição religiosa.

A religião cristã possui o seu início em um movimento político-religioso, liderado por um Galileu, conhecido como Jesus. No momento do nascimento do cristianismo, o território de Israel estava ocupado pelos romanos e, com

117 Cf. ROUSSEAU. J.J. Do contrato social. São Paulo: Abril Cultural. Livro IV, Capítulo VIII. p. 141. 118 ROUSSEAU. J.J. Cartas escritas da montanha. São Paulo: Editora Unesp\ EDUC. , p. 172.

isso, contava com todo o seu aparato militar, jurídico, religioso e, sobretudo, administrativo.

O império romano deu aos judeus a mesma opção dada às demais colônias sob seu domínio: aceitar o seu poder e em contrapartida, poderiam desfrutar de seu culto e de uma certa autonomia administrativa. Segundo Pierre Pierrard, essa autonomia era constituída por tribunais locais, que cuidavam da aplicação da lei dos judeus e de fóruns em nível nacional, administrados pelos romanos, que tinham como objetivo mediar e pacificar os conflitos não só entre os judeus, mas entre os judeus e os romanos119.

Nesse contexto, segundo Rousseau, Jesus desponta com sua pregação, anunciando que nesse mundo tudo seria passageiro e que o verdadeiro tesouro dos homens estaria em um outro mundo que não esse120. Portanto, pouco importa a quem obedecer e o que construir nesse mundo, se a verdadeira obediência está não em prestar culto aos homens, mas a Deus, que em nada é semelhante aos homens, sua grandeza é inalcançável e sua sapiência é inatingível. Logo, por mais que os homens falem em nome de Deus, jamais poderão ser como Ele é. Ora, afirma Rousseau, que:“foi nessas

circunstâncias que Jesus veio estabelecer na terra um reino espiritual; separando, de tal sorte, o sistema teológico do político121”.

Instituir a ideia de um reino espiritual é, na visão de Rousseau, a grande novidade trazida pelo cristianismo e a grande reviravolta nas relações políticas institucionais. O reino espiritual, na leitura política feita por Rousseau, não se trata de um reino metafísico, de aspirações a um mundo para além desse, trata-se da ruptura entre um antigo sistema de controle social e a introdução de um novo controle.

Nos antigos sistemas não se falava de um reino espiritual122, de uma separação entre o que se possuí nesse mundo daquilo que se espera no outro. A Lei, a política e a religião, eram uma e mesma coisa, estavam dissolvidas na

119 Ibidem. p. 76.

120 Cf. ROUSSEAU. J.J. Do contrato social. São Paulo: Abril Cultural. p. 139. 121 Ibidem.

122 Não se trata de afirmar aqui que os antigos não possuíam uma noção de transcendência, ou de prêmio e

castigo na qual poderiam possuir uma vida para além dessa, mas sim de configurar que a realização política do homem, ou seja, sua plenificação nas relações com outros homens não poderiam se estabelecer fora dessa realidade, afinal, essa realidade nada mais era do que uma cópia da outra que viria.

autoridade de um deus ou de vários, e esse deus transcendente esta presente em sua versão terrena, o divino governante.

O cristianismo, desde a sua origem, buscou uma ruptura com esse quadro, por ser uma religião derivada do monoteísmo judaico, trabalhou para a afirmação da sua verdade como única aos homens e às sociedades. Contudo, para o reconhecimento do cristianismo como verdade seria necessário o seu estabelecimento como uma instituição universal, impedindo assim a sua formulação como uma religião de Estado. Ser cristão não é pertencer a um Estado mas ser cidadão do céu123. Gradualmente o cristianismo vai eliminando de seu interior a ideia de território:

O cristianismo é uma religião inteiramente espiritual, preocupada unicamente com as coisas do céu, não pertencendo a pátria do cristão a este mundo124

O Deus cristão passa a ser entendido como único e verdadeiro, não apenas em seu território restrito, como era de costume nos povos antigos, mas o Deus cristão é “invejoso” impõe-se como presença em todos os territórios, como Senhor de todos os povos:

O que os pagãos temiam aconteceu e, então tudo mudou de aspecto. Os humildes cristãos mudaram de linguagem e logo se viu esse pretenso reino do outro mundo tornar-se neste, sob um chefe visível, o mais violente despotismo125

E continua Rousseau:

Inúmeros povos, no entanto, mesmo na Europa ou nas vizinhança, quiseram conservar ou restabelecer o antigo sistema, sem obter sucesso. O espírito do cristianismo tomou conta de tudo126

A visão de que o Deus cristão é o único e verdadeiro Deus dá aos homens a noção de que a religião que lhe presta culto pode ser configurada também como única e verdadeira127 e deve se impor sobre todos os povos que não a professam, não mais sob um controle militar que lhe impunha uma ordem

123 Cf. Romanos 8: 18-22.

124 ROUSSEAU. J.J. Do contrato social. São Paulo: Abril Cultural. Livro IV, Capítulo VIII. p. 142. 125 Ibidem.

126 Ibidem, p.139.

127

religiosa e política do povo vencedor, mas através do convencimento prosélito de que todos os povos são um; pouco importa o Estado a quem se serve, o que importa nesse momento é assumir o verdadeiro Deus.128 Rousseau afirma que a partir do momento que o Estado deixou de ser uno, a paz nunca mais se fez presente nos povos cristãos.129 Nas Cartas da Montanha Rousseau isso

transparece de forma mais clara:

Seu Autor divino, abraçando igualmente a todos os homens na sua caridade sem limites, veio levantar as barreiras que separavam as nações e reunir todo o gênero humano em um povo de irmãos130 O advento do sistema religioso cristão rompeu com a unidade antiga, estabelecendo o reino espiritual que anula o reino terrestre. Esse estabelecer do reino espiritual deu aos homens a noção de que estão vivendo em um mesmo contexto, no caso a sociedade, mas sob duas realidades distintas, pois estão na terra, mas de modo algum pertencem a ela. A ruptura entre o sistema político e o teológico se deu no momento em que os homens já não sabiam mais a quem e o que seguir:

(...) dando ao homem duas legislações, dois chefes(...) o submete a deveres contraditórios e o impede de poder ao mesmo tempo ser devoto e cidadão131

As leis nos povos antigos eram dadas por uma relação direta entre o deus homem e os deuses para além do homem; a lei era sacra e não valia apenas para a prática ou a regulação da ação dos homens no íntimo do contexto religioso, mas ela dava vida à relação dos homens em sociedade. A lei dos deuses era também a lei civil; o poder dos governantes não era constituído apenas como um poder temporário e renovável, mas era eterno, pois marcava uma identificação entre a terra e os deuses.

O sistema teológico era o sistema político e o sistema político era o sistema teológico, não se podia ver separação entre um e outro: “(...)A guerra

política era também teológica, a jurisdição dos deuses ficava, por assim dizer, fixada pelos limites das nações”.

128 ROUSSEAU. J.J. Cartas escritas da montanha. São Paulo: Editora Unesp\ EDUC. , p. 169. 129 Ibidem. Do contrato social. São Paulo: Abril Cultural. Livro IV, Capítulo VIII. p. 139. 130 Idem. Cartas escritas da montanha. São Paulo: Editora Unesp\ EDUC. , p. 169. 131 Idem. Do contrato social. São Paulo: Abril Cultural. Livro IV, Capítulo VIII. p. 141.

O reino espiritual cristão estabelece um reino teológico e um reino político que inaugura duas realidades distintas, ou seja, leva o humano a uma outra realidade, que não essa. O reino teológico dita os passos concretos para que cada homem atinja o objetivo último que é a sua salvação. Esse reino é sustentado por estruturas que são compostas por verdades reveladas e inquestionáveis, são dogmas de fé, para a formação de um homem para além do homem.

Esse sistema teológico defende a universalidade da salvação a todos os povos, afirma o poder do seu Deus sobre todos os povos, mas nada diz dos sistemas políticos que os homens que professam essa religião devem seguir, apenas defende, com fé que o reino de Deus não é desse mundo.132

Dizer que o reino de Deus não é desse mundo, segundo Rousseau, é afirmar que, independentemente dos sistemas seculares de poder, eles nada podem a não ser tentar assemelhar o reino desse mundo às leis divinas, mas sempre de forma imperfeita, e que um reino é sempre superior a outro: “(...)O

culto sagrado sempre permaneceu ou tornou-se independente do soberano e sem ligação necessária com o corpo do Estado133. No caso, o espiritual terá a

prerrogativa de se sobrepor a esse reino terreno, pois congrega as perfeições da divindade.

Não há interação entre os laços políticos e religiosos, não quando o assunto é o modelo antigo de relação entre política e religião, e a sua extensa unidade com o seu território.

Essa separação feita pelo cristianismo entre o sistema político e o teológico abriu uma crise, tanto em sua relação com os romanos, quanto em sua relação com o paganismo como um todo, pois havia entre esses povos uma impossibilidade de aceitação de um reino de outro mundo.134 Daí a justificativa da perseguição estabelecida pelos povos pagãos aos cristãos.135

Rousseau afirma que a perseguição contra os cristãos, tal qual a que ocorreu com os judeus, salvo suas motivações, não ocorreu por um problema gerado pela crença religiosa especificamente. Não se tratava de querer impor aos cristãos um contexto religioso que fosse diferente do seu, afinal, a prática

132 Cf. Jo 18: 36.

133 ROUSSEAU. J.J. Do contrato social. São Paulo: Abril Cultural. Livro IV, Capítulo VIII. p. 139. 134 Ibidem.

romana de conquista, já havia introduzido a ideia de conquista sem que para isso fosse necessária uma assimilação, total, política e religiosa daquele povo.

O que era intolerável nos cristãos naquele momento era a sua incapacidade de aceitar a autoridade do imperador como divina, ou melhor, aceitar que o próprio imperador representava uma figura divina. Paulo Apóstolo cita de forma clara que “toda autoridade procede de Deus”,136 contudo, Deus não se encarna no homem que o representa na ação de sua autoridade junto à nação. Esses governantes de qualquer espécie nada mais são do que meros representantes entre os homens. Sobre esse tema Derathé afirma:

Essa fórmula, sempre mal compreendida, não significa que Deus designa ele mesmo os governantes, mas que uma vez designados por acordos ou arranjos puramente humanos, eles recebem do próprio Deus sua autoridade. Cabe aos homens fixar a forma do governo e de nomear aqueles que serão investidos do direito de governá-los, mas esse direito em si mesmo é de origem divina.(...) A escolha que os designa é puramente humana, mas a autoridade política que eles detêm vem de Deus, como os bispos recebem de Jesus Cristo sua autoridade pastoral.137

A ideia de falar em nome de Deus, sem que com isso tenha que se aceitar a divindade de quem fala em nome dos deuses, implica que não há mais uma unificação entre o humano e o divino, o humano está plenamente subordinado ao divino. Toda autoridade procede de Deus, porém, proceder não significa ser plenamente em quem a detém, significa uma espécie de participação no poder, e não a sua concentração plena na figura humana.

Não aceitar a figura do imperador como um ser divino é uma incredulidade que vai estabelecer sobre os cristãos, o ódio da opinião pública,138 em uma situação de isolamento em um primeiro momento, o que, no entender de Rousseau, foi um erro, pois a intervenção do Estado sobre as ações das instituições religiosas é fundamental para o pleno entendimento de suas reais intenções: “(...) Cabe ao governo conhecê-la”.139

O motivo de estar em qualquer Estado sem que fosse necessário pertencer a ele, deu ao cristianismo a noção de que sua missão era muito mais

136 Cf. Rm 13:1,2

137 DERATHÉ, R. Jean- Jacques Rousseau et la science politique de son temps. Paris: PUF, 1950, P. 34. 138 ROUSSEAU. J.J. Do contrato social. São Paulo: Abril Cultural. Livro IV, Capítulo VIII. p. 139. Nota

de rodapé nº 485.

do que a pregação do evangelho de forma despretensiosa. Na leitura de Rousseau, a forma institucionalizada do cristianismo queria era o controle do Estado e a sua reformulação.140 A submissão dos cristãos nunca foi sincera a Estado algum, pois o único reino que estão obrigados a obedecer é o reino dos céus:141

eles sempre consideraram os cristãos como verdadeiros rebeldes que, por sob uma submissão hipócrita, só esperavam o momento oportuno para se tornarem independentes e senhores, assim usurpando, pela habilidade, a autoridade que fingiam respeitar em sua fraqueza.142

Esse isolamento não produziu um aniquilamento dos cristãos, muito pelo contrário, os fortaleceu. De fato, os temores dos pagãos de que os cristãos tinham como real objetivo o controle total e absoluto do Estado se concretizou.143

O que os povos pagãos temiam se tornou real com a dogmatizarão do cristianismo; em outras palavras, em sua organização clássica dentro da Igreja há seu controle central, baseado na autoridade e na hierarquia144, com a configuração e centralização do poder nas mãos do papa. Segundo Rousseau, tudo agora mudou de aspecto, “(...)crê estar praticando uma ação salutar a

todos aqueles que não admitem os seus deuses(...)145. O pretenso reino de

outro mundo, puramente espiritual, mudou de figura e se concentrou a existir

140 Ibidem. Do contrato social. São Paulo: Abril Cultural. Livro IV, Capítulo VIII. p. 139. 141 Ibidem.

142 Ibidem. 143 Ibidem.

144 Muito foi divulgado, sobretudo, após a terceira reforma com os batistas e anabatistas, que a Igreja

primitiva não possuía organização hierárquica, não estava dividida em ministérios( Bispos, presbíteros e Diáconos), afirmando que a ideia de ministério instituído é uma invenção medieval. Esse ideia reforçado por pseudo- históriadores modernos não sustenta quando partimos para a análise dos textos dos primeiro tempos da Igreja, citamos como exemplo Inácio de Antioquia que assim afirma em suas cartas que datam entre 107 e 110 d.C.: “convém caminhar de acordo com o pensamento do vosso bispo, como já o fazeis. Vosso presbitério, de boa reputação, está unido ao bispo (aos Efésios 4.1).

...eu vos felicito por estardes unidos a ele, assim como a Igreja está unida em Jesus Cristo como o Pai (ibid, 5.1).

...devemos olhar ao bispo como ao próprio Senhor (ibid, 3.1).

....por isso vos peço que estejais dispostos a fazer todas as coisas na concórdia de Deus, sob a presidência do bispo, que ocupa o lugar de Deus, dos presbíteros que representam o colégio dos apóstolos, e dos diáconos que são muito caros para mim, aos quais foi confiado o serviço de Jesus Cristo (ibid, 6.1). ...uma voz de Deus: permanecei unidos ao bispo, ao presbitério e aos diáconos (aos Filadelfenses 7.1). O que fica constatado é que desde os primeiros movimentos após a separação total entre cristianismo e o judaísmo será marcado pela separação da maneira como a Igreja caminhou sobre a tutela de uma referência institucional.

nesse mundo, e assim, constitui um novo chefe e uma nova ordem social, na qual não se deve obedecer por primeiro ao Estado sem que antes se tenha sido autorizado pelo vigário de Cristo na terra.

Ora, essa obediência a um vigário de Deus, que não é um deus, mas é o primeiro a agir e a afirmar a autoridade em nome Dele, é sem dúvida algo novo na história humana. Os homens, antes de possuírem um vigário de Cristo, possuíam primeiro a terra, e na terra os seus príncipes que concentraram durante séculos todos os atributos para a manutenção da ordem em uma determinada sociedade. Agora estamos diante de um conflito de jurisdição: a quem devemos obedecer? Ao príncipe ou ao vigário de Cristo? Devemos ficar no reino da terra ou aspirar ao reino dos céus?

É justamente essa confusão que vai abrir nas sociedades o que se seguiu na história dos povos, pós experiência cristã: a uma conflito perpetuo146 toda a boa politia,147 segundo Rousseau, tornou-se impossível de ser praticada, pois inviabilizou a relação direta entre, política, religião e território. Esses três elementos que nos parecem ser o ponto chave da relação unificada dos estados antigos, agora se apresentam a nós de forma separada, como se não necessitassem de uma relação entre si.

Assim afirma Rousseau no Contrato:

No entanto, como sempre houve um príncipe e leis civis, resultou dessa dupla posse um conflito perpétuo de jurisdição que tornou toda boa politia impossível nos Estados cristãos e jamais se conseguiu saber se era ao senhor ou ao padre que se estava obrigado a obedecer148

No momento em que essa ruptura no Estado foi percebida, houve sim, em muitos Estados, uma grande reação contra ela, tentativas de unificar sob um mesmo cajado a autoridade pacificadora, determinando mais uma vez a autoridade do Estado e de seus divinos governantes sobre aqueles que lá estavam. Tentou-se nos Estados cristãos retomar o poder dado aos papas e aos bispos sobre a autoridade do príncipe, contudo, isso sempre se mostrou impossível, pois o cristianismo em sua essência demonstra um diferente ponto: ele não pode ser nacional!

146 Cf. Ibidem.

147 Podemos entender esse conceito como uma boa convivência entre os cidadãos no Estado. 148 ROUSSEAU. J.J. Do contrato social. São Paulo: Abril Cultural. Livro IV, Capítulo VIII. p. 139.

2.2 A impossibilidade do cristianismo enquanto religião

No documento MESTRADO EM FILOSOFIA São Paulo 2010 (páginas 48-56)