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MENSURAÇÃO DO CAPITAL SOCIAL 376 ANEXO 2 PRONIT

1.1.2 A gestão da inovação nas Universidades Comunitárias de Santa Catarina

Com os incentivos à promoção da inovação, decorrentes principalmente da legislação brasileira (lei 10.973/04), teve início o desenho de um novo contorno de ligação social entre as Universidades, as instituições públicas e o setor produtivo do País.

Inicialmente houve uma movimentação mais intensa por parte das Universidades ligadas à administração pública no que se refere à se estruturar para a inovação; isso se deve à obrigatoriedade trazida com a lei 10.973/04. Por extensão, as demais Universidades, de natureza privada, como é o caso das Universidades Comunitárias, também buscaram incorporar esse segmento em suas estruturas, antevendo uma tendência mais ampla e as possibilidades de obtenção de recursos posteriormente, o que veio a ocorrer por meio de editais de incentivo à criação de NIT, emitidos pela Fundação de Apoio a Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de Santa Catarina – FAPESC.

A criação de estruturas de gestão da inovação (Unidades de Inovação – UI) foi a tentativa mais palpável da maioria das Universidades comunitárias no sentido de inserir a inovação em seu contexto.

As UI surgiram com a finalidade de promover a inovação no ambiente das Universidades por intermédio da articulação entre os atores da inovação, agindo como catalisadoras de informações ligadas à inovação e promovendo o contato contínuo entre Governos, Indústria e Universidade de modo a aproximar a academia do mundo produtivo.

Além dos contatos e articulações com instituições e indivíduos, potencializar a inovação requer estrutura institucional e de apoio para o desenvolvimento das atividades respectivas. São necessárias as condições relacionadas à existência de um marco legal; estrutura; procedimentos definidos; recursos humanos; experiência e estratégia para que uma UI possa desenvolver suas atividades (SANTOS, 2009).

Diante disso, identifica-se como consequência que os aspectos estruturais e os aspectos relacionais compõem, conjuntamente, o espaço de ação das UI. Os primeiros como objeto de sustentação para o desenvolvimento das atividades e o segundo como objeto de atuação das referidas UI. Tratam-se, portanto, de duas dimensões complementares.

A dimensão relativa à articulação dos atores da inovação ocorre por intermédio de contatos com os atores da inovação, também denominados de redes sociais. As relações e a interação entre os atores componentes das redes sociais constituem o Capital Social (WORD BANK, 2003; NARAYAN E CASSIDY, 2001; e PUTNAM, 1993).

Segundo Schmidt (2009) apud Durston (2000), o Capital Social “consta das normas e estruturas que conformam as instituições de cooperação grupal [...] reside não nas relações interpessoais didáticas, mas nesses sistemas complexos”.

O capital social tem como característica, entre outras, o controle social. Elementos como a confiança, a cooperação, a gestão de recursos coletivos e o trabalho em equipe, possibilitam dimensionar os níveis de capital social por meio da interação entre os sujeitos envolvidos (DURSTON, 2000; WORLD BANK, 2003).

Na Região Sul do Brasil, particularmente nas zonas de imigração alemã e italiana do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, bem antes de surgirem as grandes instituições houve décadas de experimentos comunitários – escolas, igrejas, corais, clubes esportivos, cooperativas, entre outros – a evidenciar um expressivo estoque de capital social comunitário (SCHMIDT, 2009, p. 27).

O Estado de Santa Catarina, como os demais estados da região sul, possui índices de Capital Social que superam as demais regiões do País, o qual possui uma média inferior à média latina (SCHMIDT, 2009). Essa característica se constitui num indicativo da existência de um maior compartilhamento de conhecimentos, favorecendo a ação das UI no que se refere à sua atuação articuladora dos atores da inovação.

No que se refere à sustentação organizacional e estrutural das UI, observa-se que têm ocorrido avanços no meio acadêmico. Uma evidência é a injeção de recursos financeiros em pesquisa (ciência e tecnologia) por parte da iniciativa privada (empresas), decorrente de

incentivos do Estado, o que tem se tornado determinante para o êxito de muitos projetos envolvendo a transferência de tecnologias para a indústria. Porém, a burocracia das instituições normalmente dificulta a consolidação de muitos convênios e contratos (CALIXTO, 2010; GALEMBECK, 2010).

A captação de recursos com organizações da iniciativa privada também se fortalece mediante a demonstração de condições para gerir adequadamente a inovação. Nesse sentido, as opções das Universidades quanto ao modelo de UI também se apresenta como um aspecto relevante.

Lotufo (2009) comenta sobre a existência de três modelos: legal, administrativo e de desenvolvimento de negócios. E, embora o último seja o preferido entre as instituições, ainda há muitas apoiadas nos outros dois. Para Tidd et al (2008), articular os atores da inovação é uma das ações mais importantes para gestão do processo de inovação.

Também há entendimentos na direção de que a indústria deva procurar a universidade. Segundo Ayup (2010) as soluções já existem nas universidades, apenas não são conhecidas pela iniciativa privada. A se considerar essa perspectiva, as Unidades de Inovação deveriam viabilizar essa aproximação, demonstrando os potenciais disponíveis e levando a universidade para além de seus limites, provocando essa “procura” por parte da indústria.

Um aspecto bastante presente quanto à discussão sobre de quem deve ser a iniciativa da “procura” refere-se às questões culturais presentes na academia e, em alguns casos, na própria indústria. A academia envolvida na produção e disseminação de conhecimentos historicamente manteve-se distante e sem preocupações com aproximações mais significativas com o setor produtivo, o qual, não visualizando oportunidades na academia, também se manteve distante ao longo do tempo.

Mesmo considerando que a inovação é fortalecida a partir de sua incorporação à cultura organizacional, sua efetivação somente pode ser bem sucedida se a Universidade facilitar sua ocorrência e gestão. As Unidades de Inovação precisam ter sua estrutura harmonizada com a estrutura das instituições das quais fazem parte e suas atividades acolhidas no cotidiano dessas instituições.

O conjunto dessas condições institucionais e estruturais, denominado de institucionalização, conforme se constata em Pimentel (2008), Santos (2009) e Lotufo (2009); têm como seus elementos mais significativos aqueles relacionados às normas e procedimentos institucionais; à estrutura física; à estrutura hierárquica; e, às pessoas.

Complementarmente, têm-se o suporte tecnológico como um elemento importante para o desenvolvimento das atividades de gestão da inovação (L.G. PEE e A. KANKANHALLI, 2009).

Diante desse contexto, se observa que as redes sociais ligadas às UI e a institucionalização das UI apresentam-se como requisitos centrais para que as mesmas possam desempenhar a gestão da inovação. E, gerir a inovação só é possível pela gestão das etapas do processo de inovação (TIDD, 2008).

O trabalho que se apresenta considera que as redes de relacionamento das Unidades de Inovação têm significativa influência na gestão do processo de inovação. Considera que as práticas das UI influenciam na dimensão dessas redes e na utilização estratégica dos relacionamentos correspondentes. Também, se apóia no suporte institucional, aqui denominado de Institucionalização, como um elemento de influência para o sucesso das Unidades de Inovação.

Diante disso, se assumem os seguintes pressupostos:

 Que o Conhecimento é um componente essencial da inovação.  Que as Unidades de Inovação são responsáveis pela gestão da

inovação.

 Que as Redes Sociais facilitam o compartilhamento de conhecimentos e o acesso a novos conhecimentos, impulsionando a inovação.

 Que a Institucionalização das Unidades de Inovação é determinante para a sustentação das suas atividades.

1.2 PROBLEMA DE PESQUISA

A definição do tema desta proposta de estudo se deu em razão da importância da gestão da inovação para as Universidades. No caso das Universidades comunitárias de Santa Catarina, cujo envolvimento com a inovação é recente, pesquisar como se encontram e identificar possibilidades de avanço em suas práticas de gestão da inovação demonstram-se oportunos.

Além disso, as estruturas criadas aparentam fragilidades, comprometendo sua atuação articulada segundo o que se espera desses segmentos nas universidades. Isso dificulta a aproximação com o setor produtivo e impede que as instituições figurem em um novo patamar de importância para esse setor.

Para as organizações, promover a inovação se traduz em maior atratividade para os produtos e contribui para o incremento em seus resultados, gerando benefícios e contribuindo para a capitalização e

sustentabilidade organizacional. Quando ocorre a aproximação com as universidades são possibilitados benefícios mútuos.

Transformar a Universidade em parceira do setor empresarial é uma atividade diretamente relacionada com as ações das Unidades de Inovação, cujas ações deveriam ocorrer no sentido de incluir e manter o meio empresarial incorporado às suas Redes Sociais. O que se percebe é que para um grande contingente de Universidades, a gestão da inovação ainda é um processo incipiente e de resultados limitados.

A criação de condições para que a gestão da inovação ocorra integralmente como um processo institucional coordenado pelas Unidades de Inovação é uma necessidade. Abranger as dimensões internas e externas num fluxo de relacionamentos voltado à plena articulação com todos os atores e potenciais atores da inovação é uma condição fundamental para o êxito da gestão da inovação.

Para efetivar essas condições, entende-se que é possível identificar contribuições no âmbito do suporte organizacional e a partir da interação entre os atores da inovação como componentes das Redes Sociais das Unidades de Inovação. Assim, o estudo que se apresenta tem a intenção de buscar respostas à seguinte problemática:

a) Como ocorre a gestão da inovação nas Universidades Comunitárias de Santa Catarina?

b) Como o Capital Social e a Institucionalização das Unidades de Inovação podem contribuir para melhorar a Gestão da Inovação nas Universidades Comunitárias de Santa Catarina?

1.3 OBJETIVOS