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CONHECIMENTO EXPLÍCITO (Objetivo)

2.1.3 Considerações quanto à inovação

Visando possibilitar uma compreensão geral da interface entre a inovação e os demais itens da presente pesquisa, mantendo presentes os aspectos de destaque, faz-se aqui uma síntese que se concentra nos aspectos de interesse maior, tendo em vista sua conexão com os demais assuntos que serão expostos.

Nesse sentido é primaz recordar que a inovação pode ser observada em produtos e processos como resultante de necessidades sociais, decorrente de demandadas pelo mercado ou de descobertas que se antecipam às necessidades de consumo.

Também é oportuno lembrar que a inovação pode ser sistemática e incremental, quando os avanços são paulatinos e representam melhorias desejadas em produtos e processos; mas, também pode ser radical, quando os avanços representam grandes “saltos” científicos e tecnológicos, possibilitando avanços sequer pensados anteriormente. Em ambos os cenários, a inovação é vista como fonte de diferenciação e por consequência de vantagem competitiva para as organizações, remetendo-as à procura constante por inovação em seus produtos e processos.

A Inovação é compreendida, portanto, como uma impulsionadora do crescimento (ANDREASSI, 2007); é uma resposta da ciência para a indústria e o desenvolvimento (UNESCO, 2005). Também, que inovação é a “introdução de novidade ou aperfeiçoamento no ambiente produtivo ou social que resulte em novos produtos,

processos ou serviços” (Lei 10.973/2004); que “inovação é o esforço para criar mudanças objetivamente focadas no potencial econômico ou social de um empreendimento” (DRUCKER, 1998, P. 24-25).

Se trata “de uma experiência emocional” (TAYLOR, 1990, p. 99). Demonstrando, portanto, que associada à informação, conhecimento e às técnicas necessárias, também devem estar a criatividade e outros elementos mais intuitivos.

Verificou-se que o compartilhamento de conhecimentos é um fator de potencialização da inovação, uma vez a partir da criação de novos conhecimentos há geração de inovação contínua e há obtenção de vantagem competitiva.

A inovação também encontra causas na interação possibilitada pela competência, item presente no topo da escala envolvendo dado, informação e conhecimento. Neste sentido, o compartilhamento de conhecimentos é um exemplo significativo de interação em favor da inovação.

A estrutura de gestão da inovação se apresenta como um fator determinante para seu êxito, uma vez que os aspectos de institucionalização das Unidades de Inovação se aliam ao compartilhamento de conhecimentos para favorecer a potencialização da inovação. Neste sentido, a inovação também pode ser influenciada pelo suporte tecnológico e pelo conhecimento especializado Tidd (2008).

No que se refere às estruturas em rede, Nonaka e Takeuchi (1995) afirmam possibilitar para um maior compartilhamento de conhecimentos ligando as pessoas às informações. Stewart (1998) concorda ao afirmar que as redes permitem que o conhecimento, antes restrito apenas aos fluxos top-down e bottom-up, flua horizontalmente.

Assim, o conhecimento assume papel central para a inovação e sua gestão, como consequências, envolvendo Identificar, desenvolver, disseminar, atualizar e proteger o conhecimento é uma ação estratégica (OLIVEIRA Jr. 1999). Desta forma os processos de gestão do conhecimento são atividades ou iniciativas onipresentes que visam permitir e facilitar a criação, o compartilhamento e a utilização do conhecimento em favor da organização em todos os seus processos.

O mapeamento de conhecimentos e a utilização estratégica das potencialidades internas é outro aspecto que surge com ênfase ao se comentar sobre inovação, apontando quais são os fatores diferenciadores da organização no que se refere ao seu intangível ou seus ativos intelectuais, permitindo explorá-los adequadamente.

Para tanto, verifica-se que a aprendizagem individual e organizacional é fator fundamental (Argyris e Schön, 1978), reforçado

por Shaw e Perkins (1993) que comentam sobre a importância da aprendizagem a partir da experiência. Essa perspectiva é fortalecida por Choo (2003) ao reportar-se à especialização e à experiência como os dois modos complementares de aprendizagem organizacional.

A identificação da inovação, seus conceitos e elementos principais e como contribui para o desenvolvimento, bem como, a forma como seus elementos se fortalecem para potencializá-la a partir do compartilhamento e da gestão do conhecimento são parte da essência para que se possa compreender sua gestão. Essa gestão, segundo Tidd (2008), se dá no processo de inovação e ocorre em segmentos organizacionais específicos – as unidades de inovação.

2.2 GESTÃO DA INOVAÇÃO EM INSTITUIÇÕES DE CIÊNCIA

E TECNOLOGIA

As atividades de Gestão da Inovação referem-se à gestão do processo de inovação. Contribuir para a ocorrência da inovação e seu processo também pode ser compreendido como atividade de gestão da inovação, uma vez que o processo não deve ser visto como algo estanque e desconectado de seu ambiente.

Neste sentido, gerir a inovação representa gerir também os aspectos que representam inputs para o processo de inovação, ou seja, os elementos que potencializam a inovação, desenvolvendo ações que promovam o acesso a informações e conhecimentos, bem como o desenvolvimento criativo.

No âmbito do conhecimento, destaca-se o compartilhamento de conhecimentos, decorrente de contatos sociais e de agregação de informações novas à conhecimentos já existentes, canalizando-os para a inovação.

No atual contexto econômico e de negócios, caracterizado por grandes e contínuas mudanças, a habilidade de explorar novas oportunidades é fundamental para as organizações. A universidade, como outras organizações, não fica alheia a esta realidade. Um desafio importante está em como incorporar ao tradicional papel da universidade – ensino, pesquisa e extensão – a nova responsabilidade sobre o desenvolvimento econômico e social. Certamente, esta função exige uma atitude mais pró-ativa da universidade, podendo isto ser chamado de inovação ou empreendedorismo.

O processo de inovação e transferência de conhecimento é dinâmico, complexo e interativo, pois deve existir um fluxo de informações entre os agentes envolvidos no processo de produção do

conhecimento. Este é caracterizado como uma contínua atividade de pesquisa, composta e estruturada pelas forças econômicas, pelo conhecimento tecnológico e pela demanda dos consumidores (BALESTRIN; VARGAS, 2004).

Paralelamente à discussão sobre inovação e empreendedorismo, surge o conceito de Universidade Empreendedora. Este tema, bastante recente nas discussões acadêmicas, surge a partir da constatação de que a Universidade é um ambiente propício à inovação (ETZKOWITZ, 2003) e, como tal, uma fonte de inovações a serem transferidas para a sociedade como um todo.

Nos últimos anos, autores como Burton Clark (2003) e Etzkowitz (1998; 2000) têm usado o termo empreendedorismo com frequência na área acadêmica, onde sustentam que a visão de uma Universidade Empreendedora é resultado das demandas da sociedade e da procura de sustentabilidade das instituições.

De acordo com Etzkowitz (1998), as universidades estão passando por um processo de mudanças que as faz incorporar na sua missão responsabilidade sobre o desenvolvimento econômico e social. Para tal, elas devem adaptar-se a esta sociedade em transformação e desenvolver capacidades que garantam sua sustentabilidade (CLARK, 2003).

Isto implica uma mudança no que diz respeito ao processo de produção, difusão e aplicação dos conhecimentos (UNESCO, 2005). Modelos conceituais são primordiais para a construção de sistemas de gestão em qualquer área ou atividade. No caso da inovação não é diferente: são numerosos os modelos em literatura que descrevem práticas, procedimentos e políticas que devem ser consideradas nos processos de desenvolvimento de novos produtos ou serviços.

Assim, torna-se claro que a gestão da inovação envolve um alto grau de complexidade, exigindo a combinação de uma série de elementos das mais distintas naturezas para que seu funcionamento seja pleno e para obtenção dos objetivos (LONGANEZIL, 2008).