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A Helenização do Cristianismo

No documento YAHUSHUA! QUEM FOI? QUEM É? (páginas 43-47)

HELENISMO (gr. Hellen = Grego):

É um termo aplicado para designar o período de cultura grega a partir de Alexandre Magno (357-323 AEC.), até o início do Império Romano sob Augusto (31 AEC.).

O helenismo designa a difusão da civilização e da cultura grega imposta nos reinos conquistados por Alexandre (o Grande), filho e

sucessor de Filipe da Macedônia. Influenciando assim, decisivamente, todos os povos conquistados; penetrando mais profundamente nas cidades, onde trouxe o estudo da literatura e da filosofia grega.

Uma das principais cidades do período helenístico foi, sem dúvida, Alexandria, capital do Egito. Fundada por Alexandre Magno em 332-331 AEC., de quem tomou o nome. Alexandria floresceu rapidamente, tornando-

se o maior centro intelectual do mundo helenístico, com suas grandes e famosas bibliotecas e sua concentração de renomados mestres. Reuniram- se sob sua jurisdição as melhores cabeças do mundo grego oriental. Diga- se de passagem, que foi em Alexandria, sob o reinado e a pedido de Ptolomeu II Filadelfo (385-246 AEC.), que se elaborou a “famosa” Septuaginta (versão grega dos setenta da antiga aliança em hebraico) onde, lamentavelmente, houve a helenização do nome hebraico Yahushua (Yeshua em aramaico) para o grego IESOU, do qual a cristandade herdou a forma latina IESVS, donde no século VII EC. Com a criação da letra “J” tornou-se Jesus, neolatino, em português.

No começo da segunda metade do século II EC., abriu-se em Alexandria, uma escola catequética para instruir os convertidos do paganismo ao cristianismo. Seu primeiro diretor foi Paterno, “competente” “convertido”, vindo, segundo alguns, do Estoicismo. Clemente e Orígenes foram os seus sucessores nesta “influente” escola de teologia cristã – um protótipo das faculdades teológicas hoje existentes. Essa escola filosófica formou pensadores e “mestres” destinados a grandes celebridades, destacando-se Atanásio (principal defensor da ortodoxia nicena e autor da teologia da Encarnação do Verbo), os três Capadócios, Basílio Magno, Gregório de Missa e Gregório Nazianzeno, e Cirilo.

Os membros desta escola recorriam para a interpretação exegética, ao método da “alegorese” (sistema exegético que preconiza a existência de um sentido espiritual escondido sob a liberalidade do texto bíblico).

A estrutura da escola Alexandrina, ou seja, sua visão filosófica era platônica, e sua paixão a especulação teológica. Seus membros estavam ansiosos por desenvolver um sistema teológico a partir do uso da filosofia grega que, segundo eles, seria capaz de permitir uma exposição sistemática do cristianismo. Educados na literatura e na filosofia clássicas, os alexandrinos, assim chamados, pensaram que poderiam usá-las na formulação da teologia cristã. E foi o que de fato ocorreu. Ao invés de enfatizarem uma interpretação histórico/gramatical da Bíblia (a exemplo da escola de Antioquia), pelo contrário, criaram, sob a inspiração da filosofia grega, um sistema alegórico de interpretação, que ainda hoje assola o cristianismo.

Em síntese: O helenismo, através da cultura e filosofia grega, influenciou decisivamente o cristianismo nascente. Muitos “mestres” filósofos vindos do paganismo e que haviam se convertido ao cristianismo, queriam combinar cristianismo com filosofia, ou vestir a filosofia pagã com uma roupagem cristã. E o resultado desse sincretismo religioso, ou seja, a combinação e influência da filosofia grega sobre o cristianismo trouxe, inevitavelmente, graves consequências religiosas. E é certo que as correntes culturais que se desenvolveram em Alexandria, tenham deixado marcas também na linguagem do que chamam de nova aliança.

Depois da elaboração da versão grega dos SETENTA (SEPTUAGINTA) aproximadamente no ano 250 AEC., e com os apologistas do século II EC.,

(Justino Mártir, Clemente de Alexandria, Orígenes e outros) presencia-se o primeiro passo desses esforços de elaboração doutrinal, notadamente a doutrina do Logos – a encarnação do verbo, surgidos da confluência entre o cristianismo e o mundo grego antigo.

Era imprescindível que tais autores (chamados de apologistas ou polemistas), ao tentarem tornar a fé compreensível a seus contemporâneos (convertidos do paganismo),

colocando-se em vias de helenização, ultrapassassem os limites teológicos da exegese histórico/gramatical do contexto profético/hebraico da Palavra de YAhuh, que até então, haviam servido para expressar a reflexão da fé primitiva. Assim, foram levados a utilizar conceitos e noções próprios ao meio em que viviam, ou seja, ao mundo helenístico, onde muitos pensamentos e ideias da filosofia grega foram extraídos e incorporados teologicamente na elaboração doutrinal da Grande Igreja Romana, progenitora de toda a cristandade.

De fato, o mundo helenístico oferecia condições favoráveis para a difusão do cristianismo. Além do mais, a própria facilidade de comunicação do mundo helenístico, favoreceu aos “apologistas” do século II EC., a difusão rápida (embora apostatada) do Evangelho, numa área extremamente extensa, porém, helenizada culturalmente.

Convém ressaltar que o catolicismo romano (cristianismo) era politicamente romano, mas grego culturalmente. E é inegável, que ao se confrontar com a cultura grego/romana, o cristianismo, recém-inventado, esforçou-se, conforme assinalamos acima, por assimilar alguns de seus valores, adaptando-os e reinterpretando-os. Onde o resultado da confluência do cristianismo com a cultura grega, permitiu de fato, não apenas uma junção entre o cristianismo e o helenismo, mas, sobretudo, a helenização do cristianismo, que passou a empregar o esquema conceitual e os métodos usuais no meio ambiente.... É como ponderou Hamack, “tal helenização do cristianismo constituiu um dos fatores determinantes da elaboração doutrinal da ‘igreja antiga’” – o catolicismo romano.

As tentativas de síntese entre o cristianismo e a cultura clássica aparecem desde os apologistas do século II, atingindo maior amplitude e

forma mais sistemática com os alexandrinos, Clemente e Orígenes, seguidos, no final do século IV, pelos Padres da igreja, em particular, Santo Agostinho no Ocidente e, no Oriente, os capadócios.

Nas controvérsias doutrinais dos séculos III e IV, assim como nas formulações da ortodoxia eclesiástica a que deram surgimento às decisões ecumênicas (conforme verificamos em partes anteriores), observa-se o amplo emprego de vocabulário e de conceitos da filosofia grega. Trata-se de um fato universalmente reconhecido, só não reconhecido por aqueles que não conseguem enxergá-lo.

A própria teologia ensinada pelos apologistas ou polemistas, por exemplo, evidencia o amplo emprego de conceitos extraídos da filosofia grega. Antes de fazermos uma leitura da teologia ensinada pelos apologistas, conheçamos, resumidamente, a apologética judeu/alexandrina, que também helenizada, influenciou decisivamente o cristianismo em suas decisões dogmáticas.

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Parte 11

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