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E JURÍDICA NO SÉCULO XXI POR

4. A Idade Contemporânea

a. Fundamentos e antecedentes do Liberalismo. A manifestação de uma renovada vontade da

comunidade. A emergência de conceitos no pensamento jurídico.

b. A Escola Histórica. A Escola da Exegese. O Positivismo Legalista.

c. O movimento da codificação. O Direito Privado em especial. Princípios basilares e corren-

tes do pensamento subjacentes. Confronto com o pensamento jurídico atual. O Direito da Família e o Direito Comercial em especial.

d. A Pós-Modernidade.

e. Atualidade do confronto entre o positivismo e o naturalismo.

f. A internacionalização do Direito e suas consequências na construção de uma nova ordem

jurídica. A perda de soberania dos Estados. Consequências.

A questão que se coloca na abordagem a efectuar na cadeira de História do Pensamento Jurídico centra-se em saber como efectuar a ligação do tempo com o conhecimento jurídico, permitindo que o aluno apreenda os principais movimentos jurídicos. Considerando as várias hipóteses possíveis, já identificadas por vários autores, como António Barbas Homem4, optámos por efectuar a evolução das correntes numa perspectiva cronológica, identificando tendências ao nível da evolução do direito, que entendemos relevante abordar. Reporto-me à temática da justiça, ao processo de elaboração da lei e

à relação sempre complicada entre a lei e as demais fontes de direito. A este propósito, consideramos relevante cruzar as princípais épocas de natureza política com as manifestações jurídicas presentes nas codificações elaboradas. Reporto-me, a título de exemplo, à Constituição de 1822 e ao Código Comercial de 1833.

A experiência docente evidenciou-me a importância de leccionar, de forma destacada, a matéria constante do ponto 4. do programa, nomeadamente os pontos c) e d), considerando o auxílio que estas temáticas fornecem aos alunos no 2.º ano da licenciatura. Com frequência, os alunos referem a importância de compreensão de determinada matéria leccionada em outra disciplina, sendo necessários certos quadros mentais que expliquem a evolução de determinado instituto jurídico. É exactamente neste preenchimento do vazio que os alunos destacam a importância desta disciplina, bem como os efeitos para o entendimento do direito. A meu ver, em bom rigor, a separação entre as cadeiras é meramente artificial, uma vez que sendo o direito um fenómeno cultural5 o entendimento da sua evolução passa necessariamente pelo estudo dos factores que justificam determinado pensamento, que se reflecte em certa corrente do pensamento e na construção de uma solução jurídica.

No estudo das correntes do pensamento algumas questões são relevantes e definidoras de opções em matéria de leccionação: As correntes do pensamento que são ensinadas transportam os alunos para o passado ou permitem compreender melhor o fundamento das ideologias actuais? Como compreender os conceitos de direita e de esquerda, participação política e democrática sem ter em consideração um determinado tipo de conhecimento?

A este propósito, socorremo-nos novamente de inquéritos anónimos, realizados no 2.º semestre do ano lectivo de 2016/2017, no sentido de compreender de que forma a cadeira de História do Pen- samento Jurídico podia auxiliar a formação política e jurídica dos estudantes.

“Que matéria incluiria na cadeira de História do Pensamento Jurídico?

Matérias que abordassem o pensamento jurídico no período entre Guerras Mundiais.

Incluiria matérias relativas ao pensamento pós II Guerra Mundial, de forma mais directa e como forma de resumir as várias linhas do pensamento estudado.

Abordar a evolução do pensamento no século XX (que não chegou a ser abordada).”

“Quais as matérias que considerou mais interessantes da cadeira de História do Pensa- mento Jurídico?

Gostei de perceber a passagem da Idade Média para a Idade Moderna e também do jusracionalismo. O que achei mais interessante foi a época medieval, nomeadamente porque me foi possível compreender algumas matérias desde os seus primórdios.

A matéria da escolástica e o pensamento da Antiguidade Clássica.”

Verifica-se, portanto, que os alunos consideram como elemento relevante na sua formação a per- cepção da evolução de determinadas correntes do pensamento, uma vez que, por este meio, conseguem

5 Como se comprova pela análise efectuada por vários autores, entre eles, Ruy e Martim de Albuquerque, ob. cit., pág.

entender a evolução de outras correntes cujo conteúdo se relaciona com as correntes anteriores. Esta evidência apenas pode, de facto, ocorrer quando os alunos entendem que existe um fio condutor que explica determinadas características das correntes. É, por isso, frequente, que os alunos que optam pela cadeira de História do Pensamento Jurídico tenham uma visão mais abrangente do próprio processo de evolução do direito e dos princípios justificativos de certas escolhas do legislador em cada período histórico. Parece-nos, por isso, essencial, que a formação dos estudantes, pelo menos ao nível do ensino universitário, tenha em consideração, o estudo das principais correntes do pensamento, que justificam as opções políticas e jurídicas adoptadas. Esperemos que futuras reformas do ensino não esqueçam este aspecto, condição indispensável para uma compreensão mais verdadeira da própria ciência jurídica.

BIBLIOGRAFIA

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Foucault, Michel (2016), A Arqueologia do Saber, tradução de Miguel Serras Pereira, Lisboa, Edições 70. Hespanha, António Manuel, (2012), Cultura Jurídica Europeia, Síntese de um Milénio, Coimbra, Almedina. Homem, António Pedro Barbas (2003), Revista da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, Suplemento, História do Pensamento Político, Relatório, Coimbra Editora.

Homem, António Pedro Barbas (2007), Revista da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, Suplemento, História do Pensamento Político, Coimbra Editora.

Steiner, Georges (2014), Linguagem e Silêncio, Ensaios sobre a Literatura, a Linguagem e o Inumano, tradução de Miguel Serras Pereira, Lisboa, Gradiva.

Steiner, Georges (2005), As Lições dos Mestres, tradução Rui Pires Cabral, Lisboa, Gradiva.

Tropper, Michel, (2012), “L’Histoire du Droit et la Théorie Générale du Droit”, in Storia e Diritto, Esperienze a confronto, Atti dell’encontro internazionale di studi in occasione dei 40 anni dei Quaderni Fiorentini, Milano, Giuffrè Editore.

A CRISE DA CULTURA LIBERAL E