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A Igreja Católica no Brasil e os reflexos do Concílio

No documento paolalililucena (páginas 53-63)

2 A IGREJA CATÓLICA E A SUA RELAÇÃO COM O MUNDO

2.2 A Igreja Católica no Brasil e os reflexos do Concílio

Com o objetivo de entender melhor como o Concílio repercutiu na Igreja do Brasil, é necessário reporta-se até o ano de 1952, quando ocorreu a criação da Conferência Nacional

dos Bispos do Brasil (CNBB), evidenciando o contexto histórico vivenciado pela Igreja brasileira nesse momento.

D. Leme teria, segundo Pierucci, centralizado a organização da Igreja brasileira, tanto no que diz respeito ao clero quanto no que se refere ao laicato (PIERUCCI, 1984). A morte do Cardeal Leme, na década de 40, deixou esses setores órfãos e representou um momento de inflexão da Igreja, pois a partir disso surgem novas lideranças, associações e posicionamentos acerca do que é ser Igreja. Foi criado o Secretariado Nacional de Ação Católica, que tinha por objetivo coordenar os vários segmentos da Ação Católica espalhados por todo o país.

Pe. Hélder Câmara, então colaborador de Jaime Câmara, Arcebispo do Rio de Janeiro (1943-1971), foi nomeado Assistente Geral da Ação Católica, sendo desafiado a estruturar o secretariado, para que assim depois de seis meses os bispos se comprometessem a mantê-lo. Dessa forma, estavam dados os primeiros passos para a criação da CNBB, que aconteceu no ano de 1952. A sociedade na qual se contextualizou o seu aparecimento já se encontrava em pleno processo de transformação com o crescimento da classe média urbana, o que ocasionou a emergência de uma demanda por novas estratégias de evangelização (PIERUCCI, 1984).

A leitura da obra de Oscar Lustosa, A presença da Igreja no Brasil, permite detectar a existência de três fases na história da CNBB, que se desenvolvem entre a sua criação até a década de 80, quando essa organização passa a dominar o editorial do jornal Lar Católico, iniciativa que se coaduna com a sua política de comunicação social (LUSTOSA, 1977). Nos primeiros anos de vida, entre sua criação no ano de 1952 até a eclosão do golpe militar em 1964, a política da CNBB recebia o apoio da Santa Sé e do governo brasileiro. Suas iniciativas se davam no sentido de se aproximar e conhecer as necessidades da população economicamente mais desfavorecidas e, portanto, impedir um possível avanço das ideias comunistas nesses segmentos sociais. Percebe-se assim uma tendência de mudança dentro da Igreja brasileira, com a adoção da predileção aos pobres, mas que conservava algumas posturas ainda tradicionalistas, como o medo em relação à disseminação do comunismo.

O começo de uma ditadura militar e a alteração nos postos de direção da CNBB permitiram algumas mudanças de conduta e da imagem da organização perante os seus antigos aliados. A situação histórica não comportava mais um apoio irrestrito por parte do governo brasileiro e do Vaticano ao discurso defendido pelo episcopado brasileiro. Somente com a perda de força do regime militar e a decretação do final deste período da história política brasileira, na década de 80, a CNBB volta a ter uma voz ativa no cenário do

catolicismo. A insatisfação crescente da sociedade para com os conflitos gerados por esse regime redefine o papel da Igreja na sociedade, consolidando assim para essa Igreja uma conduta em relação ao social, aos moldes do que vinha sendo pregado pela CNBB antes do inicio do regime militar.

Assim, com a criação da CNBB na década de 50, começou a se configurar no cenário da Igreja brasileira o desenvolvimento de grupos distintos. Havia um grupo mais conservador, herdeiro do Cardeal Leme e liderado por Alceu Amoroso Lima que articulou a criação do Partido Democrático Cristão. Quando da convocação do Concílio Vaticano II, esse setor se demonstra apreensivo com a possibilidade de mudança. De certa forma, poderiam até mesmo desejar que o concílio referendasse o modelo ultramontano, esboçado no século XIX.

Mas, mesmo diante dessa aparente conformidade do clero e da sociedade em relação à manutenção do modelo de restauração, existia alguma insatisfação com relação à rígida hierarquização entre o clero e os fiéis, o que parecia não se coadunar com o ideal de liberdade burguesa e valorização do indivíduo. Os questionamentos também passavam pelo aspecto masculinizado do sacerdócio, que não era aberto às mulheres, o que diferencia cada vez mais do cotidiano, no qual as mulheres estavam conquistando mais espaço. A visão clerical da sexualidade como um pecado também se distanciava das relações adotadas por homens e mulheres (GUARIZA, 2009).

Na década de 50, a realidade brasileira se alterou em função do desenvolvimento urbano, com mais oportunidades de acesso ao mercado de trabalho e às possibilidades de estudo. No plano das relações familiares, no entanto, ainda permanecia o tradicionalismo moral e a assimetria dos papéis, ainda que a promoção das mulheres já se constituísse em um projeto vislumbrado por alguns segmentos sociais.

Em meio a essa realidade é que ocorre uma revitalização da Ação Católica, com o incremento dos movimentos religiosos voltados para os casais, com destaque para o movimento familiar cristão (OLIVEIRA SILVA, 2001). O objetivo desse tipo de associação seria introduzir na vida do casal aspectos da espiritualidade cristã, conduzindo e orientando as famílias na direção do processo de modernização da sociedade. Nesse sentido, em sua coluna D. Madalena sempre indicou para os casais desorientados e com problemas a participação no movimento familiar cristão.

Esses movimentos reforçavam o modelo de família tradicional, ainda que amenizassem a distribuição de tarefas entre o homem e a mulher. O homem ainda era percebido como o chefe do grupo familiar, mas a sua autoridade não poderia ser despótica,

uma vez que ele deveria valorizar o papel da mulher. Esse modelo de família condizia com o que determinava a parcela mais conservadora do clero.

Mas como já foi dito anteriormente, este não consistia no único grupo clerical do período. Maria José Rosado Nunes identificou que nessa década, o clero brasileiro estava dividido em três grupos diferenciados, que se uniam por nutrirem uma verdadeira aversão ao comunismo. Havia um grupo que desejava manter a estratégia exercida durante o período de restauração, com ênfase na defesa do afastamento da Igreja em relação ao mundo secular. Um segundo grupo, conhecido como modernistas conservadores, que se preocupavam com o avanço do secularismo e das novas ideologias, incentivavam a participação dos leigos, embora defendessem a conservação da hierarquia. Por último, identifica o grupo dos reformistas, que acreditavam que o laicato deveria participar das ações da Igreja e percebiam a necessidade de mudança social (GUARIZA, 2009).

Carvalhal aponta que a abertura do clero brasileiro para o envolvimento com a questão social ocorreu, principalmente, entre as décadas de 50 e 60, quando esse se tornou mais preocupado com o destino das camadas populares. Para essa pesquisadora, a Ação Católica, por exemplo, desempenhou um papel importante nesse sentido, pois mesmo sendo criado com um objetivo reformador de espalhar os valores cristãos pela sociedade, foi capaz de mobilizar os leigos na questão da transformação social (CARVALHAL, 2007).

Nessa mesma perspectiva, Rosado afirma que o processo de mudança de concepção do clero brasileiro aconteceu antes mesmo da realização do Concílio Vaticano II. O marco dessa mudança seria a criação da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), em 1952. Uma parcela do clero brasileiro, então, recebe bem os ditames do concílio, desenvolvendo estratégias pastorais, como as Comunidades Eclesiais de Base. Além disso, abriu-se a possibilidade para o desenvolvimento da Teologia da Libertação.

A CNBB, de certa forma, capitaneou os desejos de mudanças que uniam as parcelas mais progressistas, no que se referia a uma reformulação da relação entre laicato e clero. Assim, a CNBB seguiu as resoluções do Concílio em sua pastoral, pois foi o próprio D. Hélder quem trabalhou nas sessões em prol da discussão das desigualdades sociais.

A questão pastoral que foi enfocada no Concílio permitiu que as Igrejas latino- americanas participassem das discussões perpetradas durante esse evento (BEOZZO, 1985). Os bispos do Brasil já se encontravam articulados, exercendo responsabilidades em comum através da CNBB. Eles então levaram para o Concílio um Plano Pastoral Conjunto para todo o país, o que permitiu a sua colocação em prática as decisões conciliares. Também a Ação Católica nos anos 60, já havia se conscientizado das graves questões econômicas que

assolavam grande parte da população brasileira. Essas experiências levaram a Igreja brasileira a enfocar a pobreza como um grande desafio a ser vencido com a sua ajuda.

De acordo com Oscar Beozzo, o Vaticano II significou o início de uma nova etapa também para a Igreja brasileira, uma vez que ela adquiriu uma nova posição na configuração da Igreja Universal. Antes com uma posição marginal, passou então a ocupar um espaço de destaque, pois continha o terceiro maior episcopado mundial (207 bispos). Beozzo identifica que o concílio proporcionou outro benefício ao episcopado brasileiro, fazendo-o reunir-se, e com isso os bispos puderem desenvolver entre si uma maior unidade (BEOZZO, 2001).

É interessante perceber, porém, que ao retornaram com as novas demandas, discursos e determinações pensados pelo concílio, os bispos brasileiros se depararam com um clero afastado de todo o processo conciliar e por isso ainda relacionado a uma postura conservadora e tradicional. Esse clero foi convocado a colocar em prática as reformas conciliares e isso fez com que a Igreja brasileira se encontrasse dividida, com relação as suas eclesiologias, apesar da doutrina católica continuar sendo válida para todos e inquestionável.

Estava ainda presente uma concepção de Igreja que começou a ser implantada no século XVI e tinha como pilar o conceito de “sociedade sacral”. A ideia de uma sociedade perfeita, forjada no Concílio de Trento e que versava sobre a salvação eterna, se afastando do catolicismo popular, em parte fazia a cabeça da hierarquia eclesial no período do golpe militar (CARVALHAL, 2007). Nesse sentido, a Igreja se responsabilizava pelo plano espiritual, enquanto o Estado se encarrega de cuidar dos aspectos temporais. Isso quer dizer que a Igreja não teria necessariamente que discutir questões relacionadas aos problemas políticos e sociais, pois tal função não competia a ela, que se preocupava mais com o desenvolvimento espiritual. Durante os anos 60 e início dos 70, esta foi a postura adotada pelo editorial do Lar Católico. Mesmo diante desse quadro, a Igreja se posicionava em conjunto com o poder estabelecido, o que lhe conferia alguma vantagem.

A existência dessas correntes de pensamento evidencia que a Igreja consiste em uma estrutura heterogênea, podendo congregar diferentes concepções de mundo e de religião. Um exemplo específico com relação a essa questão de divergências de posições se refere à querela entre D. Jaime de Barros Câmara, arcebispo do Rio de Janeiro, e D. Hélder Câmara, bispo auxiliar do Rio de Janeiro. Ao retornar do Concílio Vaticano II, D. Jaime anuncia para D. Hélder que já havia pedido a sua transferência, junto a Santa Sé, para outra arquidiocese, devido às divergências pastorais.

Com o decorrer dos acontecimentos, D. Hélder foi transferido para Olinda e ali passa a conhecer a realidade do povo nordestino. Essa experiência fez com que D. Hélder Câmara

se consolidasse como um dos membros da Igreja que pretenderam romper com o conservadorismo que mantinha uma aliança firme entre Igreja Católica e poder instituído, para assim viabilizar estratégias que de fato fizessem a diferença na sociedade. De certa forma, ele começa um processo no sentido de aproximar essa instituição com os pobres. O censo de salvação individual e de desenvolvimento espiritual não deveria prescindir de uma preocupação com o próximo e com o engrandecimento do social.

Assim, D. Jaime articulou a vinda do americano Patrick Peyton. Padre Peyton tinha uma preocupação fundamental com manutenção da família e instituiu a Cruzada pelo Rosário em Família. Também atuou nas décadas de 60 e 70 como colaborador do Lar Católico, assinando a coluna Fortaleza da Família, na qual denunciava os problemas da moderna família: a falta de união, as divergências de gerações, a pouca presença da fé e a introdução do divórcio (KRETZER, 2005).

Em meados da década de 60, o Brasil entra em um processo político conturbado, com o qual os segmentos mais conservadores da instituição irão se identificar, ainda que por um intervalo de tempo não muito longo. É nessa década que, a partir da sociabilidade gerada pelo Vaticano II, os bispos irão conquistar uma união mais profunda, o que contribuirá para o fortalecimento da CNBB. A partir da criação e consolidação da CNBB sob comando de D. Hélder Câmara e depois, de D. Aloísio Lorscheider, a Igreja brasileira assume um protagonismo no contexto da Igreja da América Latina. O modelo então defendido tinha como ideal a aproximação da Igreja para com os pobres, buscando colocar em prática o conceito da Igreja do Povo de Deus, desenvolvido durante o Concílio Vaticano II.

Retornando ao plano político nacional, em 1964 ocorreu a emergência de um governo ditatorial, capitaneado por militares, que teria sido a consequência de uma disputa entre dois grupos que teriam projetos diversos para a sociedade brasileira. Um desses grupos não desejava que fossem realizadas as reformas propostas pelo então presidente João Goulart, enquanto que os setores denominados mais progressistas mantinham contato com uma visão mais esquerdista e defendiam transformações socioeconômicas profundas.

A realização do Concílio, segundo Altamiro Kretzer, mergulhou a Igreja brasileira em uma profunda contradição, uma vez que este pregava o diálogo e a democratização, aspectos que foram desvalorizados pelo regime político que nasce em 1964 no país (KRETZER, 2005).

Mesmo diante de todo um discurso que visava à renovação do catolicismo e a adoção de medidas por parte do episcopado brasileiro, que tinham por objetivo melhorar as condições sociais do povo, uma determinada parcela desse episcopado se associou ao projeto do regime

militar. Essa opção demonstrava o quanto a Igreja ainda temia o avanço da ideologia comunista.

Com o passar do tempo, o segmento mais progressista da Igreja começa a criticar as posturas do regime, desempenhando assim um papel mais efetivo na discussão das questões referentes à construção de uma sociedade mais harmônica, menos autoritária e com menor desigualdade social. Essas lideranças tinham por objetivo proteger os mais pobres e promover um retorno do regime democrático. Dentre essas lideranças destacaram-se os nomes de Dom Hélder Câmara, Dom Paulo Evaristo Arns, Dom Pedro Casaldágila, Dom Ivo Lorscheiter (CARVALHAL, 2007). Na década de 70, uma parcela mais significativa da Igreja brasileira começa a evidenciar ideias oposicionistas ao autoritarismo e violência que caracterizavam o regime militar. Assim, na década de 70, D. Hélder Câmara, representante da corrente progressista, assinalou as agruras de um regime pautado pela violência contra os civis oposicionistas (SANTOS A. L, 2006).

No limiar da década de 80, há uma tentativa de demonstrar que a CNBB não fizera parte dos segmentos clericais que apoiaram a ascensão do regime ditatorial. Dessa forma, em uma entrevista concedida ao Lar Católico, D. Serafim, presidente do Regional Leste II da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, fez suas considerações sobre o tema:

A Igreja que apoiou a revolução de 1964 não era tão consistente como a Igreja que hoje apóia as mudanças. Não me lembro da CNBB, enquanto CNBB, e dos Bispos, enquanto os bispos terem apoiado a revolução. [...] Agora, os fatos mudaram, principalmente mudou o lugar social da própria Igreja e os problemas do Brasil. E mais do que isso, providencialmente, a Igreja foi colocada como o único canal de comunicação com o governo, a única voz que fazia chegar às autoridades os anseios do povo. Cresceu depois de 1964 a afinidade da Igreja com os problemas vitais do país e hoje há essa posição que eu, da minha parte não chamaria de progressistas.17

Na década de 80, o Brasil entra em um processo de redemocratização, do qual a CNBB participou ativamente. Nesse período, a organização dominou o processo editorial do

Lar Católico, fazendo do semanário um veículo de informação sobre a Igreja, mais politizado,

preocupado com as desigualdades sociais e com a conscientização política dos seus leitores. Assim, foram articuladas, a partir de então, representações muito positivas sobre a atuação da CNBB.

Em 1986, os bispos brasileiros se reúnem na cidade de Itaici e, inspirados nas determinações tanto do Concílio Vaticano II quanto das conferências de Medellín e Puebla,

apontaram perspectivas para a ação pastoral. O jornal abordou essa reunião em algumas oportunidades. Em determinada matéria o jornalista Tilden Santiago apontou para os benefícios que essas ideias trariam para o conjunto da sociedade. Pode-se citar, então, um trecho do seu texto que expressa a postura adotada pelos bispos:

Hoje os bispos convidam os cristãos a uma busca de fidelidade aos apelos de Deus que vem da realidade, a ouvir o “grito de um povo que sofre e reclama justiça, liberdade e respeito aos direitos fundamentais dos homens e dos povos. [...] Essa expressão pelos pobres opção preferencial pelos pobres, à primeira vista, captada superficialmente, dá a impressão de parcialidade, de unilateralismo. Mas na verdade é só uma impressão. Essa opção é o caminho correto para se chegar a todos e o documento o explicita: Longe de ser exclusiva e excludente, ela expressa a opção

pela dignidade de todos os seres humanos. Nada mais normal do que privilegiar

aqueles, cuja imagem do filho de Deus aparece mais desfigurada por serem vitimas

de modelos econômicos marginalizados pelo poder político e oprimidos pela injustiça. [...] Só as camadas oprimidas tem o dom de mudar o mundo e mudá-lo

para todos. O universalismo, a totalidade é privilégio dos pobres e dos despojados que a eles se solidarizam, não de mentira, mas num plano de verdade e de eficácia na busca da erradicação da miséria no mundo.18

Na verdade, além de fazer uma propaganda positiva dos ideais da CNBB, a presença de Tilden Santiago enfatizava a preocupação da CNBB em preparar o povo para viver em Democracia. Em 1986, o Lar Católico inaugurou uma coluna que recebe o nome de Falando de Constituinte, assinada por tal jornalista político. Nessa coluna destaca-se o debate político estimulado pela CNBB, no sentido de informar e fazer o leitor refletir sobre a necessidade de articular a esfera política com a social. Depois de mais de vinte anos convivendo com um regime ditatorial, a população deveria se acostumar com a realidade democrática e todas as responsabilidades que advém juntamente com as liberdades do regime que estava sendo implantado em meados da década de 80.

A coluna de Tilden Santiago tinha por objetivo orientar o leitor nesse sentido, fazendo-o entender a importância de sua participação no processo de escolha dos deputados que iriam elaborar a nova constituição brasileira, inserindo esse leitor no processo político, fazendo-o refletir “Qual a sua contribuição, leitor do Lar Católico, para que se de uma mobilização da nação inteira em função da constituinte?”19. Assim ele adverte que “Neste processo de crescimento de consciência política da população, sobretudo em tempos de

18 SANTIAGO, T. S. A opção preferencial pelos pobres. Lar Católico, Juiz de Fora, p.5, 8 set. 1986.

19 SANTIAGO, T. S. Falando de Constituinte. Saudade da mobilização. Lar Católico, Juiz de Fora, p.5, 29

constituinte, o cidadão brasileiro começa a valorizar mais o seu voto considerando-o uma verdadeira arma a ser utilizada na transformação do Brasil.”20.

Em reportagem intitulada Plano Cruzado, Eleições, Constituinte: o que a Igreja tem

a ver com isso21 fica claro que a Igreja do Brasil, através da CNBB, está cada vez mais

preocupada com diversos aspectos da realidade política, social e econômica do país. Assim, os bispos demonstram interesse sobre os mais variados assuntos, para poder orientar melhor as comunidades, procurando ajuda de especialistas como o ministro Dilson Funaro para esclarecer pontos sobre o plano econômico que estava sendo implantado no Brasil naquele momento.

Mais uma vez o Concílio Vaticano II é evocado como um divisor de águas na postura da Igreja em relação ao mundo. De acordo com esse texto, o concílio possibilitou a abertura da Igreja para a discussão dos problemas do mundo. A partir de então, essa postura foi ratificada em outros encontros internacionais, principalmente no âmbito da América Latina, com as conferências realizadas em Medellín e Puebla. Os documentos emitidos por esses deixam evidentes a preferência da Igreja pela defesa dos pobres e oprimidos, para assim fazer nascer uma sociedade mais justa e fraterna.

O texto enfatiza que a Igreja do Brasil teve um papel decisivo na passagem de um

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