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Inicialmente se deve explicar o termo “gestão ambiental” e, para tal, destaca-se a adotada por Nilsson (1998, p. 134):

Gestão ambiental envolve planejamento, organização, e orienta a empresa a alcançar metas especificas, em uma analogia, por exemplo, com o que ocorre com a gestão de qualidade. Um aspecto relevante da gestão ambiental é que sua introdução requer decisões nos níveis mais elevados da administração e, portanto, envia uma clara mensagem à organização de que se trata de um compromisso corporativo.

As organizações possuem duas motivações distintas e estratégicas para a integração da gestão ambiental em suas operações, as defensivas e as pró-ativas. ConformeJabbour (2010),quando motivadas pela estratégia defensiva, o meio ambiente é encarado como uma restrição suplementar às atividades da empresa, contemplando praticamente apenas estar em conformidade com a regulamentação vigente. Quando a motivação possui fundamentação estratégica proativa, o meio ambiente é encarado como elemento de competitividade extracustos, tendo por objetivo inicial a prevençãodos impactos ambientais e de antecipação com respeito à evolução da regulamentação.

Em consonância com o que Porter e Van Der Linde (1995) interpretaram como fator crítico de sucesso na construção de competitividade assegurada pelos investimentos na área ambiental.

Depreende-se, pois, que o processo de gestão ambiental é amplo e que envolve toda a organização e não apenas as atividades industriais. Nascimento, Lemos e Melo (2008) apresentaram o papel esperado de cada área funcional da empresa, tais como: produção; recursos humanos; compras; pesquisa e desenvolvimento; finanças; marketing e a alta administração, para uma gestão socioambiental estratégica de sucesso, o que inclui um sistema de gestão ambiental convenientemente implantado, contemplando as atividades coordenadas de todas estas áreas organizacionais seguindo as estratégias e politica ambiental adotada pela organização.

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Prosseguiu Llerena (1996) que a análise da forma de integração da gestão ambiental nas organizações deve levar em conta que esta é variável e depende das características da organização, e que parece existir tantas diversas configurações estruturais e organizacionais quanto o número de empresas, dada sua diversidade.

Aimplantação da norma ISO 14001 como parte de seu processo de gestão ambiental, objetiva a conquista devários objetivos, de acordo com suas diretrizes. Tais benefícios vêm sendo por alguns autores questionados e confirmados por outros. Darnall e Sadorsky (2008) disseram que os resultados dos sistemas de gestão ambiental são influenciados positivamente pela motivação para a sua implantação, pelo compromisso dos empregados e pelo envolvimento e investimento em pesquisa e desenvolvimento.

Potoski e Prakash (2005) concluíram que empresas certificadas ISO 14001 tinham melhor desempenho no cumprimento dos requisitos legais e, que reduziam suas emissões de poluentes mais do que as empresas não certificadas. Babakri, Bennett e Rao(2004) explicitaram que o desempenho em reciclagem de resíduos era melhor em empresas certificadas que em não certificadas. Link (2006) concluiu que quando as atividades ambientais são incluídas no cotidiano das organizações o seu desempenho ambiental melhora.

Yin e Schmeidler (2009) questionaram quais as razões pelas quais os resultados dos sistemas de gestão baseados numa mesma norma eram tão diferentes nas organizações. Identificaram que um aspecto crítico de sucesso foi de que empresas que incluíam a gestão ambiental nas atividades do dia-a-dia relatavam melhor desempenho ambiental.

Já Jabbour (2010) categorizou as empresas certificadas de acordo com a norma ISO 14001 em dois grupos de evolução da gestão ambiental, a saber: a) um deles em um estágio de sinergia para eco eficiência; b) outro grupo com uma visão mais voltada a legislação ambiental. Para Jabbour (2010) a evolução de um estágio para o outro ocorre de uma maneira não linear.

Sobre o desempenho dos sistemas de gestão, Donaire (1999) ressaltou que:

O desempenho de uma organização está fortemente associado à qualidade de seus recursos humanos, e que se uma empresa pretende implantar a gestão ambiental em sua estrutura organizacional, deve ter em mente que seu pessoal pode transformar-se na maior ameaça ou no maior potencial para que os resultados sejam alcançados.

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Frente à inexistência de treinamentos formais regulares, Donaire (1999) sugeriu que as organizações devem desenvolver seus próprios esquemas de treinamento na área ambiental. A inclusão da variável ambiental nos programas de treinamento já existentes na organização proporciona a forma mais adequada para que os funcionários percebam a questão ambiental como importante para o processo de tomada de decisão.

Schmidheiny (1992) encontrou em empresas japonesas e americanas, a responsabilidade geral pela gestão ambiental sendo confiada a equipes formadas por membros de diferentes divisões ou funções e presididas por um membro da direção geral. O principal objetivo destas equipes é introduzir a gestão ambiental no conjunto das várias divisões da organização.

Prosseguiu ainda Schmidheiny (1992), que na empresa Du Pont, a gestão ambiental foi confiada a um Conselho Superior de Meio Ambiente (Environmental Leadership Council), aglutinando os principais vice-presidentes das divisões. Este conselho define as linhas da política ambiental do grupo, sendo, para tanto, auxiliado por uma equipe especializada que supervisiona o desempenho do grupo e que analisa a evolução dos problemas ambientais e as descobertas científicas.

Llerena (1996) explicitou que a criação de um departamentoresponsável pelo meio ambiente é um fenômeno comum ao menos no que se refere a grandes empresas. O caso da indústria química internacional talvez seja o mais expressivo, ecitou um estudo do Institut Français de

l´Environment (IFEN), que indicou que 77% dos grupos com mais de 10.000 colaboradores

possuem um departamento de gestão ambiental e, na indústria química, cerca de 95% das mesmas o possuem, este departamento é mais frequentemente subordinado à direção geral ou ao comitê diretivo.

Sanches (2000) enfatizou a ideia de que o envolvimento da alta administração é umaspecto de fundamental importância para o sucesso da implantação do processo de gestão ambiental.

Esse alerta foi compartilhado por Donaire (1999) para o caso de empresas industriais no Brasil, onde a importância atribuída pela alta administração à questão ambiental determina a influência do cargo e/ou departamento no conjunto da organização. Assim, quando a alta administração atribui importância à variável ambiental, o referido cargo e/ou departamento

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usufruirá de status, prestígio e autoridade. Nos casos em que esta importância não se verifica, o cargo e/ou departamento não terá mais do que função acessória, não se traduzindo em ação e nem tampouco em compromisso organizacional.

Campos e Pol (2010) disseram que o comportamento pró-ambiental pode ser explicado por vários aspectos, tanto individuais, através das crenças ambientais dos indivíduos constituintes do grupo, quanto os organizacionais, demonstrado através da impantação SGA, que a literaturademonstrou a amplitude de variáveis passíveis de predizer estescomportamentos assim como as dificuldades de detectá-las. Em seu estudo, avaliaram as diferenças nas crenças ambientais numaamostra de trabalhadores, onde parte deles estava habituados e expostos ao SGA eparte não estavam habituados a este sistema de gestão ambiental. Podem-se comprovar os efeitos da familiaridadecom estes sistemas nos comportamentos pró-ambientais forada empresa. Inferindo-se assim que de alguma forma a exposição dos indivíduos a um SGA promove neles uma mudança de atitude em relação ao meio ambiente.