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4 AS INSTITUIÇÕES FEDERAIS DE ENSINO SUPERIOR EM BARREIRAS/BA

4.1 AS INSTITUIÇÕES PESQUISADAS EM BARREIRAS: IFBA E UFOB

4.1.1 A implantação do IFBA e UFOB em Barreiras

A implantação do IFBA e da UFOB na cidade de Barreiras seguiu processos distintos, tanto no que se refere à infraestrutura inicial quanto à sua localização na cidade. Conforme imagem a seguir o IFBA está inserido na malha urbana e a UFOB em uma área mais afastada.

Figura 16 – Imagem da localização da UFOB e do IFBA em Barreiras.

Fonte: Google Earth, produzida em 10/02/2015. Marcação produzida pela autora.

A construção do IFBA ocorreu em uma área central da cidade, atualmente classificada como Zona Residencial, de acordo com o Plano Diretor Urbano (PDU) de Barreiras. No entanto, a UFOB embora inserida no perímetro urbano, foi construída em uma área ainda isolada, mais distante do centro de serviços e comércio da cidade, em uma Zona de Ocupação Secundária. Ainda de acordo com o PDU, a Lei de Zoneamento define como Zona Residencial as áreas onde predomina a ocupação habitacional e como Zona de Ocupação Secundária aquelas

áreas que demandam custos maiores de implantação devido à ausência de infraestrutura básica, apesar de não apresentarem restrições de uso e ocupação.

Figura 17 – Localização da UFOB e do IFBA na planta de Zoneamento de Barreiras.

Fonte: Prefeitura de Barreiras. Marcação produzida pela autora.

Iniciaremos apresentando o processo de implantação e histórico do IFBA e posteriormente o da UFOB, seguindo a ordem cronológica destes processos.

4.1.1.1 IFBA- Barreiras

A Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica, no estado da Bahia (IFBA), instituiu-se em Salvador em 1910, com a Escola de Aprendizes Artífices, ofertando cursos nas oficinas de alfaiataria, encadernação, ferraria, marcenaria e

sapataria e funcionou provisoriamente no Centro Operário da Bahia, no Pelourinho. Posteriormente passou para o Largo dos Aflitos e, após dezesseis anos, em 1926, foi inaugurada a sua sede, no Barbalho, e passou a contar também com oficinas nas áreas de artes gráficas e decorativas. No decorrer dos anos, a Escola passou por algumas modificações e recebeu inclusive outras denominações como: Liceu Industrial de Salvador, em 1937; Escola Técnica de Salvador (ETS), em 1942; Escola Técnica Federal da Bahia (ETFBA), em 196534.

Segundo Neto, Brito e Antoniazzi (2009), resultado da fusão entre o CENTEC (Centro de Educação Tecnológica da Bahia) e a Escola Técnica Federal da Bahia (ETFBA), transformou-se em Centro Federal de Educação Tecnológica na Bahia (CEFET-BA), segundo a Lei nº 8711, de 28 de setembro de 1993, e iniciou-se nesse ano a oferta de cursos de graduação e pós-graduação.

Um ano depois, em 1994, a então denominada Unidade Descentralizada do CEFET-BA foi construída na cidade de Barreiras (GOMES, 2013), em área da cidade que contava com outras construções escolares, como a Escola Agrotécnica Federal e uma escola estadual, ou seja, a construção foi inserida na malha urbana, em área que possuía infraestrutura básica, embora precária, e com fácil acesso ao transporte público.

Junto com a Unidade de Salvador já existente, a construção da Unidade Descentralizada do CEFET-BA Barreiras, na década de 90, integra o Plano de Pré- Expansão da Rede CEFET na Bahia, assim como a construção de unidades em outros municípios como Valença, Vitória da Conquista e Eunápolis. O Plano de Expansão I, entre 2006 e 2008, contemplou a construção das unidades nas cidades Santo Amaro, Simões Filho, Porto Seguro e Camaçari. Entre os anos 2009 e 2011, o Plano de Expansão II da rede contemplou a reforma e instalação das unidades nas cidades Paulo Afonso, Irecê, Jequié, Jacobina, Ilhéus, Seabra e Feira de Santana (GOMES, 2012).

Nessa última etapa de expansão, o CEFET-BA, por força da Lei nº 11.892/08, no final de 2008 adquire nova personalidade jurídica e torna-se Instituto Federal da

Bahia (IFBA), que passou a ter reitoria sediada em Salvador. Segundo Neto, Brito e Antoniazzi (2009), de acordo com essa nova lei, os IFs devem garantir 70% de suas matrículas para a educação técnica de nível médio, prioritariamente em cursos integrados, bem como para a formação de professores, por meio dos cursos de licenciatura. Os 30% restantes podem ser distribuídas entre os cursos de qualificação profissional, em todos os níveis de escolaridade, e curso de nível superior, entre graduação e pós-graduação.

Ainda segundo esses autores, o IFBA se configura, então, como uma complexa instituição recém-criada, apoiada em uma experiência de 100 anos de educação profissional, considerando-se que a Escola de Aprendizes Artífices da Bahia foi fundada em 1909. O principal desafio é articular os vários níveis e modalidades de ensino, superior, básico e profissional, e promover organização pedagógica verticalizada, pluricurricular e em estrutura multicampia.

Visando atender a essa nova demanda, em 2013 o IFBA Barreiras inaugurou mais um prédio de aulas e laboratório, com a previsão de inaugurar outro prédio para este ano de 2015, seguindo o mesmo modelo de projeto. Está em construção também um edifício de dois pavimentos para abrigar a biblioteca, além de prontos e em busca de verba os projetos arquitetônicos e complementares de uma edificação com três pavimentos para o setor administrativo. O auditório também foi reformado, para ampliar o número de lugares e reinaugurado em 2014, ano em que o IFBA Barreiras completou 20 anos de construção.

4.1.1.2 UFOB- Barreiras

O processo de implantação da UFOB seguiu de maneira distinta do processo do IFBA no que tange principalmente à localização dessas na cidade. Inicia-se com a ampliação da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Além dos campi localizados na malha urbana de Salvador, em 2006, a UFBA instalou um campus em Barreiras e

outro em Vitória da Conquista, resultantes do Programa de Interiorização da Universidade, inserido no Programa de Expansão das IFES.

Sobre a Unidade UFBA em Barreiras a pesquisadora e professora da instituição, Cleildes Santana, desenvolveu pesquisa sobre o Campus Professor Edgard Santos, no qual foi criado o Instituto de Ciências Ambientais e Desenvolvimento Sustentável (ICADS), que “é resultado de uma articulação entre diferentes níveis de governo e realizações de parcerias institucionais (CODEVASF e IBAMA) e outras vinculadas ao meio ambiente” (SANTANA, 2010,p.5).

Segundo a autora, as dificuldades iniciais encontradas pelos docentes e técnicos vão desde falta de infraestrutura, mobiliário e acervo bibliográfico à adaptação à vida em uma cidade do interior e à atividade acadêmica, em razão de muitos estarem no início da carreira. Assim como em outros campus, a unidade de Barreiras enfrentava a falta de docentes qualificados interessados em morar no interior e a alta rotatividade no quadro desses.

Santana (2010) afirma que desde a implantação da UFBA em Barreiras estava previsto o seu futuro desmembramento para uma nova universidade, considerando que:

A proposta de criação dessa nova universidade federal na região oeste da Bahia deve-se aos seguintes fatos: a) Ser esta uma região que concentra uma população de cerca de 700.000 habitantes, apenas no estado da Bahia; b) Estar esta região distante dos grandes centros onde se concentram as instituições federais de ensino superior, que se reflete no baixo percentual de alunos matriculados no ensino superior. Do total apenas 7,5% estão matriculados no ensino superior, sendo que deste total apenas 2% estão em instituições públicas; c) A importância econômico-social da região em contraponto agronegócio - conflitos ambientais e sociais; d) A estrutura já existente com a criação do campus da UFBA em Barreiras. (SANTANA, 2010, p.10)

Em 2013 a UFBA Campus Barreiras torna-se UFOB e atualmente conta com outros quatro campi ainda em instalações provisórias nas cidades de Barra, Santa Maria da Vitória, Bom Jesus da Lapa e Luís Eduardo Magalhães.

A estrutura física inicial em 2006 foi a escola Padre Vieira, construção antiga adaptada para servir como instalação provisória. Mesmo com o novo campus da Prainha, construído em 2009, em área mais afastada do centro, os problemas continuaram, desde a ponte de acesso sobre o Rio de Ondas, considerada pelo CREA com “risco iminente de desabamento”, à ausência de asfaltamento para o acesso ao conjunto de prédios; falta de espaço/salas para os docentes e serviços de internet lentos. Essas dificuldades iniciais foram parcialmente solucionadas atualmente, uma nova ponte foi construída, a via foi asfaltada e a UFOB conta, no primeiro semestre de 2015, com link dedicado de 100 Mb. No entanto, como a construção está sendo executada por etapas, atualmente faltam estruturas importantes como o Restaurante Universitário, que funciona em instalação provisória, e sala coletiva para os docentes, que abordaremos mais adiante neste trabalho.

Diferentemente do IFBA, que foi construído inserido na malha urbana, a UFOB foi construída em terreno doado, mais afastado do centro da cidade. As dificuldades de implantação da UFOB é um cenário comum em outras universidades implantadas longe dos grandes centros urbanos. As dificuldades estão relacionadas tanto a aspectos materiais, como falta de infraestrutura física e de serviços como a internet, quanto a aspectos humanos, como quadro insuficiente e rotatividade de docentes.

Esses problemas não são inéditos nem recentes, pois foram os mesmos vivenciados pelas instalações de diversos campi universitários no Brasil, na década de 70 (PINTO; BUFFA, 2009), conforme vimos no capítulo anterior. No Brasil, as políticas públicas de expansão do ensino superior, como o REUNI, continuam a adotar a universidade como polo de atração de infraestrutura, ainda que durante o período inicial da sua construção até a efetiva implantação, as demandas da comunidade acadêmica sejam parcamente atendidas e essas sintam-se isoladas.

Diante da dinâmica da cultura digital e de outras formas de ser e estar nos espaços, repensar essa estrutura de campus universitário como uma ilha,

concentrada em espaço único, normalmente afastado dos grandes centros, é uma questão que pode, e deve, ser desenvolvida em estudos futuros.