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Implantação e expansão do ensino superior no Brasil

2 A RELAÇÃO ENTRE EDUCAÇÃO E ARQUITETURA

2.2 EDUCAÇÃO SUPERIOR E ARQUITETURA: HISTÓRICO DESTA RELAÇÃO

2.2.2 Implantação e expansão do ensino superior no Brasil

Ainda no período do Brasil Colônia, segundo Luiz Cunha (2007b), dentre os 17 colégios jesuítas espalhados pelo Brasil, em alguns deles, além do ensino das primeiras letras e do secundário, acrescia-se o ensino superior em Arte e Teologia. Pinto e Buffa (2009) afirmam que somente após a chegada da família real portuguesa, no início do século XX, inicia-se o ensino superior leigo no Brasil. De acordo com Rodolfo Teixeira (2010), a primeira escola superior do Brasil foi criada no reinado de D. Maria I, pelo príncipe regente D. João, a Escola de Cirurgia da Bahia, criada junto ao Hospital Real Militar em 1808, no centro de Salvador. O curso era precário, com apenas dois docentes e se limitava a um curso rudimentar de cirurgia.

No mesmo ano, no Rio de Janeiro, foi criada outra escola de Medicina e dois anos depois a de Engenharia. E assim como nas escolas:

Essas eram unidades de ensino de extrema simplicidade, consistindo num professor que com seus próprios meios ensinava seus alunos em locais improvisados (grifo nosso) Foram as escolas, as academias e as faculdades, surgidas mais tarde, a partir das cátedras isoladas, as unidades de ensino superior que possuíam uma direção especializada, programas sistematizados e organizados conforme uma seriação preestabelecida, funcionários não-docentes, meios de ensino e local próprios. (CUNHA, 2007b, p.154)

Assim como ocorreu com o ensino básico, a demanda por espaço fez com que edificações existentes fossem adaptadas para o uso da escola superior. Como exemplos temos a antiga faculdade de Direito de São Paulo, instalada em 1827 no Velho Convento de São Francisco (CUNHA, 2007b) e a Faculdade de Medicina da Bahia, cuja edificação, segundo Naia Alban Suarez e Yoanny Rodriguez Calvo (2010) fora construída inicialmente como Colégio dos Meninos da Companhia de Jesus, que com a expulsão dos jesuítas do Brasil no final do Século XVIII, deixa de ser um edifício católico e passa a ser laico, abrigando o Colégio Médico Cirúrgico.

Com a vinda da família real o Colégio torna-se faculdade de Medicina por determinação real em 1832.

Figura 1 - Faculdade de Direito (SP) Figura 2 - Faculdade de Medicina da Bahia

Além dos médicos, os cursos superiores profissionais formavam principalmente militares, engenheiros civis e militares, agrônomos, desenhistas técnicos e economistas, ou seja, profissionais necessários para o funcionamento do Estado (PINTO, BUFFA, 2009).

O ensino superior no Brasil Império enfrentou dificuldades como a falta de docente qualificado em número suficiente para planejar e executar um plano educacional superior, e diante de uma massa considerável da população necessitando do ensino de conhecimentos primários (TEIXEIRA, 2010).

No Brasil República ocorre uma expansão de cursos de ensino superior, motivada pelo aumento da procura desta educação, pelas quais se processava o ensino profissional necessário ao desempenho das funções no novo regime. A facilidade de acesso estimulou essa expansão e o Brasil, desde a reforma Educacional de 1891 a 1910 contava com novas 27 instituições de ensino superior. (CUNHA, 2007b). Esse primeiro modelo implantado tem influência das instituições

Fonte:(Impressões Brasil Séc. XX, p.881). Disponível em

http://www.novomilenio.inf.br/santos/h0300g42b.htm Fonte: Cunha 2007b

europeias e configuram-se com edificações isoladas em meio a malha urbana, e em geral em prédios existentes e adaptados para os estudos do ensino superior.

Como tentativa de contenção da expansão do ensino superior, ainda segundo Cunha (2007b), em 1911, com o decreto de reforma geral do ensino secundário e superior, institui-se o exame de admissão para o ensino superior, que passou a chamar-se de exame vestibular em 1915, com uma nova reforma no ensino, exigindo-se também dos aprovados o certificado de conclusão do ensino ginasial, que poderia ser obtido após aprovação de um exame para os alunos que tivessem cursado o ginásio na rede particular. Em 1925 a matrícula dos aprovados passou a ser condicionada ao número de vagas pré-estabelecido pelas unidades de ensino.

Em 1909 é criada a primeira universidade brasileira, a Universidade Federal do Amazonas, em Manaus, cuja dissolução ocorreu em 1926. Em 1911 foi criada a Universidade de São Paulo, a qual também encerrou suas atividades, após seis anos de fundada. A terceira universidade do país também foi dissolvida em 1912, em Curitiba no Paraná. Somente em 1920 surge a primeira universidade que se estabeleceu como tal, a Universidade do Rio de Janeiro, resultado da junção de faculdades isoladas pré-existentes. Este processo foi seguido como modelo na criação de diversas outras universidades, como a Universidade de Minas Gerais, em 1927 (TEIXEIRA, 2010).

Sobre a arquitetura das faculdades e primeiras universidades, têm-se poucas informações, no entanto as fotos das fachadas demonstram similaridade com a arquitetura das escolas construídas na época, principalmente as Escolas Normais, com pórtico central, simetria das aberturas, grandes janelas e porões altos, com escadaria frontal, de acordo com o padrão neoclássico da arquitetura daquele período, exemplo da arquitetura voltada para as elites do país, chamada de escolas monumento por Luciano de Faria Filho e Diana Vidal (2006).

Os programas arquitetônicos das Escolas Normais incluíam biblioteca, auditório e laboratório distribuído em edificações de dois pavimentos. Esse programa arquitetônico assemelhava-se aos programas das escolas de ensino superior e, portanto a estrutura arquitetônica também se assemelhava, conforme visualizamos

nas fotos da Faculdade de Medicina em Belo Horizonte e da Escola Normal da Bahia e de São Paulo.

Figura 3- Faculdade de Medicina (BH)-1911

Fonte: Cunha 2007b

Figura 4 - Escola Normal da Bahia Figura 5 - Escola Normal de São Paulo

2.2.3 A modernização da universidade brasileira