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CAPÍTULO 1 MOMENTOS DA CONSTRUÇÃO DE UMA HISTÓRIA

3.4 A IMPORTÂNCIA DA INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

A escola é um espaço que oportuniza a convivência com pares que possuem características individuais diferentes, culturas e práticas distintas, proporcionando aos indivíduos a possibilidade de aprender com o outro e crescer através das suas diferenças individuais. Uma Educação Inclusiva representa a aceitação ao diferente, o que torna o ambiente rico pela diversidade social e facilitador do desenvolvimento de todas as crianças.

A educação inclusiva visa à inclusão de todos, independente de suas diferenças individuais, ela propõe um modo de organização do sistema

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educacional que considera as necessidades de todos os alunos e é estruturado em função dessas.

Tem-se um ensino de qualidade a partir de condições de trabalho pedagógico que implicam em formação de redes de saberes e de relações, que se enredam por caminhos imprevisíveis para chegar ao conhecimento; existe ensino de qualidade quando as ações educativas se pautam por solidariedade, colaboração, compartilhamento do processo educativo com todos os que estão direta ou indiretamente nele envolvidos. (Mantoan, 2008, p.21)

Se preparar para uma escola inclusiva não é apenas se especializar em alunos com autismo, mas sim se capacitar para uma escola onde todos têm diferenças e individualidades, uma escola que se renova e se reestrutura para lidar com a aprendizagem de forma diversa.

A Educação Infantil é geralmente o primeiro espaço social que a criança está inserida sem a presença da sua família, tornando-se assim repleto de desafios e adaptação ao novo.

Nesta etapa da Educação Básica, que tem papel imprescindível no desenvolvimento da criança, unindo as funções de educar e cuidar como ações indissociáveis, é aberta a possibilidade de um espaço de promoção da criança a um lugar de sujeito, onde o brincar seja fruto de criação individual e coletivo. Onde possa haver liberdade e prazer para explorar o ambiente, com uma educação que esteja voltada para o desenvolvimento pleno do aluno, gerando autonomia, explorando talentos e aptidões e respeitando os tempos de aprendizagem de cada um.

O processo de inclusão escolar de crianças com autismo é essencial para o desenvolvimento infantil. A diversidade social, os estímulos e o processo ensino- aprendizagem são necessários a qualquer criança em idade escolar. "... é possível discutir que o direito ao acesso ao conhecimento é também o direito de desenvolver-se de forma integral e apropriar-se das condições que favorecem sua participação social, desde a educação infantil". (http://www.redalyc.org/pdf/3131/313127401009.pdf) Porém, esse processo requer uma intervenção pedagógica no que tange necessidades específicas de

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alunos com autismo.

O início da vida escolar do aluno com autismo é um passo importante no desenvolvimento de suas potencialidades e convívio social, portanto, quanto antes acontecer, melhor. A Educação Infantil é a porta de entrada para o processo de inclusão social e educacional. Se a escola for um ambiente acolhedor, que respeita as individualidades e necessidades dos seus alunos, a variedade de práticas educativas possibilitará a desconstrução das barreiras e será um meio importante para o desenvolvimento dos alunos em sua totalidade.

(...) a escola de educação infantil é mais um espaço de interação social que, portanto, constitui-se num meio sociocultural fundamental à constituição dos sujeitos. A inclusão de educandos com deficiências nesses espaços relaciona-se à criação de um ambiente pautado pela valorização da diversidade, procurando se adequar às necessidades de todos os estudantes.(Carneiro, 2006 in Mattos e Nuernberg, 2011, p. 129).

O papel do professor nesse processo é essencial, pois ele será peça fundamental no desenvolvimento das potencialidades dos seus alunos. Portanto, uma educação que se preocupa com a inclusão e está voltada para o desenvolvimento pleno do aluno, gerando autonomia, explorando talentos e aptidões e respeitando os tempos de aprendizagem de cada um, deve privilegiar em sua formação docente estratégias e políticas que garantam uma educação para todos, voltada para a diversidade. Diferente de uma formação para competências técnicas e produtividade eficiente como se tem visto em muitos espaços formativos.

Ao tratar a Educação Infantil como um espaço de oportunidades para a criança, que chega à escola repleta de curiosidades e vontade de explorar o mundo que se apresenta, há o entendimento de que cada criança tem direito de ser protagonista do seu processo educativo e pode manter sua curiosidade espontânea, deixando transparecer suas ideais, seus interesses, suas individualidades, aflorando o seu potencial.

Sendo assim, é possível compreender o porquê da inclusão de alunos autistas nessa etapa ser tão importante. O decorrer da sua primeira infância influencia seu desenvolvimento como um todo, em todas as áreas -

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comunicativa, social, afetiva e também em relação ao pensamento crítico e científico.

O trabalho com crianças é fascinante, o olhar curioso, as mãos em busca de novas descobertas, a exploração dos espaços, a sinceridade no olhar, no falar e em suas expressões tem a capacidade de transformar o ambiente. Elas são capazes de desfrutar dos momentos de forma completa, sem se importar com as coisas externas. É essa individualidade que deve ser respeitada pelo professor, que ao compreender que não existe um modelo pronto de aluno, onde este não pode ser enxergado como um ser vazio a ser preenchido, que suas potencialidades serão exploradas e o desenvolvimento alcançado.

Se não respeitadas as individualidades, para o autista, a escola pode se tornar um lugar de difícil aceitação, por impor regras e padrões que nem sempre serão compreendidos e obedecidos por ele, além da expectativa colocada em relação ao seu desenvolvimento.

Desde a sua entrada na escola e/ou instituição até a sua saída, é visto como um autista, segundo o quadro sintomático que apresenta, tendo como base a incapacidade, o deficit, principalmente, no que se refere aos problemas de linguagem e de interação social... Essa concepção provoca certo distanciamento do autista das outras pessoas, gerando ainda uma maior tendência de as pessoas com autismo evitarem o uso da linguagem, o que vem a dificultar ainda mais o processo de interação social. (Orrú, 2007, p.167)

Muitas vezes, na escola, leva-se mais em conta os aspectos sintomáticos, as dificuldades e limitações dos alunos com autismo, do que a busca por estratégias para superação de suas dificuldades.

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CAPÍTULO 4 - O ALUNO COM AUTISMO NA CONSTRUÇÃO DAS AÇÕES

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