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CAPÍTULO 4 O ALUNO COM AUTISMO NA CONSTRUÇÃO DAS

5.4 ANALISANDO OS DADOS COLETADOS

5.4.5 PLANEJAMENTO E PRÁTICA PEDAGÓGICA

Eu parto de início de um mesmo planejamento, o cuidado é na seleção dos temas, então por exemplo, na contação de histórias, eu procuro privilegiar, algumas vezes por semana histórias que eu saiba que sejam histórias mais atrativas pra ela, com conteúdos mais atrativos pra ela, pra chamar a atenção, então por exemplo, fundo do mar é um tema que ela adora. Às vezes tentar trazer imagens ou livros que estejam falando sobre o assunto, pra que esse momento, que é o momento muito difícil, a hora da história é um momento difícil pra ela. Professora Joice

A Categoria 'Planejamento e Prática Pedagógica' nasceu a partir das questões levantadas acerca das ações educativas das Docentes, relativas a Inclusão Escolar de alunos com autismo na Educação Infantil e de como estas são

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planejadas e vivenciadas pelas Professoras entrevistadas, alguns modelos de planejamento foram apresentados pelas professoras e podem ser encontrados no anexo 6.

Ao serem questionadas: Como você elabora o planejamento pedagógico para turma e para seu aluno com autismo? suas respostas foram:

Eu tento fazer uma coisa que contemple a todos, então assim se eu penso numa atividade eu penso na atividade pra turma, mas também como o Felipe vai conseguir desenvolver aquela atividade. Professora Conceição Então, eu preparo a mesma atividade, eu faço uma rotina, todos os dias. Não tem como trabalhar com Educação Infantil sem rotina (...) Então eu faço o planejamento, faço um modelo de planejamento semanal com eles, faço o mesmo pro João, porém, o João eu procuro trabalhar mais a parte prática. Professora Monica

Então, eu sempre busquei fazer atividades para integrá-las porque como é Educação Infantil a gente consegue mais, quando vai ficando mais velho fica um pouco mais complicado fazer esse essa integração. Professora Carolina

O planejamento das atividades educativas a serem trabalhadas com os alunos em sala de aula gera diversas possibilidades, algumas dessas foram apresentados pela professora Carla, vide anexo 5, porém colocar o aluno nesse processo de construção e elaboração do planejamento, nem sempre é visto como um caminho possível. Quando se fala em alunos com autismo, além de suas individualidades enquanto sujeito, suas características individuais exigem que este planejamento aconteça de forma cautelosa e inclusiva. Pois, a inclusão não acontece somente no ato educativo, mas inicia na preparação daquilo que será trabalhado em sala de aula.

Ao serem perguntadas a respeito da forma de elaboração do planejamento e das ações educativas trabalhadas em sala com seus alunos autistas, as professoras, de uma forma geral relataram que procuram fazer seus planejamentos de forma a atender a todos os alunos.

A professora Conceição, procura adequar em seu planejamento pedagógico todas as atividades para seu aluno com autismo, compreendendo as particularidades do seu desenvolvimento. Em seu relato a professora Carolina conta que integra suas alunas com autismo em todas as atividades que elas se sintam a vontade e busca fazer atividades as quais ela percebeu que geram

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desenvolvimento, sendo assim evidenciado, o olhar voltado as necessidades das educandas.

A professora Monica constrói a rotina com seus alunos todos os dias, uma vez que, segundo ela, não é possível trabalhar com Educação Infantil sem uma rotina predefinida. Ao mesmo tempo ela relata que busca trabalhar com João de uma forma mais prática e lúdica, considerando assim sua particularidade, sendo assim, apesar de trabalhar com uma rotina pré-estabelecida a professora se esforça em trabalhar as particularidades dos seus alunos através das brincadeiras, das vivências e atividades voltadas para a ludicidade.

Já a professora Conceição relata que:

Essa questão do desenvolvimento do corpo, sabe da música, ele gosta muito de dançar, então assim aí a gente procura também chamar os outros pra também dançarem com ele, ali naquele momento, interagir, e nesse momento ele consegue interagir com os outros alunos. Professora Conceição

Ao falar sobre o desenvolvimento de atividades do interesse de seu aluno, fica claro o desenvolvimento do mesmo e a disponibilidade em participar daquilo que foi provocado por ele. Isso reforça a ideia de que as chances de acontecer a aprendizagem a partir de experiências vividas pelos alunos com autismo, das respostas aos estímulos e dos seus interesses, são muito maiores. Se na construção das propostas educativas os professores privilegiam aquilo que é demandado pelo aluno, se conseguem enxergar nos seus alunos potenciais criativos para o alcance da aprendizagem, mesmo que esses rompam com as lógicas já estabelecidas no ambiente escolar, podendo ser considerado indisciplinado, ricas são as possibilidades de crescimento e desenvolvimento.

Quando questionada sobre a construção do seu planejamento a professora Joice contou:

Então, a gente aqui na Rede trabalha com os projetos. E aqui na escola especificamente, no início de cada semestre, a gente mais ou menos elenca os temas que a gente acha interessantes pra trabalhar. É muito primário, porque na sala surgem outros assuntos de interesse. O fundo do mar é um assunto de interesse da Giovanna e de alguns outros alunos. Além de, florestas, bichos, os meus alunos gostam, por exemplo, o dinossauro é um animal que os meninos adoram, se interessam muito...Esses temas aparecem nas conversas e aí eu acabo tentando fazer com que eles virem

79 alguma atividade, então eu acho que o que é interessante pra eles tá sendo privilegiado no planejamento. Professora Joice

A fala demonstra que o planejamento acontece de forma prévia, no início do ano letivo, com possíveis alterações ao longo do período. Sendo assim, ao desconhecer as necessidades e especificidades de seus alunos, esse planejamento não alcançava as necessidades da turma e menos ainda dos seus alunos autistas, precisando ser modificado. Ou seja, aquele planejamento inicial, quase sempre, era descartado.

Essas predeterminações e planejamentos prévios estabelecidos não levam em consideração o perfil da turma e as características dos seus alunos, impedindo que a construção das ações educativas sejam feitas com a participação dos mesmos.

Isso porque considera que todos os alunos são iguais e aprendem da mesma forma, ignorando a diversidade, reproduzindo mais uma vez a lógica de uma sociedade excludente e homonegeizadora. Porém, contrapondo a lógica da própria Rede de Ensino e buscando um melhor desenvolvimento dos seus alunos, a Professora relata que constrói suas atividades com base na vivência diária com seus alunos. Como, por exemplo, quando realiza seus trabalhos correlacionando os interesses das crianças por florestas e animais, dentre outros temas de interesse, como o desenvolvimento musical, a dança, entre outras estratégias que em muito interagem com o desenvolvimento dos seus alunos continuamente.

No relato da professora Conceição um dado foi interessante, que é o potencial que a musicalidade e dança trouxeram para a sua prática, pois foi um momento de maior interação com os outros colegas, compartilhamento de toques, abraços, aspecto fundamental de desenvolvimento nos alunos com autismo.

Conclui-se desse modo que uma das preocupações das professoras entrevistadas é justamente o planejamento com base nas necessidades e demandas dos seus alunos e adequações nas práticas pedagógicas sempre que possível e necessário, o desenvolvimento dos alunos perante a esse olhar mostra o quão relevante é esse dado para compreender que, a realidade cotidiana não é enquadrável ou mapeável como se fosse possível cristalizar uma prática ou um material específico para alunos com autismo. Com isso o desenvolvimento de uma

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formação individual retorna a aparecer na análise dos dados como uma preocupação dos Docentes.

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