• Nenhum resultado encontrado

A importância do envolvimento da família na educação escolar

No documento Tese MARIANA DUTSCHKE (páginas 56-58)

Capítulo 1. Revisão da literatura

1.5. A importância do envolvimento da família na educação escolar

Ao fazer uma revisão da literatura, uma grande parte dos autores que se debruçaram sobre esta problemática verificam que a participação dos pais traz-lhes benefícios, pois aumentando as suas informações melhoram o seu papel de educadores.

Aos encarregados de educação cabe a função de estimular nos seus filhos a noção de responsabilidade, que estes desempenhem responsavelmente o papel de estudantes, para que, hoje enquanto jovens se preparem para a vida adulta.

O envolvimento das famílias de forma activa e participativa melhora o sentimento de ligação à sociedade.

A literatura tem apontado que, com a participação da família, as ações necessárias à formação dos alunos têm garantido um maior sucesso acadêmico.

Segundo Bhering (1999), o envolvimento dos pais não só contribui como todo o processo escolar como também contribui para a melhoria dos ambientes familiares e eventualmente poderá influenciar positivamente no desenvolvimento do rendimento escolar dos alunos.

A família é considerada como uma importante instituição de aprendizagem dos alunos, pois é nela que se dão as suas primeiras experiências que constitui o capital cultural que lhes é transmitida Gomes (1994). Segundo esta autora a família é um agente de socialização primária por transmitir às crianças, desde o nascimento, padrões de comportamento, hábitos, costumes, padrão de linguagem, maneiras de pensar, de agir, de se expressar.

Barros, Pereira, Goês, (2007) referem que o conhecimento das regras e marcadores básicos do desenvolvimento permite aos pais, e aos outro educadores, conhecer e compreender melhor a criança, definir os objectivos educacionais importantes e possíveis de atingir em cada fase, contribuir para diferenciar o essencial do acessório e escolher as metodologias educacionais mais adequadas a cada fase do

44 desenvolvimento.

É necessário quebrar a tradição de os pais se deslocarem às escolas apenas nos casos em que se verifiquem problemas, quer a nível do rendimento escolar quer a nível do comportamento. Esta tradição é responsável pelo facto de muitos pais entenderem a ida à escola como uma conotação negativa. Assim, é importante, principalmente junto dos pais, questionar e modificar o significado da ida à escola e promover competências de comunicação assertiva. Os pais devem ser ajudados a identificar as competências e responsabilidades de cada um dos parceiros - pais e professores – na educação e desenvolvimento dos filhos, e a estabelecer expectativas realistas sobre aquilo que podem esperar da escola, ou o grau de esforço e empenhamento que devem colocar na escolaridade do filho.

Marques (1988) refere que é importante estar presente e participar nas actividades de desenvolvimento na escola: Em muitas escolas, é habitual existirem actividades para as quais os pais são convidados, por exemplo, nas actividades de início e fim do ano lectivo, festas de Natal, Dia da Mãe e Dia do Pai, feiras ou festas com música e dança. Trata-se de actividades que promovem a vinculação da criança e da família à escola, e que facilitam o conhecimento mútuo entre estes dois sistemas, pelo que devem ser muito incentivadas. Nestas actividades, os pais têm oportunidade de conhecer melhor e de se familiarizar com o espaço onde o seu filho despende tantas horas, de conhecer os colegas e as famílias dos seus filhos, os professores e outro pessoal da escola.

Até aqui vimos como é que a família podia promover o desenvolvimento e o sucesso escolar e integração social e, de forma mais específica, a vinculação da criança à escola e a motivação para o sucesso. Mas, para que estas acções e atitudes parentais sejam bem sucedidas, elas têm de encontrar eco nas actividades da escola enquanto instituição e nas atitudes dos seus profissionais.

As escolas devem ser promotoras de politicas/estratégias que possibilitem um maior envolvimento das famílias na vida escolar do filho. Os pais podem ser envolvidos de diferentes formas, e cabe à escola proporcionar uma diversidade de modalidades de envolvimento parental na escola.

Hart,(1990) chama a atenção para uma das áreas em que tem sido estudada a influência e importância dos pais e da relação pais/escola num adequado

45

desenvolvimento socio–emocioal a auto-estima. Entendida como a percepção e valorização que o sujeito tem de si próprio – daquilo que é e que faz – a auto-estima é uma espécie de filtro interno que interpreta, aprovando ou não, as características e competências pessoais.

O grau de concideração por si próprio, o gostar ou não de si, têm evidenciado exercer uma grande influência na forma como o sujeito se comporta e reage aos acontecimentos da vida, Briggs (1975).

Ajudar uma escola de Educação Infantil a conhecer melhor as famílias dos seus alunos e procurar estratégias de aproximação que favorecessem o sucesso escolar, é a opinião de Trancredi e Reali citado por Carvalho (2002) no seu estudo “Visões de professores sobre as famílias de seus alunos: um estudo na área da educação infantil”. Neste trabalho consideram que conhecer as concepções de professores a respeito das famílias dos seus alunos possibilita, por um lado, compreender o processo de aprendizagem profissional da docência. Por outro lado, permite definir estratégias de formação que, ao considerarem o seu modo de pensar, favoreçam o estreitamento dos laços entre essas duas instâncias. Apresentam algumas ideias sobre o tema da "interacção escola/famílias", e as visões que os professores investigados têm sobre as famílias de seus alunos e, sugestões para a formação docente que considerem o estreitando dos laços com as famílias dos seus alunos e o alcance do sucesso escolar.

As famílias têm sido consideradas como as primeiras agências socializadores da criança, cabendo-lhes estabelecer condições propiciadoras de um “bom” desenvolvimento. Se "para a maior parte de nossos contemporâneos, socializar a criança é a tarefa primordial da família” (Gomes, 1994, Ariés e Stone 1978,), isso nem sempre foi verdade, não se aplicou a todos os períodos históricos nem a todas as sociedades e menos ainda a todas as camadas sociais. Hoje em dia, dada a frequência precoce das crianças em instituições como berçários, creches e pré- escola, esse papel de socialização da família exige novos estudos e reflexões.

No documento Tese MARIANA DUTSCHKE (páginas 56-58)