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Deveres e direitos do professor /educador

No documento Tese MARIANA DUTSCHKE (páginas 38-42)

Capítulo 1. Revisão da literatura

1.2. A família e a escola como sistemas

1.2.2. A ética do educador na relação com os encarregados de educação

1.2.2.3. Deveres e direitos do professor /educador

Monteiro (2005), menciona que a educação é um processo complexo, de resultados a prazo. É quase impossível determinar o factor de responsabilidade pessoal de um professor no insucesso dos seus alunos. Por isso, a responsabilidade pedagógica é mais de competência e dedicação do que de resultados. É principalmente a responsabilidade de criar as condições favoráveis ao pleno desenvolvimento da personalidade dos educandos.

Monteiro (2005) faz referência a uma possível e perfectível estrutura normativa de deveres e direitos aplicáveis à generalidade das profissões da educação, embora alguns possam ter maior relevância num determinado nível de exercício:

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Deveres do docente para com os alunos, na ordem do desenvolvimento integral e na relação pedagógica:

 Respeitar a singularidade de cada educando e o seu direito à diferença pessoal, social e cultural, sem discriminações.

 Praticar a reciprocidade ética na relação com os educandos, respeitando a sua dignidade e direitos e estimulando o seu exercício.

 Respeitar a privacidade e o direito ao silêncio de cada educando.

 Guardar sigilo sobre informações confidenciais obtidas na sua relação com o educando, numa base de confiança, com excepção das situações previstas na lei ou quando o interesse superior do educando ou outros legítimos interesses de terceiros devam prevalecer.

 Procurar conhecer cada educando para tratá-lo segundo as suas necessidades, eventualmente com legítima diferenciação positiva

 Cuidar da segurança do educando e criar um ambiente de confiança e bem- estar favorável a aprendizagens activas e efectivas.

 Contextualizar as aprendizagens no mundo actual e na vida real do educando, para torná-las mais significativas.

 Saber dedicar o tempo necessário para que o educando possa aprender verdadeiramente tudo o que importa aprender.

 Respeitar o direito de errar e os erros inerentes aos erros de aprendizagem.  Ser imparcial, objectivo e justo no exercício do poder de avaliar as

aprendizagens, tendo consciência da subjectividade, precariedade e ressonância dos juízos de avaliação.

 Respeitar o direito do educando de não gostar da escola que não satisfaz o seu direito à educação, por não lhe proporcionar as aprendizagens necessárias ao pleno desenvolvimento da sua personalidade.

 Estimular o pensamento crítico, criativo, e alimentar, acima de tudo, o desejo de aprender, sempre.

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 Ter disponibilidade para ser procurado, ouvir e falar com o educando fora das aulas.

 Não evitar a abordagem de temas mais sensíveis, mas tratá-los com objectividade e abertura a todas as posições, com a única preocupação de contribuir para que o educando desenvolva a sua capacidade de formar a sua opinião.

 Utilizar uma linguagem não agressiva nem humilhante, mas comedida e sóbria, profissionalmente cuidada.

 Reconhecer e não se apropriar do trabalho feito pelo educando.

 Não comercializar a profissão nem abusar da profissão profissional para tirar vantagens junto do educando ou sua família no exercício da profissão ou fora dela.

 Não aceitar presentes individuais ou colectivos que possam ter como intenção tácita ou como efeito o favorecimento, ou ser assim publicamente interpretado.

 Não consumir nem fornecer ao educando drogas ou outras substâncias proibidas, nem consumir álcool imoderadamente.

 Não ter comportamentos que constituam abuso ou assédio sexual, de natureza oral, escrita, visual ou física, ou possam ser assim interpretados.  Ser exemplo de virtudes humanas e humanizantes como:

- modéstia e tolerância;

- autocrítica e aceitação da critica;

- integridade e abertura ética à diversidade; - exercício dos direitos e deveres de cidadania;

- atenção e preocupação com o que se passa na sociedade e no mundo.  Convicção na possibilidade de um mundo menos injusto e violento.

Deveres do docente para com as famílias dos alunos e outros intervenientes da comunidade educativa:

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 Respeitar e valorizaras características do meio onde a escola está inserida, e reforçar a sua ligação através da participação em iniciativas de interesse para os educandos e para a comunidade.

 Respeitar a identidade e diferenças culturais, sociais e outras dos pais ou outros responsáveis pelos educandos, bem como as respectivas situações familiares.

 Guardar sigilo sobre informações relativas à vida familiar, excepto nos casos em que a lei ou o interesse superior do educando imponha a sua comunicação a uma autoridade.

 Manter com os pais ou outros responsáveis pelo educando uma relação de respeito, confiança, cortesia, diálogo e cooperação, informando-os regularmente sobre a vida escolar do educando e solicitando e respeitando a sua maneira de ver.

 Ajudar os pais ou outros responsáveis pelo educando a compreender o seu interesse superior mas, em caso de inultrapassável divergência ou conflito, não demitir-se do seu foro de responsabilidade e competência profissional.  Reconhecer o direito dos pais acompanharem, através de canais

estabelecidos, o bem-estar e o progresso dos seus filhos.

 Respeitar a autoridade legal dos pais, mas dar conselhos do ponto de vista profissional, tendo em conta o interesse superior das crianças.

 Realizar todos os esforços possíveis no sentido de envolver activamente os pais na educação dos filhos, auxiliando o processo de aprendizagem e garantindo que as crianças não sejam vítimas de trabalho infantil.

Deveres dos docentes para com a profissão que exerce, uma vez que esta tem como objectivo a formação humana e ética:

 Cultivar uma elevada concepção de profissão e torná-la atraente pelo profissionalismo com que é exercida.

 Respeitar e cuidar da dignidade da profissão (mesmo fora do seu exercício) e não sacrificar os seus valores e ilegítimos interesses de lucro ou outros.

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 Colaborar com a sua organização profissional com sentido de responsabilidade pelos valores e interesses profissionais comuns e ser solidário com movimentos organizados para a sua defesa.

Direitos dos professores e educadores:

 Direito a uma formação à altura das exigências, responsabilidades e dificuldades da profissão.

 Direito à mais ampla autonomia de juízo, decisão e organização profissionais.  Direito de recusar funções para as quais não tenha a competência exigível.  Direito de participação na definição da politica de educação e no governo da

escola.

 Direito ao exercício dos direitos do ser humano e cidadão, com as reservas inerentes à natureza da função.

 Direito e dever de critica da sua instituição e da politica relativa ao seu campo profissional, de modo compatível com o seu estatuto de funcionário.

 Direito a uma avaliação objectiva e justa do seu trabalho.  Direito de defesa em qualquer situação de alegada infracção.

 Direito a condições de dignidade, dedicação, segurança e sucesso no exercício da profissão.

No documento Tese MARIANA DUTSCHKE (páginas 38-42)