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Articulação entre as práticas educativas familiares e a escolarização

No documento Tese MARIANA DUTSCHKE (páginas 53-56)

Capítulo 1. Revisão da literatura

1.4. Articulação entre as práticas educativas familiares e a escolarização

É necessário que a escola acompanhe a tudo o que se passa fora dela.

O envolvimento dos pais, segundo Perrenoud, (1984) no processo educativo de seus filhos, é muito importante. Eles precisam, além de outras coisas, estarem por dentro e ligados ao que seus filhos aprendem na sala de aula.

Se por um lado os pais acreditam ou aceitam que os filhos devem ir à escola para “aprender”, ou “ter um diploma”, por outro também, deveriam ter a perspectiva correcta de que os professores são (ou deveriam ser) profissionais qualificados e cujo serviço é disponibilizado para ensinar algumas áreas específicas. Reuniões com os pais dos alunos, debates, muito podem contribuir para que algumas barreiras sejam quebradas na cabeça de seus próprios filhos, entre elas a da importância do aprendizado como uma continuação, ampliação e aperfeiçoamento do aprendizado para a vida (Perrenoud, 1984).

Segundo Barros, Pereira e Goês (2007), podemos verificar algumas das dimensões que os pais podem controlar de forma a influenciar o desenvolvimento dos filhos:

 Controlar o contexto em que os filhos vivem e se desenvolvem, seja ao nível do ambiente físico, dos ritmos, regras e rotinas que estruturam o comportamento da criança e a vida familiar, da organização de experiências de aprendizagem e socialização diversificadas e estimulantes, ou dos riscos a que a criança está exposta. Este controlo deve visar, por um lado, a segurança e a previsibilidade, por outro a exposição à novidade e estimulação.

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 Controlar os modelos ou exemplos que a criança observa no seu quotidiano e, essencialmente as atitudes e comportamentos significativos dos adultos. Uma parte muito grande da aprendizagem e desenvolvimento da criança é determinada pelos modelos que observa. A célebre regra do «faz o que eu digo, não faças o que faço» é claramente ineficaz, sendo que as crianças têm a tendência muito maior para fazer o que observam e que constatam que resulta, sobretudo em adultos que valorizam e de quem gostam, do que aquilo que lhe dizem que lhe dizem que é certo ou errado.

 Controlar os incentivos ou custos associados a atitudes ou padrões de comportamentos.

É de salientar que segundo os autores Barros, Pereira e Goês (2007), a importância dos benefícios do envolvimento parental na escola. Os resultados de múltiplos estudos empíricos sugerem que um maior envolvimento parental na escola esta associado a um maior sucesso académico e a uma adaptação mais positiva à escola por parte das crianças e jovens.

O envolvimento parental na escola não traz apenas vantagens para as crianças, sendo importante que os pais identifiquem os benefícios deste envolvimento para si e para o desempenho da parentalidade.

Segundo Marujo (1997), os estudos revelam que o envolvimento parental na escola está associado seguramente a resultados escolares mais positivos. No entanto, os benefícios não se resumem ao domínio cognitivo, sendo também evidentes no domínio comportamental e afectivo. Uma maior consistência entre a família e a escola relativamente a objectivos e a normas comportamentais esta associado a menos problemas comportamentais e de indisciplina da criança. Por outro lado, ao revelarem um maior envolvimento parental na escola, os pais transmitem aos seus filhos a importância que a escola tem para si, facilitando às crianças o desenvolvimento de uma atitude mais positiva em relação à escola.

Quando os pais estão mais envolvidos na escola, conhecem melhor os professores e o seu trabalho, e podem, com maior facilidade, conhecer o papel dos professores e desenvolver atitudes mais positivas face ao papel escolar e à escola. Quando existe uma relação de parceria entre a escola e a família, e, mais concretamente entre pais e professor, os pais podem, de forma mais articulada e eficaz, dar

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resposta às necessidades dos filhos, e, como consequência, desenvolver atitudes mais positivas de si enquanto educadores.

Esta atitude de parceria tem de ser traduzida em acções concretas dos pais no quotidiano, na forma como falam e permitem ao filho que fale, da escola e dos professores e funcionários e acompanhada de uma atitude geral de respeito pela instituição e pelo trabalho dos profissionais que a integram. Tal significa que não critiquem abertamente os professores, sobretudo quando têm pouca informação as situações em causa, que não atribuam sistematicamente as culpas dos problemas e insucessos do filho à escola ou aos professores, e que se mostrem interessados e disponíveis para participar nas actividades escolares e resolver os problemas que vão, inevitavelmente, surgindo ao longo da vida escolar do filho. É importante ajudar os pais a reconhecer as consequências negativas das suas atitudes mais irreflectidas ou impulsivas em relação à escola, e ajudá-los a encontrar formas adequadas de serem parceiros críticos, mas construtivos, na instituição escolar (Barroso, 1995).

A partir do momento em que a criança entra para a escola, a comunicação entre a escola e a família é inevitável, constante e sistemática.

A análise feita por Barros, Pereira e Goês (2007) em relação ao tema, consideram três domínios principais de competências parentais.

Um primeiro, relacionado com a gestão educacional, aborda a forma como os pais podem construir um ambiente familiar favorável ao desenvolvimento e à aprendizagem através da adopção de comportamentos parentais positivos e do estabelecimento de uma comunicação eficaz com os seus educandos.

Um segundo domínio diz respeito àquilo que os pais podem fazer para promover a aprendizagem em casa. Os pais devem ser capazes de se considerarem a si mesmos enquanto importantes agentes da aprendizagem dos filhos, de forma a proporcionarem um contexto familiar que facilite o desenvolvimento intelectual e que apoie a aprendizagem que o educando realiza na escola.

Por fim, um último domínio diz respeito à importância do envolvimento da família na vida escolar da criança. Dar a conhecer os benefícios da participação dos pais na vida escolar e as formas possíveis de envolvimento na escola são os objectivos desta parte. Em cada secção são postas questões orientadoras que têm como

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objectivo promover a reflexão e no auto-questionamento dos pais. Este tipo de reflexão é um requisito importante para que os pais possam identificar atitudes e praticas ineficazes e procurar alternativas mais adaptadas.

No documento Tese MARIANA DUTSCHKE (páginas 53-56)