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2. O MARCO REGULATÓRIO BRASILEIRO APLICÁVEL À PREVENÇÃO DE

2.1 O LICENCIAMENTO AMBIENTAL DAS ATIVIDADES DE EXPLORAÇÃO E

2.1.2 A importância do licenciamento ambiental na exploração e produção de

Como o licenciamento ambiental deve ser exigido para as atividades com potencial risco de significativa degradação ambiental, a exploração e a produção de petróleo possui procedimento específico de licenciamento. Nessa perspectiva, tem-se a Resolução CONAMA nº 23, de 07 de dezembro de 1994, a qual institui procedimentos específicos para o licenciamento das atividades relacionadas à exploração e lavra de jazidas de combustíveis líquidos e gás natural (art. 1º).

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Decreto nº 8.437/2015. Art. 3º Sem prejuízo das disposições contidas no art. 7º, caput, inciso XIV, alíneas “a” a “g”, da Lei Complementar nº140, de 2011, serão licenciados pelo órgão ambiental federal competente os seguintes empreendimentos ou atividades: [...] VI - exploração e produção de petróleo, gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos nas seguintes hipóteses: a) exploração e avaliação de jazidas, compreendendo as atividades de aquisição sísmica, coleta de dados de fundo (piston core), perfuração de poços e teste de longa duração quando realizadas no ambiente marinho e em zona de transição terra-mar (offshore); b) produção, compreendendo as atividades de perfuração de poços, implantação de sistemas de produção e escoamento, quando realizada no ambiente marinho e em zona de transição terra-mar (offshore); e c) produção, quando realizada a partir de recurso não convencional de petróleo e gás natural, em ambiente marinho e em zona de transição terra-mar (offshore) ou terrestre (onshore), compreendendo as atividades de perfuração de poços, fraturamento hidráulico e implantação de sistemas de produção e escoamento.

Para restringir a sua aplicabilidade e, assim, tornar suas normas efetivas, o art. 2º desta resolução considerou como atividade70 de exploração e lavra de jazidas de combustíveis líquidos e gás natural: (i) a perfuração de poços para identificação das jazidas e suas extensões; (ii) a produção para pesquisa sobre a viabilidade econômica; e (iii) a produção efetiva para fins comerciais.

Como a exploração e produção de petróleo dependem de prévio licenciamento ambiental, o art. 5º da Resolução CONAMA nº 23/1994 estabeleceu que, quando tiverem com toda a documentação legal necessária71, os órgãos estaduais de meio ambiente e o IBAMA, quando couber, no exercício de suas atribuições de controle das atividades descritas no artigo 2º da resolução, expedirão as seguintes licenças72: (i) Licença Prévia para Perfuração (LPper), em que autoriza a atividade de perfuração e, para a concessão deste ato, cabe ao empreendedor apresentar o Relatório de Controle Ambiental (RCA)73 das atividades e a delimitação da área de atuação pretendida; (ii) Licença Prévia de Produção para Pesquisa (LPpro), a qual autoriza a produção para pesquisa da viabilidade econômica da jazida, para a concessão deste ato, o empreendedor deve apresentar o Estudo de Viabilidade Ambiental (EVA)74; (iii) Licença de Instalação (LI), que autoriza, após a aprovação do Estudo de Impacto Ambiental ou Relatório de Avaliação Ambiental (RAA)75 e contemplando outros estudos ambientais existentes na área de interesse, a

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Ainda, o parágrafo único do seu art. 2º definiu especificamente o significado de “atividade” como a implantação e/ou operação de empreendimento ou conjunto de empreendimentos afins, localizados numa área geográfica definida. 71 Resolução CONAMA nº 23/1994. Art. 7º São documentos necessários para o licenciamento a que se refere o artigo 5º: I - LICENÇA PRÉVIA PARA PERFURAÇÃO - LPper: Requerimento de Licença Prévia para Perfuração - LPper; Relatório de Controle Ambiental – RCA; Autorização de desmatamento, quando couber, expedida pelo IBAMA; Cópia da publicação do pedido de LPper. II - LICENÇA PRÉVIA DE PRODUÇÃO PARA PESQUISA - LPpro: Requerimento de Licença Prévia de Produção para Pesquisa - LPpro; Estudo de Viabilidade Ambiental - EVA; Autorização de desmatamento, quando couber, expedida pelo IBAMA; Cópia da publicação do pedido de LPpro. III - LICENÇA DE INSTALAÇÃO - LI: Requerimento de Licença de Instalação - LI; Relatório de Avaliação Ambiental - RAA ou Estudo de Impacto Ambiental - EIA; Outros estudos ambientais pertinentes, se houver; Autorização de desmatamento, quando couber, expedida pelo IBAMA; Cópia da publicação de pedido de LI. IV - LICENÇA DE OPERAÇÃO - LO: Requerimento de Licença de Operação - LO; Projeto de Controle Ambiental - PCA; Cópia da publicação de pedido de LO.

72 Resolução CONAMA nº 23/1994. Art. 12. As licenças descritas no artigo 5º conterão prazo de validade, findo o qual o órgão ambiental competente poderá renová-las a pedido do empreendedor.

73 O Relatório de Controle Ambiental (RCA) é elaborado pelo empreendedor, contendo a descrição da atividade de perfuração, riscos ambientais, identificação dos impactos e medidas mitigadoras (art. 6º, II, da Resolução CONAMA nº 23/1994).

74 O Estudo de Viabilidade Ambiental (EVA) é elaborado pelo empreendedor, contendo plano de desenvolvimento da produção para a pesquisa pretendida, com avaliação ambiental e indicação das medidas de controle a serem adotadas (art. 6º, III, da Resolução CONAMA nº 23/1994).

75 O Relatório de Avaliação Ambiental (RAA) é elaborado pelo empreendedor, contendo diagnóstico ambiental da área onde já se encontra implantada a atividade, descrição dos novos empreendimentos ou ampliações, identificação

instalação das unidades e sistemas necessários à produção e ao escoamento; e (iv) Licença de Operação (LO), para autorizar, após a aprovação do Projeto de Controle Ambiental (PCA)76, o início da operação do empreendimento ou das unidades, instalações e sistemas integrantes da atividade, na área de interesse.

Ressalta-se que, de acordo com o art. 10 da Resolução CONAMA nº 23/1994, a Licença de Instalação deverá ser requerida ao órgão ambiental competente, ocasião em que o empreendedor deverá apresentar o EIA e o respectivo RIMA, caso o empreendimento esteja sendo planejado para a área onde a atividade não esteja implantada, ou o RAA para a área onde a atividade já esteja implantada. Neste último, caso a atividade implantada esteja sujeita a regularização, o RAA deverá contemplar, ainda, todos os empreendimentos localizados na área, o impacto ambiental existente e as medidas de controle adotadas até então (art.11, da Resolução CONAMA nº 23/1994).

Com a exposição acima, conclui-se que a Resolução CONAMA nº 23/1994 não apresentou soluções para questionamentos e problemas práticos da exploração e produção de petróleo offshore no licenciamento ambiental, como, por exemplo, a inexistência de regulamentação concernente às atividades sísmicas. Nesse caso, para o licenciamento ambiental da atividade de sísmica, aplicam-se as normas gerais deste procedimento de controle prévio, como Decreto nº 99.274/1990 e as Resoluções CONAMA nº 237/1997 e nº 01/198677.

e avaliação do impacto ambiental e medidas mitigadoras a serem adotadas, considerando a introdução de outros empreendimentos (art. 6º, IV, da Resolução CONAMA nº 23/1994).

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O Projeto de Controle Ambiental (PCA) é elaborado pelo empreendedor, contendo os projetos executivos de minimização dos impactos ambientais avaliados nas fases da LPper, LPpro e LI, com seus respectivos documentos (art. 6º, V, da Resolução CONAMA nº 23/1994).

77 No que se refere à falta de regulamentação de licenciamento ambiental para as atividades sísmicas, destaca-se a seguinte explicação de Paulo de Bessa Antunes: “Quanto aos impactos e riscos ambientais das atividades

sísmicas, de maneira geral, é um processo sem grandes consequências ambientais. E mais, os avanços no

tratamento de sinais por computador permitiram o desenvolvimento de levantamento sísmicos em três dimensões (3D e 4D) cujas características produz um pico sonoro de melhor qualidade e acarreta menor perturbação

ambiental. Em verdade, a sísmica é uma atividade de baixíssimo potencial de agressão ao meio ambiente, motivo

pelo qual não há uma previsão legal específica para a elaboração de Estudos de Impacto Ambiental quando do seu licenciamento. O IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, de forma bastante criteriosa e segura, embora reconheça o desprezível impacto ambiental da atividade, determina que ela seja licenciada. Mas as atividades sísmicas não são consideradas de significativa consequência para a exigência de estudo de impacto ambiental. Acrescente-se que, mesmo sendo a sísmica de insignificante degradação efetua-se estudo

ambiental que precisar ser aprovado pelo IBAMA – o qual é suficiente para atender o princípio da precaução, pois

se caracteriza como procedimento de prévia avaliação. E mais, com o licenciamento, tal atividade fica inteiramente submetida ao controle do órgão ambiental que, teoricamente, deve exigir o cumprimento das condições da licença.” –

ipsis litteris. (ANTUNES, Paulo de Bessa. Proteção Ambiental nas Atividades de Exploração e Produção:

Além do licenciamento ambiental, a legislação brasileira possui outros mecanismos de proteção e prevenção do meio ambiente durante a exploração e produção de petróleo offshore. Um desses mecanismos mais importantes é a Lei nº 9.966, de 28 de abril de 2000, tendo em vista que estabelece as normas básicas em caso de poluição marinha em jurisdição nacional.

2.2 A PREVENÇÃO, O CONTROLE E A FISCALIZAÇÃO DA POLUIÇÃO EM