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A Inteligência Emocional na família

CONSCIÊNCIA DE SI MESMO  Consciência emocional de s

3. Educar a Inteligência Emocional

3.2. A Inteligência Emocional na família

O ambiente familiar é, de forma irrefutável, imprescindível para o desenvolvimento das competências emocionais. Os fortes laços emocionais entre pais e filhos permitem, pois, que uns e outros possam aprender a ser emocionalmente inteligentes com o objectivo de que todos consigam viver com um maior bem-estar. Na perspectiva de Navarro (2004), citado por Bisquerra (2012:36):

Quando sentimos uma emoção desagradável, o primeiro passo é ter consciência da própria e saber aceitá-la para que depois se possa questionar adequadamente qual o motivo deste sentimento e de que forma se pode modificá-lo. Neste âmbito, por ser uma ligação mais próxima do que outra qualquer, os pais devem ser uma referência para os seus filhos no sentido do desenvolvimento das competências emocionais e, por tal, devem eles próprios desenvolver a sua inteligência emocional, serem conscientes das próprias emoções. Apenas depois de o realizarem podem ajudar os seus filhos a conhecerem-se a eles mesmos e quanto mais cedo o fizerem melhor. Qualquer situação da vida quotidiana familiar é boa para praticar e desenvolver a consciência emocional nos filhos, encorajando os educandos a prestarem atenção, a reconhecerem e definirem os seus estados de ânimo e sentimentos, ou seja, à condução do autoconhecimento se estão tristes, alegres, surpreendidos, se têm medo, etc.

Os pais devem, então, ser os primeiros a verbalizar os sentimentos para que completem e ampliem o vocabulário emocional dos seus filhos. Além disso, devem trabalhar com eles também a causa original da emoção sentida e, em conjunto, encontrar a melhor forma de expressá-la identificando os gestos relacionados com cada emoção. Todas as emoções são legítimas e é importante que os progenitores as aceitem mas, ainda assim, o comportamento automático que deriva de algumas delas não é sempre o mais adequado pelo que é importante que os mais pequenos o entendam. Navarro (2004) enaltece que exemplifica “ É importante que os nossos filhos possam

aprender, por exemplo a diferença entre estar zangado (é totalmente legítimo) e bater num amigo por sentir esta emoção (impulsividade). Estar zangado é legítimo; o que não é legítimo nem aceitável é bater em alguém como consequência de uma zanga” (p.38).

A expressão emocional é fundamental para compreender as emoções dos outros, saber como se sentem e para poder partilhar emoções. Ler, reconhecer, compreender e associar as emoções permite compreender não apenas o ponto de vista dos outros mas também a emoção a partir da qual se vive o momento. Segundo Navarro (2004), esta competência denomina-se por ‘empatia’ e é sustentada e desenvolvida pela consciência emocional intrapessoal: “ O desenvolvimento da

empatia é de grande utilidade em diferentes âmbitos da nossa vida já eu permite que nos

“(…) as relações interpessoais (entre as quais encontramos as familiares) são um

dos factores cruciais de bem-estar emocional ou de felicidade. Curiosamente estas relações também são a causa principal de conflito e mal-estar provocando emoções negativas como a tristeza, o rancor, o ódio, etc. A chave está em conseguir ser emocionalmente inteligente, desenvolver e colocar em jogo estas competências na hora de nos relacionarmos

enorme já que quando uma pessoa não tem empatia pode comportar-se de forma agressiva e violenta com os outros e não sentir nenhum tipo de pena nem compaixão pelo outro” (In Bisquerra,

2012;39).

Também a comunicação não-verbal – a postura, o tom e a intensidade da voz, o olhar, os gestos, etc. – é crucial nas relações interpessoais. Uma pessoa que tenha empatia consegue ler este tipo de sinais ao mesmo tempo que desenvolve uma boa capacidade de escuta e fomenta relações interpessoais de maior qualidade. Por outro lado, pessoas com baixa empatia apresentam dificuldades para entender as emoções dos outros, têm a capacidade de escuta menos desenvolvida e são menos eficientes na interpretação de sinais verbais. As suas relações com os outros são menos eficazes e proveitosas. “A partir dos laços e vínculos emocionais que se vão criando na família e nos

intercâmbios que têm lugar já desde o nascimento, vai-se transmitindo e desenvolvendo a competência da empatia” (Navarro, 2004 cit. por Bisquerra 2012:39).

A construção de vínculos visando a alegria e satisfação desde a infância requerem acções como a percepção das emoções da criança através de observações e diálogos; o reconhecimento da emoção como o princípio de um novo aprendizado; a compreensão e empatia pelos sentimentos identificando os motivos que a levam a senti-los e a imposição de limites durante o levantamento de hipóteses de soluções para os problemas em questão. A empatia dos pais torna-se crucial, através da comunicação verbal ou da comunicação não-verbal, nos efeitos que provoca nas crianças desenvolvendo-se nestas últimas uma melhor capacidade de conhecimento e compreensão da sua própria realidade assim como a autoconsciência dos seus problemas, potencialidades e recursos. Estas crianças reforçam também as suas atitudes de companheirismos e solidariedade bem como a sua própria empatia pelos pares. Assim, quando uma criança se sente ouvida, compreendida e acompanhada no seu seio familiar, o seu desenvolvimento emocional é promovido ao mais alto nível (Alustiza, 2007).

Educar os filhos de uma forma emocional, desde a compreensão à conexão com os mesmos, trata-se, pois, de ensiná-los a encarar o mundo a partir dos próprios olhos e tentar compreender a situação vivida do próprio ponto de vista assim como a emoção desencadeada. Se se alcançar no seu pleno, será fomentado um ambiente caracterizado pela convivência, entendimento e harmonia, evitando os conflitos e favorecendo as relações entre pais e filhos. A existência de compreensão e sintonia emocional entre progenitores e filhos permite que os últimos sigam os modelos dos primeiros e se tornem sensíveis às emoções do mundo.

A família é, inegavelmente, um “preparador emocional” e para que os filhos aprendam com os pais como funcionam as emoções é importante que estes últimos tenham a capacidade de controlar os impulsos, adiar frustrações, motivar-se a si próprios, interpretar o desenvolvimento da sociedade e lidar com os altos e baixo da vida, ou seja, é necessário que sejam eles próprios emocionalmente competentes.