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A JUSTIÇA ELEITORAL: ÓRGÃOS, COMPETÊNCIA E COMPOSIÇÃO

6 INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS NO BRASIL

6.3 A JUSTIÇA ELEITORAL: ÓRGÃOS, COMPETÊNCIA E COMPOSIÇÃO

A Justiça Eleitoral é o ramo do Poder Judiciário responsável pelo processo eleitoral do país, a quem compete a organização, fiscalização e realização das eleições, sendo, portanto, fundamental à normalidade da ordem democrática e essencial ao Estado Democrático de Direito.

São de responsabilidade da Justiça Eleitoral: o alistamento eleitoral; o registro e a cassação do registro de candidatos; a fixação da data das eleições, se não prevista em lei ou na Constituição; o julgamento de impugnações de registros partidários ou de candidaturas e das arguições de inelegibilidade; a fiscalização da propaganda eleitoral; o julgamento de crimes eleitorais; a realização e apuração das eleições e a expedição de diplomas aos eleitos. Como se vê pela amplitude e diversidade de suas funções institucionais, a Justiça Eleitoral chega mesmo a desafiar o princípio da separação dos poderes de Montesquieu.

Nos termos do art. 18 da Constituição Federal (BRASIL, 1988), a Justiça Eleitoral é representada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), órgão máximo sediado em Brasília; pelos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs), situados nos Estados e no Distrito Federal; pelos Juízes Eleitorais, titulares das Zonas Eleitorais dos Estados e do Distrito Federal, e pelas Juntas Eleitorais, órgãos deliberativos constituídos 60 dias antes das eleições com a competência de apurar os votos.

Cada órgão, na sua respectiva área de atuação, exercerá a tarefa de organizar, fiscalizar e executar o processo eleitoral. A competência da Justiça Eleitoral cessa com a expedição dos diplomas aos eleitos. A partir daí, as questões relativa ao exercício do mandato tem seu deslinde confiado à Justiça Comum, exceção feita à ação de impugnação de mandato eletivo, prevista no artigo 14, parágrafos 10 e 11, da Constituição Federal de 1988.

6.3.1 Tribunal Superior Eleitoral

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é o órgão máximo da Justiça Eleitoral, responsável pelas normas gerais aplicáveis à execução dos processos eletivos. Tem sede na Capital da República e jurisdição em todo o território nacional. Dispõe o artigo 119 da Constituição Federal que o TSE será composto, no mínimo, de sete membros, assim escolhidos:

I - mediante eleição, pelo voto secreto:

a) três juízes dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal; b) dois juízes dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça;

II - por nomeação do Presidente da República, dois juízes dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Supremo Tribunal Federal.

Para preenchimento das vagas de juristas, não poderão figurar nas listas nomes de magistrados aposentados nem de componentes do Ministério Público ainda em atividade. A nomeação dos juristas não poderá recair em cidadão que ocupe cargo público de que seja demissível ad nutum15; que seja diretor, proprietário ou sócio de empresa beneficiada com subvenção, privilégio, isenção ou favor em

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Significa a possibilidade de exoneração de servidor público ocupante de cargo em comissão sem m aiores exigências legais. Cargos ad nutum são aqueles preenchidos com base em confiança, de livre preenchimento e exoneração. A exoneração pode ser ad nutum, contudo, a demissão, por ser penalidade, não poderá ocorrer desta forma, exigindo-se processo administrativo disciplinar.

virtude de contrato com a administração pública ou que exerça mandato de caráter político, federal, estadual ou municipal (art. 16, § 2º, do Código Eleitoral, com redação dada pela Lei nº 7.191, de 4 de junho de 1984). Também não poderão fazer parte do TSE cidadãos que tenham, entre si, parentesco, ainda que por afinidade, até o quarto grau, excluindo-se, neste caso, o que tiver sido escolhido por último (art. 16, § 1º, do Código Eleitoral).

O Tribunal Superior Eleitoral elegerá seu Presidente e o Vice-Presidente dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal, e o Corregedor Eleitoral dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça (art. 119, parágrafo único, da Constituição Federal). No TSE, os seus juízes (membros) são chamados de Ministros. Salvo motivo justificado, os Ministros do Tribunal Superior Eleitoral servirão por 2 (dois) anos, no mínimo, e nunca por mais de 2 (dois) biênios consecutivos, sendo os substitutos (suplentes) escolhidos na mesma ocasião e pelo mesmo processo, em número igual para cada categoria (art. 121, parágrafo 2º, da Constituição Federal).

Os Ministros do TSE gozam de plenas garantias no exercício de suas funções e no que lhes for aplicável, sendo inamovíveis por força de preceito constitucional (art. 121, § 1º, da Constituição Federal). O TSE delibera por maioria de votos, geralmente em sessão pública, com a presença da maioria de seus membros. Contudo, algumas matérias somente poderão ser apreciadas mediante a presença de todos os seus membros, como a interpretação do Código Eleitoral em face da Constituição; a cassação de registro de partidos políticos ou quaisquer recursos que importem anulação geral de eleições ou perda de diplomas (art. 19, parágrafo único, do Código Eleitoral).

As atribuições específicas do TSE estão fixadas no Código Eleitoral (artigos 22 e 23) e nas leis que o modificaram.

6.3.2 Tribunais Regionais Eleitorais

Há um Tribunal Regional Eleitoral (TRE) na Capital de cada Estado e no Distrito Federal. Os Tribunais Regionais Eleitorais cuidam da organização, fiscalização e execução do processo eleitoral nas áreas sob sua jurisdição.

Dispõe o artigo 120, § 1º, da Constituição Federal, que os Tribunais Regionais Eleitorais compor-se-ão:

I - mediante eleição, pelo voto secreto:

a) de dois juízes dentre os desembargadores do Tribunal de Justiça;

b) de dois juízes, dentre juízes de direito, escolhidos pelo Tribunal de Justiça;

II - de um juiz do Tribunal Regional Federal com sede na Capital do Estado ou no Distrito Federal, ou, não havendo, de juiz federal, escolhido, em qualquer caso, pelo Tribunal Regional Federal respectivo;

III - por nomeação, pelo Presidente da República, de dois juízes dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de Justiça.

Para preenchimento das vagas de juristas, não poderão figurar nas listas nomes de magistrados aposentados nem componentes do Ministério Público ainda em atividade. Vale ressaltar que a nomeação dos juristas não poderá recair em cidadão: que ocupe cargo público de que seja demissível ad nutum; que seja diretor, proprietário ou sócio de empresa beneficiada com subvenção, privilégio, isenção ou favor em virtude de contrato com a administração pública; ou que exerça mandato de caráter político, federal, estadual ou municipal.

Também não poderão fazer parte do Tribunal Regional Eleitoral cidadãos que tenham, entre si, parentesco, ainda que por afinidade, até o quarto grau, excluindo-se, neste caso, o que tiver sido escolhido por último.

O Tribunal Regional Eleitoral elegerá seu Presidente e o Vice-Presidente dentre os desembargadores (art. 120, § 2º, da Constituição Federal). A escolha do Corregedor Regional Eleitoral será na forma como dispuser o Regimento Interno de cada TRE.

Salvo motivo justificado, os juízes dos Tribunais Regionais Eleitorais servirão por 2 (dois) anos, no mínimo, e nunca por mais de 2 (dois) biênios consecutivos, sendo os substitutos (suplentes) escolhidos na mesma ocasião e pelo mesmo processo, em número igual para cada categoria (art. 121, parágrafo 2º, da Constituição Federal).

Os membros dos Tribunais Regionais Eleitorais gozam de plenas garantias, no exercício de suas funções, e no que lhes for aplicável, sendo inamovíveis, por força de preceito constitucional (art. 121, § 1º, da Constituição Federal).

Os Tribunais Regionais Eleitorais deliberam por maioria de votos, geralmente em sessão pública, com a presença da maioria de seus membros. As principais atribuições e competências dos Tribunais Regionais Eleitorais estão fixadas no Código Eleitoral (artigos 29 e 30) e leis que o modificaram.

6.3.3 Juiz Eleitoral

No Brasil não existe uma magistratura eleitoral exclusiva ou própria da carreira. A composição dos seus órgãos é híbrida, integrando-os juízes de outros Tribunais e juristas da classe dos advogados.

O Juiz Eleitoral é o titular da Zona Eleitoral, funcionando como órgão judiciário singular em primeira instância. As Zonas Eleitorais são a menor fração territorial dentro de uma circunscrição judiciária eleitoral.

Assim, o TSE tem jurisdição em todo o território nacional; os Tribunais Regionais Eleitorais, nos respectivos Estados e no Distrito Federal, e os Juízes Eleitorais, somente nas Zonas Eleitorais a que presidem.

O Tribunal Superior Eleitoral, através da Resolução nº 19.994, de 9 de outubro de 1997, baixou normas para a criação e o desmembramento de Zonas Eleitorais. Nas Capitais dos Estados e nos Municípios cujo eleitorado seja igual ou superior a 200.000 inscritos, observar-se-á o mínimo de 70.000 eleitores para a composição de uma Zona Eleitoral.

No interior, o número de eleitores necessário para a criação de uma Zona é de, no mínimo, 50.000. Excepciona-se desses critérios a criação de Zonas Eleitorais em localidades comprovadamente de difícil acesso, mediante fundamentada justificativa do Tribunal Regional, caindo para 35.000 o número mínimo de eleitores necessário, nas regiões Sul, Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste (ressalvado o Estado do Mato Grosso), e para 10.000 eleitores na região Norte e no Estado do Mato Grosso. A criação ou desmembramento de uma Zona Eleitoral deverá ser submetida à aprovação do Tribunal Superior Eleitoral.

Nas Comarcas onde houver mais de uma Vara, o TRE designará aquela ou aquelas a que incumbirá(ão) o serviço eleitoral, sendo que as funções de Juiz Eleitoral são exercidas cumulativamente com a de Juiz Estadual.

As principais atribuições e competências dos Juízes Eleitorais estão fixadas no artigo 35 do Código Eleitoral e nas leis que o modificaram.

6.3.4 Ministério Público

Compete ao Ministério Público Eleitoral o exercício da função de fiscal da lei perante a Justiça Eleitoral. A sua composição é formada por um Procurador Geral Eleitoral, por Procuradores Regionais Eleitorais e por Promotores Eleitorais.

O Ministério Público é a instituição autônoma destinada a zelar pela observância da ordem jurídica, regular a administração da Justiça e defender o interesse público.

O Ministério Público Eleitoral atua como fiscal da lei e não tem quadro próprio. Seus membros exercem suas atividades junto a esta Justiça Especializada por extensão funcional, sem perder o vínculo com seu quadro de origem. Assim, perante o Tribunal Superior Eleitoral, atua o Procurador Geral Eleitoral, que é o mesmo Procurador Geral da República, funcionando, em suas faltas ou impedimentos, o seu substituto legal. O Procurador Geral Eleitoral é o chefe do Ministério Público Eleitoral, estando suas principais atribuições e competências previstas no artigo 24 do Código Eleitoral e nas leis que o modificaram.

Junto a cada Tribunal Regional Eleitoral serve, como Procurador Regional Eleitoral, o Procurador da República no respectivo Estado. Havendo mais de um Procurador da República, o Procurador-Geral Eleitoral designará aquele que atuará como Procurador Regional Eleitoral (art. 27, do Código Eleitoral).

No Distrito Federal, as funções de Procurador Regional Eleitoral são exercidas pelo Procurador-Geral de Justiça do referido Distrito (art. 27, parágrafo 1º, do Código Eleitoral).

Compete aos Procuradores Regionais exercer, perante os Tribunais junto aos quais servirem, as atribuições do Procurador-Geral (art. 27, parágrafo 3º c/c art. 24, do Código Eleitoral).

Perante os Juízes Eleitorais, funcionarão os membros do Ministério Público Estadual, designados pelo Procurador-Geral de Justiça.