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CÁP 1 OS SÍTIOS DE MEMÓRIA EM CONTEXTO

FFigura 13. Mulher sendo contornada durante o Siluetazo em 1983 Créditos: Eduardo Gil.

1.7. A luta vai à cidade: os movimentos de meados dos anos

O ano de 1996 tornou-se crucial para a luta pela memória da ditadura e pelo fim das leis de impunidade aprovadas no governo Alfonsín. Tratou- se de um momento em as reivindicações voltaram-se à cidade, nutrindo-se por alguns fatores centrais (FELD, 2012): a confissão do oficial da marinha Adolfo Scilingo66 sobre os Vuelos de la Muerte e a autocrítica do chefe do exército major Martín Balza, sobre o acionar das forças armadas67; as comemorações do vigésimo centenário do golpe e o fortalecimento da marcha do 24 de março (aniversário do golpe) na Plaza de Mayo; a formação da agrupação Hijos contra la Impunidad, Justicia y contra el Olvido y el Silencio (H.I.J.O.S) e, com eles, os escraches68 aos repressores; bem como os debates sobre a construção dos primeiros lugares de memória, a Ex Escuela Mecánica de la Armada (Ex ESMA) e o Parque de la Memoria (PDM).

Com relação aos lugares de memória, as tensões relacionavam-se, principalmente, ao Parque de la Memoria (PDM), um parque-monumento em homenagem às vítimas do terrorismo de Estado; e a Ex ESMA, ex CCDTyE de maior peso simbólico composto por um complexo de edifícios dispostos em 17 hectares, por onde passaram 5000 pessoas e que, até então, funcionava como escola naval.

66 Adolfo Scilingo foi capitão de corveta da marinha durante a ditadura militar e serviu como capitão-tenente na Escuela Mecánica de la Armada. Ele foi o único torturador argentino que se dirigiu expontaneamente à justiça, denunciou os crimes cometidos pela armada e admitiu sua participação na prática, explicada em nota de rodapé na introdução, dos Vuelos de la Muerte. A confissão sobre tal prática, em que explica como funcionavam os Vuelos, foi realizada em uma entrevista a Horacio Verbitsky, publicada na revista Tiempo em 3 de abril de 1995. Disponível em: < http://www.amnistiacatalunya.org/edu/2/extraj/des- scilingo.html > Acessado em: 18 abr. 2019.

67 Martín Balza foi chefe do Estado Maior do Exército argentino entre 1991 e 1999. Em 1995 fez uma declaração pública, por meio do programa de televisão argentino Tiempo Nuevo, na qual realizou a primeira autocrítica do Exécito sobre as graves violações aos direitos humanos cometidas durante a ditadura militar (1976-1983).

68 Como iremos retomais mais a frente, o Escrache nasceu com a agrupação de DDHH argentina Hijos por la Identidad y la Justicia contra el Olvido y el Silencio (H.I.J.O.S) e consiste em uma prática na qual os manifestantes se dirigem às casas ou locais de trabalho de quem se quer denunciar e realizam um protesto no local.

Figura 17. Vista area da Ex ESMA desde a parte frontal do espaço, voltada à

Avenida del Libertador em Nuñez, bairro nobre da capital federal, s/d. Fonte: < https://mapio.net/pic/p-18816218/ > Acessado em: 20 jan. 2019.

Como retomaremos no próximo capítulo, em 1998 Menem decretou a demolição dos edifícios da Ex ESMA e a transferência das escolas para o Puerto de Belgrano. Em seu lugar, propôs a construção de um parque público, com um monumento símbolo da vontade de reconciliação do povo argentino.

Porém, dado que os ativistas de DDHH nunca demonstraram a vontade de conciliar com os militares, além de que dessa maneira seriam apagadas provas essências dos crimes ali cometidos, a ideia gerou uma ampla frente de resistência. Também como iremos aprofundar no próximo capítulo, posteriormente tais movimentos de protesto tornaram possível a revogação do decreto e abriram portas para as primeiras discussões sobre um museu da memória no local, hoje lá implantado.

Contudo, dado que nessa época a Ex ESMA encontrava-se sob jurisdição do poder executivo que, sob o comando de Menem, dava pouca atenção ao tema dos direitos humanos, bem como estava ocupada pelos militares, tornava-se difícil levar a cabo ações legais para sua transformação em lugar de memória. Dessa maneira, as primeiras iniciativas efetivadas

nesse sentido aconteceram no âmbito de Buenos Aires e estiveram centradas na construção do Parque de la Memoria (PDM). Assim explica Gabriela Alegre, membra da organização Buena Memoria69, ex-coordenadora da Comisión Pro Monumento a las Víctimas del Terrorismo de Estado (CPM) e quem viria a ser, nos anos 2000, secretária de direitos humanos da cidade.

Tudo que havia sido campo de concentração não pertencia à cidade, e sim ao governo nacional. Então não podíamos fazer nada. O parque foi a primeira coisa que se pôde fazer porque era um parque [...] para mim é o primeiro antecedente institucional que demonstra a vontade de fazer algo com o que era centro clandestino. (Gabriela Alegre, em entrevista concedida à autora, 2017).

Em Buenos Aires, ainda em 1998, grupos de DDHH, especialmente o Buena Memoria, do qual fazia parte Alegre, junto a deputados de Buenos Aires, lograram aprovar o projeto do Parque de la Memoria (PDM) por meio da Lei no 46/9870 da Legistura de la Ciudad Autónoma de Buenos Aires. Esta previu a construção de um parque público às margens do Río del Plata, onde eram jogados os corpos desde os Vuelos de la Muerte, composto por um monumento com os nomes dos desaparecidos, que constavam na CONADEP e um conjunto poliescultural. Para tanto, deveriam ser, e assim se deu, lançados concursos, coordenados pela então criada Comisión Pro Monumento a las Víctimas del Terrorismo de Estado (CPM), composta por deputados, funcionários do governo da cidade, um representante da Universidad de Buenos Aires (a qual o terreno pertencia) e representantes de organismos de DDHH.

No entanto, se, por um lado, a possibilidade de construir o parque advinha abertura ao tema no âmbito da cidade e era facilitado por não exigir

69 A agrupação conformou-se em meados dos anos 90 e esteve composta por membros como Alejandra Naftal (atual diretora do Museo de Sítio ESMA), Marcelo Brodsky e Gabriela Alegre, que estudaram juntos no Colegio Nacional de Buenos Aires e na Escuela Superior de Comercio Carlos Pelegrinni e começaram elaborando práticas artísticas que representavam seus companheiros desaparecidos. Eles se identificam como parte de uma geração afetada pela ditadura, distinguindo-se assim de outras organizações de DDHH compostas por afetados diretos e/ou familiares. Sobre a história da Buena Memoria, ver Guglielmucci (2011, pp. 55- 63).

70 Disponível em: < http://www2.cedom.gob.ar/es/legislacion/normas/leyes/ley46.html >. Acessado em: 20 jan. 2019.

processos de desapropriação de edifícios militares ou particulares; por outro, tornava-se possível por dialogar com as propostas urbanísticas em curso em Buenos Aires: ao mesmo tempo que aconteciam operações de “recuperação” (no jargão marqueteiro) das diversas zonas costeiras da cidade – como a operação Baricentro e a Puerto Madero – a prefeitura demonstrava interesse nas costaneras Norte e Sul, margeantes ao Río del Plata, onde hoje encontra-se o PDM. Fernando de la Rúa, então prefeito de Buenos Aires, acusava Carlos Menem de ter privatizado o espaço público costeiro, quando esteve no comando da cidade, o que teria causado uma profunda “deterioração” da região. Em contrapartida, desde sua campanha eleitoral focou seu discurso em devolver o rio à cidade e aos moradores através da apropriação dos espaços verdes que, segundo ele, estavam indevidamente privatizados por gestões anteriores homenageando, assim, “os vizinhos com novas opções de ocupação” 71 (VECCHIOLE, 2014, p. 35, traduzido pela autora).

Porém, a construção do parque não era bem-vinda por todos os grupos de direitos humanos. Dentre eles parte dos H.I.J.O.S. e das Madres, cuja figura central era Hebe de Bonafini, líder das Madres de Plaza de Mayo72 (AMPM). Com as leis de impunidade ainda em vigor – Punto Final e Obediencia Debida – Bonafini expôs em uma carta pública seu repúdio à ideia. Segundo ela (apud VALDEZ apud VEZZETTI, 2009, p. 280, traduzido pela autora), o PDM seria construído pelos “mesmos que perdoaram os assassinos e que, em muitos casos, se alinharam com eles”. Ademais, associados à Bonafini, outros personagens ainda argumentavam que a Ex Esma devia ser transformada em um museu do terror; ou que a proximidade do parque com a Ex Esma prejudicaria a visibilidade do local.

71 “Con el objetivo de brindar a los vecinos de la ciudad nuevas opciones de esparcimiento”.

72 Note-se que em 1986 as Madres de Plaza de Mayo se dividiram entre os grupos Asociasión Madres de Plaza de Mayo (AMPM), que tem como líder Hebe de Bonafini e Madres de Plaza de Mayo – Línea fundadora (MPMLF), um grupo menor. A cisão aconteceu quando as Madres foram chamadas para dar depoimentos ao CONADEP e começaram a divergir sobre testemunhar ou não, sobre a exumação dos corpos e sobre a aceitação ou não da recompensa monetária oferecida pelo governo Alfonsín. As Madres que não concordavam em conceder depoimentos à comissão, que não aceitavam o título de morte de seus entes (reivindicando-os como desaparecidos) e não queriam receber a indenização, acusando o outro grupo de apoiar Alfonsín, deram origem ao MPMLF.

Mesmo assim, em 1998 a CPM lançou um concurso arquitetônico junto à Faculdad de Deseño, Arquitectura e Urbanismo da Universidad de Buenos Aires (FADU-UBA) para o desenho do parque; bem como, em 1999, um outro para a construção do conjunto poliescultural.

Em uma tarde de 2001, debaixo de uma chuva torrencial, enquanto parte dos grupos de DDHH comemoravam a colocação da primeira pedra que marcava a abertura de suas portas ao público, outros componentes de associações – como dos H.I.J.O.S, Madres e Correpí73 – protestavam a poucos quilômetros dali (VEZZETTI, 2009). Contudo, apesar das discordâncias, deve-se ter em vista que pela primeira vez na Argentina e na América Latina foram mobilizados grandes recursos monetários estatais para a construção de um lugar de memória; lançado um concurso arquitetônico e outro artístico; armado um processo que contou com a intensa participação de grupos de direitos humanos; e a universidade fora incluída nos debates sobre a memória do terrorismo de Estado.

Figura 18. Vista aérea do Parque de la Memoria. Ao centro o Monumento a las

Víctimas del Terrorismo de Estado, s/d. Fonte: < https://www.buenosairesfreewalks.com/buenosairestips/parque-de-la- memoria/ > Acessado em: 30 fev. 2019.

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Em contraste com a monumentalidade da ESMA e do PDM e concomitantemente a esses debates de maior destaque na esfera pública, foram sendo construídas uma série de micromemórias (SCHINDEL, 2009) –

intervenções de pequena escala, mas de grande significado – que expandiram a topografia de dor de Buenos Aires.

Importantes nesse sentido foram os escraches, criados pelos Hijos contra la Impunidad, Justicia y contra el Olvido y el Silencio (H.I.J.O.S), um grupo formado em 1995 por jovens militantes com o objetivo lutar pelo “Juicio y Castigo” dos militares e reconstituir a identidade de seus familiares74. Com o objetivo de denunciar a impunidade institucional e promover a condenação social, esses escraches interrompiam com marchas e atos o lugar onde os torturadores moravam ou trabalhavam.

Um dos momentos centrais dessas ações aconteceu a partir de 1998, o trabalho voltou-se ainda mais ao território. Nesse momento, os H.I.J.O.S passaram a elaborar as Mesas de Escrache Popular, uma mesa no bairro, na qual participavam grupos de arte, sindicatos, partidos políticos de esquerda, entre outros atores. A ideia era desenvolver a construção territorial específica de cada região, estremecida pela ditadura e pela presença de Ex CCDTyEs, atraindo, assim, a população dos bairros para a luta política75 (GAC, 2009). Associado a isso, de modo mais visível, evocavam as figuras dos desaparecidos trocando os nomes das ruas e praças, implantando placas comemorativas em colégios e universidades, entre outras intervenções que, marcando o espaço urbano, visibilizavam essa história e homenageavam os afetados (OLMOS apud CATELA, 2018).

No âmbito das Mesas de Escrache Popular, formou-se o Grupo de Arte Callerero (GAC). O GAC, que em 1998 vinha trabalhando com murais, somou-se à prática dos escraches, atraídos pela capacidade da ação que, desde o festivo, o comemorativo e o performático “pensaba colectivamente otros modos de construir justicia frente a la impunidad con la que contaban los Genocidas” (GAC,

74 Disponível em: < http://www.hijos-capital.org.ar/2017/08/10/hijos-capital/> Acessado em: 20 jan. 2019.

75 A história dos escraches pode ser compreendida em três momentos centrais: um primeiro entre 1996-1998, em que os escraches estiveram voltados a ditadores de maior destaque na mídia – como Videla, Massera, Artiz e Martínez de Hoz – em grande medida por uma necessidade da agrupação de que suas ações ganhassem espaço na mídia; um segundo entre 1998-2003, especificamente a partir do escrache a Magnacco, trata-se de um momento em que os esforços voltam-se ao território e constitui-se a “mesa ao escrache”, quando também passam a escrachar figuras menos conhecidas; e um terceiro, a partir de 2003, quando se iniciam os escraches aos cúmplices da ditadura, que continuam em atividade, como é o caso de Hector Vital, médico apropriador de crianças nascidas em cativeiro.

2009, p. 79). Especialmente a partir da criação da Mesa de Escrache Popular., os participantes foram se envolvendo nas reuniões e práticas desenvolvidas pelos H.I.J.O.S., o que significou, para eles, a possibilidade de sociabilização de uma preocupação a princípio dos familiares (GAC, 2009).

A participação do GAC tornou-se importante na medida em que o grupo ampliou as práticas dos escraches, sinalizando também os Ex CCDTyEs. Enquanto os H.I.J.O.S haviam incorporado como sua marca central uma placa de trânsito modificada com um chapéu militar e a frase “Juício e Castigo”; o GAC propôs também subverter os códigos viários, mantendo as cores e ícones, mas mudando totalmente seu sentido. Esses elementos eram implantados nos postes da cidade, apontando à distância dos centros clandestinos a partir de um determinado ponto. Emaranhados na cidade, marcavam simultaneamente um trajeto e um intervalo de tempo, sob a ideia não só de visibilizá-los, mas de escrachar os ditadores a partir do trabalho dos espaços físicos (GAC, 2009).

Figura 19. Escrache ao Ex CCDTyE Pozo de Banfield na província de Buenos Aires em 22 de março de 1998. Fonte: GAC (2009).

Figura 20. Escrache móvel, que passava pelas casas de vários genocidas em 11 de dezembro de 1999. Fonte: GAC (2009).

Figura 21. Intervenção elaborada pelo GAC na região de San Telmo, onde fica o Ex Club Atlético, apontando à existência do local, s/d. Fonte: GAC (2009).

Esse movimento de marcação territorial, no qual os escraches eram centrais, se fortaleceu com a crise de 2001. Tratou-se de um contexto político que impulsionou os movimentos sociais. Na esteira das medidas políticas neoliberais menemistas que, marcadas pela privatização de serviços e descentralização de algumas funções estatais, acentuaram a desigualdade social – pois os setores pobres deixavam de ter acesso a serviços antes públicos –, formaram-se assembleias de bairro com o intuito de suprir necessidades básicas (saúde, educação, saneamento, etc.) e fortalecer a sociedade civil.

Criou-se uma terceira esfera pública não estatal que, inserida entre o mercado e o Estado, funcionou como mediadora na organização da vida e acenou “com a possibilidade da construção de mecanismos públicos (e plurais) de regulação das relações sociais, pautados pelo reconhecimento dos direitos e mediados pelas categorias universais da igualdade e da justiça” (TELLES, 1994, p. 8). Funcionando em lugares abertos, em muitos casos reapropriando-se de terrenos privatizados, as assembleias de bairro permitiram recuperar a ideia do público como algo excedente à esfera estatal76 (OUVIÑA, 2003). Desde a perspectiva de grande parte dos personagens inseridos nas assembleias, o Estado aparecia então, não apenas como interlocutor, mas como um ator político antagônico (OUVIÑA, 2003).

Figura 22. Protesto das assembléias de bairro em 2001 em Buenos Aires, onde aparece a frase emblemática desses protestos “Que se vayan todos!!”. Fonte: < http://revistabordes.com.ar/una-historia-que-aun-no-es-historia/ > Acessado em: 20 jan. 2019.

Dado que muitos dos agentes das assembleias tinham um histórico de militância, alguns desses grupos, especialmente aqueles inseridos em bairros onde funcionaram os centros clandestinos, a princípio voltados a temas básicos, foram gradualmente incorporando em suas preocupações ao tema da memória da ditadura. Eles desenvolveram investigações, marchas e sinalizações que marcavam os arredores, muros e grades dos Ex CCDTyEs. Como veremos no próximo capítulo, os Vecinos de San Telmo organizaram marchas na frente do Ex Atlético; organizações de Floresta e Flores realizaram marchas e atos em frente ao Ex Olimpo e ao Ex Orletti; e formou- se o Vecinos de San Cristóbal, incidente no Ex Virrey Cevallos. Essas ações se consolidaram principalmente em 2005, com o trigésimo aniversário do golpe quando a coordenação Bairros x Memoria y Justicia convidou outras organizações de bairro para participar da elaboração das Baldozas por la Memoria: pedras instaladas nas calçadas onde os desaparecidos haviam morado ou trabalhado com informações básicas sobre eles e suas desaparições.

Figura 23. Baldozas por la Memoria implantadas no bairro de San Telmo (2013). Créditos: Leandro Monachesi. Fonte: < https://www.clarin.com/arq/urbano/Baldosas-memoria_0_HkGl8sD7x.html > Acessado em: 20 jun. 2019.

Assim, a luta dos movimentos de esquerda dos anos 70 e a figura do detido-desaparecido na forma de militante foram gradualmente sendo articuladas às problemáticas do presente (OLMOS, 2018). Se, por um lado, as reivindicações dos militantes dos anos 70 por uma sociedade mais justa eram associadas às das assembleias de bairro; por outro, a partir da crise de

2001, grupos de afetados pela repressão em plena democracia passaram a apropriar-se dos símbolos e estratégias dos antigos militantes, estabelecendo laços com esse passado e com as organizações de DDHH77 (CATELA, 2014). Dessa forma, outros membros da sociedade, que não só afetados diretos e familiares, se incorporaram à luta, alterando a relação individual predominante entre as mães e seus filhos (OLMOS, 2018) e expandido a territorialidade das ações desde o centro da cidade, da Plaza de Mayo, ao interior dos bairros.

Tais movimentos serão mapeados com mais detalhes no próximo capítulo, onde apontaremos aos atores envolvidos em cada um dos processos de refuncionalização dos ex-centros clandestinos da capital em lugares de memória. No entanto, por agora vale ressaltar que enquanto a Ex ESMA ocupava um lugar central nos debates públicos, a refuncionalização dos ex-centros clandestinos menores era encaminhada por iniciativas levadas a cabo, especialmente, por grupos de vizinhos e na escala do bairro.