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A Matemática nos documentos curriculares

Capítulo 2 – Revisão de Literatura

2.2 A Matemática nos documentos curriculares

2.2.1 Documentos Curriculares para a Educação Pré-Escolar

Desde há muitos anos que é dada grande importância à matemática na EPE. As OCEPE (DEB, 1997) apresentam as diferentes áreas de conteúdo que devem ser exploradas com as crianças e, dentro dessas áreas, encontramos os diferentes domínios. O domínio da matemática encontra-se inserido na área de conteúdo de expressão e comunicação.

Este documento dá importância à exploração da matemática através das vivências do dia- a-dia, pois o quotidiano das crianças, a tenra idade e a predisposição para aprender, são fatores frequentemente propícios ao desenvolvimento deste domínio.

Naquele documento pode ler-se “cabe ao educador partir de situações do quotidiano para apoiar o desenvolvimento do pensamento lógico-matemático, intencionalizando momentos de consolidação e sistematização de noções matemáticas” (DEB, 1997, p. 73). A construção de noções matemáticas, neste nível, deve partir das vivências do espaço e do tempo, através dos princípios lógicos como: em cima e em baixo, dentro, fora e entre, aberto e fechado, entre outros, pois a partir daqui as crianças começam a realizar classificações de objetos. Após a criança ser capaz de classificar objetos, as OCEPE (DEB, 1997) defendem que o educador deve criar ambientes propícios à formação de conjuntos e seriação consoante determinadas propriedades e assim se iniciam os primeiros conhecimentos sobre o número, começando a conhecer a numeração ordinal e cardinal.

Mais recentemente, nas OCEPE (Silva et al, 2016) refere-se que o domínio da matemática continua inserido na área de conteúdo de expressão e comunicação, no entanto, a organização do domínio sofreu alguns ajustes, considerados necessários, devido à evolução e transformações que o ensino vai sofrendo ao longo dos anos.

De acordo com Silva et al (2016), é visível a importância da matemática nos primeiros anos, a matemática no quotidiano, as ligações ao dia-a-dia, as experiências e atividades diversificadas, a resolução de problemas, tal como o documento referido anteriormente. É de salientar que este novo documento apresenta, de forma inovadora, a importância do jogo, do brincar nas aprendizagens matemáticas e as quatro componentes de abordagem à matemática: os NO, a OTD, a GM e o interesse e curiosidade pela matemática.

Focando as atenções na componente dos NO, que é aquela que está na base da construção do sentido de número, temos como pontos de desenvolvimento chave: a apropriação

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progressiva do sentido de número, promovendo as aprendizagens através de: “Identificar quantidades através de diferentes formas de representação (contagens, desenhos, símbolos, escrita de números, estimativas, etc.,) e resolver problemas do quotidiano que envolvam pequenas quantidades, com recurso à adição e subtração” (Silva et al, 2016, p. 77).

De salientar a importância de as crianças enquanto frequentam a EPE, estejam familiarizadas com o domínio da matemática, explorem os números, o conceito de número, e todos os outros aspetos relacionados com este domínio, para que no 1.º CEB, seja possível dar continuidade a exploração destes conteúdos e a aprendizagem e compreensão sejam facilitadas devidos aos conhecimentos prévios que cada um possui de base.

2.2.2 Documentos Curriculares para o 1.º Ciclo

No que respeita à matemática do 1.º CEB, apresenta-se uma análise sucinta dos três últimos programas em vigor, pelo Ministério da Educação.

Inicialmente, a matemática estava enquadrada num programa geral para todas as disciplinas, DGEBS (1990). Este teve início em 1990, organizava todo o 1.º CEB e englobava todas as áreas curriculares desde Português, Matemática, Estudo Meio, Expressões, entre outras. De salientar que este programa ainda se encontra na base dos programas de todas as áreas, exceto Português e Matemática.

DGEBS (1990) apresenta objetivos gerais e comuns a todas as áreas, evidenciando assim um grande interesse na formação do aluno enquanto ser dotado de saberes e aprendizagens, mas também de o formar para se preparar para o futuro e para a vida social. Este programa apresenta um plano curricular com áreas disciplinares obrigatórias e áreas não obrigatórias, e cada uma das áreas é apresentada sob a forma de bloco.

Posteriormente, em 2007 foi publicado novo Programa de Matemática para o Ensino Básico. Ponte, et al (2007) referem que o programa de matemática em vigor, de 2007 até 2013, comporta como principais finalidades do ensino desta disciplina: a promoção e a aquisição de informação, o conhecimento e experiência em Matemática, o desenvolvimento da capacidade, integração e mobilização em contextos diversificados e o desenvolvimento de atitudes positivas face à Matemática e à capacidade de apreciar esta ciência. Os objetivos gerais deste programa passavam por “conhecer factos e procedimentos básicos de matemática, desenvolver a compreensão matemática, lidar com ideias matemáticas, comunicar ideias, raciocinar

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matematicamente, resolver problemas, estabelecer diferentes conexões, fazer matemática de modo autónomo e apreciar a matemática” (Ponte et al, 2007, p. 4).

Ao contrário do atual programa coordenado por Damião e Festas (2013), este encontrava- se dividido por temas em vez de domínios, no entanto alguns são coincidentes. Estes temas eram Números e Operações, Álgebra, Geometria e a OTD. No entanto, o tema da álgebra iniciava a sua exploração apenas no 2.º ciclo. Este programa faz uma referência direta ao assunto explorado neste relatório, o desenvolvimento do número e sua compreensão.

Atualmente em vigor encontramos, um Programa de Matemática do ME coordenado por Damião e Festas (2013), que defende a matemática como uma aprendizagem progressiva, partindo do concreto até chegar ao abstrato. Segundo os mesmos autores esta aprendizagem deve realizar-se de forma gradual, mas com rigor e excelência. Segundo Damião e Festas (2013), neste documento, as finalidades do ensino da matemática a ter em conta desde do 1.º até ao 3.º Ciclo, são as que passo a citar: “a estruturação do pensamento, a análise do mundo natural e a interpretação da sociedade.” (p. 2). Nesse sentido, o papel dos professores é preponderante no ensino da matemática, para que os alunos sintam o gosto por esta ciência, pois dessa forma verificar-se-ão com maior facilidade os progressos da compreensão matemática e da resolução de problemas.

Os objetivos identificados por Damião e Festas (2013) para o 1.º CEB, passam por: identificar e designar, estender, reconhecer e saber. Estes objetivos enquadram-se nos três domínios a explorar, os NO, a GM e a OTD. Reiterando as ideias de Damião e Festas (2013), ao explorar estes domínios, o professor deve ser suficientemente capaz de conhecer factos e procedimentos, promover o raciocínio matemático, a comunicação matemática, resolver problemas e pensar na matemática como um todo coerente, apresentando de forma clara estes conteúdos aos alunos.

Neste relatório e perante o tema apresentado, é dado um grande destaque ao domínio dos NO, por ser aquele onde está mais evidente o número, o seu conceito e desenvolvimento.

Ao longo dos anos, os programas e documentos curriculares foram evoluindo, sendo que o sentido de número continua desde do início a ter um grande enfoque e importância nos dois níveis. A construção do sentido de número é a base de toda a aprendizagem matemática, por isso lhe é dada grande importância desde dos primeiros anos.

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