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4. APRESENTAÇÃO E ANALISE DE DADOS

4.2 SOBRE A INDÚSTRIA CINEMATOGRÁFICA NORTE-AMERICANA

4.2.2 A MPAA no Brasil

A MPAA atua no Brasil efetivamente desde 1940, através da Motion Picture Association – América Latina. A MPA-AL, segundo E1, é a principal entidade representativa dos maiores estúdios de cinema do mundo na América Latina e tem entre seus membros: Warner Bros Entertainment; Universal Studios; 20th Century Fox Film; Sony Pictures; Paramount Pictures e Disney Entertainment. A missão da MPA-AL é a promoção e o estímulo à criação e à inovação no setor do audiovisual. A organização preocupa-se com valorização e fomento do processo criativo, enquanto orienta e permite com que conteúdos audiovisuais cheguem com qualidade para todos os públicos.

A Motion Picture Association-América Latina trabalha na representação dos interesses políticos dos seis estúdios que a compõe, junto às esferas legislativa e executiva. O foco da organização tem como pautas prioritárias do setor aspectos que englobam direitos autorais, incentivos ficais, proteção à propriedade intelectual e o combate à pirataria. Através do acompanhamento das discussões nos Poderes Federais, busca fornecer subsídios que possam

servir ao desenvolvimento e execução de políticas públicas atinentes ao setor, bem como alertar para eventuais danos que a legislação ou regulação podem causar (E1).

Além de representar os interesses dos estúdios associados, a MPA-AL, acompanha os cenários político e econômico que se referem ao audiovisual. Estimula e consolida parcerias com os atores do setor audiovisual brasileiro nos campos público e privado, e promove o intercâmbio de expertises e a valorização global do mercado audiovisual, através do diálogo permanente com os agentes do setor. “A MPA/AL representa apenas os interesses políticos dos estúdios, não se envolvendo em questões comerciais, por razões competitivas” (E1).

Apesar de não atuar diretamente no setor comercial, a MPA tem capacidade de influenciar os órgãos que irão agir neste aspecto. No Brasil, Genestreti (2018) alerta que passa a fazer parte do Conselho Superior de Cinema52, José Mauricio Fittipaldo, advogado que representa a MPA, o que significa que os grupos estrangeiros terão mais voz ativa nas políticas para o cinema nacional. É previsto, a partir da nova composição do Conselho, a discussão sobre a Cota de Tela e a regulação do vídeo sob demanda.

Na opinião da jornalista Claudia Motta (2018), com a nova composição do Conselho Superior de cinema há a tendência ao fim de estímulos de financiamento e de espaços para exibição nacional, o que pode levar ao fim da produção brasileira. “A raposa tomando conta do galinheiro, pode ser uma boa analogia para o que esta ocorrendo53” na opinião de Motta (2018), pois a presença de produtores ligados a grande empresas passou a prevalecer no conselho.

A atuação da MPAA junto ao setor público e privado também se estabelece na participação, coprodução e codistribuição de filmes nacionais sucessos de bilheteria. A entidade confecciona relatórios/estudos que fomentem e contribuem para discussões relacionadas a sua esfera de influência em workshops, seminários, audiências públicas e eventos em geral, com o objetivo principal de intercambiar experiências, num ciclo de retroalimentação entre Brasil e Estados Unidos. “Como exemplo, pode-se citar que, em parceria com agentes locais, a MPA já levou diversos produtores nacionais aos EUA para uma imersão criativa com os estúdios membros da MPAA” (E1).

A MPA-AL trabalha de maneira ativa junto aos agentes do segmento do audiovisual, nas esferas pública, privada e acadêmica. Destaca-se a atuação conjunta com o Congresso Nacional, Ancine, MinC, a Frente Parlamentar em Defesa da Propriedade Intelectual; ABPI – Associação Brasileira da Propriedade Intelectual; ABRAPLEX – Associação Brasileira das

52 Também integrará o Conselho Superior de Cinema um representante do Netflix, Facebook e Google

(GENESTRETI, 2018).

Empresas Exibidoras Cinematográficas Operadoras de Multiplex; ABTA – Associação Brasileira de Televisão por Assinatura; APRO – Associação Brasileira da Produção de Obras Audiovisuais; BRAVI – Brasil Audiovisual Independente; ETCO – Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial; FNCP – Fórum Nacional Contra a Pirataria e a Ilegalidade; SICAV – Sindicato da Indústria Audiovisual; TAP – Television Association of Programmers; UBC – União Brasileira de Compositores; UBEM – União Brasileira de Editoras de Música; e UBV&G – União Brasileira de Vídeo e Games (E1).

As relações entre a MPA Brasil/América Latina e o Estado brasileiro cobrem diversas áreas, explica E1, e podem, eventualmente, contribuir para o intercâmbio de experiências tecnológicas, culturais, de inovação e conhecimento, não só entre Brasil e EUA, mas também entre outros países.

A MPA-AL por representar os interesses políticos e regulatórios dos maiores estúdios de criação, produção e distribuição de conteúdos audiovisuais do mundo, interfere nas questões políticas e/ou regulatórias, mas não interfere em aspectos comerciais de cada companhia e outras organizações que não são de sua alçada como a MPLC54 e a DCI55. “A DCI seria um exemplo de um assunto que não é de nossa alçada, mas que, eventualmente, pode guiar nossas atividades, tal qual a política de acessibilidades nas salas de cinema, atualmente discutida no Brasil” (E1).

No Brasil, a MPA-AL tem programas nacionais que estimulam a exportação e distribuição de conteúdos audiovisuais brasileiros, mas a partir do pressuposto de estímulo e não de forma compulsória. Além dos programas, há fomentos a acordos bilaterais de coprodução e negociações comerciais privadas entre distribuidores estrangeiros. “Não é uma entidade de enforcement (garantidora de direitos) e, portanto, não pode fazer valer leis, mas seu principal objetivo, ao redor do mundo, é lançar mão de iniciativas, junto a governos, indústria e sociedade civil, que disseminem a importância da proteção da propriedade intelectual” (E1).

54 Motion Picture License Company – Entidade criada para licenciar a exibição de filmes em circuitos não

comerciais.

55 Digital Cinema Initiative – Entidade criada com o objetivo de estabelecer um padrão técnico de exibição digital