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A mudança paradigmática no trabalho: do modo de produção comunal para a

Existem determinados aspectos que são fundamentais para a caracterização de um ser, de um fato ou de um evento. No caso da existência humana, vários elementos poderiam ser elencados para demonstrar essa assertiva. O evento da existência humana, que está rodeado ao mesmo tempo de conceitos, definições e mistérios, mobiliza uma série de reflexões e interpretações sobre a sua ocorrência e sobre a sua materialidade. Certamente, uma dessas vertentes é o trabalho, processo que se configura num dos fenômenos mais importantes na compreensão do que seja a existência humana. Ele é um dos pilares fundamentais da base de sustentação da humanidade, pois, permite a produção das condições garantidoras da vida em diversos níveis e condições. Ao mesmo tempo, o trabalho está submetido às interferências que modulam o seu alinhamento aos mais diferentes interesses.

Vários são os diferencias do trabalho humano em comparação com o trabalho dos animais. Um deles é que o trabalho animal está preso à natureza, enquanto o trabalho humano é livre, pois, sustentado pelo fato de que o homem se destaca da natureza mediatizado pela vontade que engendra a reação. Enquanto a força atuante no animal garante a continuidade da sua adaptação à natureza, a energia impulsionadora da vontade é extremamente necessária ao ser humano, tendo em vista que a ele não é oferecido o conforto da harmonia com a natureza. Ou seja, a partir dessa falta de opção o homem é obrigado a gerar a sua vida e a manutenção da sua existência. Esse movimento tenso, embora envolvido em certa angústia, promove a transformação e a mudança. Nesse sentido, o trabalho humano é possibilidade de transcendência diante dos determinismos e do destino.

Outro aspecto importante que marca a diferença entre o trabalho dos demais animais e o trabalho desenvolvido pelo homem é o fator temporalidade. Ou seja, a ação humana adquire sentido a partir do momento em que se insere no tempo. Assim, o resultado desse processo é a consolidação da própria história, pois, os atos humanos estão vinculados ao passado, são pensados no presente e planejam o futuro. Desta forma, são passíveis de inovações e aperfeiçoamentos. Por outro lado, as ações dos animais não se renovam e são repetidas no tempo. Esse engessamento do trabalho animal, que é determinado pelos condicionantes

padronização permanente das ações de todos os indivíduos pertencentes à mesma espécie, é que se entende que o trabalho dos animais não está imbricado na história.

Saviani (2003) assim entende a caracterização do trabalho humano:

À medida em que determinado ser natural se destaca da natureza e é obrigado, para existir, a produzir sua própria vida é que ele se constitui propriamente enquanto homem. Em outros termos, diferentemente dos animais, que se adaptam à natureza, os homens têm que fazer o contrário: eles adaptam a natureza a si. O ato de agir sobre a natureza, adaptando-a às necessidades humanas, é que conhecemos pelo nome de trabalho. Por isso podemos dizer que o trabalho define a essência humana. Portanto, o homem, para continuar existindo, precisa estar continuamente produzindo sua própria existência através do trabalho. Inicialmente prevalecia o modo de produção comunal, o que hoje chamamos de “comunismo primitivo” (SAVIANI, 2003, p. 152).

O modo de produção comunal, conforme mencionado na citação acima, é o modelo costumeiramente denominado de comunismo primitivo. Esse formato de coexistência social, gênese dos modelos de produção, fecundou num ambiente destituído de classes sociais. Essa é uma característica essencial deste parâmetro de convivência entre os homens, pois, a inexistência de classes foi o principal vetor que produziu o alavancamento das ações comunitárias de variados agrupamentos humanos. A partir de uma estruturação mental cuja projeção não vislumbrava o quinhão pessoal, mas se realizava no compartilhamento dos bens, todos os recursos se consubstanciavam em um patrimônio coletivo. Essa idéia não necessitava ser inculcada nos indivíduos, tendo em vista que era uma forma de pensamento e um tipo de comportamento que já estavam assimilados pelos sujeitos sociais mediante a própria existência.

No modo de produção comunal, todas as atividades eram executadas de forma coletiva. Esta vivência diferenciada, proporcionada por uma união social estreitamente vinculada, favorecia uma produção comum da existência. Portanto, havia uma convergência de intenções na busca da garantia da sobrevivência de todo o agrupamento, não apenas de determinados grupos privilegiados. Essa perspectiva era transmitida às próximas gerações de uma forma eminentemente prática, ou seja, através das ações encaminhadas pelos membros nos fenômenos corriqueiros do cotidiano. Assim, a educação era forjada no próprio processo quando ocorriam as relações sociais no âmbito do trabalho, no trato com a terra, nos

relacionamentos, nas liturgias religiosas, etc. Tudo ocorria de modo participativo num contexto de atmosfera solidária.

Porém, o golpe fatal desferido no modelo de produção comunal começou a se desenhar com a constante fixação do homem nas regiões terrestres. Esse momento histórico, marcado pela passagem do nomadismo para o sedentarismo, foi paulatinamente enfraquecendo a noção, aceita pela unanimidade do grupo, da terra como principal meio coletivo de produção. Essa condição de estabilidade adquirida pelo homem nasce desse novo contexto de permanência na mesma localidade, sem a necessidade de constantes realocações. Porém, esse comportamento contribuiu para o recrudescimento do sentimento de posse da terra, sem mais a intenção do compartilhamento deste bem. Um dos principais efeitos dessa guinada de fundamento social / econômico foi o surgimento da propriedade privada.

Essa mudança paradigmática trouxe a reboque outra alteração significativa na constituição da sociedade, pois gerou a divisão dos indivíduos em diferentes classes sociais. Essa cisão colocou os indivíduos, que antes comungavam do mesmo bem, em lados opostos, ou seja, o grupo dos proprietários e o grupo dos não proprietários. A partir desta separação em classes diferentes, os interesses também se diferenciaram, pois, atrelados a valores desarmônicos. Esse desalinhamento inicial marcou a sociedade de modo indelével a partir do deslocamento do fenômeno do poder que passou a ser potencializado nas mãos dos proprietários. Por sua vez, o acúmulo do poder proporciona a experiência do privilégio. Esta condição favorável, de aspecto particular e restrito, implica num determinado preço a ser pago pelo grupo desfavorecido.

Aranha (1989) explana sobre o aparecimento das diferentes dimensões do trabalho e as suas diversas conseqüências numa sociedade dividida em classes:

O trabalho é condição de liberdade, mas não em situações de exploração em que a grande maioria é obrigada a trabalhar em condições inadequadas à sua humanização. Isto é, na sociedade dividida em classes o trabalho se torna alienado. O verbo alienar vem do latim alienare (afastar, distanciar, separar). Alienus significa “que pertence a outro, alheio, estranho”. Alienar, portanto, é tornar alheio, é transferir para outrem o que é seu. Assim, quando em uma sociedade aparecem segmentos dominantes que exploram o trabalho humano, como no caso da escravidão, da servidão, ou mesmo quando para sobreviver o homem livre precisa vender sua força de trabalho em troca do salário, estamos diante de situação em que o homem perde a

posse daquilo que ele produz. O produto do trabalho é separado, alienado de quem o produziu (ARANHA, 1989, p.6).

Nessa nova conjuntura, de natureza desigual, a classe dos não proprietários teve que arcar com uma dupla tarefa. Primeiramente, buscando a própria sobrevivência, as famílias deveriam trabalhar para a satisfação das suas necessidades. Nesse sentido, nada diferente do padrão que vigorava antes. Porém, assomado a esse desafio, tinham agora que sustentar os donos da terra, que haviam alcançado o patamar de manter a existência de suas famílias sem o ônus do trabalho. Certamente que este grupo beneficiado envidaria todos os esforços para a conquista da perenidade desta cobiçada condição. Esta folga laboral, proporcionada pela propriedade privada da terra, vai convencendo progressivamente a mente dos homens detentores do poder de que não era um mau negócio viver regaladamente a expensas do trabalho alheio.

Se, para a estabilidade e manutenção dessa conjuntura, era conveniente aos proprietários da terra uma mente convencida, aos espoliados da terra era necessário um pensamento alienado. Afinal de contas, ninguém transfere ao outro o que é seu no pleno domínio dos seus recursos reflexivos e críticos. Portanto, o processo de alienação caminha da perda da posse do produto até a perda da noção do próprio pertencimento. Esse estágio de despersonalização é atingido mediante uma somatória de ações fundamentadas no fenômeno da perda. Assim, o trabalhador não define mais o horário do seu trabalho, não atribui mais o valor à sua produção, está impedido de planejar a ação a ser executada, obedece ao comando daqueles que detém o poder, enfim, deixa de ser o eixo de si próprio e passa a gravitar ao redor das determinações vindas da esfera exterior, de fora.

O período da Idade Média apresenta algumas características do modelo de produção comunal, próprias da sociedade antiga, e inaugura outros aspectos específicos. Em primeiro lugar, é importante mencionar que neste período a terra continuou a ser o meio principal de produção. Este fator por si só já promoveu a transposição para a Idade Média de dimensões fundamentais que delineavam a sociedade antiga. Uma delas é a necessidade da manutenção do trato com a terra, através da utilização das técnicas de agricultura. Obviamente que essa tarefa continuou sendo atribuição dos agora denominados servos que produziam a própria existência e a de seus senhores. A passagem do trabalho escravo para o trabalho servil não

aliviou tanto, pois era a mesma classe dominada que labutava no campo, cujo trabalho continuava a demandar esforços e sacrifícios.

Tendo em vista que o trabalho estava sendo executado pelos servos, aos detentores da terra, principal meio dominante de produção, sobrava o tempo para o ócio. A possibilidade de usufruir desse privilégio proporcionava condições de ocupação do tempo com atividades entendidas como nobres. Uma dessas atividades era a possibilidade de freqüentar as escolas religiosas ou monacais, outra era a participação da formação do cavaleiro, que ensinava as atitudes militares, corteses e aristocráticas. À classe dos proprietários era considerado indigno o trabalho servil, que tinha como objetivo essencial suprir as necessidades básicas da existência. A escola da maioria da população da época, constituída pela classe servil, era o próprio trabalho. Ou seja, esses trabalhadores aprendiam informalmente no próprio contexto de produção da existência, tanto das suas famílias como dos seus senhores.

Saviani (2003) lança luzes sobre os eventos referentes ao trabalho, no bojo do modelo econômico do período da Idade Média. Ele diz:

O modo de produção feudal contrapunha o campo, que era referência da vida na Idade Média, à cidade, que eram núcleos subordinados ao campo, onde se desenvolvia apenas o artesanato. O que é artesanato? É uma espécie de indústria rural, de indústria própria da agricultura. Por quê? Porque através do artesanato se produziam apenas aqueles instrumentos rudimentares que a própria vida no campo demandava. No entanto, o desenvolvimento das atividades artesanais, fortalecendo as corporações de ofícios, aliado ao grau de acumulação que a economia feudal pôde desenvolver, possibilitou o crescimento de uma atividade mercantil que está na origem da constituição do capital. Esta atividade mercantil foi se concentrando nas cidades, primeiro organizadas periodicamente na forma de feiras de trocas, de grandes mercados de trocas. Esses mercados foram se fixando e dando origem às cidades. A origem do burguês é o habitante do burgo, ou seja, o habitante da cidade. Através do comércio, ele foi acumulando capital que, em seguida, passou a ser investido na própria produção, originando assim a indústria (SAVIANI, 2003, p.154).

Conforme relatado na citação acima, a transcendência caracterizou o fenômeno do trabalho na Idade Média. Embora caracterizado como um período estagnado, mudanças significativas ocorreram neste contexto histórico. Primeiramente, pode-se afirmar que os limites do campo foram extrapolados no sentido da conquista da cidade. Assim, a terra que

era a mãe do processo produtivo, passou a sofrer a concorrência de outro processo organizado em diferentes bases. A atividade mercantil, garantida pelo funcionamento dos mercados citadinos, desenhou uma nova sistemática econômica que foi remodelada de uma forma diferenciada. Essa diferente trajetória estabeleceu uma seqüência que vai da agricultura, centralizada no campo, passa pelo comércio, com o advento das trocas mercantis, e se concentra no âmbito da organização fabril, estrutura já relativamente consolidada na cidade.

Essa passagem da agricultura para o modelo fabril e daí para a indústria configurou a gênese do modo de produção moderno. De cunho capitalista e burguês, esse novo delineamento engendrou uma mudança radical na relação de dependência entre campo e cidade. Se anteriormente era a cidade que se submetia ao campo, agora ocorre uma inversão, ou seja, o campo passa a depender da cidade. Esse processo reinaugura o modelo de civilização centralizado na zona urbana, fenômeno já vivenciado anteriormente em algumas civilizações passadas. Nesse processo de mudança as relações também se alteram e deixam de ser determinadas por fatores naturais, passando a ser regidas pelos contratos sociais. Esse deslocamento do eixo econômico/social, iniciado na Idade Média, foi se solidificando através do tempo, no percurso que foi se expandindo na fluência do período que instaurou a denominada Época Moderna.

Assim, na trajetória histórica, os sistemas domésticos de manufatura foram perdendo espaço para os sistemas fabris que nutriram a emergência dos sistemas industriais. Esta transição implicou numa progressiva e profunda cisão na atuação do trabalhador que já havia perdido a posse da terra, pois, no ambiente urbano ele passou a vender a sua força de trabalho. Se antes, nos núcleos familiares rurais, ele se apoderava de todo o processo que compunha a realização de uma atividade laboral, com a nova situação ele passa a apenas executar o trabalho. Ou seja, alguns indivíduos imaginam e determinam enquanto aos executores competem produzir aquilo que foi concebido. Este processo dividido implica ainda na desvinculação da atribuição de valor à mercadoria produzida por parte de quem a fez. Deste modo, quem produz não define mais o valor do material, pois essa prerrogativa também pertence ao proprietário dos meios de produção.

Aranha (1989) destaca que essa matriz produtiva subsiste no tempo quando afirma:

Essa situação persiste no atual sistema de produção fabril e nos demais ramos das atividades econômicas onde se observa de uma maneira acentuada o que chamamos de dicotomia

concepção X execução do trabalho, que consiste na separação entre um grupo de pessoas que concebe, cria, inventa o que vai ser produzido e outro que é obrigado à simples execução do trabalho. Com o desenvolvimento do sistema fabril temos como agravante a introdução do sistema parcelado de produção, o que torna a execução de trabalho mais mecânica e mais fragmentada. Essa divisão foi intensificada no início do século XX, quando Henry Ford introduziu o sistema de linha de montagem na indústria automobilística. Todas essas inovações geralmente são vistas como sinais de “progresso” do homem e das exigências da tecnologia. O que queremos acentuar aqui é o caráter desumano desse processo, na medida em que, ao se atingir a maneira de trabalhar, atinge-se o homem como ser capaz de liberdade (ARANHA, 1989, p.7).

Portanto, no início do século XX foram solidificadas algumas bases fundamentais do sistema fabril, inauguradas anteriormente, bem como, inseridos novos aparelhos administrativos e tecnológicos baseados no projeto taylorista / fordista. O ponto basilar dos estudos deste movimento paradigmático era o fator alinhado à produção. A este eixo deveriam convergir todos os esforços, recursos e interesses da indústria, já que a pedra de toque que se impunha ao modelo fabril moderno era o aumento da produtividade da mercadoria. Era basicamente uma questão quantitativa, pois, quanto maior o número de bens produzidos pela indústria, maiores os rendimentos dos novos proprietários. Para esses detentores do poder econômico, cujos patrimônios não eram mais representados eminentemente pela posse da terra, essas mudanças eram primordiais.

Nessa nova configuração, proposta para as transformações no processo de trabalho, é importante salientar a influência atribuída ao conhecimento científico. Esse vetor essencial, que também caracterizou o período nomeado de Época Moderna, foi um dos elementos principais que forneceu o diapasão para essas transformações ocorridas. Nos domínios da indústria que se desenvolvia fermentavam, a partir do conhecimento da área da engenharia, estudos de bases quantificáveis e estatísticas que objetivavam controlar o processo produtivo. Essa intenção de domínio racional dos elementos do trabalho visava eliminar as formas consideradas anômalas praticadas nos procedimentos de ação. Assim, era imprescindível a conquista do encaixe harmônico nos fenômenos do tempo e do movimento, através do estudo exaustivo, exato e científico.

impositivas, os princípios de enquadramento do trabalhador se mantiveram. Mediante modos diferentes de domínio os indivíduos são, nesse diferente parâmetro, submetidos aos interesses dos setores que pensam e planejam a execução das atividades. Esse processo de antecipação da ação, imposto através do grupo que detém as idéias, garante a maleabilidade do funcionário que se adapta às ordens de serviço. Sentindo-se inferiorizado, pela força exercida pelo mito da competência, o trabalhador abre mão da possibilidade da reflexão e da crítica e se restringe a executar e produzir. Desta forma, fica pavimentado o caminho para a adequação das suas vontades aos interesses dos monopólios industriais.

Com o correr dos anos, a contemporaneidade foi alterando alguns aspectos do escopo desse modelo industrial. Identificado como outra revolução, esse diferente matiz vem delineando uma estrutura diversa na esfera industrial. Machado (2003) se refere a esta perspectiva como uma nova modalidade. Ela afirma:

Os estudos sobre os impactos sociais das atuais inovações tecnológicas, organizacionais e gerenciais, introduzidas nos processos de trabalho, sobre o perfil da força laboral, partem do pressuposto de que o trabalho linear, segmentado, padronizado e repetitivo, característico do padrão tecnológico taylorista e fordista, tem sido substituído por uma nova modalidade marcada pela integração e pela flexibilidade (MACHADO, 2003, p. 169).

Com o advento da era das mudanças, são muitos os impactos a serem experimentados pelas variadas esferas que compõem a sociedade. Estes momentos de crise correspondem aos percalços que caracterizam um período histórico acometido de mudanças sociais, econômicas e culturais de proporções significativas. Esse desenho paradigmático, que não permanece estável por muito tempo, a cada dia vai se moldando em perspectivas cada vez mais provisórias. Se em épocas anteriores a questão da perenidade das intenções, dos processos e dos empreendimentos era um marco das ações humanas, um fato entendido e bem recebido como normal, atualmente são outras as vertentes definidoras desse referencial. No entanto, cumpre entender que esse estágio atual, criticado por uns e celebrado por outros, traz consigo um elenco de dilemas.

Nesse contexto de alta complexidade os processos de trabalho estão igualmente inseridos e situados, movendo-se atualmente numa esfera denominada de Revolução da Informática ou Revolução da Automação. Deste modo, estes processos transitaram do pólo no

qual ocorreu a transferência de funções manuais para as máquinas para o pólo onde está ocorrendo a transferência das próprias operações intelectuais para as máquinas. Certamente, nesse período conturbado, identificado como era das “máquinas inteligentes”, a rigidez do formato taylorista / fordista não responde mais aos anseios e às exigências do meio. Assim, está em andamento a automatização do processo de produção, ou seja, ele caminha para se tornar autônomo. Essa nova condição implica numa situação na qual o processo de produção se flexiona no sentido de se tornar progressivamente auto-regulável (SAVIANI, 2003).

Essa nova modalidade dos processos de produção certamente inaugura outro paradigma no âmbito do trabalho. No entanto, esse aparato de silhueta diferente e de proposta atraente, necessita ser analisado à luz de uma abordagem crítica que faça uma leitura radical, rigorosa e contextualizada dos seus pressupostos e postulados. Essa ponderação reflexiva não significa necessariamente a imediata incorporação de um posicionamento pessimista e contrário, pois, assim ocorrendo, já aí estaria sendo negado um dos princípios basilares da análise crítica. No entanto, é importante empreender estudos e pesquisas que possibilitem