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CAPÍTULO II UM PANORAMA DOS DIFERENTES MODELOS E CONCEPÇÕES

2.2 Gestão Educacional: caracterização conceitual

A preocupação com a educação não é um fato recente. Na realidade, este dilema nasceu junto com o próprio ato de educar. Esta inquietação não se restringe apenas à educação no aspecto informal e espontâneo, mas também e, principalmente, no âmbito de escopo convencional e sistemático. Ou seja, a partir da formalização do processo de educação

ainda perduram e gravitam ao redor deste tema. Na realidade, o fato da educação é um dos assuntos que mais produções suscitam na área das ciências humanas, pois, sob variados aspectos e múltiplos matizes são empreendidos estudos e considerações acerca desta elaboração histórica da humanidade.

Obviamente que estes pensamentos não têm uma configuração eminentemente autônoma e naturalmente maturada exclusivamente na dimensão educativa. Na realidade, são questões originadas e processadas em âmbito cultural maior e remetidas ao campo educacional que as captura. Assim, as demandas de ordem política, social, moral, financeira, dentre outras, passam a ser assimiladas e integradas às preocupações de cunho educacional. A síntese desta argumentação está na afirmação, comumente utilizada, de que a escola não é uma ilha isolada do contexto no qual está implantada. Pelo contrário, é uma instituição que sofre os condicionamentos exarados por outras instâncias e, ao mesmo tempo, exerce suas influências no meio sócio-cultural.

Na visão de alguns pensadores são as expectativas e as mobilizações políticas que maior poder de definição exerce não apenas nos diversos níveis e instâncias da sociedade, como também sobre o campo da educação. Essas variáveis pontuais, constituídas no seio das esferas de comando, se revestem de autoridade e se comportam como necessidades prioritárias a serem atendidas pelos demais órgãos executores. Em que pese o caráter impositivo deste modelo, em certos casos os encaminhamentos são genuinamente do interesse das camadas sociais mais debilitadas no atendimento das suas necessidades, no entanto, a maioria das decisões busca contemplar os desejos e os anseios dos elementos e grupos que se servem do poder.

Borges (2002), empreendendo um estudo aprofundado sobre o funcionamento das políticas democráticas, destaca a importância dos partidos nas definições das decisões em nível macro, fatores estes que atingem também a realidade educacional na sua especificidade. Esse pesquisador esclarece que:

São os partidos políticos, em última instância, os grandes definidores das políticas sociais, das quais a política educacional faz parte... Verificamos que a ação política dos especialistas e intelectuais (no caso: professores, administradores escolares, supervisores, enfim educadores) fica sob a determinação, então, dos programas partidários e dos governantes, sob a forma de

diversos escalões de comando... ou de participação nos órgãos colegiados... ou ainda, como administradores regionais, sub-regionais e locais (BORGES, 2002, p. 5).

As inovações, condições, avanços, retrocessos, estilos, políticas, ideologias, representações, forças e inúmeras outras dimensões interferem nos ciclos da informação e nos meandros escolares. Estas variáveis forjam modelos e padrões a serem seguidos e aplicados nas estruturas e nos sistemas educacionais. Muitos procedimentos, inovações ou mudanças que foram e são inseridos neste setor permanecem, outros foram abortados. Em algumas situações, porém, nem sempre prevalecem nestes procedimentos as justificativas de natureza pedagógica.

Portanto, a disposição dos elementos componentes da organização educativa, sempre é uma extensão das diferentes tramas irradiadas por diversos outros setores que monopolizam a realidade social, em determinado período histórico e em determinado espaço geográfico. Pode-se afirmar como exemplo, que a configuração escolar em certo momento contava no seu quadro apenas com as figuras do professor e do aluno. Um outro aspecto que pode ser observado, e que ajuda a elucidar esta argumentação, diz respeito ao transporte escolar que nem sempre compôs o cenário escolar. Assim, vários outros exemplos podem ser evocados neste sentido como a merenda escolar, o zelador da escola e o psicopedagogo.

Nesta linha, pode-se dizer também que certamente o corpo diretivo, que hoje é praticamente comum em todos os sistemas escolares, nem sempre fez parte do organograma da estrutura dos departamentos e órgãos educativos. Esta exigência é resultante de diversos fatores, tais como, o desenvolvimento da ciência da educação, o aumento da complexidade do ato de educar, a expansão da burocracia escolar, dentre outros. A junção destas plataformas praticamente requereu a presença de uma equipe de suporte que, se concentrando mais nos aspectos administrativos, liberou o corpo de professores para a docência propriamente dita. Várias nomenclaturas foram atribuídas a esta equipe de apoio, como: Direção, Corpo Administrativo, Direção Administrativa e Grupo de Assessoria. Atualmente, tem conquistado espaço as designações: Corpo Gestor, Equipe Gestora, Grupo de Gestão, Equipe de Gestão.

Esboçando suas considerações sobre o advento de uma maior visibilidade da gestão educacional na literatura, Luck (2008) tece explanações sobre o momento histórico no qual essa expressão floresceu e foi reconhecida como um marco fundamental. Essa autora se

A gestão educacional é uma expressão que ganhou evidência na literatura e aceitação no contexto educacional, sobretudo a partir da década de 1990, e vem-se constituindo em um conceito comum no discurso de orientação das ações de sistemas de ensino e de escolas. Isso porque foi reconhecido como base fundamental para a organização significativa e estabelecimento de unidade dos processos educacionais e mobilização das pessoas voltadas para o desenvolvimento e melhoria da qualidade do ensino que oferecem (LUCK, 2008, p. 33).

Motivações diversas conduziram a definição da gestão educacional como um dos conceitos chaves desta tese. O incentivo ao redor deste tema está potencializado tendo em vista tratar-se de uma área que está desenvolvendo sua gestação e definindo sua identidade. Vale a pena destacar também que, conforme abordado na citação anterior, esta expressão tem obtido um nível satisfatório de assentimento no meio educacional. O somatório destas justificativas redundou na focalização deste assunto como um elemento essencial para a proposta apresentada de uma gestão educacional resiliente.

Certamente, apesar de estar se tornando um conceito comum, o tratamento gestão educacional não logra uma concordância unânime, porém, tem balizado e se constituído na principal nomenclatura que tem caracterizada a liderança nas escolas e nos sistemas educacionais. No entanto, a importância da gestão educacional não permanece estacionada sob a guarida da dimensão semântica. A própria citação acima acentua que o seu valor consiste em servir de esteio essencial para a organização dos processos educacionais. Organizar é bem dispor os diversos elementos de um sistema, é ordenar e constituir um organismo, é preparar uma estrutura a fim de dinamizar seu funcionamento visando alcançar suas propostas. Nesse sentido, a gestão educacional enquanto instrumento organizativo estabelece as bases para uma desenvoltura congruente de uma instituição escolar ou uma rede educacional.

Outra condição potencial da gestão educacional é a possibilidade da promoção da conectividade dos processos educacionais. Esta função da gestão cria ambientes propícios à consolidação da sintonia das decisões e da unidade de propósitos. Num mundo interativo é premente que a educação favoreça a construção de um saber de cultura interdependente e coletiva. Isto significa que uma formação para uma cidadania comunitária passa pelo desenvolvimento de uma consciência sensível à responsabilidade social e ao envolvimento consensual dos indivíduos nos programas pedagógicos de tonalidade solidária.

O enfrentamento dos desafios representados pelo desenvolvimento e melhoria da qualidade do ensino requer, além das condições institucionais e materiais, a ação consciente e comprometida das pessoas. A mobilização desses sujeitos pode ser conquistada mediante a atitude motivadora da gestão educacional. Esta aptidão é uma poderosa capacidade que pode auxiliar na concretização de um modelo educacional que, ao invés de formar espectadores dos acontecimentos, favoreça o advento de sujeitos históricos construtores da realidade. Pode-se afirmar que a gestão da educação é um elemento chave das reformas educacionais. Concordando com esta assertiva, Aguiar (2004), escrevendo acerca do contexto da reforma educacional no Brasil, afirma que:

É inconteste a centralidade da gestão nas reformas educacionais da maioria dos países da América Latina. Em quase todos eles, essas reformas configuraram um novo formato organizacional nos sistemas de ensino e nas escolas, contemplando estratégias de descentralização com vistas à melhoria da qualidade da educação. Os governos da região admitem, de modo geral, que o sucesso da condução dessas reformas depende, em parte, das formas de implementação da gestão em nível macro e nas unidades escolares. No Brasil, a questão da gestão do ensino educacional ganhou maior relevância no processo de formulação do Plano Decenal de Educação para Todos 1993 – 2003, ocasião em que os problemas concernentes à profissionalização dos gestores estiveram em foco (AGUIAR, 2004, p. 193).

Portanto, conforme aludido acima, os eventos ocorridos na área da educação têm demonstrado que, diante da complexidade da arquitetura organizacional das reformas educacionais atuais, é imprescindível a concorrência da gestão educacional como uma forma de renovação de projetos, posturas e métodos. Neste sentido, é possível encadear o pensamento de que muitas mudanças pedagógicas, administrativas e organizacionais não se materializariam caso não fossem impulsionadas pela operacionalidade da gestão educacional. É neste sentido que gestão traz consigo as concepções de movimento e de ação, pois, de outro modo não seria possível a condução das transformações e alterações necessárias no setor educativo.

As implicações de uma reforma educacional congregam elementos determinantes para as conquistas projetadas. Para a consecução desses objetivos a gestão educacional exerce uma função de destaque no tratamento desses fatores. Um desses aspectos é a multiplicação dos

esferas componentes da organização. Neste âmbito, a gestão educacional atende aos intentos das políticas e planificações educativas emergentes, mediante os instrumentos da comunicação e da interação dialógica. A coesão identitária de um organismo, fundado numa concepção sistêmica, tem na comunicação eficiente uma de suas mais eficientes estratégias.

Os novos rumos imprimidos pela ocorrência de uma reforma educacional exigem também que os diferentes quadros de responsabilidades e competências estabelecidos sejam discutidos, conhecidos e internalizados por todos os membros dos órgãos educacionais envolvidos. O domínio das ações a serem executadas, dentro de uma diferente perspectiva implantada através das mudanças propostas, depende de uma gestão educacional capaz de proporcionar capacitação fundamentada aos profissionais. A devida assimilação dos novos procedimentos implantados sinaliza que o trabalho de gestão atingiu seus objetivos e acrescenta confiança e credibilidade no desempenho da profissão.

Um fator relevante que marca o tema da gestão educacional é o desenvolvimento recente deste tópico como um promissor campo do conhecimento científico. Também na área educacional, os estudos acerca da gestão têm se ampliado e atingido níveis diferenciados de importância e de alcance. Esforços têm sido envidados no sentido de solidificar suas bases conceituais e de delimitar seu campo teórico, haja vista a amplitude de sua influência e as variadas aplicabilidades que podem ser propiciadas através de suas peculiaridades delineadas.

Neste sentido, Casassus (2002) declara que:

A gestão educacional data dos anos 60 Estados Unidos, dos anos 70 no Reino Unido e dos anos 80 na América Latina. É, portanto, uma disciplina de desenvolvimento muito recente. Então, tem baixa especificidade e estruturação. Por estar em um processo de busca de identidade e ser uma disciplina em gestação, constitui um caso interessante de relação entre teoria e prática. O propósito da disciplina é o estudo da organização do trabalho no campo da educação

(CASASSUS, 2002, p.49) 4.

Conforme a compreensão indicada acima, a gestão educacional se constitui num fenômeno interessante porque se move no interior da relação estabelecida entre teoria e

4 “La gestión educativa data de los años 60 en Estados Unidos, de los años 70 en el Reino Unido y los años 80 en

América Latina. Es por lo tanto una disciplina de desarrollo muy reciente. Por ello, tiene um bajo nível de especificidad y de estruturación. Por estar en un processo de búsqueda de identidad y ser aún una disciplina em gestación, constituye un caso interessante de relación entre teoría y práctica. El objeto de la disciplina es el estúdio de la organización del trabajo em el campo de la educación”.

prática. Dessa fluidez, inerente aos recursos da gestão, decorre a repercussão desse processo numa dimensão de maior amplitude, dentro de uma visão de conteúdo mais totalizante. Esse deslocamento, que se estende para essas duas interfaces fundamentais, é uma forma de antídoto equilibrador contra os pólos antagônicos de uma verborragia inócua e destituída de lastro experimental e de um ativismo cego, órfão de um consistente embasamento conceitual.

A história registra que não são poucos os males infligidos à educação resultantes da implantação de projetos teóricos mirabolantes e sem nenhum vínculo com o cotidiano escolar. Essas situações, infelizmente mais comuns do que deveriam ser, habitam nos diálogos e nos pleitos dos profissionais da educação. Estes trabalhadores, em diversas oportunidades, disparam que estes eventos são apenas paramentos temporários, alijados da realidade educacional. Em determinadas ocasiões, alterações impostas pelo sistema têm expressão de inovação, no entanto, por estarem totalmente divorciadas da prática, são até contrárias às intenções propagadas e desejadas.

Associadas a este viés teórico se encontram as fórmulas implantadas com conotação mais afeta aos conluios da politicagem do que com real motivação pedagógica. Estes padrões ideológicos de mudanças, carregados de intenções muitas vezes espúrias, servem aos interesses do grupo minoritário detentor do poder e seguem alargando suas margens de influência e de domínio.

Por outro lado, uma prática pedagógica em cujo repertório inexistam suportes teóricos e conceituais está fadada a se estagnar num labirinto de ativismo. O que caracteriza esta polarização exacerbada do exercício do fazer é a ação sem reflexão. Neste modelo importam as execuções das tarefas e as metas cumpridas. Não são merecedores de consideração os desdobramentos dos atos e os resultados indiretos dos empreendimentos. Esta visão pragmática e utilitarista rejeita os benefícios da teoria e considera que os valores maiores que devem preponderar numa organização educacional são a multiplicação da produtividade e o crescimento dos resultados.

Portanto, vagando entre esses dois extremos da teoria e da prática, a gestão educacional cumpre, na essência, o seu papel de articuladora e mediadora de elementos contraditórios. A gestão educacional comprometida traz dialeticamente consigo diversas polaridades, entre as quais a teoria e a prática. É nesse sentido que a citação acima oferece a base para a alegação

de que a gestão educacional carrega um potencial integrador e harmonizador na relação entre estes dois parâmetros.

Por outro lado, é necessário fazer menção que a incorporação da concepção de gestão educacional, embora tenha alcançado uma aquiescência significativa no meio educacional, pelos motivos já explanados, foi algo que não se deu de maneira imune às controvérsias. Alguns teóricos, adeptos de diferentes tendências, esboçam críticas à modelagem da gestão educacional. Talvez a mais contundente seja a que entende que o advento da gestão educacional se deu no contexto do surgimento dos novos modelos e princípios econômicos e suas estratégias alienantes. No bojo desta nova realidade, a gestão educacional exerceria o papel de um instrumento facilitador da implantação dos pressupostos neoliberais.

Alonso (2003) reconhece a existência dos aspectos polêmicos e dos posicionamentos questionadores que apreciam desfavoravelmente a utilização do conceito gestão educacional. No entanto, esclarece que teóricos respeitados defendem o adequado ajustamento da utilização do termo na atual realidade social. Ela informa que:

A expressão gestão educacional tem suscitado polêmica nos meios educacionais, embora autores conceituados mostrem a adequação do conceito às diversas realidades organizacionais e a conveniência de sua utilização frente aos desafios, colocados para os administradores, decorrentes dos novos contextos sociais (ALONSO, p.23, 2003).

Quando a autora da citação entende que existe uma adequação da aplicação do conceito de gestão educacional com os arranjos e eventos característicos do momento presente, ela preconiza que esta associação é o percurso mais promissor para a resolução dos problemas atuais que despontam na esfera educacional. Certamente que não permanecem subentendidos os adventos do sobrenatural e do mítico apenas pela utilização de uma diferente base conceitual. Ou seja, nada ocorrerá num passe de mágica a partir da implementação dos princípios da gestão educacional. Na realidade, são demandados esforços e enfrentamentos de desafios para a consecução das projeções estabelecidas pelo coletivo.

As mudanças ocorridas nas diferentes dimensões organizacionais são profundas e variadas. Uma instituição de tempos anteriores não comporta comparação com uma organização dos tempos atuais. É neste sentido que se afirma que as realidades implicadas em uma organização educativa contemporânea são diversas e multifacetadas. Os elementos

componentes dos antigos parâmetros administrativos não são capazes de absorver, integrar e dinamizar toda a densidade abrangida por esta complexidade. Esta totalidade intricada engendra: novos significados de consciência planetária; expectativas crescentes da possibilidade de participação do indivíduo nas decisões; diferentes teorias acerca do processo de aprendizagem; diversos entendimentos sobre os fenômenos que fundamentam o conhecimento; mudanças nos parâmetros de abordagem científica; novas compreensões dos sistemas como entidades integradas; apenas para citar alguns fragmentos englobados neste conjunto.

Essa percepção coaduna-se com o posicionamento que postula a conveniência da utilização dos recursos da gestão educacional para o enfrentamento dos desafios culturais, sociais, éticos e econômicos, problemas estes comuns no momento histórico presente. Porém, não apenas isso, mas da gestão educacional é esperado um desempenho mais acentuado. Ou seja, por meio da atuação solidária e compartilhada de seus mecanismos e estratégias que mobilize elementos humanos, forças, capacidades e insumos para a superação das adversidades anteriormente elencadas. Esta perspectiva de ultrapassagem é um dos diferenciais entre a gestão educacional e a administração educacional. Se esta se restringe ao enfrentamento das dificuldades para a manutenção da ordem e da rotina administrativa, aquela não busca apenas defrontar os problemas, mas num outro estágio superar as situações indesejáveis e suscitar um crescimento interativo.

Desta forma, passando de uma abordagem setorizada para uma ação integrada, a gestão educacional é capaz de interferir e atuar em diversos flancos da organização, de maneira abrangente e congruente. Ou seja, espraiada em várias facetas, a gestão educacional se norteia pelo foco matricial, cuja finalidade primordial é de natureza pedagógica, com o suporte das ações-meio vinculadas às áreas pessoal, material, comunitária, financeira, patrimonial etc. Essas dimensões, longe de ocuparem espaços esparsos e compartimentados, devem estar corporificadas num projeto pedagógico coeso a fim de contribuírem para a garantia da viabilização da sua finalidade principal.

Luck (2008) exprime abaixo essa abrangência referente ao conceito de gestão educacional:

expressão gestão educacional abrange a gestão de sistemas de ensino e a gestão escolar. Isso porque entende-se que sua concepção deve estar presente no sistema todo, a fim de que possa ser efetivamente praticada no estabelecimento de ensino. Vale dizer que, do ponto de vista paradigmático, a concepção de gestão permeia todos os segmentos do sistema como um todo (LUCK, 2008, p.25).

A partir deste desenho conceitual esboçado por Luck (2008), cujo teor é adotado nesta tese, é possível, mediante a utilização de uma linguagem metafórica, considerar a gestão educacional como um guarda-chuva que abarca outras derivações inter-relacionadas, que estão vinculadas a este conceito, tais como: gestão da escola, gestão do currículo, gestão escolar, gestão do ensino, etc. Portanto, numa determinada perspectiva a gestão refere-se a um amplo espectro de decisões implementadas através das diversas esferas da União, dos Estados e dos Municípios, seja em termos de atribuições compartilhadas através da cooperação ou de ações encetadas nos campos delimitados de suas respectivas competências. Em outro aspecto, a gestão se realiza no âmbito local da escola, e diz respeito aos eventos cotidianos que envolvem os diversos atores que trabalham neste meio e os mais variados fatos que se manifestam neste ambiente. Porém, ambas as perspectivas (macro e micro) estão vinculadas e articuladas por uma diretriz comum – promover a educação de qualidade para todos, conforme definidos pelas legislações maiores norteadoras da educação, embora cada qual desenvolva um conjunto de atividades próprias que se inscrevem em suas áreas de abrangência.

Esse reconhecimento da amplitude da área de abrangência vinculada à gestão educacional ratifica o entendimento do potencial sistêmico que este construto comporta. Com base nesta compreensão, uma nova ordem organizacional pode ser moldada no sentido de se