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2.2 A natureza no contexto da evolução da razão humana

2.2.1 A natureza no contexto das idéias que prevaleceram

A perspectiva das idéias que prevaleceram é de uma natureza, que se constitui historicamente enquanto objeto de conhecimento e de dominação para a sociedade humana. De acordo com Ronan (1987, v. I, p. 12), já nos primórdios do desenvolvimento da humanidade, nos primeiros passos de construção de conhecimento pelos grupos sociais humanos, a natureza vai se constituindo nesta direção, enquanto objeto de conhecimento e da dominação humana. O que se expressa na magia como forma legítima, em seu tempo, de conhecer, de dominar a natureza, de controlá-la em função das necessidades e do bem estar humano. Uma forma legítima de expressar uma síntese sobre o relacionamento entre o mundo natural e o homem, definindo, a partir da identificação de fatores comuns, os conhecimentos que deveriam levar o homem a subjugar a natureza:

“Quando, numa sociedade primitiva, mago, impostor ou curandeiro se propõe provocar chuva por meios artificiais, ele expressa sua compreensão de uma ligação entre a chuva e o crescimento das plantações, entre um e outro aspecto da natureza e sua estimativa de que a sobrevivência do homem depende do comportamento do mundo natural. Ele sente que há alguma conexão entre o homem e o mundo que o cerca, algum entendimento primitivo de que, conhecido o procedimento correto, o homem pode controlar as forças da natureza e colocá-las a seu serviço.” (Ibid., v. I, p. 12).

A natureza, a qual o próprio homem estava integrado, era associada a uma concepção anímica de mundo. Tudo estava submetido ao sobrenatural, aos deuses, ao espírito. As forças espirituais ocultas habitavam os animais, as florestas, os oceanos, o vento, a chuva e precisavam ser persuadidas em suas intenções, através da magia, para cooperar com os interesses humanos. Para Ronan (op. cit., v. I, p. 13), um mundo mágico de relacionamentos, de relações que a partir de erros e acertos, de porções e atos de manipulações dos grandes magos produziram gradualmente um conjunto de conhecimentos práticos que se desenvolveram à luz da experiência. Nesta época, a natureza era tida muitas vezes como intocada, estava associada ao sagrado, aos deuses, ao sobrenatural, tinha sentimentos, poderes e intenções, devia, portanto, ser respeitada, mas também podia ser persuadida.

Passo a passo o homem vai utilizando, de forma mais realista, os conhecimentos adquiridos para o seu bem estar, numa sucessão de atividades (domínio do fogo, caça,

pesca, cultivo de vegetais, irrigação, etc.) que de forma consciente ou inconsciente vai lhe possibilitando mais autonomia em relação ao mundo dos espíritos. Nas civilizações pré- históricas e primitivas, as relações são então de cooperação entre as duas formas de abordagem, não existia conflito. A magia e a religião apresentavam-se como aspectos interligados do mundo real. A magia era como um amálgama de explicações naturais e espirituais. Uma condição que perdurou até que a eficiência das técnicas de controle da natureza obrigou a uma redefinição do papel do mundo dos espíritos, na condução das relações da sociedade com a natureza. (RONAN, 1987, v. I, p. 13).

Com o desenvolvimento da sociedade no Oriente Médio e na Grécia, baseado em conhecimentos mais sólidos sobre os fenômenos da natureza, a magia é rebaixada a uma condição de feitiçaria. Surge uma poderosa casta sacerdotal que utiliza as qualidades místicas em benefícios particulares, ou interesse público, para dominar os ignorantes e crédulos. Contexto, no qual, os filósofos gregos adotam orientação totalmente contrária à magia, criando uma atitude de pensamento que se constituiu numa marca indelével no rumo da cultura científica ocidental (Ibid., v. I, p. 14). O que consequentemente marca as novas idéias e concepções sobre a natureza.

Os gregos são, assim, considerados os precursores da ciência ocidental, num percurso de construção do conhecimento também marcado por diferentes conceitos de natureza, especialmente no que se refere ao pertencimento do homem, da sociedade à natureza e ao domínio desta por aquele. As marcas das diferenças sobre o que seja natureza vão se definido em termos dos pré-socráticos e pós-socráticos, especialmente a partir de Platão e Aristóteles. Uma divisão que não se apresenta rigidamente uma vez que, os conceitos são cunhados no seio de concepções e idéias que em sua evolução não eliminam totalmente as posições alternativas, num diálogo que privilegia a uma, ou outra no contexto sociocultural de cada época.

Assim, predomina entre os pré-socráticos um conceito de natureza, de physis, que não se contrapõe ao espírito ou ao psíquico. Um conceito que de acordo com Bornheim (1985), perdura ainda após o período pré-socrático. Para este autor (Ibid., p. 13), a natureza, a physis, era tida entre estes como um todo, do qual tudo fazia parte. Ela estava em tudo, no nascer e crescer das plantas, no alvorecer, no nascimento e desenvolvimento de animais e homens. Para ele (Ibid., p. 14) este conceito de natureza melhor se revela em

sua gênese mitológica, a partir da qual até os deuses se apresentam como seres da natureza, como seres que se integram e se revelam em tudo.

O conceito de natureza entre estes tinha então uma perspectiva tão ampla, que faz Bornheim (1985, p. 14) discordar da identidade de significado entre a physis e a natureza:

“À physis pertencem o céu e a terra, a pedra, a planta, o animal e o homem, o acontecer humano como obra do homem e dos deuses e, sobretudo, pertencem à physis os próprios deuses. Devido a esta amplidão e radicalidade, a palavra physis designa outra coisa que o nosso conceito de natureza. Vale dizer que na base do conceito de physis não está nossa experiência da natureza, pois a physis possibilita ao homem uma experiência totalmente outra que não a que temos face à natureza. Assim, a physis compreende a totalidade daquilo que é; além dela nada há que possa merecer a investigação humana. Por isto, pensar o todo do real a partir da physis não implica “naturalizar” todos os entes ou restringir-se a este ou aquele ente natural. Pensar o todo do real a partir da physis é pensar a partir daquilo que determina a realidade e a totalidade do ente.”

Assim, os gregos vão inicialmente definindo a physis em sua dinâmica, amplitude e totalidade de ser e de poder, que integra todas as coisas animadas e inanimadas, prenhe de forças vivas, misteriosas, inteligentes, dinâmicas, reconhecidas na diversidade de suas manifestações. A physis compreende então o real, a materialidade e a espiritualidade do mundo: os deuses, as coisas, os seres vivos, o movimento e a mudança, o conhecimento humano, a sabedoria, a verdade, a política, a justiça. Tudo integra a natureza em sua dinâmica de existência e de transformação.

A historia da filosofia e da ciência vai então desvelando os enigmas ocultos, os segredos da physis, que a partir de Platão e Aristóteles começam a delinear os espaços das relações e das diferenças entre o homem e os outros seres da natureza. Para estes filósofos a physis é geração, processo gênico, pela gênese se pode conhecer o que é hoje, a origem, a constituição, os elementos que geraram ou geram o cosmos: terra, ar, fogo, água. Neste percurso de busca e compreensão da natureza os conhecimentos produzidos por estes filósofos soam como ecos, no desenvolvimento do pensamento ocidental.

Apesar de não ter abordado mais explicitamente a relação entre a humanidade e a natureza, como fez Aristóteles, Platão deixa sua marca no pensamento ocidental pela

valorização do conhecimento filosófico abstrato frente à natureza, a partir de sua teoria das idéias, que valoriza tão somente as abstrações humanas. Ele associa o conhecimento humano, enquanto investigação e entendimento das idéias, ao desenvolvimento da inteligência em oposição ao sentido, à ilusão de uma realidade possível do mundo natural: “Os sentimentos confundem certas qualidades dos objetos, as quais precisam ser distinguidas pela inteligência.” (PLATÃO, sem referência ao ano, p. 189).

De acordo com Ronan (1987, p. 104) o legado de Platão deixa a dever à ciência experimental, mas é profícuo no que se refere ao desenvolvimento da matemática. O que se consubstancia, no pensamento científico ocidental, com a descoberta das relações funcionais, expressas de forma matemática, entre processos e objetos concebidos de forma abstrata.

Já Aristóteles, diferente de Platão, valoriza tanto a idéia e a forma como a matéria física, na direção de um trabalho verdadeiramente científico, com rica contribuição nos campos da biologia, astronomia, física (Ibid., p. 109). Em sua abordagem sobre os seres da natureza é enfático com relação à posição de domínio do homem. Ele hierarquizou os seres da natureza numa escala que se inicia com os minerais até o homem, como ser superior a todos os outros e inferior apenas a Deus. O seu legado tem assim a marca de uma natureza criada para o domínio humano (ARISTÓTELES, Não existe referência à data da publicação).

Apesar da condição de superioridade e de poder atribuída ao homem na escala dos seres naturais, ele é um ser natural e o seu poder é também definido no contexto de uma natureza que “nada faz em vão” (ARISTÓTELES, p. 14, sem referência a data da publicação). Um contexto no qual o ser humano, enquanto único ser da natureza ao qual foi dado o dom da palavra, tem por finalidade a compreensão do útil e do prejudicial e em conseqüência a capacidade do julgamento, do justo ou injusto. Um poder que naturalmente está subjugado apenas ao de Deus. Assim o ser humano é naturalmente superior, um ser ao qual foi dado o poder da compreensão, da expressão, do julgamento e consequentemente do domínio sobre os outros seres da natureza.

O pensamento greco-cristão segue os mesmos passos consolidando o privilégio humano sobre a natureza, a partir da dualidade humana enquanto espírito e matéria. Assim

os seres humanos, na sua dimensão espiritual, estão num nível mais elevado que os outros seres imperfeitos da natureza, na sua condição material de existência.

Peter Brown (1991) e Keith Thomas (1989) ao analisarem, respectivamente no final da antiguidade e na idade moderna, a relação da sociedade com a natureza, destacam o predomínio das referências teológicas priorizadas pelo cristianismo no desenvolvimento do pensamento ocidental. Os teólogos de cada época, Santo Agostinho na antiguidade e Thomas de Aquino na idade média fortalecem o pensamento de uma natureza, de um mundo criado para o domínio do homem.

De acordo com Brown (op. cit.) a superioridade dos seres humanos frente aos outros seres da natureza é uma posição que também predominou entre os estóicos na antiguidade tardia. A natureza existia apenas para atender aos interesses humanos. O que se reflete na sociedade, nas cidades gregas e romanas, nas quais se destacam como superiores os comportamentos que aproximam os homens da razão e os distanciam da animalidade.

Na idade moderna estas idéias seguiram fortalecendo a oposição entre o que era humano e animal. Segundo Thomas, (op. cit.) eram atribuídos aos animais os impulsos que os homens mais temiam para si mesmo (ferocidade, gula, sexualidade). Assim, se privilegiavam todas as atividades ligadas à civilidade (moral, religião, educação erudita), como meio de distanciamento da animalidade. Uma distinção que era feita também entre os indivíduos ilustrados, intelectuais e os indivíduos que pertencessem a alguma seita, os povos primitivos, as crianças e bebês, as mulheres, os pobres, os loucos. Posição que estava a repercutir também na relação entre os seres humanos e não apenas entre estes e os outros seres da natureza. O que leva Thomas (op. cit., p. 59) a concluir que se estabelecia aí uma discussão entre, os que sustentavam que todos os seres humanos tinham o domínio sobre a natureza, e, os que consideravam que este domínio era direito apenas de grupos privilegiados.

A síntese final, destacada do legado greco-cristão, que termina por prevalecer no desenvolvimento do mundo ocidental, é a interpretação da natureza e dos processos naturais como inferiores a humanidade. A afirmação cristã de que “Deus criou o homem a sua imagem e semelhança” é a mais forte marca impressa a oposição entre homem e a natureza, entre o espírito e a matéria. O homem adquire uma alma, condição de identidade

com um ser superior que é espírito, que é um Deus único, superior a tudo e a todos. Diferente dos deuses gregos que, apesar de suas forças, possuíam fraquezas e imperfeições humanas; tinham um vínculo com a natureza, com a matéria. Assim, essa separação é consolidada com um homem que agora por sua identidade com Deus é também superior à natureza.

Esta separação entre homem e a natureza, entre a matéria e o espírito teve grande influências no avanço das pesquisas científicas, na idade média, especialmente no que se refere ao estudo da anatomia humana. Isto porque o corpo após a morte separado da alma perdia sua importância, podendo ser estudado como objeto. De acordo com Ronan (1987, v. II, p. 134), superado o obscurantismo do inicio do catolicismo, esta religião passa a ser oficial em Roma depois da conversão de Constantino, o Grande, em 312. Este imperador autoriza aos seus sacerdotes e bispos um poder antes negado, um poder que termina por se decidir pela ciência num contexto em que esta é ainda questionada. A dúvida se estabelece entre dois caminhos: um caminho que deve dar atenção apenas ao salvamento da alma ignorando os estudos e fontes gregas e os ensinamentos pagãos; e um outro que, termina por prevalecer, reconhece a importância da ciência como instrumento de conhecimento e contemplação da beleza e do valor da obra de Deus, como elemento de fortalecimento da consciência em relação à onipotência e a sabedoria divina. Desta forma, a idade média avança com o aval de Deus e dos homens no desenvolvimento da ciência, legando a ciência moderna uma contribuição às vezes até maior do que se costuma reconhecer.

A separação homem/natureza continua a ser privilegiada pelas principais referências intelectuais no percurso do desenvolvimento da ciência moderna. O corte definitivo entre homem-natureza, espírito-matéria, sujeito-objeto é – na concepção de Passmore (1995), Thomas (1989), Gonçalves (2001), entre outros – instalado por Descartes, configurando uma dicotomia que marca com força o pensamento moderno e contemporâneo. Descartes justifica a separação homem/natureza pela superioridade daquele como único ser que é matéria e intelecto, em oposição a substancia material inferior daquela. O que dar ao homem uma capacidade ilimitada de domínio sobre a natureza, enquanto um pedaço de cera, que pode ser moldado de acordo com a pretensão humana. A matéria é inerte e passiva, estando à disposição do homem numa condição de absoluta submissão, sem nenhum poder de resistência e ação.

A filosofia cartesiana imprime de acordo com Gonçalves (2001, p. 33) duas fortes marcas à modernidade. Na primeira o pragmatismo do conhecimento – o caráter de utilidade da natureza, enquanto recurso para a humanidade – em oposição ao caráter especulativo do conhecimento. A segunda marca está no antropocentrismo enquanto concepção que coloca o homem no centro do mundo, como superior a todas as coisas. Um ser que é submisso apenas a Deus que o criou a sua imagem e semelhança para dominar a natureza. Um ser capaz de enquanto sujeito desvelar todos os segredos da natureza, que se apresenta, ou como um objeto a ser conhecido e moldado, ou como um recurso natural para ser utilizado e consumido. O que se destaca nas palavras do próprio Descartes:

“Elas fizeram-me enxergar que é possível adquirir conhecimentos muito úteis para a vida e que, em lugar dessa filosofia especulativa que se ensina nas escolas, pode-se encontrar uma filosofia prática pela qual, conhecendo a força e ação do fogo, da água, do ar, dos astros, dos céus e de todos os outros corpos que nos rodeiam, tão distintamente quanto conhecemos os diferentes ofícios de nossos artífices, fosse-nos possível aplicá-los do mesmo modo a todos os usos a que se prestam, fazendo-os como que senhores e possuidores da natureza.” (DESCARTES, 1978, 113 e 114).

Para Passmore outros expoentes intelectuais da modernidade ocidental também destacaram a interpretação da natureza para o homem, para o bem da sociedade humana. Nesta direção, Bacon anuncia que o fim da ciência é devolver ao homem o domínio perdido em parte com o pecado original. Este autor, também destaca da obra de Marx posições que referendam a tradição de uma natureza enquanto recursos para a vida humana, de uma natureza para o homem, para ser humanizada. Um caminho contrário ao de Descartes, que naturaliza o homem destacando-lhe a alma, a consciência. Posições, questionadas por autores como Schmidt (1976), Foster (2005) e Moraes (2005), as quais serão tratadas no próximo subtítulo, no contexto dos conhecimentos desconsiderados pelo modelo de sociedade que prevaleceu.

Ao refazer esse percurso histórico de construção da idéia da separação homem/natureza, Gonçalves (op. cit.) reflete como estas idéias encontraram fértil espaço para prosperar no contexto de desenvolvimento, do mercantilismo, do iluminismo e do capitalismo, referendando a idéia de que esta separação homem/natureza termina por ser a principal marca da questão ambiental.

No contexto do desenvolvimento mercantil, na Idade Média, a burguesia e a igreja tinham na propriedade da terra e na exploração dos servos os recursos para a riqueza, que passam a depender cada vez mais da técnica. O antropocentrismo e a perspectiva pragmática e utilitarista do pensamento cartesiano se consolidam como aspectos favoráveis ao mercantilismo:

“O antropocentrismo consagrará a capacidade humana de dominar a natureza. Esta, dessacralizada, já que não mais povoada por deuses, pode ser tornada objeto e, já que não tem alma, pode ser dividida, tal como o corpo já o tinha sido na Idade Média. É uma natureza-morta, por isso pode ser esquartejada...” (GONÇALVES, 2001, p. 34).

No capitalismo essas idéias se renovam e se reforçam com o movimento iluminista intelectual, que se caracteriza pela centralidade da ciência e pela racionalidade crítica. Um movimento que em seu questionamento filosófico se recusa a admitir qualquer forma de dogma oriundos das doutrinas políticas e religiosas tradicionais. O conhecimento e a ação humana passam a ter como referência a própria natureza, a matéria, e não os dogmas religiosos ou as concepções metafísicas:

“O iluminismo, no século XVIII, como que antecipando esse desfecho se encarregará de limpar a filosofia renascentista de seus traços religiosos medievalistas. A crítica da metafísica – de meta além e physis, natureza, ou seja, daquilo que está além da natureza, na concepção iluminista, será feita em nome da física, isto é, em nome da natureza tomada aqui no sentido do concreto, do tangível, do palpável.” (op. cit., p. 34).

A revolução industrial caracterizada pela substituição da mão de obra manual pela tecnologia, inaugurada pelo capitalismo na Inglaterra no século XVII, é marca definitiva de uma natureza objetivada e de um homem que está fora da natureza. Surgem os grandes conglomerados industriais, como expressão maior de uma ciência e de uma técnica que se expressam na dominação e no controle da natureza.

O século XIX consolida um modo de vida orientado pelo pragmatismo e pelo domínio da natureza, tão bem expressos na tecnologia, na objetivação da natureza e na objetivação do próprio homem. Orientação que tem a marca do positivismo ao separar, neste contexto, as ciências da natureza (física, química, biologia, etc.) e as ciências do homem (economia, sociologia, história, antropologia, psicologia, etc.), impossibilitando a

produção de um conhecimento que articule a ciência em sua diversidade. O que se constitui não apenas enquanto pensamento, mas enquanto realidade objetivada na subjetividade humana e social.

O mundo concreto dos homens é fragmentado, dividido, dicotomizado em uma realidade e racionalidade absoluta criada pela civilização capitalista industrial. Os contrários a essa realidade e racionalidade são irracionais, românticos, sonhadores, contexto que no percurso do desenvolvimento da razão humana está a buscar caminhos críticos e alternativos que integrem a relação sociedade/natureza nas abordagens das questões ambientais. Uma perspectiva, que se abre à reflexão sobre como a natureza e o homem vão sendo objetivados a partir da fragmentação das ciências, e, ao debate acerca das diferentes posições sobre a natureza no centro da questão ambiental. Questões sobre as quais se reflete no próximo subtítulo.