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6   A EFETIVIDADE PROCESSUAL E SUA CELERIDADE SOB O ENFOQUE

6.2   A NOVEL REALIDADE DOS ATOS JURÍDICO-PROCESSUAIS NO

Primeiramente, os Tribunais, ao adotarem os sistemas eletrônicos para a tramitação dos autos processuais, ter-se-á a diminuição da utilização de papel, pois os atos processuais serão exteriorizados de forma eletrônica e armazenados nos

sites de cada Tribunal.

Outro relevante ponto é em relação à geografia, ou melhor dizendo, em relação aonde o ato processual será praticado. Com o manejo de autos físicos os atos processuais só poderão ser praticados nas sedes dos fóruns, devendo necessariamente obedecer aos horários de funcionamento de cada uma desses. Ocorre que, com a adoção do Processo Eletrônico, isso não mais se verifica, tendo em vista que para se realizar um novo ato processual, basta apenas que o indivíduo tenha se cadastrado previamente, e com acesso a internet ele poderá movimentar o processo de onde quer que esteja.

Em vista disso, o tempo do processo diminuirá consideravelmente, pois a exteriorização desses atos é de forma instantânea e todas as partes do processo terão ciência imediata, podendo desde já impulsionar novamente o processo.

O sistema de processo eletrônico deve estar igualmente disponível para o público permanentemente, o que vai provocar uma sensível mudança na dimensão temporal do processo, antes vinculado aos dias e aos horários de funcionamento das unidades judiciárias. Sem dúvida, provocará uma substancial alteração na realidade dos fóruns.

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advento da Lei nº 11.419/06, uma vez que não precisará de servidores das entidades judiciárias para protocolar as petições, a juntada dessas, deixa de ser ato humano, e passar a ser um ato automático, pois, quando se peticiona na forma eletrônica, gera-se assim um protocolo e a petição automaticamente inseri-se no processo, podendo ser acessada de qualquer lugar pelas partes do processo.

Outra grande mudança trazida pela Lei de Informatização Judicial relaciona- se com a fluência dos prazos processuais, vários são os artigos que tratam desse assunto na Lei 11.419/06. Assim, os prazos processuais no processo eletrônico são tidos como prazos concomitantes, diferentemente do que ocorre nos autos físicos onde os prazos são sucessivos.

Uma das principais características do processo virtual é a ubiquidade do processo, desta feita os litigantes têm amplo e irrestrito acesso aos autos processuais, portanto, não há a necessidade de se conceder prazos sucessivos, pois, como mencionado alhures, na tramitação eletrônica, os prazos são concomitantes, ou seja, todos os sujeitos da relação processual podem manusear o processo conjuntamente.

A nova realidade dos atos processuais eletrônicos implica uma mudança significativa de como esses atos são exteriorizados. Assim, a publicação desses atos é disponibilizada pelos sites de cada Tribunal no Diário da Justiça Eletrônico – DJ-e. Como já mencionado, a publicação se dá de forma instantânea, proporcionando assim que todas as partes do processo tenha ciência do teor de cada documento inserido no processo.

Todas as intimações, citações, carta precatória, editais, etc., são publicados no DJ-e de cada Tribunal, sendo possível uma simples consulta, como também

download.

Outra questão relevante trata-se do princípio da publicidade em confronto com o princípio da intimidade. Antes de mais nada, esclarece-se que é plenamente viável o pedido de segredo de justiça no processo eletrônico, basta a parte interessada requerer. Desse modo, é na Constituição Federal que encontramos a garantia da publicidade dos atos processuais e também é nela que está assegurado o direito à intimidade. O art. 5º, LX, da Carta Magna de 1988, expressa que:

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garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

LX – a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou interesse social o exigirem”.

Já o art. 93, IX da Lex Mater aduz que:

“Art. 93 – Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios:

IX – todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação.

Como analisado, há um confronto do princípio da publicidade e o da intimidade, utilizando-se da hermenêutica, extrairemos que as normas deverão ser interpretadas em harmonia, devendo-se ser utilizado o princípio da proporcionalidade, para balizarmos tais princípios.

Portanto, quando as circunstâncias do caso concreto assim exigirem, os atos processuais deverão correr em segredo de justiça, tendo com isso uma diminuição na publicidade dos atos. Questões recorrentes no Judiciário são os casos em que envolvem incapazes, onde sua intimidade deverá ser resguardada.

No processo eletrônico, o princípio da publicidade é um dos basilares desse novo sistema, tendo em vista que os atos são praticados e instantaneamente publicados. Quando existem documentos que as partes não podem tomar conhecimento naquele momento processual, o juiz disponibiliza tal documento no sistema, mas deixando-o indisponível, apenas quando o juiz verificar que pode ser apresentado, assim, o fará.

A Lei de Informatização do Processo Judicial trouxe um grande avanço no que concerne à comunicação dos atos processuais com outras comarcas, o art. 7º deste Diploma Legal, baliza que:

Art. 7º - As cartas precatórias, rogatórias, de ordem e, de um modo geral, todas as comunicações oficiais que transitem entre os órgãos do Poder Judiciário, bem como entre os deste e o dos demais Poderes, serão feitas preferencialmente por meio eletrônico.

Por conseguinte, todas as comunicações feitas entre os poderes deverão ser feitas de forma virtual, levando-se assim mais celeridade ao processo, tendo em

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vista que nessa forma eletrônica os atos são instantâneos e não precisará de prazos sucessivos para as partes tomarem ciência do conteúdo dessas cartas.

Uma questão abolida do processo eletrônico é no tocante a obediência aos horários de funcionamento dos fóruns, com isso, tem-se uma dilação dos prazos processuais, uma vez que serão considerados tempestivos se praticados até as 24 horas do seu último dia, conforme expressa o parágrafo único do art. 3º da Lei nº 11.419/06.

Vários pontos estão sendo debatidos para serem introduzidos no processo eletrônico, exemplo disso, é a inserção do depoimento tanto das partes como das testemunhas serem tomados e armazenados em mídias de áudio, esses atos processuais poderão, inclusive, serem praticados em outros locais através de conferências de áudio ou até mesmo por vídeo conferência.

Os atos processuais eletrônicos têm sua segurança garantida através do ICP – infraestrutura de chaves públicas – permitindo que as transações e os documentos postados sejam considerados como autênticos, e que não exista nenhuma maneira deles serem modificados, pois, conforme o art. 11 da Lei nº 11.419/06: “Os documentos produzidos eletronicamente e juntados aos processos eletrônicos com garantia da origem e de seu signatário, na forma estabelecida nessa Lei, serão considerados originais para todos os efeitos legais”.

Outra forma de dar segurança aos atos processuais é através da assinatura digital, que gera vários números e letras específicos de cada documento, além do nome do autor que está gerando o documento, esses números e letras são conhecidos como chaves públicas, esta é utilizada para validar as chaves privadas, dando autenticidade e validade ao ato praticado.

O certificado digital também é um instrumento de segurança utilizado no Processo Judicial Eletrônico. Certificado digital é uma estrutura de dados sob a forma eletrônica, assinada digitalmente por uma terceira parte confiável que associa o nome e atributos de uma pessoa a uma chave pública.

Portanto, as benesses trazidas por tal Diploma Normativo visam sempre a uma maior celeridade ao processo, com isso a Justiça poderá ser prestada com mais rapidez, sem que gere prejuízos às partes, pois a morosidade é a principal causa de descrédito do Poder Judiciário brasileiro.

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6.3 ATOS PROCESSUAIS E ATOS PROCESSUAIS ELETRÔNICOS: