• Nenhum resultado encontrado

6   A EFETIVIDADE PROCESSUAL E SUA CELERIDADE SOB O ENFOQUE

6.3   ATOS PROCESSUAIS E ATOS PROCESSUAIS ELETRÔNICOS:

6.3.2   Como se processam os atos processuais eletrônicos? 79

80

eletronicamente. Os Tribunais poderão desenvolver sistemas eletrônicos, para que os processos tramitem de forma digital, assim como “poderão criar Diário da Justiça Eletrônico, disponibilizando em sítio da rede mundial de computadores, para a publicação de atos judiciais e administrativos próprios e dos órgãos a eles subordinados, bem como comunicações em geral”, redação dada ao artigo 4º da Lei do Processo Eletrônico.

Com a criação do DJe todas as publicações deverão serem nesta página disponibilizadas para consulta do público em geral, qualquer que seja a publicação no DJe, deverá ser assinada eletronicamente com base em certificado emitido por Autoridade Certificadora credenciada na forma da lei específica, é o que expressa o §1º do art. 4º da Lei nº 11.419/2006.

Há de se mencionar, que apenas pessoas específicas poderão postar documentos no DJe, como pessoas que trabalham nos Tribunais, por exemplo.

O art. 10 da Lei de Informatização do Processo Judicial versa que:

Art. 10 – A distribuição da petição inicial e a juntada da contestação, dos recursos e das petições em geral, todos em formato digital, nos autos do processo eletrônico, podem ser feitas diretamente pelos advogados públicos e privados, sem necessidade da intervenção do cartório ou secretária judicial, situação em que a autuação deverá se dar de forma automática, fornecendo-se recibo eletrônico de protocolo.

Toda peça enviada deverá ser no formato PDF (Portable Document Format), quando do envio será gerado protocolo de envio, constando a data e a hora do envio, o número do processo e o nome do remetente.

Poderá ser feita eletronicamente, também, as citações, intimações e notificações, inclusive da Fazenda Pública, conforme dispõe o art. 9º da Lei nº 11.419/2006, dando com isso mais rapidez ao processo, uma vez que todas as partes, logo que cadastradas no Processo, terão acesso instantâneo as informações postadas nos autos.

Ainda em relação às intimações, o § 1º do art. 5º da Lei nº 11.419/2006, expressa que “considerar-se-á realizada a intimação no dia em que o intimado efetivar a consulta eletrônica ao teor da intimação, certificando-se nos autos a sua realização”. O intimado deverá consultar o teor da intimação no prazo não superior a 10 (dez) dias, sob pena de considerar-se realizada a intimação automaticamente, na

81

data do término desse prazo, é o que dispõe o § 3º do mesmo dispositivo legal citado. Essa presunção de ter sido a intimação realizada decorrido o prazo de 10 dias, é uma presunção relativa, que admite prova em contrário.

A Lei do Processo Eletrônico contempla a comunicação dos atos processuais por meio eletrônico e, como indicado, a jurisprudência deverá, a partir de então, avançar em outro rumo, não admitindo que as informações prestadas nos sítios dos Tribunais sejam consideradas, apenas, informativas.

Portanto, pensa-se que essas informações prestadas nos sítios dos Tribunais não deveriam ter apenas caráter informativo, pois se assim continuar, o “tempo ocioso” ou “tempo neutro” voltará a imperar no Processo Eletrônico, o que sem dúvida não é a intenção dessa Lei que veio para dar mais celeridade aos atos processuais. Para que isso não ocorra, deveriam ser criados meios para que, quando o DJ-e for acessado pelos advogados, começassem os prazos a fluírem a partir daquele momento, observado as regras do art. 4º, §§ 3º e 4º da Lei nº 11.419/2006.

Assim, as partes, principalmente os advogados, deverão sempre verificar seus e-mails, para se certificar que não há nenhum tipo de intimação, citação ou informação processual, tal e-mail é fornecido no momento do cadastro no Poder Judiciário competente.

Outros atos processuais importantes, e abrangidos pela Lei do Processo Eletrônico, são as cartas precatórias, rogatórias e de ordem, as quais poderão ser exteriorizadas de forma eletrônica, sem a necessidade de se fazer autos complementares, e ainda, sem o dispêndio de tempo que era gasto para que essas cartas fossem efetivamente cumpridas, tendo em vista que os atos praticados no processo são instantâneos, permitindo às partes amplo e irrestrito acesso à informação.

Caso verifique-se qualquer problema nos sistemas dos Tribunais, que impeçam a postagem da petição, sendo o último dia do prazo para protocolar a petição, “o prazo fica automaticamente prorrogado para o primeiro dia útil seguinte a resolução do problema”, conforme dispõe o art. 10, § 2º da Lei nº 11.419/2006.

Esse mecanismo é utilizado para que as partes não fiquem prejudicadas com falhas dos sistemas, assim, caso o documento não seja recebido por problema do sistema, será prorrogado o prazo para o próximo dia útil que se seguir.

82

A juntada de documentos no processo foi disciplinada na Lei nº 11.419/2006, em seu art. 11, versando que “os documentos produzidos eletronicamente e juntados aos processos eletrônicos com garantia de origem e de seu signatário, na forma estabelecida nessa Lei, serão considerados originais para todos os efeitos legais”.

Todos os documentos postados no processo, seja acompanhando a petição inicial, a contestação, ou algum laudo pericial, gozam de veracidade, desde que, obedecidos os requisitos para a sua validade, onde todos esses documentos deverão constar a assinatura digital do seu autor, bem como a certificação digital e o protocolo gerado no momento da postagem do documento no sistema do Tribunal.

Assim como os documentos juntados ao processo por via eletrônica, os documentos digitalizados e juntados aos autos por qualquer das partes, pelo Ministério Público e seus auxiliares, pelas procuradorias, por autoridades policiais, por advogados públicos e privados, têm a mesma força probante dos originais, ressalvada a alegação motivada e fundamentada de adulteração antes ou durante o procedimento de digitalização, tal redação encontra-se no § 1º do art. 11 da Lei nº 11.419/2006.

O legislador quis conferir a validade dos documentos digitalizados tal qual fez com os documentos postados via e-doc (documento eletrônico). Será de forma eletrônica a arguição de falsidade do documento original, conforme dispõe o § 2º do artigo citado, assim sendo, quem duvidar da autenticidade de qualquer documento deverá arguir a sua falsidade eletronicamente, endereçando a petição de forma digital ao juiz competente para julgar a ação.

Caso o documento seja apresentado à Secretaria da Vara ou ao órgão competente para a sua digitalização, sendo arguida a sua falsidade, esses deverão permanecer na Secretaria do Fórum ou da Vara até o trânsito em julgado da ação, ou até o término do prazo para a ação rescisória (Art. 11, § 3º da Lei de Informatização do Processo Judicial).

Objetivou-se com isso que os documentos gozassem de presunção de veracidade, pois caso haja algum indício de adulteração, o documento arguido falso, deverá ficar em posse do Poder Judiciário a fim de se evitar a modificação do seu conteúdo.

83

recebimento, fornecido pelo sistema de cada Tribunal, onde constará o dia e a hora da postagem do documento, o número de autenticação, o nome das partes e o número do processo. Tudo isso com intuito de levar mais credibilidade e segurança para aqueles que se utilizam do Processo Judicial Eletrônico.

Dessa forma, o Processo Eletrônico busca sempre a celeridade processual, com intuito de se observar os Princípios da Razoável Duração do Processo, bem como os Princípios do Contraditório e da Ampla Defesa.

Espera-se que, com o passar dos anos, todos os Tribunais do País possam operar de forma eletrônica, o que gerará um grande avanço na Justiça brasileira, tendo em vista que todos os Tribunais poderão se comunicar de forma rápida e segura, diminuindo assim, o tempo gasto para que um processo tenha seu julgamento final, pois muitos desses necessitam de Cartas Precatórias, Rogatórias ou até mesmo de Ordem, para a sua instrução e posterior julgamento, e com a utilização do Processo Eletrônico essas informações poderão ser passadas de forma a preservar a sua autenticidade e veracidade.