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6   A EFETIVIDADE PROCESSUAL E SUA CELERIDADE SOB O ENFOQUE

6.9   O NOVO CPC E A CELERIDADE NO PROCESSO ELETRÔNICO 137

A evolução histórica que se presencia é, notoriamente, irreversível e reflete-se no mundo jurídico. O direito é um fenômeno histórico derivado das relações

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Disponível em: <http://www.oab.org.br/noticia/25094/oab-alerta-cnj-para-dificuldades-com-o-pro cesso- eletronico> Acesso em: 08 fev 2013.

128 Ibid. 129 Ibid.

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econômicas, políticas e sociais, e também, pode-se dizer, das descobertas tecnológicas – afinal, quem diria que as pesquisas de jurisprudência deixariam de ser realizadas nos repertórios autorizados, impressos e encadernados, e passariam a ser feitas em buscas rápidas nos sites dos próprios dos tribunais e ou outros sites jurídicos?

Essa é uma das razões pela qual se deve buscar, continuamente, a adequação dos diplomas normativos a essa realidade, conferindo-se validade aos atos jurídicos praticados eletronicamente. As inovações promovidas pelo avanço da assinatura eletrônica, assegurada pela certificação digital, garantindo a autenticidade, integridade e validade jurídica dos documentos eletrônicos, aliadas aos benefícios do processo eletrônico, representam uma importante etapa na longa evolução do direito130.

A informatização do Judiciário, bem como dos bancos de dados de todos os órgãos públicos, é uma tendência mundial. Em Portugal, há mais de 10 anos, é possível dar entrada em pedidos judiciais para o cumprimento de obrigações pecuniárias derivadas de contratos de baixo valor através do preenchimento de requerimentos de fácil preenchimento, conforme modelos disponibilizados no

website do próprio Tribunal, remetidos de forma eletrônica – trata-se das injunções

portuguesas, nos termos da Lei nº 269/1998. Além disso, quase todos os órgãos públicos estão informatizados, sendo possível solicitar certidões on-line de todos os tipos, algumas gratuitas, outras mediante prévio pagamento. Por exemplo, todas as matrículas imobiliárias estão digitalizadas e podem ser obtidas no mesmo dia da solicitação, mediante o pagamento dos respectivos emolumentos dos cartórios de imóveis.

Nessa perspectiva, o Brasil está muito atrasado, considerando-se que tão somente nos últimos anos a informatização do processo judicial passou a ser realidade, através da Lei 11.419/2006. Ainda assim, pouco se evoluiu desde então, sendo raras as Comarcas nas quais vigoram o processo eletrônico – a autora teve a oportunidade de atuar em causa na Comarca experimental de Nazaré Paulista, Estado de São Paulo e pode dizer que o processo eletrônico, após um período de adaptação, traz celeridade para a atividade jurisdicional e muita facilidade para o

130 COVAS, Silvanio. O processo judicial eletrônico. SALLES, Carlos Alberto de (coord.). As grandes

transformações do processo civil brasileiro – Homenagem ao Professor Kazuo Watanabe. São Paulo:

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trabalho dos advogados. Somente no ano de 2009, o Superior Tribunal de Justiça passou a digitalizar todos os processos que lá se encontravam, escaneando os processos antigos. Já o Supremo Tribunal Federal, desde o início deste ano, 2010, passou a aceitar ações originárias daquele Tribunal – ações diretas de inconstitucionalidade (Adins), declaratórias de constitucionalidade (ADCs), arguições por descumprimento de preceito fundamental (ADPFs), reclamações e propostas de súmula vinculante na forma digital.

Outro fato: a determinação do CNJ de que todos os sites dos Tribunais de Justiça dos Estados fossem uniformizados, contendo informações específicas e amplas, ainda não foi totalmente implementada, diante da quantidade de processos existentes em todo o país e principalmente em Estados altamente populosos, como São Paulo.

Assim, apesar das dificuldades da colocação em prática dos vários procedimentos eletrônicos já previstos em lei, percebe-se que o Projeto de Lei nº 166/2010 (novo Código de Processo Civil) valorizou os meios eletrônicos, mas de forma tímida e meramente sistemática.

Nazareno César Moreiro Reis acredita que o Projeto não avançou praticamente em nada em termos de estruturação normativa para regulamentar o meio virtual e o melhor exemplo que dá é a longa descrição dos requisitos para a expedição da carta precatória em papel (arts. 229 a 240),131 que certamente deverá deixar de existir em curto e médio prazo. Não se justifica mais que o advogado retire a carta precatória em uma comarca, encontre um advogado correspondente em outra ou estabeleça contato com o distribuidor do fórum deprecado, ou ainda agentes da OAB daquele local, para então remetê-la pelo correio, aguardar o cumprimento, recebê-la novamente pelo correio, para então comprovar nos autos os atos praticados – tudo isso é dispendioso, tanto no sentido de tempo, como no sentido de dinheiro. Não é possível mais manter essa estrutura arcaica! Os juízos deprecantes e deprecados devem começar a comunicar-se eletronicamente!

Por isso, ainda que valorizando e sistematizando os atos eletrônicos com os demais, acredita-se que as inovações foram superficiais e acanhadas, havendo o risco de caducidade de muita disciplina específica do processo padrão-papel. O

131 Disponível em: <http://www.http://jus.uol.com.br/revista/texto/17174/o-projeto-de-codigo-de- processo-civil-e-o-processo-eletronico-um-risco-de-caducidade-precoce>.

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Projeto nº 166/2010, quiçá futuro Código, pode perder a função de atualização das normas que disciplinam a matéria processual, já que não acompanha as inovações tecnológicas proporcionadas pela informática132. Tentando evitar que isso aconteça, a Comissão Legislativa do Senado Federal passou a incumbência ao Conselho Nacional de Justiça de editar atos para incorporar e regulamentar os avanços tecnológicos para o processo, nos termos do seu artigo 163, § 3°.

Voltando ao assunto do novo plenário eletrônico paulista, acredita-se que essa é uma resolução arrojada, moderna e que só vem somar. É vital que o Poder Judiciário acompanhe o desenvolvimento tecnológico.

Conforme o procedimento previsto, o Relator deverá pronunciar seu voto e enviá-lo eletronicamente aos demais juízes da Turma, os quais acompanharão ou manifestarão sua posição divergente, elaborando voto, que então deverá circular entre os membros da Turma. Prevalecerá o voto da maioria. No fundo, nada muda, pois em regra, soa prevalecer o voto do relator.

Porém, devemos levar em conta que o novo Código de Processo Civil segue com previsões para os processos físico

senti falta de uma crítica mais profunda sobre o projeto do novo cpc que continua trazendo previsões para o processo físico, sendo que daqui há algum tempo, tais regras se tornarão obsoletas, não acha?

de resto está ok

Aplausos para a nova medida de desburocratização da Justiça!

132 Ibid.

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