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4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

4.1 AS FONTES DE DADOS

4.1.1 A observação direta intensiva

O próximo passo era planejar a pesquisa de campo. Tendo em vista os interesses etnográficos já abordados, estabelecemos o uso do método de observação direta intensiva, que, conforme Lakatos (2003), se desdobra em duas técnicas, a observação e a entrevista. De acordo com a autora, em uma pesquisa podem ser empregadas quatro modalidades diferentes de observação, que variam conforme as circunstâncias de cada pesquisa. E, ainda, cada modalidade de observação desdobra-se em duas (ANDER-EGG, 1978 apud LAKATOS, 2003, p. 192). São elas:

A) Segundo os meios utilizados

• Observação não estruturada (Assistemática) • Observação estruturada (Sistemática) B) Segundo a participação do observador

• Observação não-participante • Observação participante C) Segundo o número de observações:

• Observação individual • Observação em equipe D) Segundo o lugar onde se localiza

• Observação efetuada na vida real (trabalho de campo) • Observação efetuada em laboratório

Na etapa de planejamento, a pesquisadora sabia das dificuldades que enfrentaria quanto a sua participação no campo e, por isso, estabeleceu uma observação sistemática, não-

participante, individual e efetuada na vida real, ou seja, em agências de propaganda. Optamos pela observação sistemática, porque sabíamos qual era o objetivo no campo, e, para isso, estabelecemos cinco pressupostos a serem identificadas. I) Como a agência de propaganda entende o site de rede social Facebook; II) Como os publicitários que trabalham nestas agências entendem o site de rede social Facebook; III) Como a agência entende a publicidade no Facebook; IV) Como os profissionais que atuam nestas agências entendem a publicidade no Facebook; V) Qual a importância da Linha do Tempo para os profissionais de publicidade e propaganda. Conforme Lakatos (2003), a diferença entre as observações em relação ao meio está na clareza da coleta dos dados. Tratando-se da sistemática, há um planejamento formal de qual é intensão do pesquisador no campo e, para que este obtenha o melhor resultado possível, se arma de instrumentos adequados. Neste caso, além das premissas, o pesquisador foi a campo com aparelho de celular que tem as seguintes ferramentas: máquina fotográfica, filmadora e gravadora para fazer os registros de forma adequada.

Quanto à natureza da participação, sabíamos que esta seria um ponto de dificuldade, pois nossa entrada nas empresas seria previamente avisada, contanto que os objetivos da pesquisa não fossem revelados. A pesquisadora tinha ciência de que um profissional seria encarregado de acompanhar a visita. Tendo em vista estas circunstâncias, impostas pelas empresas que aceitaram cooperar com esta pesquisa, sabíamos de antemão que a nossa presença seria não-participante. O que difere a pesquisa participante da não- participante é que, no caso da primeira, o pesquisador é entendido como um membro da comunidade e “participa das atividades normais do grupo estudado” (LAKATOS, 2003, 194). No segundo caso, o pesquisador toma contato com a realidade da comunidade, mas não se integra a ela. A questão da participação como um todo foi a grande dificuldade em relação ao campo. A pesquisadora convidou, por e-mail, no dia 8 de março de 2016, cinco agências de publicidade a participarem desta pesquisa, conforme apêndice B. Após uma semana de envio, não houve resposta de nenhuma das empresas, assim se efetuou o contato telefônico com os responsáveis. A pesquisadora já sabia a quem fazer a solicitação, em virtude da etapa da pesquisa exploratória, feita ao longo do ano de 2015.

Foi através do contato telefônico, do uso da ferramenta de Messenger do Facebook e do aplicativo de conversas on-line WhatsApp que os parâmetros de pesquisa foram estabelecidos com cada uma das duas empresas que aceitaram participar. Todas as cinco, em um primeiro momento, demonstraram receio quanto à coleta dos dados e principalmente à divulgação destes, pois “dizem” ter contrato de confidencialidade com seus clientes. Igualmente apontaram receio quanto à divulgação, para a concorrência, de

informações sigilosas. Das cinco empresas, apenas duas entenderam o objetivo da pesquisa e permitiram que a pesquisadora frequentasse a agência durante cinco dias em um período de quatro horas por dia.

Entre o primeiro contato e o início da pesquisa de campo passaram-se dois meses. Embora o e-mail convite tenha sido enviado no dia 8 de março de 2016, o primeiro contato efetivo aconteceu pouco depois da data de qualificação desta pesquisa, dia 15 de janeiro de 2016. Mas os colaboradores das empresas salientaram que até o final do mês de fevereiro o movimento de trabalho seria reduzido, conciliando com as férias dos funcionários. Assim, disponibilizar alguém para acompanhar a pesquisadora seria uma tarefa difícil. Tendo em vista esta circunstância, aguardamos o fim do mês de fevereiro para retomar o diálogo.

Com os detalhes devidamente acertados, tínhamos como campo duas empresas, uma agência de publicidade de porte médio, com dezesseis anos de atuação, situada em Porto Alegre. E uma empresa de monitoramento e gerenciamento de redes sociais na Internet, de porte pequeno, com seis anos de atuação e situada em São Leopoldo. Uma das premissas para o auxílio nesta pesquisa foi a não divulgação dos nomes das empresas, portanto trataremos a primeira como Colaborador 1 e a segunda como Colaborador 2. Entre os clientes já atendidos pelos dois colaboradores podemos destacar Paquetá Esportes, Companhia Zaffari de Supermercados, Paim Comunicação, Bar do Beto, RBS Rádios, Grupo RBS, Planeta Atlântida, ABRH-RS, Grupo A Educação, Colégios Maristas RS e Viação Ouro e Prata.

Tendo em vista a dificuldade em conseguir empresas dispostas a colaborarem com esta pesquisa, recorremos a uma na qual um dos sócios tem proximidade familiar com a pesquisadora. Como fora feito anteriormente, foi encaminhado pedido via e-mail para solicitar a realização da observação de campo na empresa. A resposta positiva veio no mesmo dia, e, assim, os detalhes foram ajustados via aplicativo de mensagens on-line WhatsApp. A diferença, em termos de campo, neste caso, estava na proposta feita pela empresa. Conhecedores das habilidades da pesquisadora, os sócios propuseram que, ao invés de frequentar a agência como visitante, porque não ampliar o tempo de visita para uma experiência de observação participante. Assim como aconteceu com os demais colaboradores, foi solicitado cuidado quanto à divulgação dos dados obtidos bem como a não divulgação do nome da empresa. A pesquisadora frequentaria a agência de publicidade por quinze dias, no período de quatro horas diárias, no papel de freelancer de direção de arte, assim, sendo incorporada pelo grupo como parte da equipe de trabalho. Essa perspectiva promove um diálogo diferenciado com esta empresa, mas, ao mesmo tempo, muito produtivo em termos de coleta de dados. A terceira empresa será chamada de Colaboradora 3, é uma agência de

publicidade de porte pequeno, com 12 anos de atuação e situada em Porto Alegre. Dentre os clientes já atendidos por esta colaboradora, podemos citar: Petroquímica Triunfo, Parmíssimo Alimentos, Braskem, Rede Intercity, Colégio Santa Cecília, Nana Pereira Pâtisserie, Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul, Conselho Regional de Biologia da 3ª Região, Rede Horto de Ensino, Confederação Nacional das Profissões Liberais. Deste modo, fechando parte da presença no campo com três observações, sendo uma participante e duas não- participante.

Quadro 1 – Observação de campo

Fonte: elaborado pela autora

A primeira empresa a ser observada foi a Colaboradora 3, que recebeu a pesquisadora entre os dias 6 e 20 de abril de 2016, realizando uma observação sistemática, participante, individual e realizada na vida real (LAKATOS, 2003). Ela aconteceu durante cinco dias consecutivos de cada semana, respeitando o horário comercial da empresa.

Foram analisados: comportamentos - como os profissionais se relacionam em relação ao fluxo/cronograma de trabalho e com os clientes da empresa; as condições ambientais - estrutura, organização física dos profissionais na sala de trabalho; as interações no ambiente on-line, no caso nas Páginas dos clientes da agência no Facebook.

A segunda empresa a ser observada foi a Colaboradora 1, que recebeu a pesquisadora entre os dias 25 e 29 de abril de 2016, realizando uma observação sistemática, não-participante, individual e realizada na vida real (LAKATOS, 2003). Ela aconteceu durante cinco dias consecutivos, respeitando o horário comercial da empresa.

A terceira empresa a ser observada foi a Colaboradora 2, que recebeu a pesquisadora entre os dias 16 e 20 de maio, realizando uma observação sistemática, não- participante, individual e realizada na vida real (LAKATOS, 2003). Ela aconteceu durante cinco dias consecutivos, respeitando o horário comercial da empresa.

Foram analisados: comportamentos - como os profissionais se relacionam em relação ao fluxo/cronograma de trabalho e com os clientes da empresa; as condições ambientais - estrutura, organização física dos profissionais na sala de trabalho.

Definido o perfil das empresas Colaboradoras, passamos para a próxima técnica aplicada na coleta de dados, a entrevista em profundidade.