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A Organização Curricular do Ensino Profissional em Portugal

1 Ensino de Profissional em Portugal

1.4 A Organização Curricular do Ensino Profissional em Portugal

Segundo artigo 2º do Decreto-Lei n.º 396/2007, são objetivos do Sistema Nacional de Qualificações, nomeadamente:

a) “Promover a generalização do nível secundário como qualificação mínima da população;

b) Elevar a formação de base da população ativa, possibilitando a sua progressão escolar e profissional;

c) Garantir que os cursos profissionalizantes de jovens confiram a dupla certificação, escolar e profissional;

d) Estruturar uma oferta relevante de formação inicial e contínua, ajustada às necessidades das empresas e do mercado de trabalho, tendo por base as necessidades atuais e emergentes das empresas e dos sectores económicos;

e) Promover uma oferta formativa diversificada, no contexto da promoção da aprendizagem ao longo da vida, geradora de qualificações baseadas em competências;

f) Desenvolver as competências necessárias ao desenvolvimento dos indivíduos, à promoção da coesão social e ao exercício dos direitos de cidadania;

g) Reforçar e consolidar o processo de reconhecimento, validação e certificação de competências;

h) Promover a efetividade do direito individual dos trabalhadores à formação anual certificada;

i) Promover a qualificação e integração socioprofissional de grupos com particulares dificuldades de inserção;

j) Promover a coerência, a transparência e a comparabilidade das qualificações a nível nacional e internacional;

k) Assegurar a informação e orientação escolar e profissional e a articulação e gestão partilhada dos respetivos recursos e instrumentos;

l) Promover a eficácia e eficiência da formação profissional;

m) Contribuir para a igualdade de oportunidades no acesso às profissões, bem como para a empregabilidade e para o empreendedorismo com superação das discriminações de género.”

O artigo 5º do Decreto-Lei n.º 396/2007 de 31 de Dezembro refere que o

“Quadro Nacional de Qualificações define a estrutura de níveis de qualificação, incluindo requisitos de acesso e a habilitação escolar a que corresponde, tendo em conta o quadro europeu de qualificações, com vista a permitir a comparação dos níveis de qualificação dos diferentes sistemas dos Estados membros.”

Além de “visar integrar os subsistemas nacionais de qualificação e melhorar o acesso, a progressão e a qualidade das qualificações em relação ao mercado de trabalho e à

sociedade civil.” Chama-se igualmente a atenção ao disposto no n.º 3, do artigo 5º do Decreto- Lei n.º 396/2007 de 31 de Dezembro, onde refere que“ são adotados os princípios do quadro europeu de qualificações no que diz respeito à descrição das qualificações nacionais em termos de resultados de aprendizagem, de acordo com os descritores associados a cada nível de qualificação

A Portaria n.º 782/2009 de 23 de Julho, que regula o quadro nacional de qualificações, no artigo 4º nº1 refere que ” o Quadro Nacional de Qualificações estrutura-se em oito níveis de qualificação, definidos por um conjunto de descritores que especificam os resultados de aprendizagem correspondentes às qualificações dos diferentes níveis”.

De acordo com a Portaria n.º 782/2009 de 23 de Julho, o seguinte quadro descreve os níveis de qualificação do Quadro Nacional de Qualificações e a respetiva qualificação (Tabela 2).

Nível Qualificações

1 2.º Ciclo do ensino básico

2 3.º Ciclo do ensino básico obtido no ensino

regular ou por percursos de dupla certificação.

3 Ensino secundário vocacionado para prosseguimento de estudos de nível superior.

4 Ensino secundário obtido por percursos de

dupla certificação ou ensino secundário vocacionado para prosseguimento de estudos de nível superior acrescido de estágio profissional — mínimo de seis meses.

5 Qualificação de nível pós – secundário não

superior com créditos para o prosseguimento de estudos de nível superior.

6 Licenciatura 7 Mestrado 8 Doutoramento

Tabela 3-Níveis/Qualificações -QNQ- anexo II-Portaria n.º 782/2009 de 23 de Julho

De nível 3 e nível 4, como referido no decreto-lei n.º139/2012, artigo 6º, nº1, aliena a), são os cursos científico –humanísticos, vocacionados para o prosseguimento de estudos de nível superior, e aliena d) os cursos profissionais, vocacionados para a qualificação profissional dos alunos, privilegiando a sua inserção no mundo do trabalho e permitindo o prosseguimento de estudos.

 O nível 5 “corresponde aos cursos de especialização tecnológica regulados pelo Decreto –Lei n.º 88/2006, de 23 de Maio”;

 O nível 6 “corresponde ao 1.º ciclo de estudos do Quadro de Qualificações do Espaço Europeu do Ensino Superior.

 O nível 7 “corresponde ao segundo ciclo de estudos do Quadro de Qualificações do Espaço Europeu do Ensino Superior.”

 O nível 8 “corresponde ao terceiro ciclo de estudos do Quadro de Qualificações do Espaço Europeu do Ensino Superior.”

A mesma Portaria (Portaria n.º 782/2009), numa tentativa corresponder o nível de formação de acordo com a estrutura dos níveis de formação profissional definidos pela Decisão n.º 85/368/CEE, do Conselho das Comunidades Europeias, de 16 de Julho, publicada, no Jornal Oficial das Comunidades Europeias, n.º L 199, de 31 de Julho de 1985, no anexo III, criando-se o seguinte quadro (Tabela 3).

Correspondência entre os níveis de educação e de formação e os níveis de qualificação

Níveis de educação Níveis de formação Níveis de qualificação -2.º Ciclo do ensino básico -Nível 1 de formação 1

-3.º Ciclo do ensino básico -Nível 2 de formação 2

-Ensino secundário, via de prosseguimento de estudos

-Nível 3, sem conclusão do ensino secundário

3 -Ensino secundário e nível 3 de formação 4 -Nível 4 de formação 5 -Bacharelato e licenciatura 6 -Mestrado 7 -Doutoramento 8

Tabela 4-Correspondência entre os níveis de educação e de formação e os níveis de qualificação (ANEXO III-Portaria n.º 782/2009)

O Seguinte quadro, descreve, segundo Decreto-Lei n.º 139/2012, a carga letiva semanal em minuto no Ensino Básico 2.º ciclo (Tabela 4).

Ensino básico — 2.º ciclo

Componentes do currículo Carga horária semanal (a)

Áreas disciplinares: 5.º ano 6.º ano Total do ciclo Línguas e Estudos Sociais (b) 500 (b) 500 1 000

Português; Inglês; História Geografia Portugal; Matemática e Ciências (c) 350 (c) 350 700 Matemática; Ciências Naturais;

Educação Artística e Tecnológica (d) 270 (d) 270 540 Educação Visual;

Educação Tecnológica; Educação Musical;

Educação Física 135 135 270

Educação Moral e Religiosa (e) (45) (45) (90) Tempo a cumprir 1 350 1 350 2 700 (1 395) (1 395) (2 790) Oferta Complementar (f) (f) Apoio ao Estudo (g) 200 200 400

Tabela 5-Ensino básico — 2.º ciclo- Carga letiva semanal em minuto (Decreto-Lei n.º 139/2012 de 5 de julho-anexo II)

“a) Carga letiva semanal em minutos, referente a tempo útil de aula, fica ao critério de cada escola a distribuição dos tempos pelas diferentes disciplinas de cada área disciplinar, dentro de limites estabelecidos — mínimo por área disciplinar e total por ano ou ciclo.

(b) Do total da carga, no mínimo, 250 minutos para Português. (c) Do total da carga, no mínimo, 250 minutos para Matemática. (d) Do total da carga, no mínimo, 90 minutos para Educação Visual. (e) Disciplina de frequência facultativa, nos termos do artigo 15.º, parte final, com carga fixa de 45 minutos.

(f) Frequência obrigatória para os alunos, desde que criada pela escola, em função da gestão do crédito letivo disponível, nos termos do artigo 12.º

(g) Oferta obrigatória para a escola, de frequência facultativa para os alunos, sendo obrigatória por indicação do conselho de turma e obtido o acordo dos encarregados de educação, nos termos do artigo 13.º

Se da distribuição das cargas em tempos letivos semanais resultar uma carga horária total inferior ao tempo a cumprir, o tempo sobrante é utilizado no reforço de atividades letivas da turma. ” (Decreto-Lei n.º 139/2012 de 5 de Julho-anexo II)

O quadro que se segue descreve, segundo Decreto-Lei n.º 139/2012, a carga letiva semanal em minuto no Ensino Básico 3.º ciclo (Tabela 6).

Ensino básico — 3.º ciclo

Componentes do currículo Carga horária semanal (a)

7.º ano 8.º ano 9.º ano Total do ciclo Áreas disciplinares Português Línguas Estrangeiras 200 270 200 225 200 225 600 720 Inglês;

Língua Estrangeira II;

Ciências Humanas e Sociais 200 200 250 650

História; Geografia; Matemática

Ciências Físicas e Naturais

200 270 200 270 200 270 600 810 Ciências Naturais; Físico -Química; Expressões e Tecnologias (b) 300 (b) 300 250 850 Educação Visual;

TIC e Oferta de Escola (c); Educação Física.

Educação Moral e Religiosa (d) (45) (45) (45) (135) Tempo a cumprir 1 530 (1 575) 1 485 (1 530) 1 485 (1 530) 4 500 (4 635) Oferta Complementar (e) (e) (e) (e)

Tabela 7-— 3.º ciclo- Carga letiva semanal em minuto (Decreto-Lei n.º 139/2012)

“(a) Carga letiva semanal em minutos, referente a tempo útil de aula, ficando ao critério de cada escola a distribuição dos tempos pelas diferentes disciplinas de cada área disciplinar, dentro dos limites estabelecidos — mínimo por área disciplinar e total por ano ou ciclo.

(b) Do total da carga, no mínimo, 90 minutos para Educação Visual. (c) Nos termos do disposto no artigo 11.º

(d) Disciplina de frequência facultativa, nos termos do disposto no artigo 15.º, parte final, com carga fixa de 45 minutos.

(e) Frequência obrigatória para os alunos, desde que criada pela escola, em função da gestão do crédito letivo disponível, nos termos do disposto no artigo 12.º

Se da distribuição das cargas em tempos letivos semanais resultar uma carga horária total inferior ao tempo a cumprir, o tempo sobrante é utilizado no reforço de atividades letivas da turma.” (Decreto-Lei n.º 139/2012)

De acordo com decreto-lei 401/91 de 16 Outubro, artigo 15º, nº 2, a componente de formação sociocultural tem como objetivo integrar a formação no processo de desenvolvimento pessoal, profissional e social dos indivíduos.

Estes cursos têm uma estrutura curricular organizada por módulos, o que permite maior flexibilidade e respeito pelos teus ritmos de aprendizagem. “A formação Profissional pode compreender componentes de formação sociocultural, prática, tecnológica e científica adequadas aos objetivos que prossegue aos níveis de qualificação para que prepara.” (Decreto-Lei 401/91, artigo 14º)

De acordo com decreto-Lei n.º 91/2013 de 10 de Julho que vem alterar Decreto-Lei n.º 139/2012 de 5 de julho a estrutura de curricular dos cursos de Ensino Secundário — Cursos profissionais é a seguinte:

O plano de estudos inclui três componentes de formação:  Sociocultural;

 Científica;  Técnica.

A componente de formação Técnica inclui obrigatoriamente uma formação em contexto de trabalho.

Como descrito no decreto-lei n.º 91/2013 de 10 de Julho, anexo VI o quadro seguinte (Tabela 8) demonstra e organiza o total de horas, ou carga horária não compartimentada pelos três anos de forma a otimizar a gestão modular e a formação em contexto de trabalho pelas disciplinas de cada componente de formação.

COMPONENTES DE FORMAÇÃO

DISCIPLINAS TOTAL DE HORAS / CICLO DE FORMAÇÃO Sociocultural Português 320h Língua Estrangeira I, II ou III 220h Área de Integração 220h Tecnologias da Informação e Comunicação/Oferta de Escola 100h Educação Física 140h Científica 2 a 3 disciplinas 500h Técnica 3 a 4 disciplinas 1100h Formação em Contexto de Trabalho 600h a 840h

Carga horária total/ Curso 3200h a 3440h

Tabela 9-Carga horária não compartimentada pelos três anos- Dec.- Lei n.º 91/2013 - anexo VI

Segundo o decreto-lei n.º 91/2013 de 10 de Julho, o total de horas é a carga horária global não compartimentada pelos três anos do ciclo de formação e é gerida pela escola, no âmbito da sua autonomia pedagógica, acautelando o equilíbrio da carga horária anual de forma a otimizar a gestão global modular e a formação em contexto de trabalho.

Relativamente à língua estrangeira I, II ou III, o aluno opta por uma língua estrangeira e se tiver estudado apenas uma língua estrangeira no ensino básico, pelo que iniciará obrigatoriamente uma segunda língua no ensino secundário.

De acordo com decreto-lei n.º 91/2013 de 10 de Julho, no que se refere às disciplinas científicas de base, devem ser fixadas em regulamentação própria, em função das qualificações profissionais a adquirir. Relativamente às componentes de formação técnica, as três a quatro disciplinas são referentes a disciplinas de natureza tecnológica, técnica e prática estruturante da qualificação profissional visada.

Como descrito no decreto-Lei n.º 91/2013 de 10 de Julho, a formação em contexto de trabalho visa a aquisição e o desenvolvimento de competências técnicas, relacionais e organizacionais relevantes para a qualificação profissional a adquirir.

A Portaria n.º 74-A/2013 de 15 de Fevereiro, artigo 6º, descreve que estes cursos culminam com a apresentação de um projeto, designado por Prova de Aptidão Profissional (PAP), no qual demonstrará as competências e saberes que desenvolveu ao longo da

formação. Trata-se de apresentar e defender, perante um júri, um projeto, consubstanciado num produto, material ou intelectual, numa intervenção ou numa atuação, dependendo da natureza dos cursos, bem como do respetivo relatório final de realização e apreciação crítica, demonstrativo de conhecimentos e competências profissionais adquiridos ao longo da formação e estruturante do futuro profissional do aluno.

Ao concluir com aproveitamento um Curso Profissional nível 4 de qualificação do QNQ, obtém-se o equivalente ao ensino secundário e certificação profissional. Caso não conclua o ensino secundário, fica apenas com certificado de nível 3 de qualificação do QNQ. A conclusão de um Curso Profissional nível 4 permite o prosseguimento de estudos/formação num Curso de Especialização Tecnológica ou o acesso ao ensino superior, mediante o cumprimento dos requisitos previstos no regulamento de acesso ao ensino superior. (anexo II-Portaria n.º 782/2009 de 23 de Julho)

O despacho normativo n.º 29/2008 de 5 de Junho introduziu alterações ao despacho normativo n.º 36/2007, de 8 de Outubro, que regula o processo de reorientação do percurso formativo dos alunos que facilite a mudança entre cursos do nível secundário de educação abrangidos pelo decreto-lei n.º 74/2004, de 26 de Março. As alterações introduzidas procuraram aperfeiçoar os mecanismos de reorientação existentes, sobretudo através da adoção de soluções mais flexíveis e de um reforço da diversidade da atual oferta formativa do nível secundário de educação, incidindo, essencialmente, sobre o apuramento da classificação de disciplinas, nos regimes de permeabilidade e de equivalência a frequência de um curso do nível secundário de educação após a conclusão de um outro; a creditação de módulos concluídos com aproveitamento no curso de origem.