• Nenhum resultado encontrado

A participação da petrobrás na logística para exportação de etanol anidro

Capítulo 2 Mercados para o etanol: Brasil e exterior

3.2. Requisitos para o suprimento da demanda estimada para 2010 e 2015

3.2.3. Logística para exportação de etanol

3.2.3.1. A participação da petrobrás na logística para exportação de etanol anidro

A Petrobrás, através da sua subsidiária Transpetro, quer participar da logística para exportação de etanol. A Transpetro mostrou disposição em investir neste setor ao anunciar parcerias com empresas privadas para a construção de tanques e dutos, com a finalidade de transportar o etanol anidro das regiões produtoras do Estado de São Paulo para os principais mercados internacionais. Em entrevista ao jornal Valor Econômico, em 02/12/2004, Eduardo de Carvalho diz que “não há como ignorar que a Petrobrás97 tem o maior know-how do mundo tratando-se de etanol, é especialista em logística e na mistura do álcool etílico anidro à gasolina. Na cadeia de exportação a Petrobrás poderá contribuir tanto na logística, fazendo o etanol chegar

97

O Sistema Petrobrás foi o principal agente utilizado pelo Governo Federal na estruturação do Proálcool, construindo uma complexa estrutura logística de armazenagem e transporte necessária ao sucesso do programa, envolvendo-se desde os testes em motores, em parceria com a indústria automobilística, a estudos de movimentação e armazenagem do produto, em conjunto com as distribuidoras e os produtores. A estrutura disponibilizada, na qual se inclui até a frota marítima, permitiu que os custos do álcool etílico fossem minimizados a ponto de tornar-se competitivo com a gasolina.

até os portos, como, pela sua experiência internacional, na avaliação das negociações”. Hoje, a Petrobrás, em função da experiência adquirida, coloca-se como o trader98 mais competitivo na comercialização de etanol para o mercado externo, em condições de prestar consultoria na implantação de programas assemelhados em escala nacional, envolvendo as questões de logística integrada, legislação, tributária, comercial e técnica (Sauer, 2004).

Segundo Gomes (2004), os projetos da Petrobrás para a exportação de etanol anidro estão sendo estudados e estruturados desde o início de 2004, em função do posicionamento de mercado. Embora a Petrobrás já esteja preparada para exportar álcool etílico, o que se estuda é a criação de instalações dedicadas e exclusivas para o transporte deste produto. Com a atual infra- estrutura da Transpetro, visando exportação, o etanol pode ser recebido nos terminais rodoviários e ferroviários da BR Distribuidora (subsidiária da Petrobrás), transportado por dutos da Transpetro e armazenado para formar escala para embarque para o exterior. A infraestrutura da Transpetro para transporte de etanol na região Centro-Sul é apresentada na Figura 28. Os oito centros coletores de álcool etílico por via rodoviária, com capacidade de armazenamento de 90 mil m³, estão localizados próximos aos principais centros produtores. Através da malha ferroviária, o produto pode atingir os portos de Paranaguá (PR) e Santos (SP), bem como o terminal ferroviário de Paulínia (SP), interligado à malha dutoviária da Transpetro, com acesso ao Porto Ilha D’água em Duque de Caxias (RJ).

98

A entrada da Petrobrás na comercialização de etanol anidro, na condição de trading company, contribuirá para reduzir os custos logísticos da cadeia exportadora deste produto, atualmente um dos maiores entraves. O diretor presidente da Sociedade Corretora do Álcool (SCA), Jacyr Costa Filho, em entrevista ao jornal gazeta mercantil em 03/06/2005, calcula que “os investimentos que a petroleira terá que fazer para escoar a produção a ser exportada para países como Venezuela, Japão e China reduzirão o custo de transporte dos atuais US$ 40 por metro cúbico para algo em torno de US$ 20. Nos Estados Unidos, compara o executivo, esse custo limita-se a US$ 10 por metro cúbico”.

Fonte: Sauer (2004)

Figura 28. Infraestrutura Transpetro para transporte de etanol na região Centro-Sul.

No que se refere à infra-estrutura para exportação de etanol anidro para atendimento das demandas projetadas para 2010 e 2015, será necessária a ampliação da tancagem e melhoria no sistema de descarga e expedição nos centros coletores de etanol; ampliação da malha e desvios ferroviários, bem como tração e vagões; melhoria das facilidades portuárias, principalmente nos portos de maior calado (e.g., São Sebastião (SP) e Duque de Caxias (RJ)), tancagem, linhas de recebimento e expedição; instalação de novos dutos, estações de bombeamento e tancagem intermediária desde as regiões de produção até os terminais aquaviários, e um sistema de movimentação exclusiva para álcool etílico carburante aproveitando as áreas de servidão dos polidutos de derivados de petróleo (Gomes, 2004).

Divididos em fases e projetados para o aumento da produção, a Petrobrás pretende fazer investimentos para viabilizar uma política mais adequada para a exportação do etanol brasileiro, visto que, com comentado, o custo da logística tem forte impacto no preço final do produto. Em entrevista ao Jornalcana de julho de 2004, o gerente-geral de novos negócios da Transpetro, Marcelino Guedes Gomes e o coordenador de desenvolvimento de negócios e parcerias da Transpetro, Emanuel Nazareno Filho, salientaram que a Petrobrás Transporte S/A - Transpetro projeta que o etanol brasileiro poderá iniciar a sua viagem, para o exterior, passando por linhas de dutos da Petrobrás, que disponibilizará toda a sua infraestrutura de armazenagem e transporte nos portos. Uma das prioridades é estabelecer uma saída marítima pelo Rio de Janeiro. Para isto, o programa entra, de imediato, na chamada fase "zero", que é a utilização da atual ligação de dutos entre São Paulo e Rio de Janeiro. Para a implantação da fase 1 serão necessários investimentos para a construção de um novo duto de 190 quilômetros, de Paulínia (SP) até Taubaté (SP), para transportar exclusivamente álcool etílico. De Taubaté (SP), o combustível seguirá "viagem" até o Porto de Duque de Caxias (RJ), terminal Ilha D’Água, pela rota já existente. Na fase 2 prevê-se a ligação entre Ribeirão Preto/Sertãozinho (SP) e Paulínia (SP), através da construção de um alcoolduto de 200 quilômetros, para o escoamento da produção de Ribeirão Preto/Sertãozinho (SP) até a Replan em Paulínia (SP).

A Transpetro também analisa a viabilidade de construção de uma linha de dutos de 90 quilômetros, interligando Paulínia (SP) a Conchas (SP), como possibilidade de aproveitamento, nessa região, da hidrovia Tietê-Paraná, o que criará condições favoráveis para o transporte de etanol desde a região Oeste de São Paulo, do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Outro trecho da rota, que deverá ser definido posteriormente, é a interligação da Replan até o litoral paulista, ou seja, aos portos de Santos (SP) ou de São Sebastião (SP). De qualquer maneira, a participação da Petrobrás nas exportações de etanol anidro brasileiro deverá ser bastante positiva para as usinas e destilarias, que serão beneficiadas pela credibilidade e experiência da empresa nessa área. Na Figura 29 é apresentado um fluxograma resumindo o projeto da Transpetro para exportação de etanol anidro.

Fonte: Petrobrás -Transpetro (Gomes, 2004)