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Parte I: A proposta de convergência

3. A pensão de velhice

A pensão de velhice consiste numa prestação pecuniária destinada a pessoas que deixaram de trabalhar por terem atingido a idade de aposentação.

Este montante pecuniário tem como âmbito pessoal os trabalhadores por conta de outrém, trabalhadores independentes, membros de órgãos estatutários de pessoas coletivas e beneficiários do seguro social.

Para requerer esta pensão é necessário no entanto um prazo mínimo de descontos, embora no RGSS a aposentação não seja obrigatória ao contrário do que acontece na Caixa

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Geral de Aposentações em que é obrigatória, salvo devidas exceções em que seja invocado o interesse público.103

No caso do RGSS 104 a idade de aposentação é de 65 anos105, sendo requisito para receber

esta prestação pelo menos 15 anos de descontos para este regime106.

No entanto, é importante salientar que existem exceções à idade da reforma, entre as quais se destacam as profissões de desgaste rápido, designadamente mineiros, trabalhadores marítimos, profissionais de pesca, controladores de tráfego aéreo, bailarinos, trabalhadores portuários e bordadeiras da Madeira (mantendo-se o requisito dos 15 anos obrigatórios de contribuições).

A idade normal de acesso à pensão de velhice mantém-se em 65 anos relativamente aos beneficiários que estejam impedidos por via legal de continuar a prestar atividade laboral e os que tenham efetivamente prestado pelo menos nos cinco anos civis imediatamente anteriores ao ano de início da pensão.

No dia em que o beneficiário faça 65 anos, a idade normal de acesso à pensão é reduzida em 4 meses por cada ano civil acima dos 40 anos de carreira contributiva com registo de renumerações, não podendo a redução resultar no acesso à pensão de velhice antes daquela idade (65 anos).

Para efeitos da determinação da idade normal não são contados apenas os períodos de contribuição no regime geral como também os períodos de bonificação e os períodos de seguro contados por totalização comunitária 107ou por totalização com a Caixa de Abono de Família dos

Empregados Bancários (doravante CAFEB).

O prazo de garantia obedece a uma contagem diferente em dois períodos distintos, designadamente: os descontos efetuados até 31 de Dezembro de 1993, por cada periodo de 12 meses com registo de descontos para a Segurança Social conta como 1 ano para o prazo de garantia; os descontos efetuados a partir de 1 de Janeiro de 1994, por cada ano de trabalhado e descontado para a Segurança Social, pelo menos, 120 dias (seguidos ou não), conta como 1 ano para o prazo de garantia.

103 Cfr. Portaria nº 15972011 de 15 de Abril.

104 Acerca da pensão de velhice atribuída pelo RGSS vide a este respeito Pensão de Velhice- Guia Prático, Segurança Social disponível em

http://www4.seg-social.pt/documents/10152/15012/pensao_velhice.

105 Veja-se o Decreto-Lei 187-E/2013 e da Portaria 378-G/2013.

106 Cfr. Artigo 19º do DL 187/2007.

107 Os períodos de seguro totalização comunitária referem-se aos períodos de seguro, de emprego ou de residência cumpridos num país da

UE são tidos em conta em todos os outros países da UE. Isto significa que a aquisição do direito às prestações num determinado Estado deve ter em conta os períodos de seguro, de emprego, de atividade por conta própria ou de residência cumpridos noutro Estado-Membro da UE. Ver a este respeito o Regulamento (CE) nº833/2004 disponivel em http://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/?uri=URISERV:c10521.

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Os anos com menos de 120 dias de descontos podem ser agrupados aos anos seguintes (que também tenham menos de 120 dias) até completar os 120 dias necessários para contar como 1 ano.

Porém, o contribuinte (caso não esteja impedido) pode manifestar a sua vontade em continuar a trabalhar e aí haverá uma bonificação108. Esta bonificação tem um fator fixo que é a

carreira contributiva, sendo que a taxa aumenta conforme o período de densidade contributiva for maior (se for de 15 a 24 anos beneficia de uma taxa de 0,33%, de 25 a 34 anos de uma taxa de 0,5%, de 35 a 39 anos uma taxa de 0,65% e 40 anos ou mais uma taxa de 1%).

Pode no entanto ocorrer o inverso, ou seja, o beneficiário requerer a pensão antecipadamente por, nomeadamente se encontrar desempregado há muito tempo109 (longa

duração. Neste caso a pensão ao ser diferida é calculada com uma penalização, mais um concretamente uma redução da pensão de acordo com três fatores: data em que pediu o subsídio de desemprego, a idade e os anos de desconto.

Dentro desta redução, distinguem-se dois períodos temporais e por sua vez dentro de cada periodo temporal existem duas situações diferentes, a saber:

Até 31 de Dezembro de 2006, se ficou desempregado quando tinha 50 anos ou mais e descontou pelo menos 20 anos para a Segurança Social, começando a receber a pensão aos 55 anos ou mais, tendo esgotado o subsídio desemprego ou o subsídio social de desemprego e encontrar-se em situação de desemprego involuntário, a redução da pensão será de 0,5% por cada mês de antecipação em relação aos 60 anos;

Se ficou desempregado quando tinha 55 anos ou mais e começou a receber a pensão aos 60 anos, mesmo esgotado o subsídio de desemprego e encontrando-se em situação de desemprego involuntário, não haverá qualquer penalização.

A partir de 1 de Janeiro de 2007, se ficou desempregado aos 52 anos ou mais e descontou pelo menos 22 anos, começando a receber a pensão aos 57 anos ou mais, esgotado o subsídio de desemprego ou o subsídio inicial de desemprego, continuando em situação de desemprego involuntário, sofrerá uma penalização de 0,5% por cada mês de antecipação em relação aos 62 anos.

Se ficou desempregado aos 57 anos ou mais, começando a receber a pensão aos 62 anos, mesmo esgotado o subsdio de desemprego e mantendo-se a situação de desemprego

108 No ano de 2014, a bonificação conta-se a partir do mês em que o beneficiário tinha direito à pensão e o mês em que efetivamente a

requereu com o limite de 70 anos.

48 involuntário, não sofrerá qualquer penalização.

Porém assinala-se o facto de à redução do valor da pensão, no caso da situação de desemprego resultar de uma situação de acordo com a entidade empregadora, passa a ser acrescida à pensão uma redução adicional e temporária resultante da fórmula 1 – (n x 0,25%) em que n corresponde ao número de meses de antecipação entre os 62 anos e a idade normal de acesso à pensão de velhice em vigor, anulando-se esta redução a partir do momento em que o beneficiário atinja a idade normal de acesso à pensão.

No cálculo das pensões 110 de velhice também foi introduzido o fator de sustentabilidade111.

Este fator aplica-se em três situações: às pensões de velhice iniciadas até 31 de Dezembro de 2013, às pensões de velhice iniciadas em 2014 e atribuídas antes da idade normal de acesso à pensão e às pensões de velhice à data em que ocorra a convolação de pensões de invalidez relativa e absoluta com menos de 20 anos.

No entanto, este fator não será aplicado nos casos das pensões atribuídas na idade normal de aposentação e nos casos em que à data em que ocorra as convolações de pensões de invalidez absoluta.

Para tal, é necessário que o beneficiário receba a pensão de invalidez absoluta há mais de 20 anos na data em que complete a idade normal para aposentação bem como, estiver inscrito na Segurança Social em 1 de Junho de 2007 e tiver recebido a pensão de invalidez absoluta por mais de metade do tempo desde essa data até aquela em que complete a idade normal de acesso à pensão de velhice.

Quanto ao regime da CGA112, remetemo-nos para as mesmas fórmulas113 descritas em

sede de pensão de invalidez mas com as devidas adaptações, nomeadamente em vez de se ler expressão “pensão de invalidez” deverá ler-se “pensão por velhice”114).

Destaca-se apenas o caso de aposentação antecipada em que, a partir de 2009, o beneficiário apenas a poderá requerer caso tenha completado 55 anos de idade e possua, pelo

110 As formas de cálculo a aplicar são as mesmas que foram explicadas em sede da pensão por invalidez.(artigos 32º e seguintes do referido

Decreto-Lei). O efeito redutor do fator de sustentabilidade no cálculo das pensões é de 5,43%.

111 Artigo 35º do referido DL 187/200).

112 Neste âmbito são abrangidos:

• todos os tipos de atividade e de serviços, independentemente da sua duração, regularidade e, quando onerosos, forma de remuneração e todas as modalidades de contratos, independentemente da respetiva natureza, pública ou privada, laboral ou de aquisição de serviços; e

• todos os serviços da administração central, regional e autárquica, empresas públicas, entidades públicas empresariais, entidades que integram o setor empresarial regional e municipal e demais pessoas coletivas públicas.

113 As novas fórmulas já contém as alterações introduzidas pela Lei 11/2014 de 6 de Março, procedendo à quarta alteração à Lei n.º

60/2005, de 29 de dezembro, à terceira alteração ao Decreto-Lei n.º 503/99, de 20 de novembro, e à alteração do Estatuto da Aposentação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 498/72, de 9 de dezembro, e revogando normas que estabelecem acréscimos de tempo de serviço para efeitos de aposentação no âmbito da Caixa Geral de Aposentações.

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menos, 30 anos de serviço, embora seja aplicada uma penalização, de 0,5% por cada mês que faltar ao subscritor para atingir a idade legalmente fixada, que em 2014 e 2015 é de 65 anos e em 2016 será de 66 anos.

Em jeito de conclusão, ficam assim descritas as diferenças no cálculo das várias pensões. Constatam-se assim as disparidades existentes no cálculo das pensões entre os regimes, com tendência favorável para o futuro beneficiário no regime da CGA.