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2. A recolha de dados

2.1. A pesquisa arquivística

Na medida em que os estudos de caso enfatizam a “interpretação em contexto”, buscando retratar a realidade de forma completa e profunda, exigem naturalmente que se recorra a uma grande variedade de fontes de informação. Daí que a pesquisa arquivística seja uma das técnicas de recolha e de verificação de dados que aparece associada à investigação naturalista. Esta técnica visa, assim, «o acesso às fontes pertinentes, escritas ou não, e, a esse título faz parte integrante da heurística da investigação» (Albarello et al, 2005:30). Segundo estes investigadores (Idem:30) e Quivy e Campenhoudt (2005:202), a pesquisa arquivística é considerada como um

verdadeiro método de investigação.

Para Albarello et al. este método abre, muitas vezes, a porta à utilização de outras técnicas de investigação, com as quais mantém relações de complementaridade (Albarello et al, 2005:30). De facto, na presente investigação, a mesma encontra-se inequivocamente associada à técnica da entrevista e da análise de conteúdo.

Por pesquisa arquivística ou documental entende-se a «utilização de informação

existente em documentos anteriormente elaborados, com o objectivo de obter dados relevantes para responder às questões da investigação» (Afonso, 2005:88).

De acordo com este autor, através da utilização desta técnica de recolha de dados, o investigador pode recorrer a três tipos de documentos para obter os dados que necessita: documentos oficiais, documentos públicos e documentos privados (Afonso, 2005:89). Entendemos que o primeiro tipo de documentos engloba todos aqueles que se encontram arquivados ou nas páginas web dos diversos serviços e organismos da Administração Pública central e local. Na presente investigação, assumem particular

relevância aqueles documentos que se reportam ao sistema educativo nacional e local, em especial os constantes nos arquivos e nas páginas web das autarquias locais e das escolas da área educativa objecto de estudo e do Ministério da Educação.

O segundo tipo de documentos - os documentos públicos - compreende as publicações na comunicação social e a documentação distribuída ou vendida por entidades privadas (idem: 90), ou seja, a documentação de divulgação pública, não incluída na categoria de documentos anteriores.

Por último, os documentos privados podem ser classificados por exclusão de partes, incluindo os restantes documentos ainda não englobados nos dois tipos anteriores. Relativamente à investigação em educação, são fontes de informação desse tipo a correspondência trocada entre encarregados de educação, os diários pessoais dos agentes educativos, os cadernos diários dos alunos, a agenda do professor, os planos de aula, entre muitos outros.

Uma das vantagens resultantes da utilização desta técnica de investigação reside no facto de tratar-se de uma metodologia não interferente (idem:88), ou seja, não existe o risco de contaminação dos dados por efeito da presença do investigador, uma vez que os dados não são directamente recolhidos por este.

Quivy e Campenhoudt consideram que outras das vantagens da utilização desta metodologia é a inerente economia de tempo e de dinheiro, evitando-se, assim, o recurso fastidioso às sondagens e aos inquéritos por questionário e a valorização de uma documentação que não pára de crescer (Quivy e Campenhoudt, 2005:2003).

No presente estudo de caso, no que se refere à caracterização geográfica, demográfica, social e económica do território educativo e à caracterização do sistema educativo de ensino não superior, privilegiámos o recurso aos documentos oficiais, em particular aqueles que estavam disponíveis nas páginas web do Instituto Nacional de Estatística (www.ine.pt), do Gabinete de Estatística e Planeamento da Educação (GEPE) (www.gepe.min-edu.pt), da Câmara Municipal de Polar, das Juntas de Freguesias abrangidas pelo mesmo, de municípios e freguesias vizinhos e de várias escolas inseridas nessa área educativa. Relativamente aqueles dados que não conseguimos obter por essa via, requeremos e obtivemos, junto da Câmara Municipal de Polar e do Centro de Apoio às Escolas a funcionar na Escola Toledo, cópia electrónica do Plano Director

Municipal e da Carta Educativa e dados referentes às escolas, alunos e turmas existentes no ano lectivo 2008/2009, respectivamente.

Além disso, através do Directório Empresas e Informa, disponível na página web http://www.infoempresas.com.pt, obtivemos dados actualizados sobre a actividade económica e empresarial da região. Pensamos que, neste caso concreto, trata-se de dados não oficiais, que sendo disponibilizados ao cidadão comum, podem ser considerados como públicos.

No que se refere à caracterização da Escola Toledo, também recorremos a diferentes fontes de informação. Além daqueles que já foram referenciados acima, importa destacar os documentos que são disponibilizados na página web da respectiva instituição, nomeadamente, o Projecto Educativo 2007-2010, o Plano Curricular de Escola 2009, o Regulamento Interno, a oferta educativa e formativa de escola, o número de turmas e de alunos por turma, os nomes dos directores de turma e informações referentes à Associação de Pais e de Alunos. Além desses dados, obtive junto dos Serviços de Administração Escolar da Escola informação-síntese sobre turmas e alunos matriculados no ano lectivo 2008-2009 e sobre pessoal não docente e tive acesso ao Projecto Educativo e ao Projecto Curricular referentes ao período de 2002-2006. Toda essa documentação pode ser considerada como oficial, uma vez que foi directamente fornecida por serviços periféricos da Administração Pública.

Também solicitei, por escrito, junto da direcção da Escola “Toledo” informação em suporte digital ou em formato papel sobre os resultados da avaliação interna da Escola, mas inexplicavelmente não obtive qualquer resposta. Tendo contactado pessoalmente a direcção da escola, na pessoa de um Assessor, de modo a obter os dados pretendidos, foi-nos dito que não sabia onde se encontravam. Em contrapartida, indicou-nos o site da Inspecção-Geral de Educação onde já se encontravam disponíveis os resultados da Avaliação Externa da Escola. Embora as entrevistas e uma boa parte da recolha dos dados tenham sido efectuadas durante o ano lectivo 2008/2009, período durante o qual decorreu a avaliação interna da escola, à data em que deixámos de exercer funções nessa escola – Agosto de 2009 - ainda não tinham sido divulgados os resultados dessa avaliação, pelo que acabámos por não ter acesso aos mesmos. Assim, recorremos ao site da Inspecção-Geral de Educação (http://www.ige.min-edu.pt) onde pudemos aceder ao Relatório de Avaliação Externa da Escola 2009-2010 e ao Contraditório da Escola,

datado de 3 de Maio de 2010, por conseguinte, documentos oficiais disponibilizados por esse organismo. Convém contudo realçar que, em anexo ao Contraditório da escola, também existem documentos públicos, os quais foram também relevantes para a obtenção de dados. Além destes documentos tivemos ainda em consideração outras notícias divulgadas pelos órgãos da comunicação social.

No que se refere a documentos particulares, importa referir a importância dos dados compilados no diário da investigação, elaborado entre 7.01.2009 e 14.02.2010 e a documentação disponibilizada pelo Presidente da Associação de Pais e de Encarregados de Educação relativamente aos corpos sociais da mesma e contactos dos seus membros.