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A PESQUISA COM OBSERVADOR PARTICIPANTE

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processo de aprendizagem que pode ser desenvolvido pela técnica de grupos operativos. Nenhum atraso, falta, abandono de um integrante ou inserção de novos deve ser subestimado ou passar em branco. Suas presenças e pontualidade devem ser valorizadas como uma contribuição muito importante ao processo grupal.

1.3. A PESQUISA COM OBSERVADOR PARTICIPANTE

a) Considerações sobre as limitações dos delineamentos de pesquisa

A literatura sobre o delineamento de pesquisa científica não é muito ampla, no sentido de classificar e descrever os diferentes enfoques, métodos e/ou tipos de pesquisa. Existem invariavelmente muitas sobreposições e lacunas entre os vários autores, relativamente às suas proposições. A fim de poder descrever algumas características do presente estudo, apresentaremos, inicialmente, uma rápida visão sobre esse assunto no sentido de formular um quadro de referência.

O método consiste de técnicas suficientemente gerais para se tornarem comuns a todas as ciências ou a uma significativa parte delas (KAPLAN, 1969:25). Deduz-se desta definição que método é procedimento mais geral, mais abrangente, enquanto a técnica é mais específica.

A definição de método, segundo CERVO e BERVIAN (1983:23): “Em seu sentido mais geral, o método é a ordem que se deve

impor aos diferentes processos necessários para atingir um fim dado ou um resultado desejado. Nas ciências, entende-se por método o conjunto de processos que o espírito humano deve empregar na investigação e demonstração da verdade.”

A rigor, reserva-se a palavra método para significar o traçado das etapas fundamentais da pesquisa, enquanto técnica significa os diversos procedimentos ou a utilização de diversos recursos peculiares a cada objeto de pesquisa, dentro das diversas etapas do método.

Quanto à classificação da pesquisa, consideramo-na quanto aos objetivos de pesquisa descritiva – os fatos são observados, registrados, analisados, classificados e interpretados, sem que o pesquisador interfira sobre eles. Portanto, os fenômenos do mundo físico e humano são estudados, mas não manipulados pelo pesquisador.

Assim, podemos considerar que os estudos de pesquisa diferem quanto à sua natureza básica e quanto aos métodos de que utilizam. A natureza diz respeito aos objetivos predominantes para os quais os estudos se orientam (SELLTIZ, 1974), que podem ser considerados basicamente em número de três: exploratórios, descritivos e causais. Os exploratórios procuram fundamentalmente descobrir idéias e intuições, utilizando-se de processos de pesquisa suficientemente flexíveis, de modo a permitir a consideração de muitos aspectos diferentes de um fenômeno; os estudos descritivos têm por objetivo apresentar mais precisamente as características de uma situação e verificar a freqüência com que um certo fenômeno ocorre.

A principal característica desse tipo de estudo é a exatidão e, por isso, é necessário um planejamento que reduza o viés e amplie a precisão; finalmente, os estudos causais procuram verificar uma hipótese de relação causal entre variáveis. Esses estudos exigem processos que não apenas reduzam o viés e aumentem a precisão, mas também permitam inferências a respeito da causalidade. Embora o termo causal tenha um significado bastante peculiar, a ciência moderna tem utilizado o termo para expressar uma série de interesses relativos à busca do entendimento, das relações entre variáveis que não apenas no sentido restrito de causalidade. (SELLTIZ et.. al, 1974).

Os métodos dizem respeito aos princípios básicos que governam os processos, procedimentos e técnicas específicas pelos quais os estudos são efetivamente conduzidos. Embora alguns autores façam uso, invariavelmente, dos termos métodos, tipos e mesmo enfoques, seis métodos básicos podem ser identificados: observação, levantamento, estudos “ex-post-facto”, pesquisa de campo, experimentos de campo e experimentos de laboratório (SELLTIZ et.. al, 1974; KERLINGER; 1964; NACHMIAS; NACHMIAS, 1976; FESTINGER; KARTZ, 1966). Esses métodos guardam uma relação direta com grau em que a pesquisa pode ser vista como experimental. Iniciando-se no método da observação e indo até ao do experimento laboratorial, podemos caracterizar, respectivamente, métodos de

pesquisa não experimentais, quase experimentais e verdadeiramente experimentais, no sentido de indicar a ênfase dada pelo pesquisador ao controle de variáveis intervenientes ou exógenas. Os autores consideram que mais da metade dos estudos de pesquisa na área de psicologia, sociologia, educação e antropologia são feitos segundo métodos não experimentais e/ou quase- experimentais.

A justificativa para enquadrá-lo como pesquisa de campo é que ele possui as características descritas na literatura como pertinentes a tal estudo. Sobre estas características gostaríamos de comentar mais longamente a fim de melhor explicitar seus conceitos, sub-tipos, potencialidades e fraquezas.

Nesse sentido, as pesquisas de campo têm sido vistas (KERLINGER, 1974) como qualquer estudo científico, grande ou pequeno, que sistematicamente persegue relações, testa hipóteses e que é conduzido em situações de vida, como comunidades, escolas, fábricas, organizações e instituições. Numa pesquisa típica de campo, o pesquisador escolhe situações sociais ou institucionais e então estuda relações entre atitudes, valores, percepções e comportamentos de indivíduos ou grupos. As pesquisas de campo podem ser divididas em duas categorias: exploratórios e preditivos (FESTINGER; KARTZ, 1966).

Os da primeira categoria procuram identificar variáveis que podem ser correlacionadas e os da segunda procuram predizer relações a serem confirmadas. Diríamos que o presente trabalho enquadra-se na segunda categoria, uma vez que hipóteses serão desenvolvidas para serem testadas a partir de variáveis já identificadas.

Os métodos baseados em pesquisa de campo são bastante apropriados para situações nas quais as variáveis são difíceis de ser operacionalmente definidas e medidas. Normalmente essa dificuldade não só é derivada da complexidade em si do fenômeno, mas também de sua natureza pouco explorada, o que implica a necessidade de um planejamento mais cuidadoso do processo pelo qual a pesquisa será conduzida, bem como, em muitos casos, para tornar o esforço viável na redução de sua amplitude (FESTINGER e KARTZ, 1976).

Por meio das pesquisas de campo é possível contribuir para a literatura em assuntos relativamente complexos, o que de outro modo seria impraticável, quer técnica quer economicamente. Os estudos têm sido vistos como uma forma de se

proporcionar um melhor entendimento acerca de determinados fenômenos, de possíveis impactos a eles associados, e de relacionamentos entre variáveis supostamente relevantes ainda que com sérias limitações, a principal das quais residindo no baixo poder de inferência dos resultados (KERLINGER, 1964).

Uma vez que o presente trabalho tenha sido considerado como típico pesquisa de campo, gostaríamos de frisar as principais potencialidades e fraquezas inerentes a tal método e que devem ser vistas, em maior ou menor grau, como características do presente esforço. Nesse sentido, fazendo-se uso da literatura, podemos destacar as seguintes potencialidades das pesquisas de campo:

- as pesquisas de campo são fortes em realismo e em significância prática;

- as pesquisas de campo são altamente flexíveis, permitindo ao pesquisador ir além de seu problema e considerar possíveis hipóteses alternativas;

- as pesquisas de campo colocam o pesquisador em contato bastante próximo com fenômenos sociais e organizacionais em progresso;

- as pesquisas de campo são ricas em levantar informações e proposições para serem consideradas por meio de métodos mais rigorosos de experimentação. - de outro lado, podemos destacar as seguintes fraquezas das pesquisas de

campo, a respeito das quais os pesquisadores que utilizam tal método deveriam estar cientes:

- nas pesquisas de campo, possíveis relações obtidas entre variáveis, são extremamente fracas no sentido da causalidade;

- as pesquisas de campo ignoram um largo número de fatores condicionantes dessas relações e, portanto, determinantes, em maior ou menor grau, do efeito final que constitui o interesse do pesquisador;

- as mensurações feitas na pesquisa de campo são geralmente mais imprecisas do que as concebidas em estudos experimentais. É muito comum nas pesquisas de campo o uso de medidas indiretas ou aproximadas, decorrentes da complexidade que caracterizam o fenômeno;

- um dos problemas das pesquisas de campo é que eles normalmente estão condicionados a problemas práticos de custo e tempo, que muitas vezes implicam redução da profundidade das mensurações e do tamanho da amostra; - um outro problema das pesquisas de campo é que eles dependem fortemente da

b. O observador participante

Nas ciências da natureza, segundo o ponto de vista tradicional, a observação científica é objetiva, no sentido de que o observador registra o que ocorre os fenômenos, que são externos e independentes dele, com abstração ou exclusão total de suas impressões, sensações, sentimentos e de todo o estado subjetivo; um registro de tal tipo é o que permite a verificação do observado por terceiros que podem reconstruir as condições da observação (BLEGER, 1979,1998).

Se o observador está condicionando o fenômeno que observa, pode-se objetar que, neste caso, não estamos estudando o fenômeno tal como ele é, mas sim em relação com a nossa presença, e, assim, já não se faz uma observação em condições naturais. O que se quer dizer com a expressão “observação em condições naturais”, refere-se a uma observação realizada nas mesmas condições em que se dá realmente o fenômeno.

O observador de grupos operativos tem uma percepção global do processo devido à sua distância ótima do grupo. Registra graficamente as comunicações verbais e gestuais dos integrantes e do coordenador, a fim de auxiliá- lo na elaboração da devolutiva para o grupo.

c. Objetivos :

1. Investigar o que pensam os adolescentes sobre a sexualidade;

2. Identificar e discutir os principais conflitos vividos pelos adolescentes com relação à sexualidade;

3. Analisar formas de manifestações culturais dos adolescentes sobre a sexualidade

II – MÉTODO

Utilizaremos o método de investigação clínica de abordagem psicanalítica de Pichon-Rivière, para obtermos uma compreensão da psicodinâmica do grupo de adolescentes com enfoque operativo

O esquema conceitual referencial operativo considerou uma série de fatores, tanto conscientes como inconscientes, que regem a dinâmica de qualquer campo grupal, e que se manifestam nas três áreas: mente, corpo e mundo exterior. Em linhas gerais, os grupos operativos propriamente ditos cobrem os seguintes quatro campos: ensino-aprendizagem, institucionais, comunitários e terapêuticos.

Salientamos, que o nosso estudo enfoca ensino-aprendizagem e a ideologia fundamental deste tipo de grupo é a de que o essencial é “aprender a aprender”, e que “mais importante do que encher a cabeça de conhecimentos é formar cabeças”, criar “grupos de reflexão”.

Por meio da troca de informações entre as pessoas é possível haver aprendizagem e gerar uma mudança qualitativa na resolução das ansiedades, uma adaptação criativa à realidade, para uma produção conjunta dos objetivos comuns concretizados nas tarefas (GAYOTTO, 2001).

2.1 PARTICIPANTES

Delineamento de “pesquisa de campo”

Considerando-se que, teoricamente, a população para este estudo constitui-se de um grupo de uma comunidade religiosa específica, desde quando este estudo foi concebido, há cerca de dois anos, o nosso interesse, em termos de amostragem, tem sido voltado ao tipo não probabilístico.

Tendo em vista que essas idéias nos parecem altamente válidas, desde que consideradas as devidas limitações, usamos um processo de aproximação gradativa para escolher os casos julgados como típicos da população em que estamos interessados.

A comunidade religiosa autorizou os estudos com os adolescentes, tendo em vista ser um assunto já explorado nas palestras e orientações com os mesmos, e acreditou que com essa abertura e com uma abordagem do tema de uma forma diferenciada, poderia ser de grande contribuição para a comunidade. Para tanto, procederam as inscrições da seguinte forma:

Primeiro passo – Divulgação - Divulgação nos cultos , nas palestras e nas

orientações aos adolescentes, para os interessados no tema sexualidade que estivessem dentro das seguintes condições: limite de idade de 12 a 18 anos; ambos os sexos; sem distinção de cor, credo, raça, condições financeiras e que residam na Zona Leste; o período de inscrição esteve durante os meses de março e abril de 2003.

Segundo passo – Inscrições - As inscrições foram disponibilizadas com

um representante dos adolescentes, não houve critérios de exclusão, podendo ser rapazes e moças entre 12 a 18 anos – essa faixa etária foi acordada com o líder da comunidade religiosa por ser um público que já está sendo assistido nas orientações e palestras sobre a sexualidade e, que residam na Zona Leste, para facilitar a locomoção dos participantes ao local da realização dos encontros dos grupos.

Terceiro passo - Limitação de Participante - Foram inscritos 22

adolescentes (10 moças e 12 rapazes), sendo que no primeiro encontro participaram 15 adolescentes (8 moças e 7 rapazes).

Quadro 2- PERFIL DOS PARTICIPANTES

Rapazes participantes Idade Escolaridade

02 14 anos 8ª série

03 16 anos 2° série do Ensino Médio

01 17 anos Ensino Médio completo

01 18 anos 3° Técnico Informática

Moças participantes Idade Escolaridade

01 12 anos 7ª série

02 13 anos 8ª série

01 13 anos 7ª série

01 14 anos 1ª série do Ensino Médio 01 15 anos 1ª série do Ensino Médio 01 15 anos 2ª série do Ensino Médio

01 17 anos Curso pré-vestibular

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