• Nenhum resultado encontrado

O PME surge como uma ação da política pública de educação integral no segundo mandato do governo Lula, como resultado de um relatório da UNESCO, lançado em 2006, com dados desanimadores apesar da política de universalização do Ensino Fundamental instituída no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O país contemplava altas taxas de repetência, evasão escolar e,

consequentemente, de analfabetismo e sofria com altas taxas de desemprego, além dos salários baixos aos que se encontravam empregados.

É nesse contexto que o Programa Mais Educação surge, propondo, como reação, em uma de suas metas: “IV – combater a repetência, dadas às especificidades de cada rede, pela adoção de práticas como aulas de reforço no contraturno, estudos de recuperação e progressão parcial”. (BRASIL, 2009, p. 13).

Em 2007, no Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), estabelece- se o Plano de Metas “Compromisso Todos pela Educação”, por meio do Decreto nº 6.094 de 24 de abril de 2007, Portaria Normativa Interministerial nº 17 e nº 19, de 24 de abril de 2007 que normatiza o Programa Mais Educação. Além disso, no mesmo ano, na sua homologação, o FUNDEB já vem direcionando recursos para educação básica em tempo integral.

A campanha tem como slogan “Compromisso Todos pela Educação”. No Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), é o principal instrumento direcionado para a conquista da qualidade da educação. Além disso, solicita a colaboração de todos os envolvidos no processo de educar, tais como professores, gestores, pais, comunidade, bem como parceiros para participar do planejamento das diretrizes e metas educacionais e, por conseguinte, das estratégias voltadas para implementação e consecução, pois serão envolvidos no processo de acompanhamento, controle e avaliação dos resultados dessas metas. (BRASIL, 2009, p. 13).

Neste mesmo ano, o Ministério da Educação publica o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) que, em seu bojo, contempla “O Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação” e apresenta 28 diretrizes voltadas para a melhoria da qualidade da educação básica. Replicam aquelas direcionadas para educação integral e/ou para ampliação do tempo na escola, ancorando-se nesses pressupostos;

IV. Combater a repetência dada às especificidades de cada rede, pela adoção de práticas como aulas de reforço no contraturno, estudos de recuperação e progressão parcial; […]

VII. Ampliar as possibilidades de permanência do educando sob a responsabilidade da escola para além da jornada regular. (BRASIL, 2007a).

O Programa Mais Educação tem como objetivo fomentar a educação integral por meio de atividades socioeducativas no contraturno escolar. Vale evidenciar a concepção da educação integral do ser humano. Vejamos:

Art. 1º - Instituir o Programa Mais Educação com o objetivo de contribuir para a formação integral de crianças e adolescentes e jovens por articulação de ações, de projetos e de programas do governo federal. E suas contribuições às propostas, visões e práticas curriculares das redes públicas de ensino e das escolas, alterando o ambiente escolar e ampliando a oferta de saberes, métodos, processos e conteúdos educativos. (BRASIL, 2007b).

Ademais, a portaria interministerial orienta que a ampliação do tempo escolar seja direcionada à formação integral do indivíduo, como elenca o art. 6º: “Contemplar a ampliação do tempo e do espaço educativo de suas redes e escolas, pautada pela noção de formação integral”.

Para a implementação do Programa em 2008, foram definidos 546 municípios a partir do conjunto dos seguintes critérios: poderiam participar todas as capitais dos estados brasileiros, as cidades das regiões metropolitanas com mais de 300 mil habitantes e ter escolas municipais ou estaduais com IDEB abaixo de 2,9, bem como os municípios teriam que assinar o termo de adesão, “Compromisso Todos pela Educação”; (BRASIL, MEC, 2007).

O Programa Mais Educação é operacionalizado pela Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD), em parceria com a Secretaria de Educação Básica (SEB), por meio do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) para as escolas prioritárias. As atividades fomentadas foram organizadas por macrocampos como: o acompanhamento pedagógico que trabalha com letramento, Matemática, Línguas Estrangeiras, Ciências, História, Geografia, Filosofia e Sociologia. A abordagem do meio ambiente se deu trabalhando-se os seguintes projetos: Com -Vidas – Agenda 21 na Escola – Educação para Sustentabilidade e a horta escolar e/ou comunitária. Esporte e lazer foram inseridos com o desenvolvimento das seguintes modalidades de esportes: atletismo, ginástica rítmica, corrida de orientação, ciclismo, tênis de campo, recreação/lazer, voleibol, basquete, basquete de rua, futebol, futsal, handebol, tênis de mesa, judô, karatê,

taekwondo, ioga, natação, xadrez tradicional, xadrez virtual, incluindo o Programa Segundo Tempo (ME).

No macrocampo que discute os direitos humanos e o ambiente escolar, compreendem-se Direitos Humanos em Educação na perspectiva da garantia das aprendizagens para todos nas possibilidades de convivência e respeito à diversidade humana. Indica-se a organização das atividades por meio de oficinas, compreendidas como espaços-tempos para a vivência, para a reflexão e para o aprendizado coletivos e para a organização de novos saberes e práticas relacionadas aos direitos humanos: situações de defesa, bem como afirmação versus negação dos direitos humanos e suas implicações na organização dos trabalhos pedagógicos. Além dos trabalhos interdisciplinares, projetos articuladores, grupos de estudos e de teatro, oficinas de psicodrama, passeios temáticos, campanhas alusivas ao tema dos Direitos Humanos etc. Portanto, pressupõe-se este macrocampo em relação permanente com os outros macrocampos e atividades.

No macrocampo da cultura e artes, são trabalhadas as várias formas e tipos de ritmos e instrumentos para contemplar a diversidade cultural, étnica e racial do país, como leitura, banda de fanfarra, coral, hip hop, danças, teatro, pintura, grafite, desenho, escultura, percussão, capoeira, flauta doce, cineclube, prática circense e mosaico.

No macrocampo da cultura digital, são trabalhados as oficinas e os cursos de softwares educacionais, informática e tecnologia da informação (PROINFO), bem como os ambientes de redes sociais.

No macrocampo que elabora e executa as ações de promoção da saúde, existem atividades de: alimentação saudável/alimentação escolar saudável, saúde bucal, práticas corporais e educação do movimento; educação para a saúde sexual, saúde reprodutiva e prevenção das DSTs/AIDS; prevenção ao uso de álcool, tabaco e outras drogas; saúde ambiental; promoção da cultura de paz e prevenção em saúde a partir do estudo dos principais problemas de saúde da região (dengue, febre amarela, malária, hanseníase, doença falciforme e outras). Neste macrocampo, propõe-se a aproximação/intersecção com as ações/reflexão do SPE/MEC.

No macrocampo da educomunicação, são desenvolvidas ações como: organização, discussão e editoração do jornal escolar; a rádio escolar, espaço no qual os estudantes desenvolvem várias habilidades, uma delas a capacidade de se expressar e falar em público; além do trabalho com oficinas de histórias em quadrinhos, fotografia e vídeos.

No macrocampo da investigação no campo das ciências da natureza, monitores e professores trabalham com o uso dos laboratórios, feiras de ciências e projetos científicos.

No macrocampo da educação econômica e cidadania, trabalha-se na perspectiva de desenvolver nos estudantes o sentimento de competência, levando- os a projetar ações para o futuro com educação econômica e empreendedorismo, além de controle social e cidadania. (FNDE).

4.4 A Política da Educação Integral em Fortaleza na Perspectiva do