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A política e a estética do cotidiano no corpo e na voz

No documento Memórias do corpo (páginas 161-176)

Pedro de Souza (UFSC/CNPq, Capes-Print)

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Consta nas biografias, nos documentários fílmicos e teatrais; espalha-se em fragmentos de biografemas dispersos no youtube: Elis Regina teria sido duramente cobrada por ter capitulado diante do regime militar. Elis, o filme, dirigido por Hugo Prata, 2016, narra como este episódio conturbado se deu na vida da cantora. Cenas pontuais, compondo a narrativa fílmica, exibem os movimentos contrapostos em que a voz de Elis Regina é objeto de disputa em certa altura da história politica do Brasil. Esses movimentos configuram atos descontínuos em que, sempre cantando, a cantora oscila entre o subjetivar e o dessubjetivar.

Se começo pela retomada de um episódio na vida da cantora Elis Regina, tal como está reconstituído no documentário, Elis o filme, é para ligar o referido episódio a uma cena do espetáculo Transversal do Tempo em que cantando Elis realiza na voz um ato politico de dessubjetivação. Isto diz respeito ao gesto de sair do si ditado pelo regime politico de seu tempo e do si a que deveria prestar conta perante os que lhe cobravam engajamento na luta contra a ditadura.

Ao interpretar, em subsequência, as canções „„Sinal Fechado‟‟ e „„Transversal do tempo‟‟, em vez de explicitar a revolta contra o regime militar, conforme o padrão de intérpretes e compositores de música de protesto, aponta para seus efeitos na experiência ordinária do tráfego urbano.

A seguir, demonstro de que maneira, na emissão de cada frase melódica, segundo o andamento vocal ralentado de uma e a intensidade de outra, é sobre o próprio ato do sujeito que se põe em realce na interpretação. Trata-se de recusar a se deixar conduzir e, concomitantemente, buscar brechas para conduzir a si mesma

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– ainda que sem escapar ao sinal, parado no vermelho ou no amarelo. Desta forma, intento assinalar um acontecer pontual de dessubjetivação na trajetória de uma cantora popular. São atos éticos através dos quais, é somente enquanto canta que Elis Regina desinstala em si sítios insustentáveis de subjetivação. A cantora age na contramão dos modos de reação subjetiva à ditadura militar: por um lado não adere à interpelação de ativistas radicais, por outro desobedece a censura imposta ao regime e decide, usando sua voz no canto, não ficar calada.

Não obstante, vale lembrar que, embora se trate de uma cantora percorrendo regiões discursivas passíveis de fazer sua biografia, em vez de objetiva-la analiticamente como pessoa, abordo-a no quadro de seu ato cantante em vias de realização. O que me interessa é observa-la na natureza corpórea e incorpórea de seu ato (DELEUZE, 1995). Corpórea porque é ação vocal originada no corpo, incorpórea no que a voz produz como efeito para além da área corporal que a lança. Daí que o canto de Elis pode, a cada execução, tornar-se agente capaz de produzir uma realidade, a mesma de que fala em versos e melodia no tempo em que dura seu cantar.

Este apontamento vale tanto para o registro da cena em destaque para a análise quanto para a experiência de quem analisa no tempo ulterior. Por isso, é importante advertir que o “setting” da análise que trago a seguir refere-se precisamente a um instante da Elis Regina focalizada numa cena de show musical. Atenho-me, reitero, ao ponto do espetáculo Transversal do tempo, em que Elis canta as canções “Sinal fechado”, de Paulinho da Viola e “Transversal do tempo”, de João Bosco.

Em 1977, a cantora Elis Regina realizou o espetáculo Transversal do Tempo, uma idealização da própria cantora, com direção e roteiro de Aldir Blanc e Maurício Tapajós. Há, nesse show, uma ambiência de coragem radical, justamente porque documenta, em cena, o panorama sombrio de um Brasil dominado pela ditadura. Durante uma longa temporada, Elis dispõe a voz e o corpo dando a ver e

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a ouvir a denúncia dos horrores vividos em tempo presente. Meu interesse é analisar como a performance da cantora, materializada no corpo e na ação vocal, pode descrever o trabalho do sujeito sobre si corporificado na voz.

Entretanto, não se trata de separar o que vive a cantora no palco daquilo que vive a mulher em sua vida cotidiana, ou seja, quando não está no palco. Por isso, noção de “vida artista”, cunhada por Michel Foucault, deve ser sempre o fio condutor axial a reger meu procedimento de análise. Essa expressão – “vida-artista” -, do modo com que é formulada por Foucault conduz a considerar o plano do vivido em que, em certo domínio artístico, se percebe como o sujeito se expõe em processo de constituição. Mais precisamente importa focalizar aí não só a subjetividade acontecendo pela criação de uma obra, mas o sujeito enquanto acontece fazendo de sua existência uma obra de arte. Nesta perspectiva, destaca-se a vida-artista encetando por certo exercício e tico-poli tico tendo sempre lugar na medida em que a arte de viver no/pelo sujeito é produto de uma recusa, recusa a se dobrar a certo modo fascista de vida.

Dizer, assim, “vida-artista”, para Foucault, é designar uma maneira libertária de viver, no que tem de resistência e invenção . Certamente deve se mostrar tênue o limite que separa a vida artística de Elis Regina no que se atesta em sua obra como cantora e a “vida-artista”, espaço em que, no transcorrer de sua carreira, o que se ressalta é o ato de viver sendo produzido como obra de arte. Levo em conta o que pode ser narrado, antes mesmo que a obra legada, acerca da própria existência como beleza possível. Neste âmbito, o caso não é de de tomar uma vida inteira, mas de instantes luminares que valem pelo trabalho ético e politico como instância intensiva de produção de uma vida bela.

O fundamento do processo dessubjetivante, aqui aplicado a certo instante da vida da cantora Elis Regina, é o que se opera por um trabalho de resistência. Este aparece marcado no distanciamento entre o que forças dominantes fazem do

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sujeito e o que ele mesmo faz de si. O estilo próprio presente na obra como produto se confunde com o estilo de existência do artista. Em Elis, parece que a maneira de existir cantando demarca-se pela exacerbação no ato de cantar, levando em conta as respectivas circunstâncias em que acontece o canto.

Se o estilo de vida não se reduz à obra, também não se descola dela. O fazer da arte, na forma material que lhe é próprio, mantém-se como vestígio na obra, mas pode sobretudo designar o modo de o artista existir. Isto não só porque Elis tornava-se intérprete de si mesma cantando ao vivo ou em disco. Só que sua voz soava como um indicador apontando para fora de si um canteiro de vidas outras em obra, inventando maneiras de resistir ao golpe militar exilando possibilidades de encontros. Vale citar o critico e analista da discografia de Eleis Regina, Winnie Minuz, que, a meu ver, quando analisa o disco Elis, lançado em 1977, melhor ilumina um caso de vida artista tendo lugar na voz.

Eu não consigo ver a capa do álbum de 77, sem me lembrar da mesma Elis Regina sentada em uma cadeira de varanda, sorridente, de vestido branco, no álbum de 1972. Eu não consigo ouvir Qualquer Dia, sem pensar na Casa no Campo; não consigo não associar a sonoridade de 1977 à sonoridade de 1972 e entender que a foto de Elis Regina de preto, fumando, olhando para o vazio (MINUZ, 2016)

É dizer que em cada apresentação trazida hoje de volta sob a forma de imagens em movimento digitalizadas como vigas sustentadoras de memória, vê-se não apenas o virtuosismo vocal de uma cantora, mas também a super-exposição do tempo, dos lugares e dos modos como viveu. Em suma, pensada e talhada como beleza possível, o trajeto da cantora se situa no entroncamento entre fazer da vida obra na existência ou obra da existência.

Assim é que tenciono abordar a vida da cantora Elis Regina enredada na trama do militantismo sedento de derrubar a ditadura. Contudo, no caso da cantora trata-se da militância a que ela não aderiu de fato e que, no entanto, é ponto de referência do processo de dessubjetivação que, na forma da vida artista, ia fazendo

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dela uma testemunha singular. Negando-se a confrontar os algozes que a torturaram sem tocá-la e tampouco consentindo a fazer coro com seus parceiros de momento que se lançaram na luta armada, expôs sua voz contra a corrente interceptora de fluxos íntimos e coletivos de encontros e de vida em tempo de ditadura no Brasil. Isso é o que ecoa nas modalidades vocais articuladas em oráculos de cartomante e em anúncios de boa nova para chorosas Marias e Clarices.

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Na ação vocal que Elis Regina emprega para cantar “Sinal Fechado”, há uma temporalidade em que nada acontece a não ser pelo ato enunciativo pontuando instâncias verbais de interlocução. Aí pode se entrever um vozear emitido de modo a dar forma à sua existência no instante do encontro entre dois amigos. Ao mesmo tempo, pelo procedimento de distribuição das falas na letra e na melodia, adotado pelo compositor Paulinho da Viola, apresenta-se a modalidade do cotidiano, não como algo já dado, mas como efeito da experiência ordinária que o falante produz a si no entrecruzamento de sua voz com a de outro.

Olá como vai: Tudo bem eu vou indo. E você, tudo bem? Desta maneira é que se abre nos dois primeiros versos a canção apontando para o ordinário de existências que resistem e insistem malgrado o subjugo de um regime ditatorial impedindo cenas cotidianas de encontros na rua. Basta este destaque em meio ao desenvolvimento da canção para, aplicando o ponto de vista de Lorenzini, mostrar como a voz pode ser uma modalidade de técnica de transformação na relação consigo mesmo, com os outros e com o mundo.

Destaco um preciso trecho de “Sinal fechado”, em que a voz da cantora apenas sinaliza estar entregue à experiência do tempo em que dura cada palavra emitida. Tanto coisa eu tinha a dizer mas eu perdi na poeira da rua. Eu também tenho algo dizer , mas me foge à lembrança. Importa reparar na diferença rítmica que marca o dizer de cada um desses enunciados. No primeiro, a voz acelera

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levemente o ritmo ao emitir, no final da frase melódica, na poeira da rua. No segundo, o vozeado articula-se melodicamente de modo ralentado; figurando prosodicamente a fuga do que se tem a dizer, algo que ali esteve e agora não mais, Ao proferir as duas últimas sílabas da palavra „lembrança‟ a voz vai desmaiando até esvair-se na última sílaba. Não obstante, a voz não perde sua força ocupando seu tempo no tempo melódico da canção a fim de deixar registrado o pedido – por favor, telefone, eu preciso beber alguma coisa rapidamente – e a dar a vez de emendar a promessa – esta semana, eu procuro você.

“Sinal fechado”, é então uma composição que performatiza e torna presente um certo ritual de interação verbal. Contudo não é o caso aqui de tomar o cotidiano de uma grande cidade como condição lógica dessa sequência de trocas verbais. Trata se antes de atentar para este clichê conversacional, enquanto forma de linguagem ordinária que não pressupõe, mas inventa o cotidiano urbano. Nesta invenção, ouve-se no ar, em meio a diversos ruídos, a figuração de uma sonoridade vocal realçando sequências intermitentes de atos de fala replicando-se mutuamente de modo a compor o próprio de um acontecimento de conversa.

O tempo do ato de cantar não se materializa em linhas de sucessividades perfazendo um antes, um agora e um depois. O resulta na dimensão vocal que Elis empresta ao canto de “Sinal fechado”, é tão somente o tempo da fala, um fragmento de duração a problematizar o próprio do movimento que o ato enunciativo faz acontecer. O andamento melódico composto para cada frase faz escutar, na e pela voz, a ordem temporal e espacial que o atravessa.

Importante também destacar que ato de enunciação cantada realizado na voz e no corpo inteiro da cantora, em “Sinal fechado”, se processa na fronteira entre o canto e a fala. Em outros termos, trata-se, como no próprio ser composicional da canção, de mostrar o confronto entre o tempo vivido em exato instante e o tempo a viver. Para isso, o canto vai romper com a impossibilidade de proferir, numa mesma linha de enunciação, o agora e o depois, simultaneidade proferidos.

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O elemento a destacar aí é a maneira como as articulações vocais dentro da melodia da canção remete à pura experiência ordinária Cada transeunte há de sempre dizer a outro: “me perdoe a pressa, é a alma de nosso negócio.” Pontuo, nesses termos, a tensão entre o tempo em curso no presente da enunciação e o tempo a viver. Assim se tece a escrita do cotidiano através da voz em curso, soando numa autonomia relativa junto ao corpo. Temos aqui uma cartografia heterotópica em que vários corpos sonorizam na voz da cantora uma dor que é de mais de um.

A linha melódica de “Sinal fechado”, quase não dá lugar à respiração. É como se a estrutura mesmo da composição dispusesse um ato vocal de resistência somática ao aparelho de linguagem, ou de enunciação. Nenhuma partilha aí é possível. O tempo da promessa não se arreda do tempo do presente, o do momento da fala. Tal é o efeito que se escute na prosódia ou andamento da emissão de cada frase. A plateia está inteira e silenciosamente atenta à cena que a cantora está narrando e que, contudo, diz apenas dela mesma fazendo retornar uma ordinária experiência vivida na canção. Vê-se nos breves movimentos de cabeça o apoio para que a voz de Elis Regina sinalize a passagem de um um ato de fala para outra figurando auditivamente a escuta de duas vozes intercalando-se no mesmo nicho temporal: enquanto uma diz “essa semana eu procuro você”, outra alerta ; vai abrir, vai abrir, vai abrir “.

Da região em que a voz se encontra em suave emissão pronunciando por três vezes a mesma palavra adeus, Elis Regina transita, num átimo de três segundos, elevando a voz na região mais alta que pede o fraseado melódico saindo de sua boca . É quando ao se deslocar do espaço enunciativo em que a linguagem ordinária se desenrola na situação do “Sinal fechado”, ela enuncia como que ao mesmo tempo advertindo e confessando : as coisas que eu sei de mim.

Em um movimento ao mesmo tempo fugidio e solidário em que a voz se permite fragmentar-se em dois turnos de fala, marca-se a atitude da cantora, por assim dizer ética, na medida em que aponta para a recusa da situação que põe em

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cena na voz. Neste caso, tenho de me deter nas intermitentes modulações vocais em que a atuação da cantora Elis Regina no palco dá a ver a presença do si expondo o que se passa consigo nas condições politicas que subjazem à sua performance. Tem-se aqui a protagonização da voz dando conta do labor ético e político moldando a existência da artista no e fora do espetáculo que estrela. O que sobressai é a intensidade da emissão vocal, mais que o conteúdo e a estrutura frasal emitida. Sobressai o trabalho ético do sujeito buscando o caminho de deixar-se conduzir por outro a fim de conduzir a si mesma. A ditadura cerceia, mas não elimina no sujeito alguma força tendendo ao resistir. Isso, demostro a seguir, vem em tempo forte, quando Elis Regina termina esta parte do espetáculo cantando a música de João Bosco e Aldir Blanc, Transversal do tempo.

Na cadeia melodiosa em que se encontra a voz de Elis Regina entoando os acordes da canção “Sinal fechado”, ela junta, de imediato, um outro ato de enunciação marcado em uma escala tonal mais alta. Um novo efeito de presença acontece. A cantora encurta a distância entre ela e a experiência de cantar. Isto permite o acenar para si própria envolvida em uma cena ordinária. Penso no saber do sujeito vozeando em sua propriedade de marcar, na instância da enunciação , uma transversal discursiva do tempo da fala. Assim é que vem a força do dizer no enunciado: ”as coisas que eu sei de mim são pivetes da cidade”.

É preciso ressaltar, na passagem de uma canção a outra, o saber que se segue ao acontecimento de linguagem sob o risco de não se inscrever na memória a tecer a escritura da cidade. Cabe aqui aplicar a perspectiva de uma ética do ordinário a que se reporta Danielle Lorenzini, leitor de Stanley Cavell. Porque, diz Lorenzini,

...é precisamente no ponto de contato entre a maneira com que os indivíduos são conduzidos pelos outros e a maneira com que eles se conduzem a si mesmos que se situa toda prática de assujeitamento e subjetivação, toda dinâmica de submetimento e de resistência ou de contra-conduta (LORENZINI, 2015, p. 11)

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Esta afirmação balizada em uma filosofia analítica politicamente orientada, me conduz a destacar, no ato vocal da cantora, a operação ética e política realizada na voz da cantora enquanto transita da melodia hesitante e intermitente de “Sinal fechado”, para o tom assertivo e denunciante de Transversal do tempo. Na transição de uma melodia e letra para outra, a voz faz perceber o trabalho a que deve atentar no instante de passagem de um lugar a outro de subjetivação. Entre o canto que se realiza em “Sinal fechado”, e o que se produz em Transversal do tempo, há uma passagem do ato de se deixar conduzir por forças controladoras do tempo de ser sujeito ao ato de se conduzir promovendo em si forças contrapostas na região da memória do poder tendo seu auge no feixe de militares que se sucederam na presidência do Brasil. Imprescindível alertar que, sem considerar essas condições políticas, fica impossível tornar visível e audível um exercício de resistência e de recusa a que aplico o conceito de dessubjetivação. É bem este o trabalho ético e político que ressalto em certa atuação vocal historicamente emblemática na vida artista de Elis Regina.

Nessa hora acontece aquele arfar do peito, a subida do tom e o volume da emissão vocal. É quando, figurando na e pela voz, a cena de pedinte diz cantando:

As coisas que eu sei de mim São pivetes da cidade Pedem

Insistem

E eu / Me sinto pouco à vontade

Por certo há aí um gesto ético no que o dizer funciona colocando em questão o próprio sujeito que diz, no momento em que diz. Só que este gesto não se restringe ao conteúdo de cada palavra como peça no arranjo sintático do fraseado. O gesto, que aqui concerne ao ato de cantar, designa a maneira com que, ao empregar dicção linguisticamente definida e atentar para a precisão na emissão

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da nota musical, a cantora marca de forma apropriada o sentido de cada frase, e nele mesmo o movimento de subjetivação dramatizado no limite da resistência.

Para compor um e um só enunciado exercendo a função de existência de si, cada unidade frasal deve soar unitariamente autônoma na cadeia cantada. Isto significa realizar vocalmente cada unidade linguistica, no seu tempo. Mas isto parece afirmar o obvio, ou seja, o traço que define todo bom cantante. Não se o virtuosismo vocal da cantora fizer ver as coisas que diz enquanto canta. Em outros termos, as coisas do saber de si, no instante em que Elis Regina se apresenta cantando a canção Transversal do tempo, não se produz a não ser no ato em que a voz é a própria operação do sujeito a vir. Há aqui uma intensificarão do trabalho da voz na medida em que intensifica a atenção sobre o viver em curso durante o curto tempo em que o sinal está fechado.

É possível neste ponto de minha análise, colocar o ato de Elis Regina, não no plano da ação filosófica, mas no lugar do sujeito comum que, pelo que tanto que sabe de sua experiencia ordinária, define o papel da filosofia conforme propõe Cavell. Se nos atentamos ao modo realiza seu canto, podemos perceber que Elis

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