• Nenhum resultado encontrado

A política municipal de Guarapari expressa em dados estatísticos

6 DIÁLOGOS PROPOSITIVOS NOS CICLOS REFLEXIVOS: A

6.1 A POLÍTICA EDUCACIONAL NO MUNICÍPIO DE GUARAPARI

6.1.1 A política municipal de Guarapari expressa em dados estatísticos

Conforme dados do site Data Escola Brasil, referente ao ano de 2014, o município possui 8942 escolas distribuídas ao longo do seu território, sendo 72 públicas e 16 privadas. Em relação às públicas, temos 1 escola federal, 12 estaduais e 59 unidades de ensino sob a responsabilidade administrativa do município. Destas últimas, 23 localizam-se na área rural e 37 na área urbana, conforme a Tabela 10.

42

Esse quantitativo do número de escolas difere dos dados encontrados na Tabela 1, cuja fonte foi o observatório do plano nacional de educação do MEC. A diferença deve-se à abertura de duas escolas municipais em 2014, o que talvez a data base de fechamento dos dados do observatório não tenha registrado.

Tabela 10: Quantitativo de escolas no município de Guarapari

Unidade

Administrativa

Rural Urbana Total

Estadual 1 11 12

Federal 0 1 01

Privada 0 16 16

Municipal 22 37 59

Fonte: <dataescolabrasil.inep.gov.br/2014>

As 89 escolas ofertam diferentes níveis de ensino, distribuídos em 44 unidades da educação infantil, 53 unidades que ofertam o ensino fundamental dos anos iniciais, 27 que ofertam os anos finais do ensino fundamental, 12 escolas que ofertam o ensino médio, 5 escolas com oferta de ensino técnico, 13 escolas que ofertam a educação de jovens e adultos. Além das instituições voltadas às educação básica, existem no município 3 instituições de ensino superior, as quais oferecem cursos na área educacional, jurídica, biomédica e empresarial (Tabela 11). É importante destacar que o quantitativo de escolas que ofertam o ensino médio é menor do que a metade das escolas que ofertam os anos finais do ensino fundamental. Esse afunilamento pode provocar uma desistência na continuidade dos estudos de adolescentes guaraparienses. Também destacamos, na Tabela 11, a oferta do AEE, sendo a grande maioria nas escolas da rede municipal; porém, existem dois centros de atendimento pela via privada filantrópica.

Tabela 11: Distribuição das escolas conforme a oferta do nível de ensino.

ESCOLAS ADMIN ED INF. EF AI EF AF

E M E T EJA AEE IES

Públicas Estadual -- 06 08 08 02 07 05 -- Municipal 33 40 14 -- -- 06 25 -- Federal -- -- -- --- 01 -- -- -- Privadas Jurídica 11 07 05 04 02 -- -- 03 Filantrópica -- -- -- -- -- -- 02 -- Total 44 53 27 12 05 13 32 03 Fonte: <dataescolabrasil.inep.gov.br/2014>

Segundo dados do Censo de 2014, no município de Guarapari, há 29.683 alunos matriculados (Tabela 12), sendo a maior incidência de matrículas para os anos iniciais do ensino fundamental; dentro da educação básica, o menor quantitativo está no ensino médio. Percebemos também que o número de

alunos da EJA equivale a 9,0 % do mínimo total de alunos, sabendo que uns dos motivos desse baixo índice de aluno da EJA podem estar nas reprovações e na evasão. Acreditamos que a defasagem na proporção de alunos do ensino fundamental e do ensino médio merece um estudo mais detalhado.

Tabela 12 - Matrículas nas escolas do município de Guarapari

ED. INFANTIL ENS. FUND. ENS. MÉDIO EJA

CRECHE PRÉ AI AF EM E PROF EF EM Estado 0 0 862 1606 3063 283 193 1007 Federal 0 0 0 0 275 212 0 0 Municipal 1922 2491 7585 5192 0 0 1476 0 Privada 292 460 997 825 450 492 0 0 Total 2214 2951 9444 7623 3788 987 1669 1007 Fonte: <portal.inep.gov.br/basica-censo-escolar-matricula> - 2014

Em relação aos alunos público-alvo da educação especial, percebemos na Tabela 13, a matrícula em classes comuns desde a creche até o ensino profissionalizante. Notamos que, dos 978 alunos, 63,1% estão no ensino fundamental, e não encontramos nenhuma incidência de matrículas desses alunos no ensino médio da EJA. Apesar de haver matrículas em todas as esferas administrativas, 90,0% estão nas escolas da rede municipal de ensino. Tabela 13 - Matrículas dos alunos público-alvo da educação especial nas classes comuns do município de Guarapari.

CRECHE PRÉ AI AF EM E PROF EF EM TOTAL Estado 0 0 24 23 19 4 2 0 72 Federal 0 0 0 0 4 0 0 0 4 Municipal 42 68 586 114 0 0 71 0 881 Privada 3 2 8 7 1 0 0 0 21 Total 45 70 618 144 24 4 73 0 978 Fonte: <portal.inep.gov.br/basica-censo-escolar-matricula> - 2014

No que tange aos alunos matriculados na rede municipal de ensino de Guarapari, vemos, na Tabela 14, que, nos últimos três anos, houve um aumento no número das matrículas em todos os níveis bem como o aumento no registro de matrículas dos alunos público-alvo da educação especial.

Tabela 14 - Número de alunos matriculados na rede municipal de Guarapari

Nível 2012 2013 2014

Geral Ed esp. Geral Ed esp. Geral Ed esp.

Creche 1517 31 1703 38 1922 42 Pré 2282 69 2416 65 2491 68 Anos iniciais 7292 494 7653 536 7585 586 Anos finais 4943 95 5133 108 5192 114 EJA EF 1510 31 1338 42 1476 71 TOTAL 16.034 720 18.243 789 18.666 881 Fonte: <portal.inep.gov.br/basica-censo-escolar-matricula>

Os 18.666 alunos matriculados na rede municipal estão distribuídos em 59 unidades de ensino, sendo 37 na área urbana e 22 na área rural. Podemos perceber, na Tabela 15, que existe uma complexidade de espaços educacionais, que vão desde unidades voltadas ao atendimento específico a um único nível de ensino como unidades que possuem oferta de matrículas em diversos níveis, como as escolas que atendem da educação infantil ao ensino fundamental completo. Percebemos também que não há espaços específicos para a educação infantil na área rural e que, das 13 escolas específicas para o ensino fundamental dos anos iniciais, apenas 2 estão na área urbana. A tabela a seguir nos mostra essa complexidade dentro de um mesmo contexto escolar. Tabela 15 - Distribuição das escolas por nível de ensino e complexidade de atendimento

Oferta da escola Urbana Rural Total

Somente educação infantil 14 14

Educação infantil mais ensino fundamental anos iniciais

09 09 18

Educação infantil mais ensino fundamental completo

01 01 02

Somente ensino fundamental anos iniciais 02 11 13 Ensino fundamental anos iniciais mais EJA 01 0 1 Ensino fundamental anos iniciais e finais 02 01 3 Ensino fundamental anos iniciais e finais mais

EJA

03 0 3

Somente ensino fundamental anos finais 03 0 3 Ensino fundamental anos finais mais EJA 01 0 1

Somente EJA 01 0 1

Total 37 22 59

Nessas 59 escolas da rede municipal, iremos encontrar 25 SRM para o Atendimento Educacional Especializado. Assim encontramos 3 salas de recursos localizadas nas escolas específicas da educação infantil e 22 SRM localizadas nas escolas de ensino fundamental.

Essa multiplicidade de níveis pulveriza muito o foco das intervenções da gestão para atender as diferentes especificidades. Além disso, essa complexidade vai interferir na atribuição da nota do Ideb e vai dificultar as ações do professor de educação especial na articulação com os professores da sala regular. Acredito que essa junção de níveis está pautada numa lógica de mercado e na necessidade de barateamento da educação básica.

Kassar, Arruda e Benatti (2007, p. 29), refletindo sobre essa lógica, destacam [...] o caráter de negócio de que se reveste o serviço escolar, nesse momento, qualquer que seja a sua clientela. Isso quer dizer que o atendimento, ou até mesmo a forma que esse atendimento vai assumir, está determinado pela lógica de mercado.

Essa lógica de mercado faz parte da Reforma de Estado, implantada pelo Governo Federal a partir da década de 1990. Dentro dessa Reforma há uma série de exigências internacionais que precisam ser cumpridas, uma das quais a melhoria no acesso e na permanência com qualidade educacional. Para se verificar tal qualidade, criou-se um Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) que procura avaliar o desempenho dos estudantes por meio de avaliações externas.

Ferreira e Ferreira (2007, p. 33), discorrendo sobre esse contexto neoliberal, afirmam:

Pela égide da racionalidade neoliberal como a busca de maior eficiência na educação, menor custo e maior acesso, constitui-se uma realidade em que podemos ver as questões específicas do campo da deficiência serem secundarizadas, na perspectiva de uma escola para todos, e a educação a que as pessoas com deficiência têm direito a ser reduzida ao acesso e permanência na sala de ensino regular, sendo isso suficiente. Parece que a política de educação inclusiva não pode ser reduzida a esta racionalidade descrita.

Nesse contexto, buscamos encontrar dados que pudessem mostrar as questões da realidade de cada unidade de ensino da rede municipal, com

ênfase sobre o Ideb nos anos iniciais e finais, o resultado da Prova Brasil, a complexidade de gestão das escolas, levando em consideração os níveis de ensino, o indicador de nível socioeconômico da educação básica43 (Inse), a adaptação das escolas nos espaços físicos, e a formação dos professores que atuam nessas unidades considerando pelo menos um curso por área de educação especial. Assim, tabulamos os dados apresentados no Inep no site <www.idebescola.inep.gov.br>.

Para essa análise, utilizamos dados de 26 escolas que participaram da avaliação externa, Prova Brasil, em 2013. Dessas escolas 21 unidades possuem matrículas de alunos público-alvo da educação especial e registraram ter SRM, e apenas 5 não possuem matrículas desses alunos.

Em relação à complexidade44 da gestão escolar, o índice varia de 1 a 6. As unidades que receberam um indicador com um número maior representam maior complexidade para a gestão. Sendo assim, no total de 26 unidades, a maior frequência é de 12 escolas com complexidade 3; 7 escolas com complexidade 5; 6 escolas com complexidade 2; e 1 escola com complexidade 6, conforme demonstra o Quadro 8. Nessa análise, percebemos que a maioria das escolas da rede municipal possui uma complexidade mediana operando em dois turnos e com quantitativo de até 500 alunos, e apenas 1 escola possui uma complexidade muito grande.

43

Conforme a Nota Técnica do Inep sobre o Indicador de Nível Socioeconômico das Escolas de Educação Básica (Inse), ele é construído, a partir das respostas dos estudantes aos questionários contextuais das duas avaliações do Saeb (Aneb e Prova Brasil) e do Enem. As questões utilizadas dizem respeito à renda familiar, à posse de bens e contratação de serviços de empregados domésticos pela família dos estudantes e ao nível de escolaridade de seus pais ou responsáveis. O universo de referência do Inse, por sua vez, inclui somente os dados de estudantes que responderam a mais de três questões. As fontes para a construção desse indicador foram os dados dos questionários contextuais dos estudantes, fornecidos pelos microdados disponibilizados pelo Inep, da Avaliação Nacional da Educação Básica (Aneb), da Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (Anresc, também denominada Prova Brasil) e do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), referentes ao ano de 2011.

44

Conforme a Nota Técnica do INEP nº 040/2014 assume-se que a complexidade da gestão escolar se concretiza em quatro características: (1) porte da escola; (2) número de turnos de funcionamento; (3) complexidade das etapas ofertadas pela escola e (4) número de etapas/modalidades oferecidas. As variáveis criadas para representar essas características são do tipo ordinal, nas quais as categorias mais elevadas indicariam maior complexidade de gestão.

Quadro 8 – Distribuição das escolas que participaram da avaliação externa em 2013, conforme complexidade da gestão escolar

Descrição do Nível Nº escolas

Nível 1 - Porte inferior a 50 matrículas, operando em único turno e com única etapa e apresentando a Educação Infantil ou Anos Iniciais como etapa mais elevada.

0

Nível 2 - Porte entre 50 e 300 matrículas, operando em 2 turnos, com oferta de até 2 etapas, e apresentando a Educação Infantil ou Anos Iniciais como etapa mais elevada.

6

Nível 3 - Porte entre 50 e 500 matrículas, operando em 2 turnos, com 2 ou 3 etapas e apresentando os Anos Finais como etapa mais elevada

12 Nível 4 - Porte entre 150 e 1000 matrículas, operando em 2 ou 3 turnos, com 2 ou 3 etapas, apresentando Ensino Médio/profissional ou a EJA como etapa mais elevada.

0

Nível 5 - Porte entre 150 e 1000 matrículas, operando em 3 turnos, com 2 ou 3 etapas, apresentando a EJA como etapa mais elevada.

7 Nível 6 Porte superior à 500 matrículas, operando em 3 turnos, com 4 ou mais etapas, apresentando a EJA como etapa mais elevada.

1 Fonte: <idebescola - Inep/MEC>

Em relação ao indicador socioeconômico da educação básica das escolas que participaram das avaliações externas, encontramos 6 níveis, distribuídos de forma crescente, representando o maior número uma condição socioeconômica mais carente.

Esses indicadores foram criados para se adequar a uma demanda, do Plano Nacional de Educação (PNE/ Lei nº 13.005/2014), que visa traçar o perfil do alunado, tendo o Inep criado o Inse para traçar o perfil dos alunos nos aspectos social, econômico e cultural dos alunos.

De acordo com Januzzi (2001, p. 15), um indicador "é uma medida em geral quantitativa, dotada de significado social, usada para substituir, quantificar ou operacionalizar um conceito social abstrato, de interesse teórico (para pesquisa acadêmica) ou programático (para a formulação de políticas)". Nesse sentido, trazemos esses indicadores, não para justificar a teoria do Capital Humano, mas para refletir sobre os dados e apontar políticas públicas.

Percebemos, no Quadro 9, o Inse das 26 escolas municipais e, pela resposta dos alunos ao questionário, podemos traçar um perfil de alunos com uma condição mediana, pois a maioria das escolas se encontram do nível 4 para cima.

Quadro 9 – Distribuição das escolas que participaram da avaliação externa em 2013, conforme o Inse

Descrição do Nível Nº de

escolas Nível I - Até 30: Este é o menor nível da escala, e os alunos, de modo geral, indicaram que

há em sua casa bens elementares, como uma televisão em cores, um rádio, uma geladeira, um ou dois telefones celulares e um banheiro; não contratam empregada mensalista; a renda familiar mensal é de até 1 salário mínimo; seu pai ou responsável nunca estudou e sua mãe ou responsável ingressou no ensino fundamental, mas não o completou.

0

Nível II - (30;40]: Neste nível os alunos, de modo geral, indicaram que há em sua casa bens elementares, como uma televisão em cores, um rádio, uma geladeira, um ou dois telefones celulares e um banheiro; bem complementar, como videocassete ou DVD; não contratam empregada mensalista; a renda familiar mensal é de até 1 salário mínimo; e seu pai e sua mãe (ou responsáveis) ingressaram no ensino fundamental, mas não o completaram.

0

Nível III - (40;50]: Neste nível os alunos, de modo geral, indicaram que há em sua casa bens elementares, como uma televisão em cores, um rádio, uma geladeira, um ou dois telefones celulares e um banheiro; bens complementares, como videocassete ou DVD, máquina de lavar roupas e computador (com ou sem internet); não contratam empregada mensalista; a renda familiar mensal está entre 1 e 2 salários mínimos; e seu pai e sua mãe (ou responsáveis) ingressaram no ensino fundamental, mas não o completaram.

2

Nível IV - (50;60]: Já neste nível, os alunos, de modo geral, indicaram que há em sua casa bens elementares, como um rádio, uma geladeira, um ou dois telefones celulares, um banheiro e, agora, dois ou mais televisores em cores; bens complementares, como videocassete ou DVD, máquina de lavar roupas e computador (com ou sem internet); bens suplementares, como freezer, um telefone fixo e um carro; não contratam empregada mensalista; a renda familiar mensal está entre 1 e 2 salários mínimos; e seu pai e sua mãe (ou responsáveis) completaram o ensino fundamental, podem ter concluído ou não o ensino médio, mas não completaram a faculdade.

14

Nível V (60;70]: Neste nível os alunos, de modo geral, indicaram que há em sua casa um quantitativo maior de bens elementares; bens complementares, como videocassete ou DVD, máquina de lavar roupas e computador (com ou sem internet); bens suplementares, como freezer, um telefone fixo, um carro, além de uma TV por assinatura e um aspirador de pó; não contratam empregada mensalista; a renda familiar mensal é maior, pois está entre 2 e 12 salários mínimos; e seu pai e sua mãe (ou responsáveis) completaram o ensino fundamental, podem ter concluído ou não o ensino médio, mas não completaram a faculdade.

9

Nível VI (70;80]: Neste nível, os alunos, de modo geral, indicaram que há em sua casa um quantitativo alto de bens elementares; bens complementares, como videocassete ou DVD, máquina de lavar roupas e computador (com ou sem internet); bens suplementares, como freezer, um telefone fixo, uma TV por assinatura, um aspirador de pó e, agora, dois carros; contratam, agora, empregada mensalista; a renda familiar mensal é alta, pois está acima de 12 salários mínimos; e seu pai e sua mãe (ou responsáveis) completaram a faculdade e podem ter concluído ou não um curso de pós-graduação.

1

Nível VII - Acima de 80: Este é o maior nível da escala, e os alunos, de modo geral, indicaram que há em sua casa um quantitativo alto de bens elementares, como duas ou mais geladeiras e dois ou mais televisores em cores, por exemplo; bens complementares, como videocassete ou DVD, máquina de lavar roupas e computador (com ou sem internet); maior quantidade de bens suplementares, tal como três ou mais carros e duas ou mais TVs por assinatura; contratam, também, empregada mensalista; a renda familiar mensal é alta, pois está acima de 12 salários mínimos; e seu pai e sua mãe (ou responsáveis) completaram a faculdade e podem ter concluído ou não um curso de pós-graduação.

0

Fonte:< idebescola - Inep/MEC>

A utilização de dados socioeconômicos para justificar as relações de sucesso ou fracasso da escola, principalmente a pública, é um indicador utilizado pelo Inep/Mec já há algum tempo. Patto (1988), fazendo uma análise do discurso

sobre o fracasso escolar, utilizou-se da Revista Brasileira de Estudos

Pedagógicos (RBEP), que é publicada pelo Inep, e percebeu que as questões

sobre a natureza econômica, social e cultural balizavam as explicações das causas das dificuldades da escola elementar pública, pautadas numa visão liberal e funcionalista da sociedade. Temos que ter o cuidado para não cairmos num discurso excludente justificado pela desigualdade social.

Em relação à estrutura física das escolas, percebemos que 19 possuem uma arquitetura acessível, incluindo acesso às dependências e banheiro adaptado; 3 unidades de ensino possuem apenas o banheiro adaptado e 4 ainda não possuem acessibilidade. Se pensarmos no universo das 26, notaremos que 73% delas estão adaptadas. A condição de acesso é um ponto fulcral para iniciar a garantia do direito à escolarização e uma estratégia a ser perseguida por todos os municípios, conforme o PNE/2014.

Sobre os profissionais que atuam nas unidades de ensino, vamos encontrar um quantitativo de 814 docentes. Desses, 35%, ou seja, 284 professores, alegam formação continuada em Educação Especial. Apesar de o município investir em formação, esse indicador nos fala da urgência em ampliar essa formação ou, se houver de fato um grande volume de professores com acesso a essa formação oferecida, cabe investigar por que esses professores não se sentem capacitados. Quando olhamos esses dados, mapeando-os por instituições educacionais, iremos encontrar uma situação bem adversa sobre a formação dos educadores na área de educação especial, conforme indica a Tabela 16.

Tabela 16 – Quantitativo de escolas e percentual de professores que declaram ter formação continuada em educação especial.

Quantidade de escolas % professores capacitados

01 Menos de 10% 05 10 a 24% 10 25 a 39% 05 40 a 54% 03 55 a 69% 01 70 a 84% 01 85 a 100%

Percebemos que a grande maioria ainda se encontra com número de professores capacitados insuficiente para reverberar práticas pedagógicas inclusivas.

Em relação à meta do Ideb, estabelecida pelo Inep/Mec, percebemos que, das 26 escolas listadas, 23 unidades fizeram a avaliação externa, em 2013, referente ao 5º ano, e, dessas, 5 não tiveram o resultado divulgado; 13 fizeram a avaliação externa referente ao 9º ano, e 5 delas também não tiveram divulgado o resultado. Sendo assim, tomamos como análise 18 escolas dos anos iniciais e 8 escolas dos anos finais do ensino fundamental.

Percebemos que, das 18 escolas dos anos iniciais, 50% atingiram a meta estabelecida e, dessas, 2 escolas já estão com a média do Ideb em 6,0. Numa análise observamos que uma escola possui 737 alunos, sendo 52 público-alvo da educação especial, tem complexidade de gestão 5 e Inse também 5; a outra possui 746 alunos, sendo 26 público-alvo da educação especial, tem complexidade 3 e Inse no nível 6. Em contrapartida, em relação às escolas que fizeram a avaliação referente ao 9º ano, nenhuma atingiu a meta proposta pelo Inep/Mec.

Em relação à média atingida na Prova Brasil na proficiência em Língua Portuguesa e Matemática, encontramos 4 escolas dos anos iniciais com média acima de 6, 11 com média na casa dos 5 e 3 escolas com média na casa dos 4 pontos. Em relação à avaliação aplicada aos anos finais, encontramos 1 escola com média na casa dos 5 pontos e 7 escolas com média na casa dos 4 pontos. Esses dados, como já dissemos, servem para a reflexão acerca da situação educacional e de balizadores para proposição de políticas públicas.

Pensando nessas avaliações externas e sabedora de que esses indicadores influenciam o índice de reprovação e a capacidade de ler e interpretar, realizamos junto à Semed, um levantamento da condição dos alunos público- alvo da educação especial no tocante aos dados de aprovação e reprovação bem como da situação de alfabetização.

Das 25 escolas que possuem salas de recursos, obtivemos retorno de 22. Frequentam estas escolas 452 alunos público-alvo da educação especial, e no ano de 2014 houve a aprovação de 314 desses alunos equivalendo a 69,5%, com um índice de reprovação de 30,5%. As turmas que mais contribuíram para esse índice de reprovação foram as do 3º ano dos anos iniciais. Tal concentração de reprovação nessas turmas pode ser explicada pelo ciclo de alfabetização, que estabelece aprovação automática no 1º e no 2º ano, conforme o Pacto da Alfabetização na Idade Certa (Pnaic). A tônica na alfabetização é uma meta a ser alcançada no município de Guarapari, pois apenas 214 alunos dessas escolas, cerca de 47,3%, são considerados alfabetizados.

Esses dados nos mostram que ainda precisamos investir em políticas que possam garantir ao aluno com deficiência a permanência, com qualidade educacional, entendendo essa qualidade, como acesso à aprendizagem que