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A procura visual nos desportos de raquetes

No documento A DINÂMICA DECISIONAL NO BADMINTON (páginas 44-48)

CAPÍTULO II REVISÃO DA LITERATURA

3. Psicologia Ecológica do Desporto

3.2. A acção interceptiva

3.2.3. A procura visual nos desportos de raquetes

A procura visual de padrões de atletas experientes tem sido encontrada para deferir dos atletas novatos numa longa variedade de desportos salientando acções imperceptíveis incluindo Basebol (Bahill e Larhz, 1984; Shank e Haywood, 1987), Basquetebol (Vickers, 1986) Hóquei no Gelo (Bard e Fleury, 1981) Futebol (Tyllesley, Bootsma e Bomhoff, 1982; Willians, Burwhz e Williams, 1994; Williams e Davids, 1988), Esgrima (Bard, Guezennel e Papin 1980); Golf (Vickers, 1992, 1988); Ténis de

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Mesa (Pipoll e Fleurance, 1988) e Voleibol (Ripoll, 1988; Sando, 1982; Vickers e Adolphe; 1997).

Seguindo Bard e Fleurey’s (1976), estudos iniciais sobre movimentos oculares no desporto, muitos pesquisadores interessados começaram a colocar questões relativamente à natureza da procura visual estática em apresentações de slides bem como no contexto das modalidades dinâmicas tais como, Badminton, Squash, Ténis ou Ténis de Mesa. Talvez o mais notável na área dos desportos de raquete é a pesquisa dirigida por Abernethy e os seus colegas (Abernethy, 1990; Abernethy e Russell, 1987a, 1987b). Através de uma série sistemática de estudos, eles identificaram os mais pertinentes sinais visuais usados por atletas de Badminton e Squash, bem como a forma como a procura visual diferiu entre atletas experientes e novatos destes dois desportos.

3.2.4. A procura visual no Badminton

Abernethy e Russell (1987a) examinaram o modo como as oclusões espaciais e temporais das diversas fontes de informação afectavam com coincidência a utilização de sinais de antecipação entre jogadores de Badminton experientes e novatos.

Em duas experiências, a tarefa era prever rapidamente e precisamente a posição do batimento do adversário. Na primeira experiência - Oclusão temporal, técnica que é baseada no bloqueamento da visão por um determinado período de tempo, foi usada para variar selectivamente a duração da sequência do Batimento que foi visualizada. Manipulações dos períodos temporais produziram diferenças no uso de pistas visuais. Os atletas experientes foram mais capazes de usar informação apresentada anteriormente no visor, em comparação com os inexperientes.

Simultaneamente, os resultados da segunda experiência, na qual foram implantadas técnicas de oclusão espaciais, baseadas no bloqueamento de uma parte da visão, demonstraram que os experientes e inexperientes basearam-se principalmente jogando para o lado da pega para obter informação. Adicionalmente, quando estes sinais foram escondidos, a precisão foi significativamente afectada negativamente pelos experientes e não pelos inexperientes.

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3.3. A antecipação no Desporto

A antecipação é um processo psíquico de qualquer actividade humana que consubstancia, a partir da percepção, a capacidade de prever não só o resultado, mas também o desenvolvimento dos acontecimentos de uma dada situação. Nos jogos desportivos colectivos e individuais, os companheiros e adversários deslocam-se em direcções e velocidades variáveis, logo, para que os jogadores se adaptem a esta variabilidade situacional, exige-se concretamente o desenvolvimento de uma acção táctica, que por si traduz a antecipação contínua e extremamente diversificada às situações momentâneas de jogo. Neste sentido, podemos afirmar que a antecipação é um dos maiores fenómenos da adaptação das condutas motoras sendo a raiz das interacções tácticas. Segundo Bayer (1974) a antecipação são “Processos mentais integrados na percepção que procura a compreensão e o significado da estruturação do meio, englobam na sua realidade funcional, uma quantidade fundamental que favorece a acção imediata. Para um atleta é essencial concentra-se a partir dos dados presentes para a elaboração de um futuro possível, pois só assim a sua capacidade de intervenção se torna eficiente”. Nideffer (1976, 1979) refere que “o processo de antecipação é favorecido por uma atenção flexível, que se manifesta pela capacidade de passar de um foco amplo de atenção a um restrito, externo ou interno, segundo as exigências da situação de jogo”.

Antecipar como um adversário se vai comportar tacticamente numa situação concreta, situando-se mentalmente no seu lugar, e partilhando as suas intenções ele pode assim reagir com rapidez e segurança. Desde o esboço do gesto do adversário, isto é, sobretudo na sua antecipação nas primeiras fases, o jogador deve descobrir as intenções do adversário, para poder agir rapidamente. Isto é uma condição importante, para o bom resultado das acções. Por outro lado Whitting (1970) afirmou, que a antecipação implica um prognóstico espaço-temporal, sendo, esta interacção entre estas duas dimensões que irá determinar a eficácia da acção. Segundo o mesmo autor (1970), a antecipação do acontecimento quando é exacta acelera a percepção e a acção, se for falsa, provoca o retardamento perceptual acompanhada de um tempo de acção mais lento.

A percepção da situação de competição no seu contexto particular é sem dúvida uma etapa decisiva, no complexo processo do factor táctico desportivo. Neste sentido, a

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tomada de decisão é um fenómeno relativamente complexo devido depender de diferentes factores, tais como; percepção do envolvimento, constrangimentos, dos cálculos óptico-motores, capacidade de leitura de jogo, detecção de sinais visuais pertinentes que ajudem o atleta a perceber qual será acção que o adversário vai realizar no sentido de poder antecipar-se. Uma boa tomada de decisão poderá permitir um jogador antecipar-se às acções do adversário, ou seja, através de uma boa percepção sobre um determinado tipo de batimento que o adversário vai realizar, o jogador poderá antecipar a zona de queda do volante, esta antecipação dependerá da sua tomada de decisão em relação ao momento exacto em que o jogador decide agir e ao mesmo tempo que batimento irá utilizar na sua resposta para dificultar o adversário. Nesta mesma vertente, Gibson (1979) centrou-se essencialmente na influência que a informação e o ambiente têm na nossa forma de actuar. A informação recolhida por um praticante de um desporto de confrontação directa como é o caso do Badminton, consiste, por exemplo, na colocação e nos deslocamentos dos adversários, na velocidade do volante ou na forma como ele observa a posição do adversário e das zonas do campo do adversário onde pretende colocar o volante.

Apesar de as teorias tradicionais apontarem para o recurso a estruturas superiores de descodificação e comparação da informação (à luz das representações internas), tal seria necessariamente um processo lento para responder às necessidades imediatas. Basta pensarmos numa jogada no Badminton durante o jogo, em que os jogadores executam batimentos rápidos e potentes, principalmente, quando atacam e realizam deslocamentos a uma elevada velocidade e com constantes mudanças de direcção, ao mesmo tempo que os adversários tentam também eles, agir de forma a responder e contrariar essas acções. Assim sendo, caso um jogador tivesse de levar toda essa informação aos centros superiores para identificação de estímulos, para a selecção de resposta (e a sua programação) e para a respectiva execução, quando esta fosse posta em prática, já estaria completamente desadequada para uma realidade que está numa vertiginosa transformação (Araújo 2005). Segundo o mesmo autor (2005) a participação cognitiva deve ser muito reduzida, de forma a facilitar a leitura do ambiente. A percepção e a acção são encarados como interdependentes e o fluxo de informação entre o ambiente e o indivíduo é contínuo. A percepção é encarada como a captação directa das possibilidades de acção de um sujeito num dado ambiente. Segundo, Reed (1988), a

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aprendizagem de uma determinada habilidade é aprender a usar as hipóteses de acção do movimento e não como mover o próprio corpo. De facto podemos, com algum treino, reproduzir certos movimentos que sejam considerados correctos. No entanto, especialmente em modalidades em que o ambiente é complexo e exige uma grande urgência de comportamentos (p.e. desportos colectivos, ténis, Badminton etc.), o que define um bom desempenho não são os movimentos utilizados de forma estereotipada mas a sua adequação física e temporal a cada situação.

No documento A DINÂMICA DECISIONAL NO BADMINTON (páginas 44-48)