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A PRODUÇÃO MIDIÁTICA DA “GERAÇÃO C”:

No documento Romanini TCC Psicologia 2009 (páginas 64-77)

A PRODUÇÃO MIDIÁTICA DA “GERAÇÃO C”:

(RE) INTERPRETANDO OS DISCURSOS SOBRE

“A EPIDEMIA DO CRACK”

“Droga é ênfase, não é nem demoníaca e nem paradisíaca: é um agente químico que amplifica os fenômenos, os processos micro/macrossociais” (ROTELLI, 1992, p. 67). Ao demonizar as drogas e, mais especificamente, o crack, o problema enfrentado é o da droga e não o do fenômeno da dependência química. O que interessa não é ouvir o parecer dos usuários e dependentes e o confronto com as histórias singulares, mas o “fenômeno droga”, normatizá-lo. Normatizando a droga, dissocia-se a substância droga do usuário. A intervenção do Estado, nesse sentido, é pobre, na medida em que se fundamenta cada vez mais no código penal (ROTELLI, 1992). O perigo mais sério da lei, se ela for altamente repressiva, é que funcione.

Os toxicodependentes não são heróis e creio que se imaginarmos que, através de instrumentos eminentemente repressivos, conseguiremos determinar uma mudança no comportamento de centenas de milhares de jovens, fazê-los introjetar outros mecanismos mais potentes - de medo, de pavor - e com isso obter algum resultado dissuasivo, seremos induzidos a exigir mais castigo, mais medo, mais prisão (ROTELLI, 1992, p. 68).

Com isso não se quer contrapor à lógica repressiva uma “lógica permissiva”. Na verdade, a “lógica permissiva” apresenta a outra face da repressão: o abandono. O que se pretende com essa problematização é assumir a questão de uma relação entre as pessoas, na qual a qualidade e os conteúdos desta relação sejam continuamente questionados e modificados. Se é impossível imaginar e falar de uma multiplicação de redes de qualidade nas relações entre as pessoas, então vale a pena percorrer o caminho da institucionalização, do empobrecimento das relações sociais (ROTELLI, 1992), na qual quem detém o poder controla aqueles que não o têm.

Foucault (2006), entendendo que o sujeito humano está inserido em relações de produção e sentido e, por conseguinte, em relações de poder, apresenta uma formulação de poder como relação de forças, como exercício. Ao estudar as formações históricas, propõe duas formas de poder, o soberano e o disciplinar, correspondentes respectivamente à sociedade de soberania no escravismo e feudalismo e à sociedade disciplinar no capitalismo. As sociedades de soberania caracterizam-se por uma forma de poder baseada numa relação dissimétrica entre dominante e dominado, na qual o soberano extrai, retira algo do servo e não é obrigado a dar nada em troca. O soberano extrai o tempo, a força de trabalho e os produtos.

O poder disciplinar, por sua vez, caracteriza-se pela descentralização, invisibilidade e onipresença e implica um controle total do tempo, do corpo e da vida das pessoas. “A disciplina enquanto hábito, exercício, cria saberes/verdades que não apenas a justifiquem, mas apontem se o indivíduo se conduz ou não conforme as regras instituídas” (NEVES, 1997, p. 85) Ou seja, o poder disciplinar pode ser considerado um dos meios criados pelos governantes para manter a tão sonhada ordem e obediência do projeto da modernidade e da constituição dos estados- nações modernos. Decretada a crise e o caráter descartável dos aparelhos de normalização (escola, fábrica, etc.), surgem as sociedades de controle, que operam através de um poder de modulação contínua (DELEUZE, 1992), muito utilizado pelos meios de comunicação de massa. Nas sociedades de controle os moldes não chegam nunca a se constituir totalmente, transformam-se contínua e rapidamente em outros moldes, impedindo a criação de um modelo de identificação. Nesse sentido,

a sociedade de controle tem como valores máximos de mercadoria o prestígio, a informação, o conhecimento, e como dispersão máxima a força de trabalho. É o reino do espetáculo, da produção de imagens efêmeras, para o público em geral, através da valorização de imagens estáveis cercadas de autoridade e poder. Manipula-se o gosto e as opiniões através da construção e veiculação instantânea de sistemas de signos e imagens (NEVES, 1997, p. 87).

Nessa direção, Mance (1998) afirma que o sistema capitalista, além de ser um sistema econômico e político, é o sistema semiótico modelizante principal. Ele transforma qualquer coisa em valor de troca, até mesmo a afetividade e desgraças humanas - para vender produtos ou ampliar índices de audiência de telejornais -, sendo capaz, inclusive, de colocar tudo a serviço de sua reprodução. A atual disputa

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por mercados, que está na base da liberalização do comércio e da organização dos blocos econômicos, visa permitir a ampliação do consumo dos produtos elaborados pelas mega-empresas capitalistas. O consumo, para a vida humana, além de ser uma exigência para a reprodução de cada ser vivo em particular, é também uma necessidade cultural produzida pelo próprio modo de viver das sociedades modernas (MANCE, 1998).

Numa sociedade de produtores e de consumidores não há espaço para os consumidores falhos, incompletos, imperfeitos. Os consumidores falhos, sem ter um lugar seguro e inquestionável nessa sociedade, só podem ter certeza de uma coisa: excluídos do único jogo possível, não são mais jogadores e, portanto, não são mais necessários, são redundantes. Redundância compartilha o espaço semântico de “rejeitos”, “dejetos”, “restos”, “lixo” - com refugo. A história da era moderna tem sido uma lona cadeia de projetos, projetos concebidos através da idéia de que o mundo pode ser sempre transformado. Criar projetos é sempre um esforço criativo. E o problema reside nisso: o lixo é o ingrediente indispensável do processo criativo. A modernidade, sendo uma condição da produção compulsiva e viciosa de projetos, criou um número excessivo deles, e consigo criou também excesso de lixo, de refugo, refugo humano - pessoas redundantes que não têm espaço no mundo moderno (BAUMAN, 2005a). Bauman explica esse fenômeno através da metáfora do “carro do progresso”.

No carro do progresso, o número de assentos e de lugares em pé não é, em regra, suficiente para acomodar todos os passageiros potenciais, e a admissão sempre foi seletiva. Talvez por isso o sonho de se juntar a essa viagem fosse tão doce para tantos. O progresso era apregoado sob o slogan de mais felicidade para um número maior de pessoas. Mas talvez o progresso, marca registrada da era moderna, tivesse a ver, em última instância, com a necessidade de menos (e cada vez menos) pessoas para manter o movimento, acelerar e atingir o topo, o que antes exigiria uma massa bem maior para negociar, invadir e conquistar (BAUMAN, 2005a, p. 24).

Baseado nas construções teóricas do sociólogo Zygmunt Bauman (2005a), os resultados preliminares da reinterpretação indicam uma construção discursiva em direção a uma possível nova geração - a “Geração C”, O autor salienta que a depressão tem sido apontada por muitos estudiosos como um dos sintomas do mal- estar da nova geração nascida no admirável e líquido mundo moderno. A chamada “Geração X”, constituída de jovens nascidos na década de 70 na Grã-Bretanha e

outros países “desenvolvidos”, experimenta sofrimentos que eram desconhecidos das gerações anteriores. Não necessariamente mais sofrimentos, nem sofrimentos mais agudos, mas sofrimentos diferentes - mal-estares e aflições “especificamente líquido-modernos” (BAUMAN, 2005a, p. 18). Um dos diagnósticos mais comuns para esse mal-estar é o desemprego, e em particular as baixas expectativas de trabalho para os recém-saídos da escola.

Mais recentemente, um novo mal-estar tem assolado globalmente inúmeros jovens: a epidemia do crack. Todavia, repetindo o curso histórico, esse mal-estar atinge de um modo mais vil aqueles jovens residentes ou provenientes (no caso de imigrantes) de países “sub-desenvolvidos”. A população brasileira e, mais especificamente, do estado do Rio Grande do Sul, tem recebido diariamente formas simbólicas referentes à epidemia do crack, através dos meios de comunicação de massa. Os diagnósticos para esse mal-estar são os mais diversos possíveis: famílias desestruturadas, precariedade do Sistema Único de Saúde, a Lei da Reforma Psiquiátrica, a necessidade de maior investimento nas políticas de repressão, entre outros. Porém, não se fala na violência estrutural, conseqüência do desenvolvimento do capitalismo neoliberal que contribui para a fabricação dos processos de subjetividade, pautados na produção de „refugo humano‟ (BAUMAN, 2005a) e no consumo (MANCE, 2005).

Através dos discursos midiáticos, pode-se pensar na produção da “Geração C”: consumo, crack e criminalidade. O primeiro “c”: podemos encontrar dois tipos de consumo, o alienante e o compulsório. No alienante observa-se que muitas pessoas buscam nas mercadorias mais do que simples qualidades objetivas, conferindo-lhes certas qualidades virtuais que acabam determinando sua aquisição e consumo (MANCE, 2005). O consumo do crack tem adquirido um caráter alienante, no qual os consumidores transformam-se também em mercadorias. O consumo compulsório refere-se aos pobres e excluídos que não dispõem de recursos para consumir os produtos de grife ou marcas famosas e caras. O crack, como produto barato e de fácil acesso, torna-se atraente para os consumidores „falhos‟, pois nessa „compra‟ podem maximizar seu poder de consumo com os poucos recursos que possuem (MANCE, 2005).

O segundo “c”: a palavra crack, na língua inglesa, significa rachadura, defeito. Numa sociedade de consumidores, quem não pode tornar-se um consumidor é

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considerado falho, defeituoso. O crack, ao mesmo tempo que encobre essa rachadura, abre uma fissura, faz do usuário um criminoso (conforme a mídia), um ser humano refugado, como diria Bauman (2005a). Excessivo, redundante e indesejável, que não pôde ou não quis ser reconhecido ou não obteve permissão para permanecer no fluxo da ordem econômica, social e política. O terceiro “c”: ao não permanecer no fluxo da ordem preconizada no projeto da modernidade, a criminalidade torna-se um negócio atrativo. A criminalidade propicia aos sujeitos redundantes os recursos que necessitam para o consumo (nem que seja o consumo do crack!), mesmo que permaneçam enquadrados no „refugo humano‟.

Nesse jogo neoliberal, o consumidor (de drogas) é, segundo Mance (2005), agenciado pelas peças publicitárias, merchandisings e modismos das mídias de massa, as quais determinam muito a individuação das subjetividades. Assim, um ser midiatizado refugado ou “crackeado” pode facilmente entrar para as estatísticas da criminalidade, pode se tornar facilmente um jovem da “Geração C”! Nesse sentido, a mídia de massa, ao veicular formas simbólicas sobre drogas como o crack, produz/reforça certas subjetividades e certos modos de viver.

Percebe-se que, em geral, as pessoas admitem que o mal-estar, o sofrimento, o desastre juvenil, crescem ano a ano. Ninguém refuta que o desastre das novas gerações é sempre mais amplo, que os níveis de embrutecimento, de dissipação, de penalização, e mesmo de encarceramento, aumentam. Diante do crack que não temos como deixar de ver, qual, senão novas práticas sociais podem ser as vias de saída? Quem sabe eles, os usuários, dependentes, os seres humanos refugados, nos peçam outras coisas? O que fazer? Rotelli (1992) provoca uma resposta: ser mais sedutores que a droga, saber desenvolver circuitos de ampliação não- químicos, concorrentes.

Sabe-se muito bem o que deveria ser feito: espaços, âmbitos, lugares, pessoas, grupos, instituições inventadas, associações, iniciativas, ter capacidade de uma discussão pedagógica fortemente centralizada nos sujeitos, com uma grande sedução ético-estético-operativa. É o que chamamos de empreendimento social. Lugares bem no interior do viver concreto, o praticamente verdadeiro dos valores, da produção, da cooperação, do trabalho reparador, do valor cultural, da imagem-vídeo, do mundo informático, da autovalorização, da história do trabalho humano, da música, da comunicação não-repetitiva, do fazer qualidade da quantidade, fugir da institucionalização total da experiência da coisa-coisa. Pois, o que a droga é senão “a coisa”, a caricatural, espetacular, auto-irônica e trágica dependência da “coisa” (a inércia, o prático inerte, a repetição sartriana)? A identificação na “coisa (ROTELLI, 1992, p. 71).

A Hermenêutica de Profundidade (THOMPSON, 2007) nos possibilitou dar realmente um passo além. Numa primeira leitura, o texto do Jornal Zero Hora é impactante e, em alguns momentos, sensacionalista. O número significativo de dados estatísticos, depoimentos, entrevistas e a participação de especialistas e autoridades reconhecidos pela sociedade facilita a legitimação e o apoio por parte dos leitores ao discurso produzido e veiculado. Ao ler de uma forma crítica as matérias que compõem a série, podemos perceber que as formas simbólicas são construídas através de determinados modos de operação da ideologia.

O trabalho árduo de análise ideológica dessas formas simbólicas nos mostra como a mídia tem estabelecido e/ou sustentado relações de dominação. Todas as estratégias identificadas - naturalização, racionalização, diferenciação, passivização, etc. - operam em conjunto, obscurecendo significados importantes para uma compreensão mais profunda do fenômeno da „epidemia do crack‟. Não queremos com isso desmerecer a iniciativa do Grupo RBS de divulgar e alertar a população para este grave problema. O que acontece, porém, é que as relações (entre classes, gêneros, familiares, de causalidade entre uso de crack e crime, entre a precariedade do SUS e a Lei da Reforma Psiquiátrica, entre outras) parecem ser apresentadas de forma estática, cristalizada.

Acreditamos que o maior avanço dessa reinterpretação foi o de evidenciar algo que parece simples e óbvio: as relações sociais, na sua definição mais geral possível, são dinâmicas, os significados de tais relações são construídos e reconstruídos constantemente. Ao veicular a idéia, por exemplo, de que meninos cometem crimes e meninas se “prostituem” ou de que mulheres pobres, solteiras e adolescentes deveriam abortar porque seus filhos são criminosos potenciais, essas relações e grupos sociais são rotulados, estigmatizados e excluídos.

As reflexões apresentadas nos possibilitaram criar um mapa interpretativo e compreensivo da série analisada. Como se pode verificar no mapa, não há um começo ou fim. Os elementos do mapa são complementares e interdependentes, representando o movimento da vida. É somente através desse movimento que poderemos, talvez um dia, desmitificar o uso e o usuário de drogas, pensando em políticas públicas que trabalhem com o foco no sujeito, portador de uma subjetividade, de uma singularidade e não focando na substância - na coisa - possibilitando, assim, a tão almejada inserção social.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nas considerações finais do presente trabalho, cabe que se façam ainda algumas considerações acerca do que se pensou com base na pesquisa realizada. Os resultados dessa pesquisa corroboram com diversos estudos sobre mídia e drogas, dentre eles o estudo realizado pela Agência de Notícias dos Direitos da Infância e do Ministério da Saúde (VIVARTA, 2005). Nesse estudo, constatou-se que tratar de drogas na mídia brasileira significa quase sempre tomar como ponto de partida uma relação estreita com a violência urbana, levando o tema a adquirir proporções gigantescas, com reações da mesma ordem, traduzidas em ações cada vez mais repressivas.

Geralmente as campanhas midiáticas em relação às drogas têm um enfoque repressivo ou são voltadas para grupos específicos, o que não contribui para a mudança de concepção da sociedade sobre os aspectos relativos ao tema. Nesse sentido, se a mídia tem como função legal informar e educar criticamente os cidadãos (ROSO; GUARESCHI, 2007), o desafio que se coloca diante da grande imprensa, nesse processo, é dotar a sociedade de informação, objetiva e direta, que contribua para sua reflexão. No caso da epidemia do crack, a mídia pode e deve veicular informações sobre a rede de saúde mental, onde e quando procurar ajuda, contextualizando sócio-historicamente os dispositivos de tratamento oferecidos à população.

Ainda falta à sociedade meios que proporcionem um olhar realista e ponderado sobre o assunto, que evite cair nos estereótipos mais comuns das visões romantizadas ou associadas unicamente à violência. Por causa dessas visões, a sociedade acaba demandando uma política de repressão e não de saúde. Entendendo que a mídia não apenas registra e reproduz a realidade, mas a cria (GUARESCHI, 2003), pressupõe-se que são os meios de comunicação que produzem essas visões „distorcidas‟ do tema, quando estabelecem uma relação causal entre violência e uso de crack, quando acusam a Reforma Psiquiátrica e a Lei Antimanicomial pelo caos do SUS, quando naturalizam as relações de classe e de gênero e classificam as famílias como saudáveis ou desestruturadas.

Normalmente, os profissionais mais conhecidos pelo grande público são aqueles que trabalham em acordo com a política de combate às drogas. Aqueles

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que procuram trazer novas perspectivas sobre o assunto, por não estarem em consonância com o imaginário social e com os interesses das „indústrias midiáticas‟, quase não encontram espaço nos meios de comunicação, prejudicando a construção e veiculação de formas simbólicas (matérias, reportagens, propagandas, telejornais, etc.) que contribuam para o debate público e retratem a pluralidade de idéias. Nessa direção, esse trabalho pode contribuir no debate sobre “a epidemia do crack”, visto que, enquanto estudantes e profissionais de psicologia e da área da saúde, devemos nos posicionar diante da massiva midiatização desse fenômeno, e não apenas nos posicionar, mas estar abertos para o debate com profissionais de outras áreas e com a população em geral.

Conclui-se, então, que as mídias têm colaborado com a criação, estabelecimento e manutenção de relações de dominação (THOMPSON, 2007; ROSO; GUARESCHI, 2007), como pôde ser constatado na discussão dos resultados desse trabalho. O estudo da ideologia nos possibilita pensar nas maneiras como o sentido mantém relações de dominação entre ricos e pobres, entre homens e mulheres, entre um modelo de saúde e outro, entre o privado (pago) e o público (gratuito), entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos, entre outras. Uma relação de dominação pode ser estabelecida de diversos modos (gênero, classe, raça, etc.), mas nenhum tipo é mais grave que outro. As estratégias ideológicas identificadas nas unidades de análise servem, em alguma medida, para manter relações de dominação e cristalizar idéias, estereotipando os usuários de crack. As relações de dominação identificadas nesse trabalho podem estar colaborando no estabelecimento e/ou manutenção de processos de exclusão, que prejudicam o acesso aos direitos das pessoas ou grupos excluídos, em função de sua posição e trajetória traçadas em um campo social.

É necessário, entretanto, que se considerem as limitações do presente trabalho, tendo em vista que toda interpretação é parcial e conflitiva e que pode, e muitas vezes deve, ter uma re-interpretação - o que sugere o desenvolvimento de outros estudos relativos ao tema, ampliando o debate e uma compreensão mais profunda desses fenômenos. É importante ressaltar que as interpretações apresentadas nesse trabalho não pretendem ser verdadeiras, mas tentou-se justificá-las, apresentando razões para legitimar tais interpretações. Encerra-se esse trabalho através das palavras de Pedrinho Guareschi:

Há dois direitos humanos que raramente são mencionados: o direito à informação e o direito à comunicação. O direito à informação é o direito que todos temos de sermos bem informados e de podermos buscar a informação lá onde for necessário. Alguns pensam que isso resolveria os problemas no que se refere à comunicação. Há, porém, aqui um profundo equívoco. O direito à informação é apenas parte dos direitos que temos. Não se soluciona o problema dos direitos à comunicação girando o dial do rádio ou trocando o canal de televisão. Não! O direito humano à comunicação é muito mais amplo e profundo: é o direito que todo ser humano possui de dizer sua palavra, expressar sua opinião, manifestar seu pensamento (GUARESCHI, 2003, p. 28).

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No documento Romanini TCC Psicologia 2009 (páginas 64-77)

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