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A Proteção do Consumidor na União Européia

3.1.8.1 A Mudança na Estrutura Produtiva.

5 AS ASSOCIACÕES DE CONSUMIDORES E O SUBSISTEMA DO DIREITO

5.2 AS ASSOCIAÇÕES DE CONSUMIDORES NO PLANO INTERNACIONAL

5.2.1 A Proteção do Consumidor na União Européia

Cada cidadão é um consumidor e a União Européia vela criteriosamente pela protecção da sua saúde, segurança e prosperidade econômica. Promove os seus direitos à informação e à educação, adopta medidas com vista à salvaguarda dos seus interesses e encoraja a criação e o funcionamento de associações de consumidores.86

A mensagem acima está na página da internet da União Européia relativa à proteção dos consumidores e sinaliza a postura daquela entidade em relação às suas associações.

Nada obstante a importância da Resolução 39/248 de 1985, da ONU, já comentada, Newton de Lucca87 destaca a importância das normas emanadas da União Européia no estabelecimento de um padrão mínimo de proteção ao consumidor, conquanto tais garantias fiquem restritas aos consumidores dos países integrantes da UE. O autor, todavia, não deixa de ressaltar os reflexos positivos daquelas medidas em outros Estados, inclusive no Brasil, com a criação do Código de Defesa do Consumidor – CDC.

A ação comunitária voltada para a proteção do consumidor, no âmbito dos países integrantes da UE, iniciou-se, efetivamente, na década de 70, com a inserção no art. 2o do Tratado de Roma, do propósito de promover, dentre outros objetivos, “um elevado nível de proteção e de melhoria da qualidade do ambiente e o aumento do nível e qualidade da vida”.

Alerta Newton de Lucca, lastreado em Thierry Bourgoigne, que seria ingenuidade supor que a simples inserção do dispositivo ensejasse uma verdadeira política de proteção dos consumidores, até porque tal proteção seria mero subproduto da preocupação comunitária essencial, consistente no crescimento das trocas de bens e de serviços entre os países membros da então Comunidade Econômica Européia.

No entanto, merece destaque o item da Resolução do Conselho da Europa, de 14 de abril de 1975, o qual proclama cinco categorias de direitos fundamentais do consumidor: a) direito a proteção da saúde e da segurança dos consumidores; b) direito à proteção dos seus interesses econômicos; c) direito à reparação dos danos por eles sofridos; d) direito à informação e à educação; e) direito de representação.88

87 DE LUCCA, 2003, op. cit. p. 356. 88 DE LUCCA, 2003, op.cit. p. 361.

Galgano, apud Newton de Lucca, identifica que a proteção efetiva dos consumidores somente se formaliza com o art. 129 A do Tratado de Maastricht, de 1992, através da adoção de medidas que visam proteger a saúde, a segurança e os interesses econômicos dos consumidores.

O Tratado de Amsterdã, assinado em 02 de outubro de 1997, pelos 15 países da União Européia, estabelece que esta contribua na tutela da saúde, segurança e o dos interesses econômicos dos consumidores, além de promover também o direito deles à informação, à educação, à organização e salvaguarda dos seus interesses.

Com efeito, não se está considerando, em razão dos limites deste estudo, os atos normativos oriundos das instituições comunitárias (Parlamento Europeu, do Conselho da Europa, da Comissão Européia e do Tribunal de Justiça). Isto porque o caráter fragmentário e variado da proteção normativa do consumidor no âmbito da UE classifica a tarefa como penosa.

Importante destacar que no direito comunitário “a tão propalada antinomia entre a livre concorrência e proteção aos consumidores teria ficado resolvida pela concomitância harmônica dessas duas políticas”.89

A técnica legislativa casuística das Diretivas da União Européia também merece ser sublinhada, visto que os conceitos presentes nas normas, são definidos em conformidade com o que se pretende atingir com a respectiva Diretiva, bem diferente da técnica brasileira lastreada em conceitos de caráter geral e dependente de uma formulação constante da relação jurídica de consumo.90

Atualmente, a Comissão Geral que trata da proteção do consumidor e de sua saúde no âmbito comunitário é a Health and Consumer Protection Directorate-General – DG XXIV

89 Ibid., p. 365.

que tem por meta assegurar o elevado nível de proteção ao consumidor comunitário especialmente no tocante à sua saúde, alimentação e interesses econômicos.

Destaca-se, ainda, a Resolução do Conselho, de 2 de dezembro de 2002, relativa à política comunitária em matéria de consumidores para 2002-2006, conforme a seguinte mensagem normativa:

O CONSELHO DA UNIÃO EUROPÉIA LEMBRANDO QUE:

1. Para assegurar um elevado nível de protecção dos consumidores e promover os seus interesses, a política comunitária em matéria de consumidores deverá contribuir para a protecção da sua saúde, segurança e interesses econômicos, bem como para a promoção do seu direito à informação e à educação e a se organizarem por forma a salvaguardem os seus interesses.

[...]

2. SAÚDA a estratégia da Comissão em matéria de política dos consumidores para 2002-2006 (1) e os objetivos nela expressos:

Objectivo 1: um elevado nível comum de defesa do consumidor, Objectivo 2: a aplicação efectiva das regras de defesa do consumidor,

Objectivo 3: a participação adequada das organizações de consumidores nas políticas comunitárias, e as acções de acompanhamento nela propostas.

[...]

III. APELA À COMISSÃO E AOS ESTADOS MEMBROS A QUE: [...]

14. apóiem as associações representativas de consumidores por forma a que possam promover independentemente os interesses dos consumidores tanto a nível comunitário como nacional, exercer a influência, entrar, por exemplo em diálogo equilibrado com as empresas e participar na elaboração das políticas comunitárias. Para o efeito, será determinante o desenvolvimento de projectos de criação de capacidades que reforcem as organizações de consumidores, sempre que se justifique, bem como instrumentos de educação em aspectos específicos das transacções transfronteiras.

[...]

17. consultem, de maneira geral, as organizações de consumidores no que diz respeito à elaboração de legislação e políticas em todos os domínios políticos importante.