• Nenhum resultado encontrado

A PSICOLOGIA DA REVOLTA, SATANÁS E O ANTI SISTEMA

Passamos a outro ponto discutido no curso. Entretanto mais do que uma objeção, trata-se de um pedido de esclarecimento. Aceita mais ou menos como conclusão da discussão precedente sobre a teoria da queda, foram pedidas daados mais precisos a respeito do que parece ser o ponto nevrálgico do fenômeno da queda, ou seja, a psicologia da revolta. O problema gira, essencialmente, em torno deste ponto central: saber como e por que os espíritos quiseram rebelar-se. Esse problema envolve o do egocentrismo, que lhe foi a causa. Como é que este, sendo um princípio basilar e sadio do Sistema – tanto que sobre ele se baseia a possibilidade de individuação nas criaturas e da unidade de Deus e era uma qualidade fundamental Sua – como esse princípio do egocentrismo pôde ser a causa de tanto mal? E se esse egocentrismo implica que tudo que existe, se individualize,à semelhança do modelo máximo central, Deus, então também as forças do mal se terão individualizado? E teremos que admitir a existência pessoal de Satanás? Os problemas são conexos e concatenados um com o outro. Vamos responder a tudo.

Não é verdade que Deus possa tudo caprichosamente. Há coisas que ele não pode fazer. Assim, por exemplo, Ele deve manter-se com as suas qualidades, coerentes com a Sua posição; não pode violar Sua Lei, porque renegaria a Si mesmo, nem contradizer-se. Deus criara a criatura de Sua substância, à sua imagem e semelhança, isto é, segundo Seu próprio modelo de “Eu Sou”, baseado no egocentrismo. A organização mesma do sistema fundamentava-se, com sua hierarquia e distribuição de funções, sobre a individuação dos seres, conseqüência do princípio egocêntrico. Ora, se Deus não houvesse respeitado na criatura esse princípio, fundamental em Si, em primeiro lugar, não teria respeitado a Si mesmo. Portanto, Deus não podia violar este princípio, nem mesmo na criatura.

Tendo Deus criado os seres da sua própria substância, devia respeitar neles as Suas mesmas qualidades. Se Deus houvesse limitado a liberdade da criatura, teria caído em contradição consigo mesmo.

Mas, havia outro fato ainda mais importante. Deus era Amor, havia criado por Amor, estando todo o Sistema permeado de Amor. Sobre isso se baseava sua estrutura hierárquica e sem Amor não podia funcionar aquele organismo. Num Sistema desse tipo, o conceito de coação forçada fica totalmente excluído, não havendo lugar para ele, pois constituiria aí uma violação, representando a maior das contradições em Deus. Num organismo construído com os princípios da liberdade e do Amor, a obediência só podia ser obtida por adesão espontânea e jamais pelo caminho das limitações e das coações. Se Deus houvesse introduzido em Seu sistema esses princípios opostos, teria traído a Si mesmo e destruído Sua obra. O princípio da disciplina mantida com a força representa justamente a inversão do método do Amor, sendo precisamente este o método vigente no Anti-Sistema. Se Deus tivesse usado esse método invertido, teria sido Ele mesmo o primeiro a promover a revolta e, então, uma queda promovida não pela criatura, mas pelo próprio Criador teria levado não a uma ruína temporária e curável, mas a um desmoronamento definitivo de tudo. A disciplina reinante no Sistema só pode ser uma disciplina absolutamente espontânea e livre. A obediência conseguida com a violência e com o terror é apenas uma repetição contrafeita e às avessas do método de disciplina vigente no Sistema. Não é a disciplina livre dos espíritos puros, mas a disciplina forçada dos rebeldes. No Sistema tudo é liberdade e Amor, no Anti-Sistema tudo é escravidão e terror. Como teria podido Deus, para evitar a queda, recorrer aos métodos próprios do Anti- Sistema, ou seja, impor a Lei por constrangimento forçado? Por sua própria natureza, as ordens de Deus estão situadas nos antípodas das de Satanás; jamais obrigam, apenas

convidam; não violentam, apenas persuadem; não pedem com prepotência a escravidão, mas oferecem, com bondade, a amizade.

A própria estrutura do todo e os princípios segundo os quais fora realizada a criação impediam uma intervenção de força da Divindade contra a criatura com o fito de constrangê-la a obedecer à Lei. O princípio de Amor, segundo o qual tudo fora criado, era a única força a que foi confiada a tarefa de manter unido o organismo do Sistema. Este só podia existir em virtude desse impulso de Amor que o mantivesse unido. Se houvesse penetrado no Sistema o menor traço de forças opostas, não seria mais um Sistema, mas um Anti-Sistema, e seria suficiente essa infiltração para operar a queda ocorrida com a revolta. O Sistema era um organismo, e, para mantê-lo em seu estado orgânico, era indispensável essa força íntima, profunda, fruto de plena convicção e aceitação, poder de coesão que só o Amor pode dar e jamais poderia ser uma imposição coagida. Este outro método é somente uma falsificação daquele, realizado no Anti-Sistema, onde vemos não representar nenhum poder de coesão real e duradoura. Como acontece em nosso mundo: a força produz apenas luta em cadeia, de ação e reação, num estado de guerra contínua. Esse estado de incerteza e instabilidade é admissível de forma transitória em nosso universo em evolução e processo de cura. Mas não era possível haver tão grande imperfeição no seio de um Sistema perfeito em sua forma estável e definitiva.

✈✈ ✈✈ ✈✈

Com estas observações, vimos nada poder opor-se à conduta de Deus, que não podia forçar o Sistema, a fim de evitar a queda, permanecendo esta completamente compreensível e logicamente justificada, mesmo diante da razão humana. Procuraremos agora compreender a conduta da criatura. Poderemos explicar, dessa forma, como nos foi pedido, o ponto nevrálgico do fenômeno da queda, ou seja, a psicologia da revolta. Poderemos assim ver por que e como os espíritos quiseram rebelar- se.

Em Deus estavam perfeitamente harmonizados o princípio do egocentrismo e o do Amor, porque o egocentrismo de Deus abarcava todos os seres, não era egoísmo separatista, mas um altruísmo unificador. Não podia, portanto, nascer em Deus contraste entre o princípio centralizador do “eu sou” e o princípio oposto do Amor. Na criatura encontramos os mesmos dois princípios, pois ela é feita da mesma substância de Deus e à Sua imagem. Mas na criatura os dois princípios tinham de harmonizar-se por um ato livre dela. Sem esse ato, a criatura não podia fazer parte do sistema, dada sua a constituição, como vimos. A criatura estava livre entre dois impulsos contrários, senhora da situação. De um lado o impulso egocêntrico do “eu sou”, base de sua individuação, impelido à expansão pela afirmação de si mesmo. De outro lado o impulso altruísta do Amor, base do funcionamento e da estrutura orgânica do Sistema, impulso levado ao sacrifício em obediência à ordem, para o bem coletivo. O ato de obediência da criatura era o único passaporte que lhe dava direito de entrar como participante do Sistema. Para ser digno, era mister ter sabido, e em regime de liberdade absoluta, dar prova de saber viver na ordem, aceitando-a desde o princípio, sem ser constrangido por nenhuma coação. Um constrangimento não teria constituído a confirmação indispensável. Foi deixado, à liberdade do ser, o superar ou não o exame, devendo dar prova de aceitar as condições indispensáveis à sua existência como membro do Sistema. Tratava-se da livre aceitação de um pacto, como também o exigia a dignidade da criatura livre, formada da substância divina.

Competia, agora, à criatura, equilibrar o impulso egocêntrico do “eu sou” com o impulso altruísta do Amor. Havia o fato indiscutível de que, sem a aceitação do princípio de coesão do Amor, o princípio oposto do egocentrismo, separatista por natureza própria, jamais teria podido entrar, com as individuações que o representavam, na organização disciplinada do Sistema. Esse ingresso da criatura só podia ocorrer na forma de uma livre aceitação de um pacto, não só para respeitar o princípio da liberdade, mas também para dar prova de saber ocupar a posição e executar a própria função no Sistema; e ainda, finalmente, para constituir um penhor, fruto da livre vontade. O

ser devia retribuir a Deus o Amor, pelo qual havia sido criado, reconhecendo-O espontaneamente com Chefe e declarando-Lhe obediência, empenhando-se, com a aceitação do pacto, a viver na Lei. Com a criação, Deus já situara a criatura no Sistema. Mas, em respeito ao Seu próprio princípio de liberdade esperou a confirmação da criatura, que iria corroborar e fixar com um ato próprio de livre vontade, a sua posição, a fim que esta se tornasse definitiva. Deus deu à criatura, de imediato, o exemplo do respeito que exigia para com Ele. Nem mesmo quis impor o supremo dom de entrar em Sua ordem e a felicidade que daí derivava. Ofereceu um pacto de consentimento bi-lateral, livre, porque somente assim podia agir um Deus de Amor, que havia criado por Amor.

Vimos no capítulo VII, sobre a Revolta, como venceu numa parte dos seres o impulso do Amor, enquanto na outra parte, rebelde, venceu o impulso oposto do egocentrismo. Consequentemente a parte fiel ao princípio orgânico, permaneceu na ordem e a parte aderiu ao princípio oposto precipitou-se na desordem. Nesses seres, o egocentrismo crescera até superar o limite preestabelecido, precipitando-os, assim, na imperfeição e na ignorância, nas quais foi possível o erro e a queda. A causa de tão grande mal não foi o egocentrismo, porque quanto este resulta equilibrado com o Amor, como é em Deus e nos espíritos não rebeldes, não gera prejuízo. A causa de tanto mal foi o desequilíbrio e o exagero do egocentrismo, o fato de sua prevalência sobre o Amor e assim o destruiu; e, com esta destruição, privou o Sistema de toda a sua força coesiva e unificadora. É natural, portanto, este se ter automaticamente desagregado, porque o egocentrismo egoísta só pode separar e destruir qualquer organização. E o Sistema era antes de tudo um organismo sustentado todo em função do princípio do Amor, seu impulso fundamental diretor. É lógico que, com a revolta, se tenha desfeito todo o estado orgânico do Sistema e desta tenha permanecido apenas um estado pseudo-orgânico, tal como existe no Anti-Sistema. Pseudo-orgânico porque, em nosso mundo, a ordem é apenas temporária, sustentada somente pela imposição da força, sempre contrastada pela desordem logo cessada sua imposição. Disso decorre serem todas caducas as construções de nosso mundo, não resistindo ao tempo, coisa inadmissível no Sistema. O Anti-Sistema está condenado automaticamente a esboroar-se, justamente porque falta-lhe o poder coesivo do Amor. Negá-lo significa negar a Deus, a vida, a coesão, a própria unidade. O Anti-Sistema, como negação do Amor, não pode ter a força de construir coisa alguma. Se algo nele se reconstrói, isto não é obra do Anti-Sistema, mas do Sistema que nele ainda sobrevive para salvá-lo; não é obra da força, mas do Amor; não do mal, mas do bem.

Dissemos, no capítulo IX, ter sido a revolta uma exagerada superestimação do próprio eu, por parte dos espíritos rebeldes, erro onde o homem ainda tende a recair, aplicando precisamente os princípios do Anti-Sistema. O pecado da revolta foi, com efeito, um pecado de orgoldo, de exagero e superestimação do eu, um pecado de egoísmo. Nisto consiste a revolta. Estamos no pólo oposto do egocentrismo de Deus, feito de Amor, exatamente no pólo feito do egocentrismo egoísta do homem dividido contra seu próximo. É a vontade de ser tudo, não freada pela disciplina do Sistema; é o desejo expansionista e imperialista de domínio individual, no qual triunfa o oposto impulso secessionista centrífugo, ao invés do impulso centrípeto de Deus.

Parece ser este o ponto mais difícil de compreender no fenômeno da queda e, no entanto, esta psicologia da revolta é a coisa mais comum em cada dia de nossa vida. Parece difícil compreender esse exagero do egocentrismo; nós mesmos, ainda agora, fazemo-nos centro de tudo, pretendemos julgar Deus e condenar Sua maneira de agir. Mas, a verdadeira razão pela qual não é difícil compreender esta psicologia da revolta é porque não queremos reconhecer os nossos defeitos e as nossas culpas. Estamos mergulhados até ao pescoço no Anti-Sistema e na sua psicologia da revolta, não contando com a justiça de Deus, mas apenas com as nossas forças e nelas procurando defesa; para salvar-nos, tentamos jogar a culpa até em Deus. O próprio fato de ainda estarmos nos revoltando, até mesmo contra a teoria da queda, está repetindo a primeira revolta e no-la prova. Como negá-la, se ainda estamos saturados dela?

Talvez uma das maiores provas da verdade da teoria da queda seja dada justamente pelas objeções feitas à teoria e pela atitude da psicologia humana ao discuti-la. A maior parte das dificuldades consiste em procurar os defeitos da obra de Deus, para acusá-lo como culpado dos danos atuais; ou seja, consiste em fazer de

si o centro do universo, para dele julgar, tudo em função de si mesmo para própria vantagem ou prejuízo. Para quem não sabe compreender a psicologia da revolta, só podemos indicar esse modo de pensar evidente sob os olhos. A tendência instintiva é justamente a da revolta, ou seja, de tornar-se a si mesmo centro de tudo; derrubando a Lei, tornar-se lei e verdade,vebcom isto adquirir o direito de julgar e condenar. As objeções tendem, em geral, a querer provar o erro de Deus e da Sua obra, porque a culpa não é do homem. Esta tenacidade em não querer considerar-se culpado prova não somente a revolta, como o gosto no hábito da revolta e sua insistência. A memória do instinto reproduz o passado e assim se explica porque o homem procura a culpabilidade em Deus e a inocência própria. Donde provêm os instintos, senão de um intervalado automatismo? De onde nasceram eles, neste caso? Isso tudo não é fruto do Sistema, mas do Anti-Sistema. Estamos desta maneira duvidando e procurando demonstrar como não sendo verdadeira uma teoria que estamos vivendo. Como o Fariseu do Evangelho, fazemos diante de Deus a enumeração de nossas virtudes, depois de termos feito o rol dos defeitos do próximo. Explica-se assim como, em seu conceito mais comum, a liberdade seja compreendida não como enquadramento na ordem (Sistema), mas como revolta individual à disciplina coletiva, para substituir o próprio eu à ordem existente, tornando-se, quando possível, chefe de outra ordem. É o motivo da revolta que renasce de todos os lados.

✇✇ ✇✇ ✇✇

Procuraremos agora responder à última parte da pergunta, em relação às individuações das forças do mal e ao problema da existência pessoal de Satanás.

Indubitavelmente, se o Sistema tem um centro em Deus, o Anti-Sistema deve ter seu próprio anti-centro. E se o primeiro corresponde ao princípio do “eu sou”, o segundo deve corresponder ao princípio do “eu não sou”. Enquanto o primeiro representa a plenitude do espírito e da unificação, o segundo representa a destruição do espírito na matéria e a vitória do separatismo. Tudo quanto até agora dissemos, e também a lógica, não só nos impõem que admitamos, diante do centro do Sistema, o anti-centro do Anti-Sistema, mas nos indicam também as qualidades destes dois centros opostos, devendo ser as mesmas do Sistema e do Anti-Sistema levadas ao máximo de concentração. Cada um dos dois centros trabalha em sentido inverso ao outro, em posição de completo antagonismo e rivalidade, disputando-se o domínio dos seres. Os espíritos não-decaídos estão fora dessa luta. Mas os que, com a revolta, se deixaram levar pelos impulsos do Anti-Sistema, vivem à mercê destes, procurando mantê-los sob seu domínio. Este fato, todavia, não pode impedir as forças do Sistema de permanecerem vivas e ativas também no Anti-Sistema e de exercerem pressão sobre as criaturas. É a luta entre a luz e as trevas, entre os impulsos ascensionais da evolução e os descendentes da involução. Cada um dos dois centros quereria tudo para si: o do Anti-Sistema para vencer o Sistema, fixando definitivamente a sua revolta; e o do Sistema para vencer o Anti-Sistema, salvando-o, ao levá-lo definitivamente ao estado de Sistema.

Como se desenrola esta luta? Essas forças são constituídas por impulsos estritamente individuados, e isto pelo princípio do egocentrismo, segundo o qual tudo o que existe só pode seguir o primeiro modelo do “eu sou” máximo, constituído pela Divindade. São forças decorrentes de impulsos anônimos, mas de núcleos dinâmicos bem distintos através das individuações precisas. Não se pode negar isto por ser uma conseqüência lógica do princípio do egocentrismo. Então devemos admitir que as forças do bem como as do mal são personificadas. Individuação significa personalidade distinta. Com efeito, na realidade do nosso mundo não encontramos forças anônimas não- individuadas, mas seres bons e seres maus, ou seja, os que emanam e produzem o bem e a vida, e os que só espalham o mal e a morte em torno de si. Isto tanto para os homens como para os animais, as plantas e até para as forças da natureza. Toda essa falange, de impulsos individuados na forma de seres, gravita em redor do centro do próprio Sistema, sintetizando no grau máximo as respectivas qualidades e colocado no vértice da pirâmide da hierarquia do seres, onde todos esses impulsos são personificados.

Por isso, a lógica continua a indicar-nos a presença de um centro em Deus e de um anti-centro em Satanás. Assim como o Primeiro é estritamente individuado, em forma pessoal, com suas qualidades próprias, o segundo, também, deve ser estritamente individuado, com suas qualidades próprias, em forma pessoal. Esta é a estrutura da construção lógica, perfeitamente equilibrada do Sistema e do Anti-Sistema, e não se pode evitar de chegar às conclusões impostas pelas premissas, situadas na visão e em toda a teoria. Se houve a queda, da mesma forma que houve um ponto de partida em Deus, no Sistema, deve haver um ponto de chegada, em Satanás, no Anti-Sistema. Se existe um vértice no positivo, deve haver também um vértice oposto no negativo. O Anti- Sistema é apenas uma reprodução invertida do Sistema, porque não pode ser outra coisa, em vista de não haver outros modelos no todo, e de poder a criatura, como ente livre, derivar, mas não criar, se o Sistema é construído como um edifício em pirâmide, com seu ápice em Deus, é necessidade lógica admitir-se que o Anti-Sistema seja construído como uma pirâmide invertida, com seu vértice em Satanás.

Estudemos, agora, as características que individuam estas personificações das forças do mal, até seu expoente máximo em Satanás, contrapondo-as às qualidades opostas das personificações das forças do bem, até seu expoente máximo, Deus. Satanás está situado no vértice negativo, onde se abismou com a revolta. Era a criatura mais alta entre os rebeldes, e se tornou a criatura mais baixa. Seu poderio está invertido ao negativo. Abismou-se com a evolução ao ponto mais profundo do Anti- Sistema, ou seja, mais descentralizado em seu movimento centrífugo de afastamento de Deus. O reino de Satanás é o universo no estado de caos, que foi verdadeiramente obra sua. É o estado de triunfo máximo do separatismo, levado até o estado de pulverização atômica nuclear. Seu reino é o universo físico, no estado de formação da matéria nas condensações estelares; é o estado de máxima involução, de mais profunda descida, onde começa, com a gênese das galáxias, o caminho inverso do regresso. Seu reino é o estado de máxima contração do Sistema, de máxima densidade da matéria, do qual estourou, por reação, o impulso ascensional evolutivo, estado de imensa compressão, do qual ricocheteou o impulso cinético expansionista, que anima nosso universo físico.

Quanto mais baixa é a posição do ser na evolução, mais fatigante é o subir, porque tanto mais próximo está do centro negativo do Sistema. Quanto mais alto se encontra na evolução, menos fatigante é o subir, porque se está mais próximo do centro positivo do Sistema. Entre as massas e centros de atração verifica-se uma lei