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OUTRAS PROVAS E ESCLARECIMENTOS – O FUTURO DA PERSONALIDADE HUMANA

Chegados a este ponto do curso, os assistentes pediram outras provas e explicações da teoria da queda. Embora repetindo os mesmos conceitos já desenvolvidos, fá-lo-emos com palavras e aspectos diferentes, para elucidar os problemas sob outros prismas, a fim de ficar bem esclarecidos o pormenores, podendo-se chegar a reconhecer o fenômeno cada vez mais exatamente. Demonstraram, com esse pedido, que haviam compreendido o quadro geral e manifestaram a vontade de aproximar-se um pouco mais, a fim de observá-lo e compreendê-lo melhor em seus vários aspectos. Supondo que o leitor se ache provavelmente, no mesmo estado de espírito e que poderão interessar-lhe novos esclarecimentos, continuaremos a expor as perguntas feitas no curso e as nossas respostas.

PERGUNTA:

Para nós, situados em nosso mundo, ou seja, na posição de Anti-Sistema, é possível fazer uma idéia do sistema só com os meios comuns das vias racionais, sem ter de recorrer à inspiração?

Sem ter que recorrer à visão, o observador normal pode encontrar em nosso universo os elementos para reconstruir por via racional, a estrutura do Sistema, chegando a poder obter por si provas e confirmações da visão. Neste caso, o estudioso poderá tomá-la, de início, apenas como hipótese de trabalho, para depois, num segundo tempo, verificar que conseguindo explicar a razão pela qual o nosso universo está construído assim, pode ser aceita como teoria. Essa teoria é justamente a da visão.

Isto é possível por não estarmos fora do Sistema, mas apenas numa sua posição invertida. O nosso universo decaído continua a existir em função do Sistema não-decaído do mesmo centro de tudo, Deus. O nosso Anti-Sistema não representa um modo independente, separado. No todo só é possível a existência de um modelo único: o Sistema de Deus. Não pode haver outros modelos e sistemas, porque não há outros criadores. Se existem outras formas, estas só podem ser derivadas do primeiro modelo, Deus. Isto significa ser o Sistema o único ponto de referência e ponto final da evolução, sendo o caminho desta preestabelecido e não pode ser outro. Se então o Anti- Sistema é uma reprodução invertida do Sistema, não será difícil reconstruir-nos a sua imagem, endireitando essa reprodução invertida. A relação de filiação permite ver através dos traços do filho, os do pai. Se a derivação foi em descida, em sentido destrucionista, pode-se regressar à fonte subindo em sentido construcionista. Representamos um estado patológico. A doença pode permitir-nos estabelecer o estado de saúde, porque a doença existe em função desta. O negativo indica-nos o positivo, o mal revela-nos o bem, a dor mostra-nos a alegria, o erro prova a verdade. Luz e sombra são conexos e a sombra serve para compreender e procurar a luz. Onde tudo é luz sem sombra, num todo homogêneo, não é possível nenhuma distinção.

Então, para conseguir ver a posição correta do Sistema, basta endireitar a posição invertida do Anti-Sistema, existente sob nossos olhos, contrapondo, ao processo de decomposição ocorrido na queda, o processo de recomposição que agora ocorre na evolução, unindo o ponto de partida da descida com o ponto de chegada da subida. Um pólo fala-nos do pólo oposto, inverso e complementar. Assim, o Anti-Sistema nos mostra o Sistema. Podemos ver o segundo espelhado no primeiro, que é o nosso mundo, às avessas, da mesma forma como se vê um edifício espelhado num lago. Na imagem refletida, os primeiros planos aparecem como últimos e vice-versa. Em nosso mundo os valores mais apreciados são os menos valiosos, os fictícios da matéria, e não os reais e eternos do espírito; quem é premiado na luta pela vida é o mais forte, que vence submetendo o próximo, e não o mais honesto, que trabalha a favor do próximo. Assim, os valores do Sistema aparecem na Terra, mas freqüentemente invertidos, na forma de ficção, para enganar melhor; exalta-se a bondade, mas de fato os bons são considerados como simplórios a serem explorados; faz-se muita questão de todas as virtudes, mas para os outros; defende-se o amor ao bem reparando os efeitos e o mal, mas no próximo, porque custa muito menos corrigir os outros do que a si mesmo. Louva-se a honestidade, mas, na verdade, a sociedade castiga severamente os honestos. O móvel de toda essa humanidade é o egoísmo separatista, principal qualidade do Anti- Sistema, que nos indica a oposta, o altruísmo unificador, qualidade principal do Sistema. A primeira coisa que fazem os involuídos, como todos os seres inferiores do Anti-Sistema, é agredir, para impedir a expansão vital e a própria vida. Para estes, como para todos, a vida é o máximo dom e, por sua posição de egoísmo separatista, procuram agredi-la para infligir o máximo prejuízo. Para os que vivem só no plano físico, esse é o maior prejuízo, mas para o evoluído que vive no plano espiritual, a perda da vida física pode ser, ao invés, uma libertação, para entrar numa forma de vida muito maior.

Assim, não só nosso mundo revela a natureza de outro mundo perfeito, oposto a ele, como este mesmo nosso mundo humano, não é compreensível senão em função de outro mundo mais perfeito. Então, Sistema e Anti- Sistema, pelo fato de se condicionarem, justificam-se e se explicam reciprocamente. Se bem observarmos, veremos que, apesar da queda, eles permanecem indissoluvelmente ligados. Coloquemos no positivo tudo o que há de negativo em nosso mundo, e teremos o Sistema. Como poderia além do mal, ter o homem consciência do bem e compreender o conceito de perfeição, se não existissem essas qualidades no estado puro e completo em outro lugar? O nosso Anti-Sistema demonstrando o Sistema, constitui uma prova de sua

existência, mostrando as qualidades que deve ter. Os dois permaneceram tão ligados que a maior estrada da vida, representada pela evolução, os liga, desembocando no Sistema, sua meta final que orienta e justifica, pois se destina a transportar todo o Anti-Sistema, depois de verticalizá-lo na posição do Sistema, para o seio deste, ou seja, para Deus. Aí se torna realidade o que em nosso mundo aparece apenas sob a forma de ideal, e os homens “práticos” julgam ser sonho. Aí tem existência real o que em nosso mundo é apenas aspiração, por pertencer ao futuro da evolução. Aí se acham realizados os valores do Sistema, opostos ao do Anti-Sistema. Aí se realiza a reinversão do invertido, ou seja, o seu endireitamento; são revalorizados os verdadeiros valores, agora desvalorizados. Aí, finalmente, o altruísmo, motor de tudo, funde todos num estado orgânico unitário.

Continuemos a desenvolver este assunto, embora ele exorbite dos limites da pergunta. Em nosso Anti-Sistema, o Sistema não foi absolutamente destruído; aí existe em estado de germe. Outrossim em vista de, com a evolução, um pouco do caminho da subida já ter sido realizado, alguns elementos do Sistema já apareceram por aqui. Com isto, pois, o Sistema dá provas de sua existência, tanto os dois, como pai e filho, estão conexos e interpenetrados. Portanto, há o fato positivo de o Sistema existir em nosso mundo, embora em estado de ideal. Algumas características do sistema já se vislumbram aqui em baixo, embora como exceção. Se é difícil conseguir concretizar-se na realidade, não há dúvida de que existem como anseio instintivo de nossa alma, porque a todos agradaria ser bons e perfeitos, se a evolução não requeresse tanto esforço. Donde vem esse anseio? Como é possível desejar algo que não se conhece? E como é possível conhecê-lo sem havê-lo possuído? Nada disso pode explicar-se senão como lembrança de um paraíso perdido, para o qual torna a impelir-nos uma infinita nostalgia, que vive a cada momento, em nosso insaciável anseio de felicidade.

Em última análise, o que impulsiona para a frente no caminho da evolução, é justamente esse anseio. Subir é árduo e o ser gostaria de furtar-se a esse esforço. Seu primeiro instinto é esse, que lhe vem do Anti-Sistema. Mas o ser é dominado, também, por outro instinto, que é o de subir, custe o custar. O nosso mundo vive da luta entre esses dois instintos. São muitas as resistências contra o progresso, embora não consigam detê-lo. Não resta dúvida de que a evolução é realizada por obra deste impulso interior, sendo tão forte que chega à realização progressiva do Sistema até mesmo no seio do Anti-Sistema rebelde.

Podemos encontrar nisso, nova prova em favor da teoria da queda. A evolução surge de dentro e não de fora. Trata-se de um impulso espiritual, ignorado pelo ambiente externo, material. Esse impulso funciona como uma semente depositada no ser ainda involuído, nele permanecendo latente com vontade de nascer e desenvolver-se, como um íntimo impulso contido, com tendência a explodir para expandir- se. Essa causa é interna e dela produz efeitos externos. A existência consiste num caminhar do interior para o exterior, da substância para a forma. Donde provém então esta causa imponderável, de cuja latência derivam tantos efeitos atuais? Como se acha no seio do Anti-Sistema? A esta pergunta só pode dar-se uma resposta: essa causa é dada pela presença do Sistema que, com a queda, não foi destruído, mas sobreviveu no estado latente dentro do Anti-Sistema. Há necessidade, então, de antepor-se a toda fenomenologia de nosso universo, a existência causal de outro universo espiritual, sem o qual não é possível de maneira nenhuma explicar a imensa floração realizada pela evolução, não podendo esta ter provindo do nada. A evolução não é criação do nada, mas é um progresso; é o desenvolvimento de um germe, que é o Sistema e conduz tudo – como é lógico – à causa primeira de tudo, Sistema e Anti-Sistema, a Deus. Se hoje com a evolução vemos da matéria desenvolver-se o espírito, isto é, a consciência provir da vida, isto significa ter caído o mesmo nas profundidades da matéria, aí permanecendo envolto, o princípio que agora, com a evolução, se está desenvolvendo. As raízes e a explicação da evolução só podem ser achadas na involução e na queda, não apenas para satisfazer à exigência lógica de dois períodos opostos que se equilibram, mas sobretudo para encontrar-se a causa de efeitos inexplicáveis de outro modo.

Neste ponto foi pedido um outro esclarecimento.

Na passagem, por evolução, do Sistema ao Anti-Sistema e, por evolução do Anti-Sistema ao Sistema, quais, mais exatamente, as transformações que ocorrem com respeito a cada individuação do ser e às relações existentes entre elas? Deseja-se colocar mais exatamente em foco as mudanças que acontecem no processo da queda e da subida, quanto ao estado orgânico e à unidade do todo. Qual foi a posição e o valor de cada individuação dentro desse estado orgânico e sua relação com ele? Diante de tudo isso, que é a personalidade humana e quais serão seus futuros destinos?

RESPOSTA

:

O primeiro dos dez mandamentos que Moisés recebeu de Deus no Monte Sinai, o mandamento fundamental que estabelece a posição de Deus, diz: “EU SOU o Senhor teu Deus. Não terás outros deuses diante de mim”.

A primeira palavra é “EU”. A primeira coisa a afirmar-se é o egocentrismo.

A segunda palavra é “SOU”. Logo após afirmar-se a vida, porque “ser” é a qualidade de Deus e de tudo o que Dele derivou.

A existência, pois, antes de tudo de Deus, e depois de todos os seres, fica estabelecida, pelo primeiro modelo do “EU SOU”. A primeira criação dos puros espíritos gerou, então, as criaturas estritamente individualizadas por suas características pessoais, como Deus. Só assim torna-se possível admitir terem tantas qualidades que temos de reconhecer como necessidade lógica, a obrigação de admitir também a da individuação. Essas qualidades eram: liberdade, conhecimento, posição hierárquica bem definida, função individual no estado orgânico do Sistema etc.

Desse modo, todos os elementos, tanto no Sistema quanto depois, já decaídos no Anti-Sistema, permaneceram sempre individuados. Que diferença se verificou, então, entre seu estado de origem e o estado após a queda? Esta não representou uma destruição de cada uma das individuações, mas a destruição de seu estado orgânico de Sistema em seu estado desorganizado de Anti-Sistema. Já explicamos ter sido o resultado da primeira criação, o estado orgânico do Sistema, e foi esse estado orgânico e a ordem por ele representada que se desfizeram com a queda. (Veja capítulo XI, “A Visão Diante da Biologia”). Portanto, as individuações permaneceram, mas mudaram as relações entre elas; estas, ao invés de colaborar com funções coordenadas no mesmo organismo, isolaram os seus egocentrismos, antes fundidos numa só ordem, em tantos egoísmos separados e rivais, buscando destruir-se mutuamente ao invés de ajudar-se, e desfazendo assim em caos toda a organicidade do Sistema. A queda produziu essa posição das individuações em estado de antagonismos contrastantes, que é o estado de animalidade e da humanidade atual, explicando-nos, dessa forma, porque em nosso mundo ainda esteja em vigor a lei da luta pela vida e da seleção do mais forte. A biologia comprova a presença dessa lei, mas só a teoria da queda nos explica a sua causa primeira e as razões profundas.

O resultado da revolta foi desagregar e pulverizar a compacta estrutura orgânica do Sistema, ao menos na parte que dele se quis destacar, permanecendo íntegro o resto, não rebelde. Então, o novo estado caótico destacou-se do estado orgânico; o estado de separatismo afastou-se do estado de fusão. A partir desse momento, a atividade de cada elemento não se somou à de outro, tendendo ao mesmo fim, mas procurou anular a atividade do outro, subtraindo ao invés de somar. Podemos compreender, dessa forma, porque o conceito da individuação assumiu, no Anti-Sistema, um valor completamente diferente. Ao invés de dizer: todos unidos, cada um por todos; foi dito: todos divididos, cada um por si. Eis o nosso mundo. Então, Sistema e Anti-Sistema, colocados diante do problema da individuação, significam: o primeiro, a fusão dos egocentrismos numa mesma unidade orgânica e o segundo, o fragmentar-se através da queda, dessa união, até um estado de inimizade dos egocentrismos, na mesma desordem caótica. Conclui-se daí que, em sua essência, o verdadeiro significado da queda consistiu no desmoronamento das qualidades orgânicas e unitárias do Sistema.

O nosso eu, em sua forma atual, como egoísta e dividido do próximo, é apenas um fragmento isolado daquela unidade orgânica, pulverizada com a queda. Como altruísta e colaborador de seu próximo, faz parte das primeiras reunificações coletivas que, por meio da evolução, conduzem à reconstrução do Sistema. Por isso, se a involução foi um processo de destruição da organicidade, a evolução apresenta-se-nos em novo e mais profundo significado, que é o de construir um processo de reconstrução da organicidade. O primeiro movimento, na descida, representa uma demolição da unidade no separatismo, da organicidade no caos; o segundo movimento, na subida, representa o contrário. Não foi a queda, pois, que criou os egocentrismos: criou apenas o egoísmo, que os afastou, uns dos outros, como inimigos. A queda substituiu o egocentrismo unitário de Deus, em torno do qual se haviam coordenado todos os outros egocentrismos em Sistema, em uma pulverização de egocentrismos separados, cada um tornando-se centro de si mesmo. Assim, a direção passa do único centro, Deus, a uma multidão anônima e desorganizada. Só o primeiro método pode ser apto a dirigir um organismo. O segundo só pode gerar a própria desordem. Mostra-nos isto qual seria o método perfeito de governo, ou seja, o de Deus no Sistema. Mas na Terra não existem chefes políticos que possam ter as qualidades de Deus, nem súditos com as qualidades dos espíritos perfeitos. O valor de um governo depende, antes da forma e do Sistema de escolha, do valor pessoal dos chefes tanto quanto dos súditos.

Dessa maneira, podemos agora conceber a queda como um processo de desorganização, e a evolução como um processo de organização. Trata-se verdadeiramente do desmoronamento de um edifício, do qual só resta um montão de destroços: os elementos componentes. Trata-se, mais exatamente, do desmoronamento de uma parte do edifício, tendo permanecido intato o resto. A parte que permaneceu inata representa o modelo, de acordo com o qual deve ser reconstruída a parte desmoronada; representa o projeto feito por Deus na Sua primeira construção, ao qual agora os operários da reconstrução devem obedecer. Esse projeto se vai aos poucos, lentamente, realizando com a evolução, do qual representa o quadro final. Ela é um tornar-se, porque deve caminhar para atingir esse ponto. Os dois edifícios estão lado a lado, e o novo deve reunir- se ao velho, para no fim ser um edifício apenas. Dos dois, um está de pé, o outro está desmoronado, mas unidos pelo mesmo plano construtivo, repousam sobre os mesmos alicerces, sendo regidos pela mesma lei. Na parte remanescente, íntegra, há a mesma febre de trabalho de reconstrução que na parte dos escombros e dos operários afadigados. Estes, pobres ignorantes decaídos, são guiados e ajudados no duro caminho da evolução. Os irmãos que permaneceram puros e sábios ajudam os irmãos sujos e cegos: irmãos porque todos são filhos do mesmo Pai, nascidos juntos no terceiro momento da Trindade, na primeira criação.

O que mais interessa a nós, humanos, habitantes do Anti- Sistema, empenhados no trabalho de reconstrução do Sistema, é examinar esse processo evolutivo dentro do qual estamos. Observamos o desmoronamento em relação ao estado orgânico original, para ver o que ocorreu a cada uma das individuações. Ainda em relação a tudo isso, observamos agora o processo inverso da reconstrução. Poderemos responder, assim, à última parte da pergunta, que diz respeito ao futuro da personalidade humana.

Como o universo vai sendo reconstruído? A queda produziu uma separação entre os elementos componentes. Os tijolos que compunham o edifício estão todos espalhados pelo chão. A reconstrução é feita recolocando-os juntos e em seus lugares. É este precisamente o fato que está ocorrendo. Pela lei das unidades coletivas, o nosso universo se está recompondo em agregações cada vez mais vastas e complexas, cada vez mais próximas ao modelo do Sistema. A evolução manifesta uma tendência à unificação. Da sua posição na evolução, o homem pode ver, ao olhar para trás, um trecho do caminho já percorrido.

Dos elementos ainda não descobertos que compõem o núcleo do átomo, o ser já reconstruiu esta primeira unidade. Unindo o núcleo com outros elementos, construiu o átomo, o qual já é um pequeno sistema. A evolução chegou assim ao estado de matéria como a conhecemos. Depois, com os átomos, construiu as moléculas, com as moléculas as células, com estas os tecidos e órgãos, e, aperfeiçoando- os, chegou a produzir as células nervosas e cerebrais, já próximas ao espírito, aptas a

dirigir os mais complexos organismos da vida. Com isto, foi passando do estado inorgânico à vida, do monocelular, a organismos cada vez mais complexos, do vegetal ao animal, subindo sempre até o homem, enriquecendo-se sempre com funções mais complicadas, até chegar às espirituais. E o caminho não terminou. Os vários indivíduos humanos, constituídos de organismos tão complexos não vivem sós. Unem-se em grupos cada vez mais vastos: primeiro a família, depois as castas, as cidades, os partidos políticos, as religiões, depois as nações ou povos, a sociedade, a humanidade, e enfim a humanidade de humanidades.

Dessa forma a reconstrução se opera por graus, através da unificação. E tanto mais adiantada será a evolução, quanto mais tiver conseguido unificar princípios elementares, coordenando-os organicamente. O homem chegou hoje, socialmente, até certo grau de reunificação e não mais, mas, prosseguindo na estrada, podemos ver os futuros aspectos da personalidade humana. Estão todos contidos neste processo de contínua reunificação. Os povos reunir-se-ão política e economicamente, as religiões espiritualmente, pouco a pouco desaparecendo tudo o que divide, para ceder lugar a tudo o que unifica. Quando todo o universo estiver reunificado num só organismo, e todos os seres colaborarem, por livre adesão, em função de um centro único, Deus; então o Sistema estará todo reconstruído e estará definitivamente concluída a grande aventura da queda.

Que transformações sofrerá então, no futuro, com a evolução, a personalidade humana? Como já dissemos, no capítulo XI. “A Visão Diante da Biologia”, esse processo de reunificação não é estéril. A cada unificação se acrescenta um