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SIGNIFICADO DA MORTE E DA REENCARNAÇÃO

Respondamos a outras perguntas, antes de concluir o

livro.

PERGUNTA:

No decurso da resposta anterior, falou-se, incidentalmente, em morte. Pedem-se explicações mais exatas, quanto às causas determinantes desse fenômeno, e esclarecimentos a respeito das razões justificadas de sua existência e verdadeiro significado; e também a respeito das causas e significado do fenômeno conexo da reencarnação, em relação às teorias apresentadas neste livro.

RESPOSTA:

O fenômeno da morte faz parte de uma série de conceitos negativos, que por esta sua natureza negativa só podem fazer parte do Anti-Sistema. Este fato implica na presença de uma série oposta de conceitos positivos, que por sua natureza positiva só podem fazer parte do Sistema. Os dois pólos contrários, afirmação e negação, constituem um equilíbrio de opostos que se presumem e se condicionam mutuamente, só podendo existir em função um do outro. A base e a origem do conceito está no pólo positivo, em forma de afirmação. A parte oposta só é concebível como sua derivação, por inversão. Assim, em todas as coisas encontramos, ligados aos pares, os dois conceitos constituindo o mesmo princípio, antes em seu aspecto positivo, depois em seu aspecto negativo.

Deste modo, no caso agora em observação, a base e a origem do conceito estão no pólo positivo, em forma de afirmação, significando vida; sua parte oposta, ou seja a morte, só é concebível em função da vida, como uma corrupção desta por inversão. Por isso, como em todas as coisas, encontramos esses dois conceitos unidos num par, como os dois pólos opostos do mesmo princípio, antes em seu aspecto positivo e depois em seu aspecto negativo. O primeiro representa a posição íntegra, situada no sistema, o segundo a posição decaída, corrompida no Anti-Sistema.

Ora, no estado de perfeição do Sistema, tudo é vida e consciência e não há lugar para o conceito de morte e inconsciência. No estado de Sistema, o espírito permanece sempre presente em si mesmo, em plena luz de consciência. Aproximamos estes dois conceitos de vida e consciência porque, como dissemos na resposta precedente, a substância da vida é constituída pela consciência do existir e a substância da morte pela perda dessa consciência. Foi dito também que, ao descer, tudo tende a morrer na inconsciência, propriedade do Anti-Sistema; e ao subir, tudo tende a reviver na consciência, propriedade do Sistema. Explica-se, dessa forma, o estado atual do homem, que tendo percorrido um trecho da subida evolutiva, acha-se a meio caminho entre o Anti-Sistema e o Sistema; por isso divide sua existência entre a forma-vida e a consciência, própria do Sistema, e a forma-morte e inconsciência, do Anti-Sistema.

Que é a morte, então? A morte é um estado de obscurecimento de consciência, atingido com a queda no Anti-Sistema, por inversão da luz da consciência que o ser possuía no estado de Sistema. Daí resulta ser a morte cada vez mais morte (isto é, perda de consciência) quanto mais o ser se encontra imerso no Anti- Sistema, ou seja, é um involuído; por outro lado, a morte é cada vez menos morte (isto é, perda de consciência) quanto mais o ser se aproxima do Sistema, ou seja, é um evoluído. Então, entre os dois pólos extremos de vida e consciência completas no Sistema, e de morte e inconsciência completas no Anti-Sistema, a fase de involução representa a passagem do primeiro estado ao segundo e a fase de evolução representa a passagem do segundo estado ao primeiro. Desse modo, como já dissemos, quanto mais se evolui, tanto menos se morre e menos o morrer é morte. Como a involução criou a morte, assim a evolução a destrói.

Nos planos intermediários nos quais se encontra o homem, temos a parte física, o corpo feito de matéria pertencente ao Anti-Sistema, e o espírito representando a parte mais próxima do Sistema; o espírito, ao repetir o motivo da queda, se encarna, recaindo assim no Anti-Sistema. Essas duas partes representam, no homem, os dois pólos já citados, Anti-Sistema e Sistema, entre os quais oscila a cada nova encarnação, para que, evoluindo, se afaste cada vez mais do primeiro e se aproxime do segundo. Que acontece então com a morte? Nessa ocasião, a parte física, pertencente ao Anti-Sistema, morre; mas não morre a parte espiritual mais próxima do Sistema. Isto acontece como efeito do princípio de que tudo o que pertence ao Anti-Sistema morre; e tudo o que pertence ao Sistema não pode jamais morrer, por ser feito da vida.

Ora, se para o corpo, que em todos os seres humanos apresenta mais ou menos o mesmo grau de evolução biológica, se verifica, na morte, mais ou menos o mesmo desfazimento físico, próprio a toda matéria orgânica que morre, e quase igual para todos, a mesma coisa não ocorre para o espírito. Se na parte humana os espíritos caem mais ou menos no mesmo cadinho de experiências oferecido pelo ambiente terreno, ainda que excepcionalmente, podem pertencer a planos de evolução mais elevados do que os da média. Eis então, que a morte, se para o corpo pode ser quase igual para todos, pode, no entanto, ser bem diferente para a parte espiritual. Essa diferença será tanto mais acentuada, quanto mais o indivíduo for espiritualmente evoluído e se distanciar dos planos comuns e mais baixos da vida. Em outros termos, a morte será tanto menos morte, e a parte espiritual permanecerá sempre mais viva e consciente na morte, quanto mais o ser for evoluído, ou seja, estiver mais próximo do Anti-Sistema, reconquistando-lhe as qualidades. Por isso, sentirá a morte muito menos que os outros, permanecendo, na morte e depois da morte, muito mais vivo e consciente que os outros, em relação ao grau de evolução que tenha atingido. Só o evoluído readquire plena consciência depois da morte, tanto mais plena, quanto mais for evoluído. Consciência quer dizer conhecimento do pensamento diretivo da Lei, do plano geral do universo e de sua posição, para realizar, como operário de Deus, a própria função e a do próprio destino de ascensão.

Os animais vivem apenas no plano físico do corpo, não podendo, por isto, gozar depois da morte, de uma vida consciente, que não possuem, pois ainda não conquistaram. Saem da vida física e a ela voltam por um fenômeno automático, determinístico, assim como caem as gotas da chuva, sem sabê-lo. A massa involuída da maioria dos seres humanos está pouco mais acima desse nível e permanece semi- consciente, ou seja, com uma consciência limitada ao da sua forma mental sensória no ambiente terrestre. Era aí o centro de vida, e aí permanece. A morte não pode mudar o tipo de personalidade. As idéias dominantes são conquistadas por longa repetição, até adquirir seu hábito; as novas qualidades, constituindo os novos instintos, formam-se com a técnica dos automatismos e não se improvisam nem sequer com a morte. Resulta daí que, comunicar-se mediunicamente como os desencarnados, não representa, na maioria dos casos, senão um transbordar do próprio material humano baixo, do qual a Terra já está saturada e já temos bastante, com pouco a nos ensinar. Não é comum os grandes espíritos descerem para comunicar-se com os homens. Isso somente se verifica por motivos especiais, que não acontecem todos os dias.

Com a evolução, o centro da vida se afasta do plano material cada vez mais no sentido do plano espiritual. Quanto mais é involuído o ser, tanto mais a vida terrena lhe é não só a verdadeira vida mas também toda a vida, tanto mais lhe é preciosa e tanto mais perdê-la significa verdadeiramente morrer. Quem não possui uma vida intelectual e espiritual em que viva liberto do corpo, teme a morte, porque nela se sente realmente morrer. Ao contrário, quanto mais evoluído for o ser, tanto menos para ele a vida corpórea é a verdadeira vida ou toda a vida. Ele conhece uma vida maior, onde sabe ser eterno e indestrutível; ninguém pode matá-lo, a não ser a sua própria vontade de involuir, praticando o mal. O seu inimigo não é mais o seu semelhante, que não lhe interessa mais vencer, porque não lhe disputa o espaço vital. Sua luta é contra a própria animalidade, única coisa que o impede de dominar, subindo. O evoluído, ao descobrir essa vida maior, não teme a morte, porque sabe que não morrerá de maneira nenhuma.

De onde deriva, então, o medo natural que o ser tem da morte? Ela é o símbolo, a lembrança e a prova da queda no Anti-Sistema. Representa a

negação da primeira qualidade do ser, isto é, existir. A morte exprime um contínuo e repetido assalto do Anti-Sistema contra o Sistema, para destruí-lo. Reproduz o suicídio tentado pelo espírito, ao lançar-se no abismo da matéria. É o chamamento terrível do Anti- Sistema para a destruição, e a volta de seu impulso demolidor de tudo. Quando ela se aproxima, o ser sente-se tornar a cair no abismo do aniquilamento, em que já desmoronara, com a queda. Sente-se aterrorizado ao ver-se novamente preso no ciclo da queda, que torna a pegá-la a fim de arrastá-lo para baixo.

Isto prova que o ser conhece o Sistema, com o seu estado de plenitude de vida pelo qual sempre anseia, e conhece o Anti-Sistema, com o seu estado de negação da vida, no qual se precipitara com a queda. O seu maior instinto é agora afastar-se deste, para voltar ao Sistema. Só com a teoria da queda pode explicar-se esse instinto de fugir à morte, onde se revela o Anti-Sistema, para reentrar naquele estado de vida perene, onde o Sistema predomina. O ser anseia a sua vida completa, que possuía no Sistema, e tem horror do Anti-Sistema que, com a morte, tenta demolir a cada instante a sua vida. A queda da integridade originária é uma cegueira dolorosa e o ser se agarra desesperadamente à vida, para não se precipitar no abismo que a queda escancarou a seus pés.

Que significa a ânsia de imortalidade, esse desejo irrefreável de sobreviver de qualquer modo à própria morte, com qualquer obra imperecível. Esse anseio exprime a vontade de escapar à prisão das areias movediças do Anti-Sistema, que procuram engolir a vida. Doutro lado existe um anseio de crescimento, paralelo ao de não querer morrer. Não apenas sobreviver, mas desenvolver-se cada vez mais. Querem crescer as plantas, os animais, as crianças; querem crescer os povos com o progresso da sua civilização. Se o primeiro anseio exprime a vontade de escapar ao Anti-Sistema, este segundo exprime a vontade de aproximar-se do Sistema. É inegável o fato, por todos verificável: o contínuo esforço do ser para não morrer, defende, desesperadamente, a sua vida a fim de vencer o princípio de destruição, representado em todas as coisas pela presença do Anti-Sistema; e é fato inegável também o esforço contínuo para ampliar e reconstruir a vida, para vencer com o princípio da reconstrução, que representa a presença do Sistema.

Mostra-nos tudo isso que somos feitos de vida perene, tal como existe no Sistema, tendo se despedaçado com o desmoronamento no Anti-Sistema. Demonstra-nos, também, a nossa substancial indestrutibilidade, ou seja, que somos feitos de vida imortal, porque não pode morrer. O ser sabe, instintivamente, que apesar da queda, é filho do Sistema, e não quer submeter-se ao Anti-Sistema, pois este é apenas efeito transitório de um erro e não pode representar um estado definitivo. Embora submerso no Anti-Sistema tenta conseguir o que representa, ali, um absurdo: a plenitude da vida. No entanto, esse instinto não erra, porque o ser decaído só pode existir em função da reconstrução do Sistema. O ser tenta a loucura de querer vencer a morte, porque o seu instinto lhe diz ser feito de vida, de uma vida mais forte que todas as mortes. O sonho de libertação que arde no fundo de todos os corações, ainda que pareça irrealizável, está escrito que se realizará um dia, e não poderá deixar de realizar-se. Esse é o significado dos instintos humanos de imortalidade e crescimento e os instintos não erram. O grande sonho de jamais morrer, há de realizar-se, e para isso espera o ser atingir o cimo da escada evolutiva, onde reencontrará o Sistema, e com ele a vida eterna. O elixir da longa vida procurado pelos alquimistas medievais para conseguir a eterna juventude, existe; não, porém, sob forma de bebida, mas de esforço para evoluir, porque com a evolução será reconstruída a vida plena e contínua, não mais interrompida pela morte.

Já dissemos, no capítulo precedente, que a evolução, ao permitir-nos o afastamento do Anti-Sistema, nos liberta da morte, porque nos leva ao Sistema onde esta não existe. Os fatos confirmam estas asserções, pois, quanto mais a vida é involuída, tanto mais rápida é a mudança vida-morte a que está sujeita. Que significa isso? No estado monocelular ou microbiano, a vida do indivíduo pode reduzir-se a poucos minutos. Ora, é lógico ser presença da morte tanto mais freqüente, e a incerteza da vida tanto maior, quanto mais retrocedermos ao Anti-Sistema. Mas, a evolução nos conduz para a vida, com isto reforça as suas posições e, subindo, mais se torna longa e resistente.

Vemos o mesmo fenômeno no progresso das civilizações. A maior sabedoria do selvagem involuído consiste toda em saber fazer guerra, produzindo em seu plano um regime onde a maior habilidade e o valor mais alto consistem em saber matar as feras e o próximo. Ao contrário, a sabedoria do civilizado evoluído não consiste em saber agredir o próximo, mas em saber organizar-se com ele para a maior vantagem de todos, significando um novo afirmar-se da vida sobre a morte. Dessa forma, com a evolução, desaparece a ferocidade para dar lugar à inteligência. E para que serve tanta luta, das plantas entre si, dos animais aos homens, senão para desenvolver a inteligência, qualidade do Sistema? A morte, qualidade do Anti-Sistema, está sempre pronta a ameaçar o instinto fundamental da vida. Esta, porém, que não quer morrer, é obrigada a defender-se e, para defender-se, é levada a desenvolver todas as qualidades necessárias a esse fim. É por isso que surgem e se aperfeiçoam os sentidos, para desempenhar a tarefa mais urgente, que é do ataque e defesa, exatamente como ocorre com as novas invenções científicas, empregadas em primeiro lugar para fins bélicos de ataque e defesa.

Dessa forma, o ser é impelido a evoluir, pelo terror da morte e pelo anseio de viver, ou seja, por sua instintiva repulsa ao Anti-Sistema e por sua atração ao Sistema. A sua primeira conquista dos poderes dos sentidos tende a completar- se, mais tarde, com a conquista dos poderes intelectuais. Para o animal, perceber é tudo, tendo, com efeito, muito mais acuidade sensorial que o homem; este, ao invés, já conquistou, em compensação, outros poderes intelectuais, sendo, com isso possível controlar o valor dos resultados obtidos através das sensações, que o animal aceita cegamente, sem discutir, incapaz de discriminar o seu valor exato. Por isso, tanto o animal como o homem primitivo são muito mais escravos da ilusão sensória em relação ao mundo exterior, do que o homem habituado ao controle de si mesmo e dos próprios meios de percepção. Sem dúvida, um macaco, com seus olhos mobilíssimos, é muito mais hábil que o homem normal e capaz de ver, concomitantemente, tudo o que lhe acontece em torno. Mas, o macaco sabe avaliar muito menos o significado das percepções recebidas.

A evolução opera, então, um desenvolvimento diferente, não na forma extrovertida, produzida pelos meios sensórios, mas na forma de introspecção que, com o controle racional antes desconhecido nos seres inferiores, incrementa o valor crítico das observações alcançadas sensorialmente. Transforma-se, dessa maneira, completamente, a própria apreciação da realidade exterior, que acaba revelando aspectos totalmente inacessíveis aos meios sensórios. Por isso, aparece não apenas uma nova consciência do mundo exterior, permitindo maior proteção da vida, mas a evolução arrasta o ser, no seu próprio caminhar, cada vez mais para o mundo interior que é o mundo de espírito, ou seja, o regresso ao reino do Sistema.

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Procuremos responder, agora, à segunda parte da pergunta, relativa à reencarnação. Na teoria exposta o ponto fundamental que explica tudo, e sem o qual nada se compreende, é a reencarnação. Sempre colocamos morte e nascimento como dois pólos opostos do mesmo fenômeno vida, como dois momentos paralelos indissolúveis, um como condição indispensável do outro. Sem esta concepção de uma vida mais ampla, ligando todas as pequenas vidas no tempo, não se pode conceber o fenômeno da evolução, nem mesmo espiritual, em que se baseiam as religiões. O conceito de uma criação espiritual, que ocorra toda vez, individualmente, a cada nascimento, quebra todo o conceito de equilíbrio e de continuidade, fazendo do universo material-espiritual uma desordem absurda e caótica, em que nada mais se compreende. Essa idéia de uma criação da alma a cada novo nascimento pode ser colocada ao lado da idéia que diz ser a Terra o centro do Universo, em torno da qual o sol gira, como também a idéia do homem como único habitante objetivo da criação, e ainda a concepção antropomórfica de um Deus que pensa e age à semelhança do homem.

De fato, o ser progride através dessa contínua oscilação entre as duas posições inversas e complementares, que são vida e morte. Com a revolta, o espírito não morreu. Apenas a sua vida se inverteu no seu contrário: a morte, de onde vai

ressuscitando à proporção que percorre o caminho da evolução. E, através das inúmeras mortes, vai ressuscitando cada vez mais com a evolução. Pensando negar a Deus para afirmar a si mesmo, o ser, com a revolta, não tocou em Deus e negou apenas a si mesmo, precipitando-se da vida, na morte. Com a evolução, deve agora tornar a subir da morte para a vida, com oscilações cada vez mais lentas, nas quais a fase morte vai sendo reabsorvida com o afastar-se do Anti-Sistema, até atingir a plenitude da vida sem mais morte, no Sistema.

Muitos afirmam esta verdade da reencarnação, mas poucos se perguntam por que a evolução tenha tomado essa forma de vidas alternadas com as mortes. Poderia ela perfeitamente realizar-se numa continuação progressiva, sem estas interrupções e inversões. Se fosse verdade, como alguns sustentam, que Deus houvesse criado os espíritos simples e ignorantes, para depois se tornarem completos e sábios com a própria evolução, donde teria surgido e que significado teria esse jogo de voltar atrás, da vida para a morte, a cada novo passo? Isso não teria razão de existir e a evolução deveria ser percorrida em linha reta, caminho mais curto entre o ponto de partida e o de chegada, e que logicamente desenvolve um impulso dirigido numa direção certa e precisa. Se o desenvolvimento não corresponde à natureza do impulso, quer isso dizer que outros impulsos entraram em jogo. É preciso, então, descobri-los e estudar-lhes o desenvolvimento, como fizemos neste tratado. Não é possível resolver os problemas, deixando-os num canto, ignorando-os, e a pior das soluções é deixar as mentes insatisfeitas, sem resposta. É necessário tornar bem claro: a evolução não tende apenas a subir, como deveria ocorrer numa criação que nasceu imperfeita e destinada a aperfeiçoar- se, mas tende, também, intermitentemente a retroceder. Urge explicar essa técnica estranha de construção, mediante a qual a evolução constrói, para depois demolir reconstruindo mais alto; em seguida tornar a demolir para mais tarde reconstruir mais acima assim por diante. Que maneira estranha de avançar, retrocedendo a cada passo! O fato de uma primeira criação simples não o justifica de maneira nenhuma. Só com as teorias aqui expostas encontramos a sua plena explicação.

Todavia, o mais estranho é isto: justamente alguns dos que mais admitem a teoria da reencarnação, porque faz parte de sua doutrina religiosa, precisamente negam a teoria da queda, porque faz parte de outra religião. Quando Galileu afirmou que não era o sol que girava em torno da Terra, mas a Terra em torno do sol, queria afirmar uma verdade científica e não religiosa, e a Bíblia nada tinha a haver com esse problema. Da mesma forma, queremos aqui afirmar uma verdade científica e não religiosa, e a ciência não costuma levar em conta o modo como as religiões resolvem os seus