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“A Psicologia do Esporte, embora tenha lá a regulamentação, não é

No documento Impressos / Caderno temático (páginas 87-91)

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ela ocupa um lugar de emergência. Emergência

no sentido de estar surgindo, então é natural que se tenham muitas dúvidas, que a gente não sai- ba, exatamente, que caráter é esse, ela está no processo de construção, diferente da Psicologia Clínica do Freud que já deu a volta cinco vezes, e está lá e a gente conhece e este fazer da Psica- nálise, por exemplo, não tem regulamentação, mas é reconhecido socialmente. Já a Psicologia do Es- porte, embora tenha lá a regulamentação, não é conhecida socialmente, entende? Então, existem várias áreas na Psicologia que estão surgindo que ocupam um lugar difícil e quem está na ponta so- fre mesmo, você imagina trabalhar com Psicologia indígena; vão falar: “Ficaram louco, agora? Psicolo- gia com índios, os caras piraram de vez”, provavel- mente, olham para você e falam a mesma coisa! Entendem? Então, quer dizer, o lugar do emergen- te é um lugar difícil de estar, mas um lugar extre- mamente importante, que a Camila, por exemplo, vem pautando aqui com muita força, o Núcleo de Psicologia do Esporte, o Subnúcleo vem trazendo com muita força e da maior importância, porque isto abre um campo, abre o campo profissional para que os psicólogos, alunos que estão aqui, estão em formação e aqueles outros que traba- lham ou que têm interesse em atuar no campo

começam a se aproximar e veem que Psicologia é essa? Mas é a Psicologia do Esporte ou Psicologia Esportiva? Daí, falando das forças, a terceira força é a força sindical que vai cuidar das relações de trabalho e a quarta força é a Associação Livre dos Psicólogos. Então, quando os psicólogos se asso- ciam, montam uma associação de psicólogos do esporte e começam a definir um caminho profis- sional, a categoria ajuda desse lugar a qualificar o fazer profissional e faz frente para que não acon- teça nada parecido com caça às bruxas. Espera aí! O que é isso que nós estamos falando aqui? Eu também trabalho com Psicologia com esse pesso- al, já imaginou? É a maldição em pessoa! Quando os caras fazem um monte de besteira, cruza do psicológico para o religioso, primeira coisa que é levantada: “isso aí é Psicologia transpessoal” e vai estragando o campo que é um campo, tam- bém, emergente. Então, quem está na emergência ocupa um lugar importante que é um lugar de no- tório saber, é importante dialogar com a imprensa, mas sempre sabendo que esse diálogo é mediado pelas ideologias, que veículos são esses, que é aquilo que está sendo apresentado, esses lugares são lugares difíceis, mas muito importantes para a construção da sociedade e para a construção da Psicologia. Muito obrigado.

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Camila Teodoro Godinho: Vamos, abrir para

questões da plateia; já temos aqui algumas questões que foram enviadas via internet, quero dizer que temos, no momento, mais de 60 pontos no Estado assistindo ao nosso evento, então, vamos começar agora.

Luciana Angelo – Presidente da ABRAPESP:

Boa noite, meu nome é Luciana, eu sou Presi- dente da Associação Brasileira de Psicologia do Esporte, a ABRAPESP, e ouvindo vocês, acho que vale a pena a gente pensar em algumas questões: primeiro o título de especialista foi um título muito discutido, muito debatido, no fim da década de 1990, começo dos anos 2000 e não havia uma unanimidade. Temos ainda al- guns respaldos em relação aos próprios mar- cos da titulação e acho que devemos pensar na questão específica do Código de Ética pro- fissional relacionada com os marcos legais do esporte; estamos falando de um contexto que é bastante amplo, nós não falamos só do alto rendimento, nós falamos da área de Educação Física, dos profissionais que trabalham conos- co, dos nutricionistas, dos fisioterapeutas, dos médicos esportivos. Temos aí duas possibilida- des, dois pontos de vista para olhar a Psicolo- gia do Esporte: uma, como especialidade da Psi- cologia e outra, como sendo a Psicologia uma das ciências do esporte. Acho que temos uma questão bastante complexa quando pensamos a partir do nosso Código, acho que o exercício é interessante quando fazemos esta discussão a partir dos sete pontos que você levantou, Luiz, porque estamos totalmente relacionados no Código de Ética, nessa perspectiva de atuação profissional, então, nosso fazer profissional é bastante complexo, não só do ponto de vista da

nossa própria profissão, mas das relações in- terdisciplinares, que já não são mais multi, são inter, e essa é a grande possibilidade, eu não vejo mais a Psicologia do Esporte como uma área emergente, pois já temos mais de vinte e tantos anos, a Alessandra, mesmo, tem mais de vinte anos de profissão na área, na militância, eu também; o primeiro grupo de Psicologia do Esporte que tinha a Fabíola, que está aqui com a gente, no ano de 2000 com o primeiro livro “En- contros e Desencontros”, então acho que não somos mais emergentes, acho que em políticas públicas, sim, ainda temos pouca representati- vidade, porque não são todos os profissionais da Psicologia do Esporte que entendem que po- demos atuar em políticas públicas, mas é uma área que podemos atuar, entender como se faz essa atuação, então queria polemizar essas re- lações para que pudéssemos ampliar e não ter só a visão do alto rendimento, pois existem psi- cólogos em tantas outras áreas. Obrigada.

Alessandra Dutra : A única coisa que eu gostaria

de falar é que quando a gente pensa em futuro, não tem como pensar, pelo menos aqui o futu- ro no esporte, não tem como não pensar se não pensar nos projetos sociais. De onde vão surgir esses atletas? Esses atletas do futuro, não tem só 2016, tem 2020, 24, 28… e acho que hoje, as políticas públicas deveriam ser dirigidas, espe- cialmente, para dar mais apoio para esses pro- jetos sociais e instrumentalizar cada vez mais os psicólogos que trabalham com os projetos sociais, porque acho que é daí que vão surgir os futuros atletas que vão representar o Brasil em megaeventos; não vejo outra forma, não vejo ou- tra saída que não seja essa, infelizmente, as es- colas hoje, a educação, o Ministério… o MEC está

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revendo o papel do profissional de Educação

Física dentro das escolas e está cada vez mais limitando o papel da Educação Física e fazendo com que isso afete também os futuros talentos que saíam antigamente das escolas e então, acho que é isso, a grande saída para o Brasil, não sei em outros países, mas pelo menos para nós, aqui, é incentivar cada vez mais e capacitar cada vez mais os profissionais de Psicologia que vão atuar em projetos sociais.

Luiz Eduardo Valiengo Berni: Considero bem le-

gal essa questão que a colega aponta do Códi- go de Ética versus o marcos regulatório; esta é sempre uma atenção importante, não só a área do esporte ou a Psicologia do Esporte que traz isso, mas toda a Psicologia tem esse tensiona- mento, por isso que eu gosto de trabalhar com os princípios fundamentais, porque os princípios, eles são princípios para conduta, tudo bem, de- pois a gente tem o que é possível, o que é de- ver e o que é vedado, mas quer dizer, se olhar- mos a coisa do ponto de vista dos princípios, eu acho que ele dialoga muito bem com políticas públicas, com os marcos regulatórios e, talvez, a gente precise de pequenos ajustes nesse ou naquele artigo que possam interferir nos mar- cos regulatórios, daí a importância das forças que eu falava, então tensionamento provocado pela associação de psicólogos do esporte, a As- sociação Brasileira dos Psicólogos do Esporte é que vai fazer a pauta acontecer, é nesse diálogo que vai acontecer e ela acontece onde? Como é que as coisas são pautadas para que a Psico- logia brasileira possa refletir sobre isso? Ela vai acontecer na sua instância máxima, que é o CNP – Congresso Nacional da Psicologia, que nós va- mos ter em 2016. Então, por exemplo, enquanto a sociedade de psicólogos se organiza para par- ticipar desses debates, a Associação da Psico- logia do Esporte - imagino que deva existir mais de uma associação -, ou só tem uma associação brasileira? Só tem uma, mas tem outras associa- ções que não estão vinculadas? Ah, então, existe mais de uma associação, porque se existe mais de uma, elas devem ter olhares distintos, que refletem ideologias, entendendo a interessan- te essa visão, a ciência do esporte, a Psicologia sendo uma das ciências do esporte, tem a mes- ma relação que existe nas ciências da religião; há quem defenda um campo integrado de ciên- cias da religião, mas as ciências da religião são compostas pela Psicologia, Antropologia, outras tantas. Então, quer dizer, esse lugar da Psicolo-

gia é também em outras áreas, e é bacana que assim seja, porque a Psicologia tem uma enorme dispersão dentro da… é um campo não unificado, isso é muito importante que a gente entenda: o que é um campo não unificado? Que é diferen- te da física que tem campo unificado. Campo unificado traz a seguinte situação para nós; um psicólogo social se entende perfeitamente com o antropólogo; um psicólogo comportamental se entende perfeitamente com o biólogo; e esses dois psicólogos não se entendem entre si. En- tendem? Quer dizer, o campo não unificado traz esse tipo de problemática. Então, o nosso campo não é unificado, então há uma dispersão grande de áreas que estão disputando; ainda acho que apesar dos vinte anos da Psicologia do Esporte, por exemplo, se eu for pegar… eu vejo a Psicolo- gia transpessoal como uma Psicologia emergen- te e ela nasceu nos anos 1960, entendem, quer dizer, eu acho que o lugar de emergência é um lugar de penetração social, como é o caso da Psicanálise, aquilo que eu falava, ela é conhecida e reconhecida, então, há uma atenção aí que vale a pena olhar, eu acho que existem, por exemplo, a Psicologia, você falava do Skype, então, você deve conhecer a Resolução 11/2012, você tem lá o seu site e tal, então, que é uma área pouco conhecida, mas regulamentada. Então, por que tem regulamentação de campo? Por que o CFP lança uma resolução? Porque o campo apresen- ta alguma problemática. Parece-me que não é o caso do esporte, porque existe uma questão, uma especialização que tem um nó grande den- tro do sistema; agora com o marco regulatório dentro da especialização, aumentaram ainda, eu acho que… eu não sou a pessoa mais talhada para falar das especializações, mas entendo que como não tem uma resolução para a Psicologia do Esporte, não é um campo que está com o seu fazer já reconhecido, mas talvez não seja muito conhecido. Nesse sentido é que eu falo da emer- gência, como é o caso da Psicologia transpesso- al; então quer dizer, esse tensionamento é inte- ressante, importante e acho que as associações estarem e entrarem no diálogo é fundamental.

Camila Teodoro Godinho: Vamos tentar colocar

algumas questões também que foram enviadas pela internet. Então, tem uma pergunta para a Alessandra e uma pergunta para a Fabiana do Willian para Alessandra: “Gostaria de saber qual é a rotina que a Alessandra tem com a seleção de handebol e se a participação do psicólogo é diária no cotidiano dos atletas”.

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Alessandra Dutra: Seleção é diferente de clube;

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