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transdisciplinar e coesa Em segundo, desmistificando o que vem a ser a

No documento Impressos / Caderno temático (páginas 169-173)

inclusão social de pessoas com ou

sem deficiência. Assim, os psicólogos

pensam juntos como contribuir e o que

efetivamente contribui”.

C A DERNOS T E M áT iC OS CRP SP Psicologia do Esport e: C ontribuições para a a tuação profissional

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harmonia, de respeito, de entendimento das regras

e de disciplina, de hierarquia até, porque a arte mar- cial é muito assim e de entender respeito com bene- volência também, não é porque estou fazendo uma arte marcial que eu vou sair batendo em todo mun- do, então, às vezes para os pais é bem complicado entender isso, mas nas nossas oficinas não temos competição, mas é algo que temos pensado este ano como instituir uma competição para um esporte de contato com esse público, para as mães não fica- rem malucas, porque é difícil, mas estamos tentando. Temos conversado bastante também sobre usar a CiF, mas é aquilo que conversamos, é uma avaliação muito difícil, não sei quem conhece, é uma avaliação em que precisamos ainda de verba e isso não está captado nos projetos, é uma; não sei se vocês viram, são 2.500 participantes, então temos uma amostra muito grande para realizar uma avaliação extensa, então, realizamos uma avaliação que chama PEi – Perfil de indicadores Cognitivo, Emocional e Social, chama Perfil de indicadores da Psicologia; usamos o mapa social, também, que acho que a maioria das pessoas deve conhecer. E realizamos um no começo e um no final para fazer a comparação e a avaliação e, daí, fora isso, tem o perfil evolutivo do esporte e tem da fisioterapia, então, cada profissional da sua área faz esse perfil que é adaptado na sua área e fa- zemos um comparativo, fazemos uma escala e isso sai na revistinha final também que temos de avalia- ção, porque precisamos prestar contas para todo mundo e o trabalho é muito legal, isso eu acho que é uma das partes que eu mais gosto, planejamos junto com a equipe uma metodologia adaptada para as demandas individuais, quando pensamos: mas é um grupo de 25 participantes, não podemos pensar em um só, mas também não podemos pensar só no todo, então, sentamos e fazemos as adaptações para aquela pessoa. Então, tem o aluno, o partici- pante de 5 anos com autismo com muito movimento estereotipado, com uma hiperatividade gigantesca e eu não tenho como dizer que a meta e o objeti- vo dele é fazer, executar os movimentos do karatê; o primeiro objetivo com ele é se manter no tatame, se ele ficar no tatame, se ele entender que tem que cumprimentar na hora de entrar e de sair, isso já é um ganho, então vamos adaptando, mesmo, meto- dologia porque o que for possível é o que vamos tra- balhando com aquilo para depois conseguir grandes metas de execução dos movimentos, de aprender o kata que é uma sequência de movimentos, que te- mos apresentações todo final de projeto, realizamos um festival de esportes e eles se apresentam para o público, para os pais, amigos, então também tem essa coisa de que sim, a forma é importante, apren-

der a modalidade também é importante, mas não é o nosso foco.

Então, essa parte de planejar junto com a equipe dá muito certo e como também pensar nas demandas individuais sem prejudicar o foco que é o grupo, porque estamos dando uma aula para várias pessoas, são 25 pessoas. A orientação para os pais também é muito bacana, no sentido de desmitificar essa coisa da deficiência que: “Eu preciso superpro- teger, porque o meu filho é especial”, e eu não sou? Você não é? Todos nós somos especiais, por que meu filho é especial, então, ele precisa ser superpro- tegido e eu vou fazer com que ele não tenha autono- mia e nem independência de nada, eu vou fazer tudo por ele, daí chega lá, ele quer atenção individual e quer que façamos por ele e isso é impossível, porque na sociedade todo mundo precisa ter independência e autonomia para poder viver, até porque as mães também precisam viver, elas não podem viver para o filho com deficiência, elas precisam viver a vida delas, então, fazemos umas orientações, algumas reuniões e as intervenções com os participantes no dia a dia nas aulas, então, faço uma roda de conversa no final de cada aula, pegamos os tópicos que aconteceram na aula e discutimos bem rápido. Então estou tam- bém ali fazendo karatê, às vezes, a gente precisa ficar lá no meio, às vezes empurramos cadeira, às vezes estamos lá no meio fazendo karatê, às vezes estamos acompanhando no ônibus, é um trabalho que tem uma plasticidade bem grande, isso que é ba- cana. É uma coisa bem bacana que lá nos primeiros slides eu coloquei que também trabalhamos com o foco de inserir no mercado de trabalho, e esse daí é o Marcio, é um dos nossos professores, que vocês po- dem ver na fotinho, na direita que ele é nosso aluno, era nosso participante, estava ali na faixa amarela, quando eu entrei, ele estava na faixa amarela e ele continuou aprendendo karatê e hoje ele é faixa pre- ta e ele dá aula nos nossos projetos e temos outros participantes que estão sendo treinados.

“Todos nós somos especiais, por

que meu filho é especial, então, ele

precisa ser superprotegido e eu

vou fazer com que ele não tenha

autonomia e nem independência

de nada, eu vou fazer tudo por

ele, daí chega lá, ele quer atenção

individual e quer que façamos por

ele e isso é impossível”.

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Edgar Bittner Silva: Obrigado, Mariana. Eu acho que

com a fala da Mariana, vimos que, trazendo um pou- co junto com os nossos outros palestrante quando a Gabriela coloca aquelas três modalidades do es- porte, como educação, como participação e como rendimento. Acho que aqui, vimos essas três moda- lidades, vimos a participação social aqui com o Ri- cardo, reinstituindo a essas pessoas o direito de es- tar na comunidade, estar com outras pessoas para além do gueto da deficiência, a Gabriela nos mostra esse esporte de alto rendimento, a construção des- sa entidade do atleta, quem é o atleta, essa ideia de que ele tem uma rotina, que ele tem uma disciplina, que ele tem necessidades nutricionais, de descan- so, como o atleta típico e, também, ele vai buscan- do destaque para ele também, ele está querendo ir para além das limitações, apesar de que para entrar na modalidade, ele tem que estar classificado numa falta, ele luta para superar essa falta. E a Mariana coloca para nós também o esporte numa modali- dade educacional, quando ela traz os benefícios do esporte, em termos da disciplina, a hierarquia, quan- do trabalhamos com pessoas com o transtorno do espectro do autismo, com passos pequenos, como ela disse, se conseguirmos fazer com que ele fique no tatame, entenda que para entrar tem que cum- primentar o dojô, para sair, tem que cumprimentar o dojô, tem que respeitar os limites de faixa, que é um sistema organizado que é até bastante bom para pessoa com autismo, para a pessoa com deficiência intelectual também, e ele vai aprendendo aos pou- cos. Nisso, vai estabelecendo os seus vínculos com o professor, ela começa a ter um destaque e a partir desse destaque, um reconhecimento social. Vemos o papel do esporte então no desenvolvimento des- sas pessoas. Quando fala da identidade do atleta e trazendo o que a Mariana coloca que eles ficavam em casa, ou mesmo quando ele foi aposentado por

conta de uma lesão, o que vai fazer? Você dá uma… o esporte proporciona uma vida nova para essas pes- soas. Eu acho que agora podemos abrir nossa roda para debates. Então, pessoal, perguntas!

Eliana: Boa noite. Eu esperei mais ou menos des-

de 1992 por essa reunião, porque desde 1992 eu trabalho com atletas de alto rendimento. Comecei com os cegos, trabalhei com basquete, desenvol- vi projetos para crianças em 2000 e aí, Edgar, com todo respeito, eu gostaria só de corrigir um pou- quinho a sua fala, no sentido de que nenhum atle- ta de alto rendimento que possui uma deficiência, ele busca superar a falta, porque na verdade, com a sua classificação funcional devidamente para a sua prática esportiva, ele terá o equipamento que lhe dê a condição para esse rendimento. Eu acho que é superimportante alinharmos isso, até para não alimentarmos até justamente essa questão do preconceito em relação ao atleta. Porque atle- ta, quando você diz que ele só se supera, supera, ele fala: “Eu me supero”, esse é o grande desafio, estamos aí às portas das Paralimpíadas, e é um momento extremamente importante. Então, eu es- tou muito feliz por estar aqui e estar participando dessa conversa com vocês; quero parabenizá-los. Então, acho que a gente tem futuros campeões, mesmo, para 2016, vai ser muito bom. Então, Ma- riana, eu gostaria de fazer uma pergunta para você em relação a sua proposta com as crianças, isso tem me chamado muita atenção porque precisa- mos buscar novos atletas justamente na escola, se você tem feito alguma ação de intervenção junto as escolas, porque temos tido um problema muito sério, principalmente no processo de inclu- são dessas crianças com deficiência no ensino regular e agora que temos a LBi que regulamenta e dá mais força ainda para a questão da conven-

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ção, se vocês estão realizando algo diretamente

levando a atividade motora adaptada para dentro da escola ou vocês estão acompanhando essas crianças que fazem parte do projeto; conheço o Olga Kos, eu sou fã do trabalho deles, conheço mais a questão das Artes, se vocês estão fazendo uma intervenção direta nas escolas, se tem essa troca, se as escolas estão procurando vocês. Essa é a minha pergunta.

Mariana Maeda: Olha, Eliana, temos conversa-

do sobre isso, mas não temos pernas ainda. Nós sabemos dessa necessidade e o que fazemos é conseguir chegar com a informação que nós ofere- cemos às oficinas, mas não fazemos uma parceria específica, principalmente nos CEUs, então quan- do propomos para o CEU que iniciaremos as ofici- nas, tanto de esportes quanto de artes, fazemos uma parceria com o CEU para eles fazerem o ma- peamento e as escolas ajudam, tanto que temos vários participantes que são de escolas próximas, que tentamos pegar esse entorno do CEU mesmo, inclusive, nas instituições que são especificas para o público com pessoas com deficiência, como a APAE, temos oficinas no Hebraica, instituições es- pecíficas, tentamos fazer com que eles também abram para as pessoas do entorno, aí é um pouco mais complicado, justamente pelo que o Edgar fa- lou: “Não, é o nosso público, é só deficiência… só Síndrome de Down”; “Mas tem uma pessoa com deficiência intelectual que não é Síndrome de Down aí perto, pode entrar?”. “Não”; então ainda são mui- tas barreiras e o instituto Olga Kos tem um foco, não dá também para termos pernas para tudo, não é?; tem um monte de coisas, a CiF seria importan- tíssima, mas não dá ainda, quem sabe, acho que a proposta é sempre continuar tentando, então, nós, enquanto equipe de Psicologia, estamos tentando, mas ainda tem a questão burocrática de verba, de todas aquelas coisas que já conhecemos.

Edgar Bittner Silva: Mais perguntas, pessoal? O

Ricardo quer fazer uma colocação.

Ricardo Santoro: Na verdade, é a questão da de-

ficiência em relação aos usuários do CAPS, do que você levantou, Edgar; acho que é assim, realmente, se pensarmos de um modo criterioso e é bacana também podermos tentar fazer essa interface da mental com o núcleo de deficiência aqui do CRP, porque o que encontramos no nosso dia a dia com os usuários, e aí, quando eu estava na coordena- ção da residência, o que percebemos é o papel do familiar, o quanto o familiar sofre, então, por exem-

plo, quando você chega com o cara, isso para mim foi emblemático, uma vez eu cheguei num PS com um cara com diarreia, mas ele tem um F20 chapado, igual a um boi, mesmo, F20, ele não pode passar no PS, ele está com diarreia, mas ele é maluco, então, se ele é maluco, ele tem que primeiro passar na psi- quiatria para depois passar no clínico. Eu acho que a mental ainda tem muito que discutir do quanto podemos batalhar desse lugar desses sujeitos, até do que é direito deles, mas sem tutelar também, porque eu acho que a clínica da mental tem que to- mar esse cuidado, de também não reproduzirmos o que o manicômio sempre reproduziu, de ou tirar todos os direitos, ou de tutelar, porque uma das grandes dificuldades nossas é essa, na casa, ele vai morar numa residência, ele também não quer fazer nada, afinal, sempre lavaram a roupa dele, não é? E isso também vemos no esporte, porque ou a competição - parece que o campeonato é um campeonato de alto rendimento – ou, também, fica uma coisa de tutela, sabe, onde você nem ajuda o sujeito a se organizar: “Ah, tudo bem, chutou para fora, está feio, não é? Tudo bem, saiu com a bola correndo pela quadra para outra quadra, tudo bem, ele pode”, então também temos que tomar um cuidado na clínica, justamente quando fazemos o esporte, para também não poder tudo ou também ser um esporte de alto rendimento. Acho que era só uma colocação que eu acho que faltou na minha apresentação falarmos disso.

Edgar Bittner Silva: Queria colocar uma pergunta

aqui para a Mesa. Temos perguntas aqui da inter- net. Então, uma pergunta aqui do Joari: “Boa noite a todas e a todos na Mesa Ciclo Estadual de De- bates, diálogos sobre Psicologia do Esporte, pales- trantes Gabriela, Mariana, Ricardo e coordenador Edgar e aos participantes do debate do auditório e da internet, por isso faço três perguntas: quais seriam os principais desafios para avançar a pre- sença das pessoas com deficiência no esporte na perspectiva da inclusão com pessoas que não têm deficiência? isso tem sido um dos grandes desa- fios para o trabalho de inclusão em todas as áreas como educação, assistência social e outras polí- ticas públicas. Dois: como avaliam as consequên- cias que a inserção no/e pelo esporte para a vida social em geral da pessoa com deficiência com comunidade, amigos, amigas, família, movimentos sociais e outras instituições? Três: se têm alguma opinião sobre possíveis avanços com a Lei Bra- sileira de inclusão aprovada em 2015 tanto para garantir os direitos das pessoas com deficiência quanto para o aprimoramento da Psicologia no

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atendimento às pessoas com deficiência?” Grato.

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