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Programa de Reordenamento da Rede Escolar

CENÁRIO EM

4.5 A Qualidade Social na Educação

A defesa por uma educação de qualidade social tem sido pauta de várias agendas: governamentais, das organizações não-governamentais, dos movimentos sociais, entre outros. Nesse sentido, considerou-se importante trazer uma breve contextualização conceitual sobre o que significa esse termo, já que o que se almeja, com todas as políticas de gestão educacional e políticas de ensino é alcançar uma educação de qualidade social para todos.

Reconhece-se, já de início, o enorme desafio que é alcançar a qualidade social no Brasil, pois de acordo com Dourado e Oliveira (2009, p. 202) “no Brasil, nas últimas décadas, registram- se avanços em termos de acesso e cobertura, sobretudo no caso do ensino fundamental. Tal processo carece, contudo, de melhoria no tocante a uma aprendizagem mais efetiva”.

Debater sobre as questões da qualidade social significa apreender um conjunto de determinantes que influenciam e interferem nesse processo, no âmbito das relações sociais mais amplas, envolvendo-se questões macroestruturais, como desigualdade social, concentração de renda, educação como direito, entre outros. Em tempo, envolve ainda questões concernentes à análise de sistemas de unidades escolares, bem como ao processo de organização e gestão do trabalho escolar, o que implica em questões como condições de trabalho, processos de gestão da escola, dinâmica curricular, profissionalização docente. Em síntese, é reconhecer que a educação se articula a diferentes dimensões e espaços da vida social, sendo ela mesma, elemento constitutivo e constituinte das relações sociais mais amplas. Nesse sentido, lidar com e educação e trabalhar com os limites e possibilidades da dinâmica pedagógica, econômica e social (DOURADO;OLIVEIRA, 2009).

O termo qualidade tem uma compreensão muito subjetiva e se modifica historicamente a partir das demandas sociais. Sendo assim, depende da visão que se tenha de educação, de Estado, entre outros. Por outro lado, de acordo com Dourado e Oliveira (2009, p. 204):

É fundamental apreender quais são as políticas indutoras advindas dos referidos organismos multilaterais e que concepções balizam tais políticas. Para tanto, é fundamental problematizar a ênfase dada à teoria do capital humano, sobretudo pelo Banco Mundial, identificando o papel reservado à educação, bem como as diferentes feições assumidas por ela no que concerne à escola de qualidade.

No cenário nacional das políticas públicas há um enorme desafio, pois configura- se em um processo de descentralização e desconcentração da ação educativa, na qual a oferta da escolarização se efetiva por meio dos entes federados (União, Estados e Municípios). E sendo assim, a busca pela qualidade social para todos torna-se ainda mais desafiante.

A qualidade da educação, portanto, é encarada como um fenômeno de muita complexidade. Segundo Dourado e Oliveira (2009, p. 205):

A qualidade da educação é um fenômeno complexo, abrangente, que envolve múltiplas dimensões, não podendo ser apreendido apenas por um reconhecimento da variedade e das quantidades mínimas de insumos indispensáveis ao desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem; nem, muito menos, pode ser apreendido sem tais insumos.

Alguns estudiosos analisam a qualidade da educação do ponto de vista das políticas governamentais. De acordo com Fonseca (2009, p. 155):

Voltadas para o sistema, como avaliação externa,o financiamento público, a inovação tecnológica, a formação de quadros administrativos e docentes. Ou, ainda, a examinam a partir da dinâmica interna das instituições escolares e universitárias, enfocando a gestão institucional, a autoavaliação, o currículo. Estes enfoques não são excludentes; antes, evidenciam os diferentes aspectos pelos quais a qualidade pode ser apreendida

Reconhecendo a complexidade do tema não só no campo teórico, mas acima de tudo na práxis do ambiente escolar, Dourado, Oliveira e Santos (2007 apud DOURADO;OLIVEIRA, 2009, p-205-206) complementam:

A importância de identificar quais são os elementos objetivos no entendimento do que vem a ser uma escola eficaz ou uma escola de qualidade, procurando compreender os custos básicos de manutenção e desenvolvimento. Por outro lado, indicam a importância de identificação das condições objetivas e subjetivas da organização e gestão escolar e da avaliação de qualidade da educação, por meio de processos de gestão, da dinâmica pedagógica e, consequentemente, do rendimento escolar dos estudantes.

Observada pela função social, a educação de qualidade pode ser compreendida como o êxito de se preparar o individuo para o exercício da ética profissional e da cidadania. Em tempo, supõe que seja necessário educar o sujeito para compreender e ter acesso a todas as manifestações culturais da humanidade, do ângulo puramente pragmático resume-se ao provimento de padrões aceitáveis de aprendizagem para inserir o individuo no mercado, como produtor e consumidor (FONSECA, 2009).

Para o estado de Pernambuco, a escola de qualidade implica na garantia da permanência de um percurso escolar do aluno. É comprometida com a aprendizagem conceitual, com a organização do pensamento crítico, com o processo de construção e apropriação do conhecimento científico, tecnológico, cultural e artístico, pela formação ética- moral. É uma instância social fomentadora e preservadora das culturas e mobilizadora à

participação dos atores sociais nela envolvidos – famílias, alunos, profissionais de educação e comunidade (PERNAMBUCO, 2010b)

Darling-Hammond e Ascher (1991 apud DOURADO; OLIVEIRA, 2009) ressaltam que as dimensões e fatores de qualidade da educação devem expressar relações de:

a) validade – entre os objetivos e os resultados escolares, não se restringindo a a médias ou similares;

b) credibilidade – considerando elementos que sejam confiáveis em termos do universo escolar;

c) incorruptibilidade – fatores que contem com menor margem de distorção; d) comparabilidade – aspectos que permitam avaliar as condições da unidade

escolar ao longo do tempo. Nesse sentido, a qualidade não circunscreve a médias em um dado momento, mas constitui-se como um processo dinâmico e complexo, pautado por um conjunto de valores.

Sendo assim, só se confirma a necessidade de se colocar as políticas públicas da educação como prioridade, o que implica garantir recursos, regulamentar o regime de colaboração, proporcionar maior integração e articulação entre os diversos programas de educação, efetivar uma gestão democrática, garantir formação continuada articulados com um plano de carreira bem desenhado para os profissionais da educação, entre outras ações prioritárias.

4.6 Um Balanço dos Resultados Alcançados no Período 2007 a 2010 e o Plano Nacional