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RESULTADOS ALCANÇADOS

CAPÍTULO 5 ANÁLISE DOS RESULTADOS E PROPOSIÇÕES ESTRATÉGICAS PARA A REDE ESTADUAL DE EDUCAÇÃO

5.2 Os Desafios e as Aprendizagens do Reordenamento da Rede

O segundo objetivo proposto neste estudo foi identificar quais foram os principais desafios e aprendizagens adquiridos com a experiência do reordenamento da rede estadual de Pernambuco. A suposição lançada para esse objetivo era de que havia pouca integração entre as secretarias executivas, o que tornava o trabalho de gestão mais desafiador.

O estudo, a partir do discurso dos sujeitos envolvidos confirma que foram vários os desafios encontrados com o reordenamento e a dificuldade que se teve para integrar as ações da secretaria alinhando-se a comunicação e as decisões. Por ser o reordenamento um processo muito complexo, de muitas variáveis, houve dificuldade em conseguir unidade para as ações, conforme afirma E2 - Em termos de reorganização e reordenamento, tentou-se, de

início contar com reuniões entre secretário e secretarias executivas, mas infelizmente não foi adiante. E, nos períodos em que se tinha, contava-se com um tempo muito esparso, de maneira descontinuada, o que dificultava o processo. Nesse sentido, confirma-se que, se a

rede tivesse mais integrada, com mais coesão entre os elos da rede, como as três secretarias executivas, melhores resultados poderiam ter sido alcançados.

O que se pode perceber é que os desafios encontrados ao longo do processo de reordenamento dizem respeito, principalmente, a elementos essenciais das redes. O que se elencou, em sua maioria, como desafiador, disse respeito à gestão e à cultura organizacional, como já se afirmou anteriormente. Nesse sentido, se a rede tivesse mais fortalecida no tocante à participação, comunicação e coesão, muitos desses desafios não seriam vivenciados, pois as relações estariam mais fortalecidas, a transparência com a melhoria dos fluxos de comunicação estaria presente, enfim, não haveria tanta resistência com as mudanças necessárias.

Como o elemento humano (as pessoas) foram muito citadas sobre os desafios encontrados, o mesmo se deu com as aprendizagens. 27,77% dos entrevistados elegeram questões relacionadas à gestão de pessoas como grande aprendizagem no reordenamento. Aprendizagens relacionadas à importância da confiança, da motivação das pessoas, da compreensão sobre as relações de poder para a organização da rede foram destaques. Nesse sentido, as aprendizagens com o reordenamento da rede trouxeram mais consciência sobre a própria atuação em rede, onde as pessoas são atores essenciais, sem as quais não há rede, sem as quais não se conta com as diversas possibilidades da atuação coletiva.

Como a pesquisa se propôs analisar o processo do reordenamento, em termos de fluxo, não se fez possível dividir por etapas do reordenamento. Como já se afirmou anteriormente, cada região viveu processos distintos. Mas é possível elencar macro-processos envolvidos no reordenamento. Nesse sentido, o primeiro passo diz respeito a compreender bem a realidade da rede, sendo o diagnóstico uma etapa comum em todas as experiências. A partir do diagnóstico, a segunda etapa diz respeito ao Planejamento Estratégico da organização da rede. O que diferencia é como cada regional trabalhou esse planejamento estratégico, a partir das variáveis já discutidas – participação, comunicação e coesão. A terceira etapa, as ações de organização da rede, podendo ser distinta em cada região, a partir das problemáticas encontradas. Sendo assim, em termos de macroprocessos é possível elencar: 1) Diagnóstico; 2) Planejamento Estratégico do reordenamento; 3) Encaminhamentos; 4) Ações e Soluções.

Por se considerar importante a compreensão da complexidade da gestão da rede estadual de Pernambuco, considerou-se válido elencar aqui as variáveis identificadas ao longo das entrevistas, a partir dos critérios de organização. Apresenta-se aqui os critérios e variáveis envolvidos no reordenamento da rede, como visto no quadro 4.

Quadro 4 – Critérios e Variáveis da Organização da Rede Estadual de Educação

Critérios Variáveis

Demandas na Educação

V1: Evolução do Quantitativo de Matrículas no período

V2: Evolução do Quantitativo de vagas ofertadas no período

Universalização do Ensino Médio

V3: Evolução da oferta do ensino infantil V4: Evolução do Quantitativo das Escolas Técnicas

V5: Evolução dasEscolas de Referências

Infraestrutura

(Construção e Manutenção de Escolas)

V6: Evolução do Quantitativo de Escolas da Rede V7: Evolução do Quantitativo de Escolas

Construídas

V8: Evolução na Condição de Ocupação das Escolas (alugado, cedido, próprio, anexos)

V9: Evolução do Quantitativo de Turnos Intermediários

Pessoal

V10: Evolução do Quantitativo de Diretores Escolares

V11: Evolução do Quantitativo de Diretores Adjunto

V12: Evolução do Quantitativo de Professores Concursados na Rede

V13: Evolução do Quantitativo de Professores Temporários na Rede

V14: Lacunas Existentes de Professores V15: Evolução do Quantitativo de Educador de Apoio

V16: Evolução do Quantitativo de Técnico Educacional

Administrativo Educacional

V18: Evolução dos Afastamentos (Definitivos ou Temporários)

Formação / Habilitação

V19: Evolução das Formações dos Professores no Período de acordo com as disciplinas

V20: Evolução das Disciplinas lecionadas no Período de acordo com a habilitação

Qualidade Ensino-aprendizagem

V21: Evolução do IDEB

V22: Evolução do índice de Analfabetismo do Estado

V23: Evolução da Distorção idade-série V24: Evolução do IDEPE

Suporte à Aprendizagem

V25: Evolução da oferta de Merenda no Período V26: Evolução da oferta de Diários Escolares V27: Evolução da oferta de Boletins Escolares V28: Evolução da oferta de Fardamentos

V29: Evolução da oferta de Kits Escolares (Bolsa, Caderno, Borracha, Lápis, etc)

Fonte: elaborado pela autora (2012)

Analisando-se o quadro 4 compreende-se porque, além dos desafios da atuação em rede, encontra-se como grandes desafios e aprendizagens a gestão das pessoas. Das variáveis envolvidas no processo de reordenamento, pessoal e os critérios relacionados, como formação, são critérios que predominam em quantitativo e qualitativo de variáveis por considerar na gestão da rede. Nesse sentido, em termos de gestão, a competência de gerir pessoas deve ser algo presente em todos os gestores da rede estadual de educação, independente de ser da área de gestão de pessoas. Isso significa dizer que todo gestor da rede deve ser um gestor de pessoas, em sua essência.