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Um Balanço dos Resultados Alcançados no Período 2007 a 2010 e o Plano Nacional de Educação

Programa de Reordenamento da Rede Escolar

CENÁRIO EM

4.6 Um Balanço dos Resultados Alcançados no Período 2007 a 2010 e o Plano Nacional de Educação

No tocante ao Plano Nacional da Educação 2000 a 2010, de acordo com Moço (2010) a maioria dos municípios e estados não aprovou uma legislação que garantisse recursos para chegar lá nem punição para quem descumprisse as ações previstas. Além disso, a União também não ajudou, pois o artigo que recomendava o investimento de 7% do Produto

Interno Bruto (PIB) em Educação foi vetado pelo então presidente, Fernando Henrique Cardoso.

Moço (2010), apresenta um balanço das principais metas previstas no Plano Nacional da Educação e a situação e alcance de cada uma delas. Aqui encontram-se apenas os destaques das principais metas do Plano Nacional da Educação e alguns resultados alcançados em Pernambuco nesse sentido, assim como os resultados elencados no período sob a leitura dos gestores da rede.

Meta: Universalizar o ensino fundamental: em 2008, 2,4% dos brasileiros de 7 a 14 anos ainda estavam fora da escola, uma queda de 1,1% em relação aos dados de 2001. Apesar do avanço e do percentual baixo, os números absolutos ainda assustam: são 680 mil crianças sem estudar – 450 mil delas negras e pardas, a maioria vivendo nas regiões Norte e Nordeste. Em Pernambuco, de acordo com E11 – A municipalização foi feita na maior parte

da rede, em torno de 95% da rede.

Meta: Implantar o ensino fundamental de 09 anos: Aqui, é possível comemorar. Em 2009, 59% das matrículas tinham sido feitas no novo sistema de seriação, de acordo com censo. Os especialistas consideram a mudança um marco: com a garantia do ingresso na escola aos 6 anos, as chances de que as crianças cheguem aos 7 ou 8 anos sabendo ler e escrever são maiores do que antes. O grande desafio, mais uma vez, é garantir a qualidade do ensino. Mas nesse sentido, de acordo comE5 - Qualificou a rede do ponto de

vista do processo ensino-aprendizagem.

Meta: Assegurar a EJA para 50% da população que não cursou o ensino regular:Enquanto a previsão para 2010 foi de 100% de matrículas no Ensino Fundamental de 9 anos, o atendimento em EJA ficou distante do esperado. Entre 2001 e 2007, 10,9 milhões de pessoas fizeram parte de turmas de Educação de Jovens e Adultos (EJA) Parece muito, mas representa apenas um terço dos mais de 29 milhões de pessoas que não chegaram à 4ª série e seriam o público-alvo dessa faixa de ensino. A inclusão da EJA no Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) representou uma fonte de recursos para ampliar a oferta, mas não atacou a evasão, em 2010. De acordo com Pernambuco (2010b) houve a “ampliação e Consolidação da qualidade da oferta do Ensino Fundamental e Médio nas diversas modalidades, com ênfase

em EJA”. A figura a seguir retrata os resultados alcançados em Pernambuco em relação ao EJA.

Figura 15 – Resultados Alfabetização de Jovens e Adultos

CENÁRIO EM 2007 AVANÇOS

2007-2010

RESULTADOS

Elevado índice de analfabetismo

Programa Paulo Freire. Atendimento de 120 mil jovens e adultos até 2010.

Jovens e Adultos alfabetizados. 18 mil jovens em 42

municípios atendidos com o Programa Pró Jovem Urbano. Oportunidade de conclusão do Ensino Fundamental e iniciação profissional.

Programa de Alfabetização de Jovens de Adultos

Fonte: Pernambuco (2010a)

Meta: Reduzir em 50% a repetência e o abandono:Com prazo de execução até 2006, a meta tinha uma dupla ambição: melhorar o fluxo escolar (reduzindo a chamada distorção idade-série) e garantir a aprendizagem (evitando a progressão automática de alunos que não atingiram as expectativas para cada etapa). No que diz respeito ao abandono, os resultados são bons: entre 2001 e 2007, os índices no Ensino Fundamental caíram de 9,6 para 4,8% (exatos 50%). Mas a reprovacão, por sua vez, aumentou de 11 para 12,1% no mesmo período, mantendo-se num patamar muito elevado em relação aos vizinhos de América Latina e Caribe, que ostentam índices em torno de 4%. A porcentagem de estudantes do Ensino Fundamental com idade acima da recomendada para a série que cursam caiu 35%, mas segue alta: 25,7% (um em cada quatro alunos), segundo dados Censo/Mec/Inep 2007. No centário local, em Pernambuco, conforme Pernambuco (2010a) “a reprovação e evasão escolar atingem, no momento, o contingente expressivo de 16,81% e 20,61% do total de 357.111 alunos matriculados no Ensino Fundamental”. Além disso, tinha-se em 2010, de acordo com Pernambuco (2010a, p. 6) “a distorção idade-série, evidenciada pela matrícula de 56% dos alunos com idade superior, em até 2 anos, a idade adequada para a série”.

Nesse sentido, é possível reconhecer os avanços, mas ainda os desafios impostos no âmbito das políticas de correção de fluxo.

A superação da reprovação, da evasão e da conseqüente distorção idade-série escolar está relacionada, entre outros fatores, a uma revisão e reorganização da prática político-pedagógica da escola e à qualificação das estruturas administrativas e pedagógicas das escolas. Além disto, a exposição e uso, pelos alunos, de material bibliográfico atualizado e de tecnologias de ponta, implicando ainda a necessidade de professor profissionalizado, motivado a conhecer a literatura especializada, bem como a expor sua produção intelectual através de trabalhos em eventos de natureza científica. (PERNAMBUCO, 2010b, p.6).

Meta: Erradicar o analfabetismo até 2010: O programa Brasil Alfabetizado, do Governo Federal, atendeu quase 10 milhões de pessoas nesta década (segundo o PNE, o total deveria ter sido atingido em 2006). Mas, entre 2001 e 2008, a taxa de analfabetismo caiu apenas de 13% (16 milhões de pessoas) para 10% (14,5 milhões). Isso se explica, entre outros fatores, porque o programa atingiu mais analfabetos funcionais (com noções rudimentares de leitura e escrita) do que absolutos – que, de acordo com dados de 2005, representavam só 27% dos inscritos. Nesse sentido, em Pernambuco, de acordo com E2 - Elaboração do

Programa Paulo Freire, alcançando sendo referencia no Estado, com mais de 400 mil participantes em 2010.

Meta: atender 50% das crianças de até 3 anos e 80% das crianças de 4 e 5 anos:A oferta de vagas na Educação Infantil apresenta duas situações distintas. Enquanto na pré-escola faltam apenas 2,4 pontos percentuais para atingir a meta proposta, na creche somente 17,1% das crianças são atendidas , 33 pontos percentuais abaixo do esperado. O acesso à Educação Infantil difere de acordo com o nível de atendimento. Desafio maior é a ampliação de vagas para crianças de até 3 anos. Nesse sentido, de acordo com Pernambuco (2010) foi possível dar apoio aos municípios na expansão da oferta da Educação Infantil e Ensino Fundamental. Em contraponto, de acordo com E2 - Avanço com o regime de

colaboração, mas os municípios ainda precisam de muita ajuda.

Meta: Implantar o piso salarial e plano de carreira:O PNE falava em cumprir a meta já em 2001, mas a concretização veio bem depois. O piso se tornou uma realidade apenas em 2009. O valor, que neste ano chega a 1.024 reais para 40 horas trabalhadas, ainda é baixo, mas sinaliza um primeiro passo para aumentar a atratividade da carreira. A mesma lei que criou o piso estipulou que os planos de carreira deveriam ser criados até o fim de 2009. A

maioria dos estados já cumpriu a etapa, mas a implementação efetiva ainda depende de aprovação nas assembleias legislativas e câmaras municipais. Em Pernambuco, segundo Pernambuco (2010a), a rede estadual de educação teve seu piso salarial antecipado.

Meta: Aprimorar sistemas de informação e avaliação: Com exceção da Educação Infantil, todos os outros níveis de ensino são avaliados pelo MEC (há também aferições em diversos estados e municípios). Destaque para o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que fornece um retrato da Educação no Brasil. Nesse sentido, hoje se conta, com E1 - Sistema de avaliação seguro. Além disso, de acordo com E1- houve a

melhoria da qualidade do ensino. Pernambuco foi o Estado que teve a maior curva de esforço. Pernambuco não está bem porque estava muito ruim, mas nós conseguimos mais de 20 escolas com 5.5 no IDEB e IDEPE, com resultados de escolas particulares.

Muitos foram os resultados, conforme já foi explicitado ao longo desse capítulo em termos de implementação das políticas públicas de educação ao longo do período 2007 a 2010. No que se refere aos resultados alcançados especificamente com o processo de reordenamento da rede estadual de educação de Pernambuco é possível, os gestores apresentaram a seguinte avaliação.

Ao longo desse período conseguiu-se avançar bastante com a melhoria da qualidade da educação. Nesse sentido, 35,82% dos resultados elencados sinalizam que Pernambuco deu um salto de qualidade em termos de processo ensino-aprendizagem, na questão metodológica, com o projeto político-pedagógico e com as avaliações de aprendizagem.

Dos avanços elencados, 34,33% estavam relacionados à melhoria na gestão educacional. Nesse sentido, atribuiu-se a melhoria da gestão educacional em relação a gestão de pessoas, à melhoria dos processos, à melhoria dos sistemas de informações, além da melhoria do ambiente escolar. Interessante se faz destacar o peso que a gestão de pessoas esteve relacionado a esse quantitativo. Dos resultados elencados, 19,40% estavam relacionados melhoria da gestão, especificamente à gestão de pessoas.

No tocante às políticas, 13,43% dos resultados elencados estavam relacionados às políticas públicas, isto é ao alcance das políticas como o processo de municipalização, a boa implantação do BDE, aos bons resultados que se alcançou com o foco no ensino médio, entre outros.

Em relação à ampliação da rede física e melhoria dos espaços 10,45% dos resultados elencados tiveram ênfase nesse quesito. Esse, inclusive, é um resultado bastante coerente quando se analisa logo no primeiro capítulo dessa dissertação sobre os objetivos principais da reorganização da rede. Como o grande foco estava relacionado à garantia de qualidade social na educação, a infraestrutura, mesmo sendo uma perspectiva importante, em termos de resultado, é encarada como meio e não como um fim.

5,97% dos resultados elencados tiveram ênfase em outras questões, como resultado no processo de avaliação. Em tempo, também se reconhece que houve uma melhoria na articulação e na relação com os stakeholders, especificamente, com o sindicato. Sendo assim, em termos de melhorias e resultados, esses aspectos ainda precisam ser trabalhados dentro da rede.

O gráfico 3 apresenta a síntese dos resultados37 na perspectiva dos gestores que vivenciaram o reordenamento da rede:

Gráfico 3 – Resultados do Reordenamento 2007 a 2010 Segundo os Gestores

Fonte: elaborado pela autora (2012)

37

Os resultados foram classificados com o mesmo método dos desafios e aprendizagens. O quantitativo se refere ao elenco dos resultados citados pelos gestores. Nesse sentido, os resultados citados foram classificados e quantificados tal como se apresenta no gráfico 3 e na tabela 4.

% 0 10 20 30 40 Melhoria na Qualidade da Educação Melhoria na gestão educacional Alcance na Implementação das Políticas Qualificação da

Rede Física OUTROS

35,82% 34,33% 13,43% 10,45% 5,97%

Resultados Alcançados

Tabela 4 – Quantitativo dos Resultados Elencados pelos Gestores

QTDE %

Melhoria na Qualidade da Educação (processo ensino-aprendizagem) 24 35,82 Melhoria na gestão educacional (pessoas, processos, entre outros) 23 34,33 Alcance na Implementação das Políticas (Municipalização, BDE) 09 13,43 Qualificação da Rede Física (ampliação e melhoria da infraestrutura) 07 10,45 OUTROS (Articulação, Relação com Stakeholders, etc) 04 5,97 47 100

Nesse sentido, é inegável o reconhecimento sobre os resultados alcançados com o reordenamento da rede estadual de ensino. Evidentemente ainda há muito por fazer, como grande parte dos entrevistados reconhece sobre a qualidade da educação, mas diante de tantas ações e variáveis por gerir, com um passivo tão marcante na educação do estado, o esforço dispensado nos últimos anos trouxe melhorias significativas na rede estadual de educação.