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O reordenamento da rede estadual de educação: a história contada pelos sujeitos que viveram a experiência

CAPÍTULO 2 REDES: UMA EXPERIÊNCIA SOBRE A PARTICIPAÇÃO A COMUNICAÇÃO E A COESÃO

4) Gestão: o papel da rede é facilitar o trabalho em rede, assegurando o funcionamento da rede.

2.4 Rede Estadual de Educação: Uma Análise Sobre o Processo do Reordenamento na Perspectiva da Participação, Comunicação e Coesão

2.4.1 O reordenamento da rede estadual de educação: a história contada pelos sujeitos que viveram a experiência

Após conversar com tantos atores que viveram o reordenamento, percebeu-se como fundamental para compreender a análise desse caso trazer a perspectiva histórica. No entanto, essa história precisava ser contada pelos sujeitos que viveram a experiência. A proposta aqui é dar espaço para as vozes que viveram o processo de reordenamento, trazendo todos os desafios e contradições.

A história do reordenamento da rede estadual de educação de Pernambuco inicia com a mudança de governo em Pernambuco. A chegada do Governador Eduardo Campos trouxe uma nova perspectiva na forma de gerir a coisa pública, trazendo um modelo de gestão mais focado em resultado, com um olhar mais atento ao processo pedagógico. De acordo com

E4 - Com a eleição do governador Eduardo Campos havia uma visão de que além da questão

pedagógica, do desenvolvimento educacional propriamente dito, tinha uma necessidade de levar uma perspectiva de gestão para a educação. Com a estrutura que a educação tinha, de 1.100 pontos de atendimento, que dialogava com 50 mil colaboradores, o objetivo era o de fazer chegar cidadania a 1 milhão de pernambucanos. Enfim, é uma estrutura que demanda um olhar de processos, de métodos, de gestão, para que se pudessem alcançar os resultados da educação.

Para compreender melhor o conteúdo aqui exposto, apresenta-se o Modelo de Gestão do Governo Eduardo Campos no período de 2007 a 2010.

Figura 1 – Modelo de Gestão do Governo Eduardo Campos

Fonte: Pernambuco (2010a)

Um dos marcos do início do processo de reordenamento foi o resultado que o estado teve com o IDEB – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica. Segundo E1 - No

tocante ao IDEB, em 2007, Pernambuco teve o pior resultado no IDEB da educação básica do ensino fundamental, nos anos finais, dentre todos os estados brasileiros. Essa foi o maior motivação para que houvesse um “choque de gestão”.

Essa foi a justificativa, inclusive, de se trabalhar nesse período com a formulação e a implementação de políticas voltadas para a correção de fluxo. Sendo assim, E5 - A

situação que estava posta era a necessidade de atuar por dois lados: a correção de fluxo e o ensino regular. Não adiantava trabalhar na correção de fluxo sem qualificar a base. Em

termos de dados, o diagnóstico que se tinha sobre a educação do estado era a partir de avaliações nacionais. Segundo E1 – Em 2007 havia 79% de distorção idade-série nos

estudantes de ensino médio, 59% de 5 a 8 e 36% de 1 a 4.

Para melhor compreender os dados aqui expostos pelos entrevistados, apresenta- se um diagnóstico da época sobre a Taxa de Distorção Idade-Série no Estado.

Figura 2 – Taxa de Distorção Idade-Série (2 anos ou mais) por Gerência Regional

Fonte: Pernambuco (2010a)

Diante dessa realidade, para que houvesse a mudança necessária na educação, o processo de reordenamento começou a ser debatido. Com isso, de acordo com E2 - O

reordenamento iniciou com alguns seminários, onde se começou a definir alguns parâmetros que a Secretaria precisava ter. Nessa época o MEC definia metas para que as Secretarias Estaduais assumissem a melhoria da qualidade, mas uma melhoria quantitativa.

A situação encontrada na mudança de gestão do governo do estado era de um passivo educacional, sem contar com estrutura e informações. Segundo E1- Ao chegar em

2007 não havia informações sistematizadas no governo... foi necessário levantar muitas informações sobre a percepção da comunidade escolar, além dos dados oficiais como os censos e o INEP18. Ao passo em que se trabalhava com a gestão educacional com carências de informações, tentava-se dar ordem ao passivo educacional que se apresentava. Nesse sentido,

E1 - De janeiro a abril de 2007, 06 escolas desabaram. Foi necessário fazer inspeções nas

escolas para verificar condições físicas, elétricas, assegurar a segurança nas escolas, o cumprimento do currículo escolar, monitorar calendário, enfim, ações emergenciais.

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Para retratar a situação encontrada pelos gestores à época, apresentam-se algumas imagens que demonstram o quadro da situação encontrada no Estado.

Fotografia 1 – Estrutura Física da Escola Profa. Maria Galvão – Belo Jardim em 28/12/2007

Fonte: Secretaria Estadual de Educação (2010a)

Para se conseguir ter dados reais sobre o que estava acontecendo com a Educação no estado, pesquisas foram feitas na rede. E, nesse sentido, de acordo com E4 - O próprio

corpo de bombeiros trazia informações. A situação em que se encontrava a estrutura física

das escolas era de muita fragilidade. Segundo E4 - Naquela época, a Secretaria contava com

70 escolas em péssimas condições e outras 300 que estavam em situações precárias. Ou seja, no universo, 30% da rede que estava em situação extremamente precária, com 70 escolas podendo desabar a qualquer momento. Isso exigia capacidade de decisão e reação. Nesse momento o governador reuniu todo mundo e tomou-se a decisão de interditar as escolas, remover 70 mil estudantes, alocar prédios com igrejas, associações, para dar continuidade e os alunos não perderem o aluno letivo.

A situação supracitada foi relatada várias vezes pela mídia, conforme a figura 3, sobre uma das notícias veiculadas à época.

Figura 3 – Recorte do Jornal do Commercio – Recife, 26 de Junho de 2007

Fonte: Secretaria Estadual de Pernambuco (2010a)

Na perspectiva da infraestrutura foram necessárias ações prioritárias para conseguir organizar minimamente a rede. Nesse sentido, segundo E4 - Reordenar era dar

ordem àquilo que minimamente era necessário para que a escola pudesse funcionar. Na partida o que se queria era ter uma escola que funcionasse com estrutura, servidores, professores, material didático, carteiras, enfim, o básico para que se pudesse começar. Sendo

assim, de acordo com E8 – Trabalhou-se com a melhoria da rede física, organização dos

espaços, construindo escolas, reorganizando os espaços.

No modelo de gestão do Estado, ações prioritárias são elencadas para se alcançar transformação social. Nesse sentido, apresenta-se, na figura 4, as metas prioritárias elencadas para o período 2007 a 2010, no intuito de alcançar melhorias na educação do Estado.

Figura 4 – Metas Prioritárias para Rede Estadual de Educação, de acordo com o Modelo de Gestão do Estado

Fonte: Secretaria Estadual de Educação (2010a)

A partir do estabelecimento das ações prioritárias para ampliar o acesso à educação, o reordenamento do período 2007 – 2010 efetivamente começou.