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CAPÍTULO 1 ANÁLISE DE REDES: UMA CONTEXTUALIZAÇAO TEÓRICO METODOLÓGICA

1.2 O Levantamento das Suposições

A pesquisa partiu da suposição de que o entendimento de redes na Secretaria de Educação de Pernambuco estava focalizado em gestão de redes apenas como aparelho estatal, com dificuldades de consolidar elementos essenciais para a atuação em redes: participação, cooperação, comunicação e coesão. Isto foi percebido no desenvolvimento do reordenamento da rede estadual de ensino com foco em gestão de estrutura. Nesse sentido, quando se analisa a gestão da rede de ensino, o que se pauta, em maior ênfase é a construção e a manutenção de novas escolas, a garantia do padrão básico de funcionamento das escolas (cadeiras, mesas, ventiladores, ar-condicionado, entre outros), o cumprimento da matriz curricular, o número de professores suficientes para o funcionamento da rede, etc.

Entre os meses de janeiro a dezembro (2011), a pesquisadora acessou o clipping da educação da Secretaria de Educação, que reúne notícias de Educação em Pernambuco, de todos os jornais e blogs em circulação, com o intuito de verificar quais foram as repercussões geradas com o processo de reordenamento da rede estadual de ensino e observou-se que nos noticiários havia uma forte menção sobre a problemática de infraestrutura, principalmente nas épocas de chuvas, a falta de professores em escolas, a distorção da formação do professor com a disciplina lecionada, a dificuldade no efetivo cumprimento da matriz curricular, os baixos salários dos professores, enfim, a problemática ainda presente no reordenamento da rede de maneira eficiente e eficaz. Diante disso, nota-se que ainda há para se pensar e se planejar, principalmente, no entendimento da atuação em rede e nas possibilidades que se tem quando o trabalho é, efetivamente, coletivo, pautado na participação e na cooperação.

Outras evidências fortaleceram a suposição em pauta. O exercício da gestão, no cotidiano, encontra desafios, inclusive, para os encontros e comunicações. Ao longo dos últimos 12 meses, percebeu-se a dificuldade de encontros entre gestores para um pensar mais estratégico, para reflexões mais sistematizadas. É possível encontros para pautas no tocante à execução, mas para reflexões encontram-se dificuldades. Sendo assim, há pouco diálogo entre

as secretarias executivas (Secretaria Executiva da Gestão da Rede, Secretaria Executiva de Desenvolvimento de Educação e Secretaria de Ensino Profissional). Como a questão da comunicação e da construção do conhecimento são elementos essenciais no trabalho em rede, percebe-se que essas questões emergiram, a princípio, nas próprias secretarias executivas, se entendido que o trabalho em rede precisa de alguns princípios, como será debatido mais adiante, no constructo teórico. O que se percebe ademais, é que na Educação Estadual, a dimensão política, nem sempre é entendida como um trabalho em conjunto, mas em alguns momentos, uma bandeira política defendida por poucos, a partir de que alianças políticas estão em pauta na instituição. Isso fica evidente quando se necessita de informações de outras áreas e a lentidão com que essa informação chega aos respectivos departamentos, mesmo quando se sabe que as informações são públicas e, portanto, deve ser disponibilizadas para qualquer cidadão9.

A partir do contexto apresentado, a pesquisadora levantou algumas possíveis causas que explicam porque a Secretaria Estadual de Educação concentra a gestão em variável como infraestrutura: Primeiro, o não atendimento pode gerar riscos graves à população, acarretando o atendimento imediato. Segundo, há uma grande repercussão midiática negativa, por consequência, um impacto político negativo, quando alguma escola não apresenta as condições necessárias para o recebimento dos alunos. Terceiro, a infraestrutura garantida deixa a população parcialmente satisfeita, uma vez que as evidências físicas dão uma percepção imediata de qualidade na educação. Quarto, no entendimento de gestão por resultados, o quantitativo sobressai nas prestações de contas junto ao governo e à sociedade. Quinto, a atuação individual e restrita, possibilita, nos casos de sucesso, marketing político. Para tanto, faz-se necessário perceber que a comunicação passa a ser uma alternativa para garantir o processo democrático e a atuação em rede. Sobre isto, afirma Duarte (2009, p. 70):

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Sobre essa questão já se conta com avanços no Brasil, com a Lei de Acesso à Informação Pública – n. . 12.527, sancionada pela presidente da República em 18 de novembro de 2011, entrando em vigor em 16/05/2012. Esta Lei dispõe sobre os procedimentos a serem observados pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, com o fim de garantir ao cidadão o acesso a informações públicas. Ao efetivar o direito de acesso, o Brasil: consolida e define o marco regulatório sobre o acesso à informação pública sob a guarda do Estado; estabelece procedimentos para que a Administração responda a pedidos de informações ao cidadão; e estabelece que o acesso à informação pública é a regra, e o sigilo, a exceção.

Fonte: http://www.acessoainformacao.gov.br/acessoainformacaogov/publicacoes/CartilhaAcessoa Informacao.pdf

Talvez estejamos em um caminho sem volta em direção a uma comunicação mais democrática e pluralista, um daqueles casos em que mais importante do que de onde saímos ou aonde chegaremos é o que aprenderemos durante a jornada. A sua operacionalização demanda necessariamente uma opção política pela cidadania e pelo interesse público. Mas exige também a capacidade profissional de viabilizar padrões adequados que promovam não apenas a divulgação, mas também o acesso à informação e oportunidades de diálogo e participação.

Conclui-se que o diálogo e o acesso às informações necessitam ser exercidas na própria instituição, na comunidade escolar, para que a Educação seja trabalhada como uma opção política pela cidadania e pelo interesse público.